The Big Four - A Nova Geração escrita por Excalibur


Capítulo 14
Uma Figura Pirigótica


Notas iniciais do capítulo

Então pessoas lindas, deu na telha escrever com essa personagem. Não sei se ficou bom, mas queria que vcs sentissem um pouco mais a Ceifadora. Esse foi uma espécie de capítulo piloto, só pra ver como ficava.
Quero a opinião de vcs para ver se faço mais capítulos dela ou fica por esse mesmo, como um especial.
Se gostaram dela queria saber com que frequência querem um dela, posso dar um jeito de enfiar na ordem, sendo sempre depois do Jack.
Bom, não sei o que fazer e peço eu help de vcs. Se odiaram ela eu entendo de boas ehueheuheueh e não farei mais caps especiais assim.
Se gostarem ou se odiarem podem comentar ou falar por privado, como se sentirem mais confortáveis.
Bjks lokas e sonolentas, Excalibur



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Capítulo 13

 

A chuva castigava as colinas do vale, assim como o vento, que bagunçava meus cabelos e obstruía minha visão. Mas não é como se eu precisasse dela para ver os espíritos. O mundo do qual eu pertenço é cercado de mistérios que nem eu mesma sei a resposta, e sinceramente, ela não me interessa. Só quero terminar o meu serviço.

   Já faz alguns dias desde que percebi uma força me rondando, uma coisa que rasteja pelo chão e se move como fumaça, invisível. Eu nunca consegui vê-la. Mas a sinto. Sinto envenenar meus sentidos e me seguir pelas sombras e pelas ruas. Não importa em que mundo eu esteja, ela sempre está lá. Não importa qual visão eu use, ela sempre se esconde, a espreita.

   Minha senhora, a Morte, diz que é só coisa da minha cabeça, mais uma de minhas paranoias. Mas eu sei que não é. A pergunta é, quem iria seguir a Ceifadora das Almas, se ela está sempre presente?

   Segurei minha foice com mais força, a tirando das costas e me preparando para ir atrás do garoto humano. Se for tão idiota como os outros, vai acabar se matando sozinho. Fui descendo a encosta com ele e o gato selvagem já em minhas duas visões, a material e a espiritual. Porém, em poucos segundos me detive e dei uma risada, o garoto tinha escorregado. Parei de rir quando vi que ele estava sendo arrastado, mas, pelo que?

   Rosnei baixinho e me aproximei, já levantando a foice. Nessa hora pararam de puxa-lo, e a cena congelou. Subi uma dimensão, indo parar no mundo espiritual. O problema era que eu não tinha feito isso conscientemente.

   Foi então que vi pela primeira vez aquela coisa. Parecia somente um borrão preto, uma simples nuvem de fumaça, mas eu conseguia ver uma silhueta humanoide por trás, o que quer que fosse, queria se esconder, por hora.

   O olhei de cima a baixo, dobrando um pouco os joelhos, numa posição de defesa. Não disse nada, palavras tem poder.

   Depois de um tempo comecei a pensar que aquilo talvez fosse um mero sonho, já que eu parecia presa em uma espécie de limbo. Cheguei até a me chamar de idiota ao lembrar-me que eu estava mesmo dormindo, tinha até me deitado no sofá para descansar um pouco.

   Meu trabalho nunca me deixava descansar. E eu nunca dormia, sonhos trazem lembranças, e lembranças são ruins.

     Respirei fundo e pisquei os olhos, saindo do transe. Ao olhar em volta, só vi a poeira negra, cobrindo tudo, se espalhando. Movi a foice em movimentos circulares, tentando acertar qualquer coisa que estivesse em meu caminho. Minhas visões não eram mais confiáveis, já que aquilo estava no ar que eu respirava, e agora, dentro de mim.

   Como se tivesse uma parede bem a minha esquerda, a foice bateu em algo e parou no ar, em pleno movimento. Tentei puxá-la de volta, mas ela estava presa. Fechei os olhos e busquei minha visão espiritual, e por alguns segundos, a vi, ou melhor, o vi.

   Era era um garoto novo, não parecia ser muito mais velho que eu em aparência, mas ele exalava poder. Um poder antigo. Seus cabelos eram negros, seus olhos prateados, e sua pele, branca como a lua. Ele me lembrava o guardião do inverno, a não ser os olhos, eles eram como os meus.

   Ele não era uma das serventias da Morte, eu saberia se ele fosse. Olhos prateados não são comuns aos humanos, e só serventias de minha Senhora tinham essa cor de olho, para lembrarmos de nossa sina, nossa maldição.

   O garoto logo empurrou minha visão para longe, e senti algo frio me engolir, plena escuridão. Eu gritei ao ouvir um apelo de uma pessoa morta a muito tempo, mas mesmo sabendo disso, era como se a cena estivesse acontecendo pela primeira vez, e o terror me cegou.

   Fechei os olhos e a boca com força, odiava parecer fraca, isso era algo que não me pertencia. Concentrei toda minha força e me lancei para frente, sem ter certeza se flutuava ou ainda estava de pé no mundo mortal.

   Abri os olhos quando uma árvore apareceu no meu caminho. O mundo parecia de cabeça para baixo. Rolei para o lado e desviei da árvore. Percebi que estava rolando colina a baixo e enfiei minhas mãos na terra, as esfolando um pouco. Levantei a cabeça a tempo de ver o garoto se lançar da beira do mirante, indo em direção á morte. Corri rápido em sua direção, não para salva-lo, mas para impedi-lo de destruir minha missão. Tive a impressão de ver o vulto daquela sombra o chutar, mas mesmo assim me atirei no chão e agarrei a gola dele, ocupando o mesmo espaço do garoto de olhos prateados.

   O colarinho dele arrebentou, e eu desesperadamente dei impulso com as pernas para segura-lo de novo. Sem minha foice era impossível voar, então com uma mão me segurei na barra do final do mirante e com a outra agarrei a primeira coisa de Soluço que consegui. Infelizmente peguei seu colar, que não resistiu ao peso dele e do gato, animal que ele morrera para salvar.

Senti um assobio por cima de minha cabeça, e sabia que era de minha foice. Minha foice roubada.

― Boa morte, Soluço. ― Desejei a ele, enquanto ele caia. Rezei pela primeira fez em anos para que a lua o tenha encontrado antes da minha foice. Se não, ele seria somente mais uma alma ceifada antes da hora.

  Seu olhar encontrou o meu, e eu vi o que ele viu. Eu o ceifando. Nunca tive o problema de parecer a vilã, na maior parte das vezes esse era o meu trabalho mesmo. Com certeza quem quer que fosse o garoto de olhos prateados, ele não queria ser descoberto. Infelizmente, ele não ia ficar com minha foice, e eu já estava bem irritada hoje, para falar a verdade.

  Olhei para cima, acessando a quarta dimensão, só vi minha arma, e era só disso que eu precisava.

   Coloquei minhas botas no paredão de pedra que se estendia até em baixo, dando impulso para cima. Segurei com minha mão livre a barra a cima de minha cabeça e me puxei, deixando o corpo reto. Como tinha feito dezenas de vezes antes em meus anos de treinamento, meu corpo foi totalmente para a esquerda, e por um segundo, fiquei com os pés para o céu. Como sabia que isso tinha durado menos de um segundo, deixei que minhas pernas tombassem para frente, e mirei bem onde minha foice estava. Fiquei surpresa quando acertei o nada, derrubando quem quer que fosse junto comigo. Prendi minhas pernas em volta da foice, mas acabei ficando longe, pois tinha algo ali no meio. Talvez ele conseguisse realmente ficar invisível. Mas isso era impossível, pois afinal, ninguém conseguia. Porém, a muitas maneiras de se ficar assim. Fiz uma nota metal de pensar sobre isso mais tarde, já que agora estava um pouquinho ocupada. Algo segurou o meu pescoço com força, e eu tentei agarrar o dele também, mas acabei encontrando só cabelo.

  Puxei com toda força, e o aperto do meu pescoço diminuiu.

― Sente dor? Será que sangra também? ― Perguntei o mais alto que pude, já que estávamos caindo em queda livre, até o que parecia ser um lago ou algo assim.

   Fechei a mão tão forte que minhas unhas machucaram minha pele, e mirei bem perto de onde tinha achado cabelo, com sorte acertaria um olho ou uma das têmporas. Infelizmente o desgraçado esquivou, me empurrando para baixo dele. Assim que acertássemos o chão, a força da pancada iria toda em mim.

   Ele não falou nada, só vi a foice assobiar e descer em um ângulo lento até o lado esquerdo do meu peito, onde deveria estar meu coração. Não vou dizer que não doeu. Foi uma dor do caralho, mas continuei com a expressão neutra, e forcei um sorriso. O metal frio da lamina agora estava literalmente me perfurando.

― Mais sorte na próxima. ―Eu disse cruzando os braços sobre o peito e sobre o cabo da foice, torcendo para que ela estivesse fundo o bastante para não se soltar. Rodei o corpo para a direita, esperando acertar com toda a força o paredão e conseguir atravessar a membrana que separa os mundos. Pela minha presença ela devia estar bem fina, porque a atravessei sem problemas. Eu sabia que Ele não viria atrás de mim, pelo menos não por enquanto.

Soltei o ar aliviada quando me vi em casa.

O Submundo era a minha casa.

  Foquei o olhar nas estalagmites e puxei a lâmina de uma vez só, deixando escapar um grito que começou como dor e acabou como fúria.

   Fiquei deitada por dois segundos, mas me pareceu dois milênios, então me levantei e comecei a andar um pouco tonta até a oficina da serventia da morte conhecida como Carcereiro, para descarregar umas almas.

  No caminho, tive companhia. Meu cão infernal, Meia-noite, veio ao meu encontro assim que pus os pés nessa dimensão. Seguimos pela esquerda do rio dos mortos, também chamado de Estige ou Stis, até uma cabana de madeira, de onde barulho de metal chocando com metal sempre podia ser ouvido. Ele ficou do lado de fora me esperando e entrei pela porta sem bater.

   A primeira serventia da morte se encontrava de costas para mim, construindo alguma arma ou instrumento de tortura. Mas não se engane com o nome dele ou sua função, Carcereiro é tão coração-mole quanto a Fada tola que cuida dos dentes. Em vida ele foi um homem extremamente belo, e isso não mudou na morte. Ele morreu com dezenove anos, e pelo que eu saiba, era filho do carrasco. Carcereiro é um homem forte, seus músculos faziam um volume na camisa preta que usava, mas ele não era monstrão, se você me entende.

   Os cabelos castanhos são ondulados e meio grandes para os cortes de cabelo atuais, batendo perto da orelha. De tanto ficar perto das forjas, sua pele clara ficava constantemente queimada. Como sabia que ele estava muito concentrado no trabalho, sentei em cima de uma mesa ali perto e o fiquei encarando, depois de alguns segundos me cansei e resolvi limpar o sangue ainda fresco da lâmina clara da arma. Minha ferida logo fecharia sozinha. Não brinquei quando disse que não tinha coração.

   Toda serventia é amaldiçoada pela Morte, por ter feito algo que ela não gostou. Somos cinco, e cada um de nós perdeu algo que a Morte achou legal ter em sua coleção. A primeira serventia eu já disse quem é, e Carcereiro perdeu suas memórias. A segunda é o Barqueiro, que mesmo tendo esse nome, é uma garota, nunca vi seu rosto, mas pelo que eu saiba, perdeu a voz. A terceira serventia sou eu, e perdi meu coração. A quarta é o Caçador, que perdeu sua raça, ele era um demônio, mas não conheço sua história. A quinta e última é o Cutelo, um garotinho sinistro que perdeu sua sanidade, tenho certeza que você não ia querer conhece-lo.

― Melicent! Não a vi aí. ― Ele disse surpreso, tomando um susto.

Eu sorri para ele e brinquei com a foice antes de colocá-la sobre a mesa.

― Vim aqui descarregar minhas almas, quando acabar me chame que levarei para Cutelo separar as boas das más. ― Disse empurrando a arma em sua direção.

― Certo, eu conheço o meu tra..............Mel, se machucou? ― Ele perguntou largando o pano e vindo na minha direção olhando para o machucado. Sentada na mesa ele era só um pouco mais alto que eu.

  Ele abriu uma gaveta e pegou um pano limpo, pressionando o corte. Encarei ele sem ação por um tempo. Ele levantou o olhar até mim e esperou que eu agradecesse ou algo assim. Ele esperaria uma eternidade.

Sustentei o olhar dele por um tempo e depois voltei a raciocinar. Afastei o braço dele de mim e pulei da mesa.

― Eu me curo rápido. Foca no seu trabalho, que não é medicina, Carcereiro. ― Disse me afastando rápido. Esse cara não é normal não, então devo me afastar.

― E eu tenho um nome só, que é Ceifadora. Melicent morreu com meu corpo mortal. ― Disse saindo pela porta e a fechando atrás de mim. Respirei fundo do outro lado e olhei para o Meia-Noite, que me censurou com o olhar.

― Cão idiota. ― Resmunguei descendo as escadinhas da cabana e indo até a morada da Morte, um castelo de pedra negra enorme, que se erguia entre o rio dos mortos e o das lamentações. Eu precisava de uma audiência com ela.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

P.S.: Viajo amanhã e volto dia 2
JURO PELO RIO ESTIGE que não vou sumir, só vou ali em penedo ver a família e VOLTO DIA 2
Talvez consiga um pc por lá, mas não prometo nada. Vou planejando o cap. da Merida de qualquer jeito, já que é a próxima.
Não esqueçam de dizer o que acharam desse cap e se querem mais. Tô perdidinha.
AMO VCS
VOLTO DIA 2
ME ESPEREM
ME RESPONDAM
PUFAVOH T-T
Bjks esperançosas e lokas, Excalibur



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