Mistérios da Meia-Noite escrita por LadyWolf


Capítulo 26
Capítulo XXII: Vovô, o alquimista




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/602688/chapter/26

Vovô havia ido até a geladeira tomar um pouco d'água quando viu Maurício e Luísa se beijando no lado de fora da casa pela janela.

– "Jovens..." - pensou dando um longo suspiro, em seguida retornando ao laboratório.

Vovô POV

"Me chamam de Vovô, mas na verdade me chamo Francisco. Nasci há quase setenta anos atrás no povoado de Piedade. Meu pai era um lavrador que sofria sérios problemas de alcoolismo, mamãe era a mulher mais linda e doce do mundo e minha irmãzinha, Maria a pirralha que eu mais amava. Nós éramos uma família bastante humilde, mas nunca faltou pão a nossa mesa.

Como eu disse antes, meu pai era alcoolatra e quando bebia se tornava muito violento. Cansei de contar quantas vezes eu, Maria e mamãe apanhamos por causa disso. E tinha outra coisa, algo lhe irritava muito: o meu desejo pelo saber, pela natureza, pelo místico. Isso o fazia virar uma fera e me bater sem dó. Até hoje tenho algumas marcas das cintadas que levava nas costas.

Com esse problema de meu pai ele arrumou inimigos no bar. Um dia eu tinha ficado até mais tarde na escola, e quando cheguei minha mãe e minha irmã estavam mortas em poças de sangue. Eu chorei, chorei muito. Quando meu pai chegou colocou a culpa em mim. Foi então que me irritei e fugi de casa.

Andei sem rumo por diversos dias até chegar a um porto. Lá entrei escondido em um navio cargueiro e a partir dali a minha vida mudaria completamente. Era alimentado por um marinheiro que fiz amizade, em troca o ensinando algumas coisas que ele nem imaginava que existiam. Por fim, desembarquei em um porto na China. O marinheiro me levou até a casa de um amigo, que para a minha surpresa era um alquimista. O que é um alquimista? Bem, é alguém que estuda sobre a natureza, em busca de encontrar cura para doenças, transmutação de objetos, entre outras coisas.

No início nossa comunicação foi difícil, por conta das linguagens distintas, mas logo que aprendi um pouco do mandarim ele me deixou ser o seu assistente. Fazia tudo: lavava, passava, arrumava, fazia comida, o auxiliava nas pesquisas... Bons tempos! Eu adorava aquele senhor, mas chegou um momento que eu quis seguir o meu próprio caminho e começar a pesquisar o que eu gostava. Então resolvi voltar para o Brasil. Qual o melhor lugar para estudar o natural se não o Brasil? Mas confesso que foi o pior erro que cometi.

Alguns meses em solo brasileiro e acabei sendo atacado por um lobisomem. Sim, um lobisomem! Fiquei muito machucado, e o pior de tudo, fui infectado com o vírus da licantropia. Procurei todas as formas de me livrar daquele sofrimento, até que achei a forma mais simples: passar a maldição para um lobo. E foi isso o que eu fiz. Nunca mais me transformei. Porém, como não era bobo nem nada, coletei um pouco de meu DNA infectado antes de qualquer coisa e guardei em um vidro. A partir de então passei a pesquisar mais sobre essas criaturas.

Um dia, andando pelo povoado conheci uma bela mulher de nome Gertrude. Não era o melhor dos nomes, mas ela era um doce de pessoa. Tivemos noites e noites de amor até que um dia a Gertrude apareceu grávida. Não perdi tempo! Apliquei-lhe injeções de DNA infectado dizendo que era uma fórmula com todos os nutrientes necessários durante a gravidez e deixei acontecer. A mulher começou a ficar mais peluda, mas eu dizia que era coisa de hormônio, gravidez e coisas do tipo. Ela acreditava, sabia que tinha grande conhecimento sobre o assunto.

Na hora do parto nasceram dois bebês. Um era Bernardo, o outro eu tratei de recolher e dizer que estava morto. Mas o dei o nome de Guilherme, e o mantive em meu laboratório a partir de então, dentro de um vidro cheio de uma poção que o mantém vivo e se desenvolvendo até hoje. Já Bernardo morava com a mãe e muito dificilmente eu via o menino, pois sempre estava trancado no laboratório. Alguns anos depois adotei Lívia e também a apliquei a injeção do vírus.

Os anos foram passando, Bernardo e Lívia foram se tornando amigos demais. Nem ligava mais para Gertrude. Só queria saber de estudar a licantropia, então a mulher acabou tendo um surto e foi morar em São Paulo com Bernardo. Quando ele completou treze anos ela me ligou dizendo que ele havia se transformado em uma besta e saído pela janela do quarto (que ficava no décimo andar). Eu ri. Minha experiência havia dado certo! Lívia também não ficou atrás, aos quinze também começou a se transformar e resolveu sair de casa em forma de protesto. Foi parar na prostituição, coitada. Quanto a Guilherme, toda noite de lua cheia ele se transforma em lobisomem, mas ele continua lá dentro do vidro, imóvel. Mas creio que daqui a algum tempo poderei soltá-lo e vamos ter uma raça de lobisomem tão poderosa quanto um Alpha.

Ah, falando em alpha, Maurício apareceu na minha vida um pouco depois. Eu gosto muito desse menino, mas agora que Bernardo voltou está meio difícil decidir de que lado ficar. Suspeito que muito em breve eu vou ter que tomar essa decisão."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, o que acharam da história do Vovô/Francisco? Como imaginavam que seria? Deixem um comentário