Não tinham semelhança com os olhos castanhos de Sophie, e nem perto dos olhos azuis de Howl, eram olhos prateados, da cor das estrelas quando observadas da terra. Os cabelos, dourados, completavam o rosto da pequena criaturinha que dormia profundamente no colo do pai, Howl.

Passados três anos da longa aventura de Sophie em se tornar uma senhora de 80 anos, a jovem que retomara sua real idade e seu corpo, agora se tornara esposa do mago que um dia julgara maligno e perigoso, no outro passara a ser egocêntrico e deselegante e atualmente era o homem mais bonito e importante de sua vida. O casamento ocorrera um ano após toda a tal história, e mais um ano passado disto, Sophie havia engravidado e agora nessa história, temos as aventuras de sua filha. Fora Nomeada de Tony, era um nome engraçado para uma menina, mas era belo e Sophie gostara muito, logo descobriram que com o crescer da Tony, isso não se tornara um problema para ela. Se tornara uma criança extremamente ativa e fascinada por magia, seguia os passos do pai em tornar-se uma maga e aos 17 anos já fazia magias grandiosas, tudo de modo mais sensato do que Howl fizera.

Era uma menina humilde e sincera, no entanto, muito curiosa e desobediente. Viviam no castelo voador desde seu nascimento, viajavam pelo mundo em que viviam e isso encantava a garota, mas ao mesmo tempo a devastava, ela sentia desejo em saber o que existia no chão e em todo lugar que iam ela fazia questão de ir para terra, mesmo que sem autorização. Enquanto ela era uma novata na magia ainda era possível segurá-la , depois que aprendeu magias mais avançadas, sabia muito bem como fugir e como se esconder.

Quanto aos outros queridos personagens, Marco, o antigo aprendiz do Howl deixou-o aos 16 anos e saiu para viajar mundo e conhecer novas magias, com todo apoio do seu professor. Na época, Tony tinha apenas 5 anos, logo ela não se recordava dele. Calcifer continuava com o castelo, agora mais feliz por poder deixa-lo quanto lhe desse na mente, quanto a bruxa, ela continuava viva, o que impressionara a todos, se tornara como uma avó para Tony e acabara por virar a velhinha mais simpática que conheceram.

Essa história começa no aniversário de 18 anos de Tony. Quando sente o sol queimar suas bochechas a menina acorda e se espreguiça ficando de barriga para cima em sua cama, o quarto era esplendoroso, seu pai o acrescentara ao castelo de modo um pouco cômico, ele tinha uma porta escondida, ou seja estava sempre mudando de lugar, a porta em si era azul clara com o desenho de uma lua dourada de onde saiam arabescos e no alto da porta estava o nome Tony, escrito em letras caprichadas. O quarto tinha o teto de um observatório, era possível se ver as estrelas e as nuvens e isso quando a menina desejasse, pois no quarto dela havia algo semelhante a maçaneta da porta mágica, que fazia com que ela pudesse escolher o céu que queria ver. Era um quarto redondo, onde de um lado tinha uma escrivaninha um pouco bagunçada de produtos mágicos, um guarda-roupa bem delicado e a porta que dava saída para o interior do castelo. Do outro lado estava a cama de casal onde ela dormia e ao seu lado uma porta, esta dava para uma varanda, a mais bela de todas as do mundo pois dava no céu, em puro, dava a impressão a quem ali estivesse de que este estava voando, entre as nuvens.

Como estava amanhecendo, Tony levantou animada, não parecia se passar das seis da manhã, então ela decidiu ver onde estavam, mas no chão. Para voltar, ela amarrava um tipo de corda invisível na cintura que quando puxada a levava de volta para o castelo, em segurança. Vestiu-se com uma blusa azul clara de pescoço comprido com botões e mangas transparentes até o cotovelo. Uma saia branca e leve que acabava no meio da canela, estava com meia calça preta e uma bota marrom clara. Pegou uma bolsa com dinheiro e um casaco e foi para a cozinha pegar uma maça e alguns pães, para unicamente ter a certeza de não passar fome, mas antes passou em frente ao quarto dos pais para confirmar que ambos estavam dormindo, na ponta dos pés viu que estava certa e do mesmo modo continuou seu caminho, pegou o que precisava na cozinha e continuou.

– Não devia sair – ela ouviu uma voz vinda da lareira alertá-la – vou contar para seus pais.

Calcifer sempre avisava isso, mas tinha algo que nunca falhava, mesmo sendo um demônio do fogo, Calcifer era encantado pela garota, então ela fazia qualquer charme e ele deixava ela passar ilesa.

– Ora Calcifer, eu estarei de volta em, no máximo duas horas – ela falou como se tivesse implorando – Deixe-me sair, eu lhe trago pedras, daquelas que gosta.

Vendo o fogo ficar azulado, como quando alguém ficava vermelho de vergonham Tony foi andando delicadamente até a porta, girou-a até o mostrador ficar azul e viu a porta do castelo, estavam em meio as nuvens. Ela pegou a corda para retorno e amarrou na cintura, recitou dois feitiços e olhou para baixo. Sem hesitar ou pensar, a menina pulou, como já fizera milhares de vezes.