P.O.V. Emma Swan

- Anda Killian, é a sua vez – disse com a voz embargada no sono.
- Ah não Swan, é a sua vez – o som do seu grunhido saiu abafado por causa do travesseiro.
- Tudo bem, eu vou – disse com raiva – mas não me venha pedir para tomar banho com você por uma semana.

Coloquei uma blusa de manga fina enquanto andava em direção ao berço de Oliver. Seu quarto era decorado com barquinhos, que contrastavam com as paredes azuis. Assim que cheguei perto do berço, vi a mesma cena se repetir. Oliver estava chorando, levantando os braços e batendo suas mãos pequenininhas contra o colchão macio.

- O que foi querido – disse docemente – o que aconteceu que você está chorando hein?

Peguei seu pequeno corpo e coloquei em meus braços. Balancei-o por longos minutos, porém seu choro só aumentava. Chequei sua fralda, estava tudo bem. Resolvi então dar um pouco de leite para ele, afinal podia ser fome, porém ele recusou me deixando frustrada. Sentei-me na cadeira e continuei balançando-o.

Já estava fazendo aquilo por 30 minutos seguidos. Meus olhos começaram a pesar, anunciando que o sono queria me pegar. Alguns minutos depois e eu estava adormecendo na cadeira, com Oliver fungando em meus braços.

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Acordei com o beijo de Killian sobre a minha testa. Eu estava deitada na minha cama, enrolada em dois cobertores brancos. Girei meu corpo e escondi meu rosto entre os travesseiros, eu estava morrendo de sono.

- Anda amor, você tem que acordar – senti as mãos de Killian balançarem meu ombro gentilmente.
- Killian- grunhi –me deixa dormir.
- Emma, você sabe que se eu pudesse deixava, mas a cidade não se protege sozinha.
- Ta bom – disse com raiva enquanto me sentava na ponta da cama.

Meus olhos pesavam e senti que eles iriam fechar novamente. Meu corpo tombou para o lado, e se não fosse o corpo de Killian eu teria caído no chão. Seus braços rodearam meu corpo em um abraço aconchegante.

- Vamos lá amor – suas mãos acariciavam meus cachos gentilmente.
- Killian eu não estou aguentando mais. Já tem uma semana que o Oliver acorda de madrugada e só volta a dormir quando o Sol amanhece.
- Eu sei Emma, eu sei – disse beijando a minha testa – nós vamos resolver isso.
- Uhum – murmurei – os meninos já acordaram? – disse contra o seu peito.
- Já estão tomando café.
- Ok, vou tomar um banho e daqui a pouco eu desço.
-Tudo bem.

Caminhei lentamente até o banheiro, cogitando seriamente em voltar para a cama e só levantar de lá na hora do almoço. Entrei na banheira e a água gelada me acordou em um segundo. Terminei meu banho e troquei de roupa. Coloquei uma calça jeans e um cardigan vermelho. Olhei-me no espelho atentamente. Eu estava péssima, olheiras gigantescas decoravam meu rosto, escondendo meus olhos já pequenos de sono. Peguei minhas botas pretas e desci as escadas com a jaqueta cinza em mãos.

- Bom dia mãe – escutei o coro da cozinha.
- Bom dia – disse forçando um sorriso.
- Nossa, você está péssima – meu filho disse.
- Eu sei, o Oliver está acordando chorando todas as noites.
- Sério?! Eu não escutei nada – Neal disse um tanto surpreso.
- É porque você é um dorminhoco – Henry disse rindo.
- Você também não acordou.
- Mas eu durmo com a porta fechada – afirmou – enfim, será que ele está doente?
- Não, ele foi ao médico semana passada – disse enquanto tomava um gole de café.

O barulho da buzina do ônibus ecoou pela casa, fazendo com que Henry e Neal se levantassem rapidamente. Despedi-me de ambos e subi as escadas em direção ao quarto de Oliver. Meu filho dormia silenciosamente. Era impressionante como ele se parecia com Killian. Os mesmos olhos azuis e o mesmo sorriso encantador decoravam seu rosto. Pelo menos as bochechas eram minhas.

Desci as escadas e calcei minhas botas. Killian estava lavando as xícaras enquanto eu lutava bravamente para esconder minhas olheiras. O sorriso do meu marido era refletido pelo espelho, fazendo minhas bochechas ficarem avermelhadas.

- Amor – chamei de forma manhosa.
- Sim – senti suas mãos nos meus ombros.
- Você pode me levar para o trabalho hoje?
- Claro, mas por quê?
- Com o tanto de sono que eu estou, posso causar um acidente – disse junto de uma risada fraca.
- É mesmo – disse rindo sobre o meu pescoço – vou terminar de me arrumar e a gente vai, ok?
- Uhum – murmurei.

Depois de alguns minutos Killian desceu com Oliver em seus braços, afinal Ruby iria cuidar dele, e nós seguimos para a delegacia. Despedi-me e entrei em meu escritório. David já estava lá, com um sorriso um tanto quanto suspeito no rosto. A noite tinha sido boa, tinha certeza. Sentei-me na minha cadeira e fiquei no escritório durante toda a manhã, lendo dezenas e dezenas de relatórios.

- Emma, está na hora do almoço!
- Já estou indo.

Andamos até o Granny’s e assim que chegamos, pedimos uma torta de frango. Sentei-me e encostei minha cabeça na parede. Estava prestes a adormecer, quando senti as mãos de David balançarem meu ombro.

- Nossa, você está péssima hein?
- Eu sei, Oliver não dormiu essa noite.
- De novo?
- É.
- Sabe,você devia pedir ajuda para a Granny, talvez ela possa te ajudar.
- É, talvez.

Assim que nosso almoço chegou, comemos em silêncio. David deixou o dinheiro para que eu pagasse o almoço, já que ele ainda tinha muitos relatórios para ler. Granny estava no caixa, então resolvi perguntá-la.

- Que cara é essa Emma?!
- É, eu sei. Eu estou péssima – disse um pouco mal humorada.
- O que aconteceu?
- Já tem uma semana que o Oliver está acordando chorando de noite. Eu já não sei mais o que fazer.
- Você já levou ele no médico?
- Uhum.
- Hum, você já pensou que ele pode estar tendo pesadelos?
- Não – disse pensativa.
- Talvez seja isso.
- É, talvez – disse respirando fundo.
- Aqui, pega.
- O que é isso? – disse enquanto pegava o copo.
- Café, você está precisando. E não se preocupe, é por conta da casa.
- Sério?! Muito obrigada Granny!
- Disponha.

Paguei o almoço e voltei para a delegacia, onde fiquei a tarde inteira lendo relatórios, que só serviram para aumentar meu sono. Despedi-me de David e andei até a minha casa. O fim de tarde estava um pouco frio, mas nada que eu não aguentasse.

A cena que vi assim que abri a porta não poderia ter sido melhor. Henry, Neal e Killian estavam fazendo o jantar, ou pelo menos tentando, pois a cozinha estava uma bagunça. Oliver estava sentado em sua cadeira, com as bochechas sujas de molho.

- Já vou avisando que não vou limpar essa bagunça – disse com um tom brincalhão enquanto tirava o casaco.
- Nem eu.
- Nem eu.
- Sério gente, isso é sacanagem – meu amado disse enquanto misturava o molho na panela.
- Seja mais rápido da próxima vez querido – disse enquanto beijava sua bochecha.
- Você sabe muito bem onde eu gosto de ser rápido Swan – sussurrou em meu ouvido.
- Meninos, já pro banho! – anunciei.

Ambos correram escada acima, aposto que estavam competindo para saber quem tomaria banho na banheira. Me virei para Oliver, que estava brincando com uma bolinha distraidamente.

- Trabalhou muito? – disse enquanto jogava o molho sobre a carne.
- Felizmente não,só li relatórios –disse segurando minha cabeça com as mãos – tomara que o Oliver não acorde hoje.
- Se isso acontecer, eu cuido dele hoje – senti sua mão apertando a minha.
- Acho bom mesmo – disse em meio a uma risada.

Assim que o jantar ficou pronto, chamei Henry e Neal. Comemos em meio a risadas. Limpei o rosto de Oliver dezenas de vezes, afinal ele insistia em se sujar. Como já estava tarde, os garotos foram para cama, enquanto que eu dei banho no meu filho e o deixei com Killian para tomar o meu.

A água quente relaxava meus músculos e me deixava um pouco lenta. Senti o ar frio entrar pela porta assim que Killian a abriu.

- Nem pensar – exclamei enquanto jogava água contra o rosto do meu marido.

Escutei seu grunhido, mas preferi ignorar. Terminei meu banho e vesti uma blusa larga e um short velho. Prendi meus cabelos em um coque e sai do banheiro. Killian estava brincando com Oliver em cima de nossa cama. Suas risadas se misturam no ar, formando um som extremamente agradável.

Deitei-me na cama e comecei a brincar com meu filho também. Suas mãozinhas seguravam minhas bochechas e os fios de cabelo que saiam do meu coque. Ficamos brincando por longos minutos, até que Oliver começou a bocejar e rapidamente se acomodou junto de mim. Beijei sua testa assim que seus olhos fecharam, enquanto que Killian andou em direção ao banheiro.

Senti meus olhos pesarem e rapidamente adormeci, segurando a mão do meu filho.

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Senti algo chutando minha barriga e me preparei para soltar um palavrão, porém abaixei meu olhar e vi Oliver se contorcendo, chutando e socando o invisível. Seria até uma cena engraçada de se ver, se não fosse pelo fato de que ele estava tendo um pesadelo. Cutuquei Killian com o braço, que reclamou um pouco.

- O que a gente faz? – sussurrou.
- Que tal a gente segurar as mãozinhas dele? – sugeri.
- É, talvez funcione.

Peguei uma de suas mãos delicadamente e a apertei de leve, sendo que Killian fez o mesmo. Aos poucos Oliver foi se acalmando e voltando a se aconchegar no meu peito. Beijei sua testa e esperei caso ele acordasse de novo, junto de Jones.

- Acho que ele não vai mais acordar – sussurrou.
- É, parece que sim – suspirei aliviada.
- Que tal a gente tomar aquele banho para comemorar? – um sorriso malicioso brotava em seu rosto.
- Acho uma excelente ideia. Você vai e eu fico. Estou com muito sono.