Segredos de Clarisse escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 2
Capítulo2




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Assim que entramos no grande palácio eu pude entender porque havia tantas mulheres no local, o lugar era imenso. Cada quatro mulheres receberam suas obrigações, eu e Helena ficamos no mesmo grupo onde nos foi designado aperfeiçoar o trabalho das outras.

Os uniformes foram entregues por uma bela mulher vestida de vermelho seu nome era Constance, com seus cabelos ruivos ondulados na altura da cintura e seus olhos negros como a escuridão. Constance era a encarregada de avaliar nossos serviços e para minha santa sorte ela parecia ter uma implicância comigo.

Depois da entrega dos uniformes conhecemos nossos quartos, estranhamente cada funcionaria tinha seu próprio quarto com uma grande cama, um armário generoso, uma mesa abaixo da janela que eu usaria muito para escrever para minha família.

Sentada a mesa farta de todos os tipos diferente de comida reparei que todas as mulheres falavam bastante especialmente Helena que arrancava sorrisos de Miguel e Rogers, Victor assim como eu permaneceu calado sem expressão nenhuma.

Assim que vesti meu uniforme fui até a grande biblioteca onde fiquei encarregada de limpar e lustrar as mesas de estudo.

—Por que tantas mesas se são apenas quatro pessoas, isso é um grande exagero. —Comentei comigo mesma me sentando um pouco para descansar afinal eu mal havia dormido com medo que Pedro invadisse meu quarto, meus pensamentos se dissiparam enquanto eu observava as montanhas ao norte de longe tudo parecia tão bonito, mas meus olhos estavam cansados demais para se manterem abertos.

Assim que despertei arregalei meus olhos ao reconhecer o terno branco sentado à minha frente, Miguel estava sentado lendo um livro com uma jarra ao seu lado, me assustei quando seus olhos azuis fitaram os meus causando um arrepio em minha espinha.

—Me perdoe Senhor. —Pedi me levantando quase em um salto me curvando perante o homem.

—Tudo bem Clarisse, eu entendo que esteja cansada, mas evite esse constrangimento você teve sorte que apenas eu te vi assim se meus irmãos ou Constance te encontrarem de forma parecida, você estará sujeita a punição.

“Punição” essa palavra me veio à conclusão que em tal lugar eu não era mais que uma simples escrava.

—Isso não se repetirá Senhor.

Pude ouvir os passos de Miguel em minha direção, estremeci ao sentir seus dedos longos segurar meu queixo forçando um contato visual.

—Tome isso vai te fazer bem —Disse Miguel me estendendo a taça de vinho— É uma ordem Clarisse! —Ordenou ele ao perceber minha recusa.

Tomei o cálice em minhas mãos e virei lentamente o liquido viscoso em minha boca. Eu jamais havia tomado vinho em minha vida, o gosto era insuportável, o cheiro de ferrugem me causou me enjoo, enquanto o liquido queimava minha garganta percebi os olhos de Miguel me olhar com gula o que me assustou fazendo com que meu corpo recuasse dois passos e entregasse o recipiente a Miguel.

—Devo encontrar Helena agora na cozinha. —Respondi.

—Helena está ordenhando, na cozinha está Caroline, Maria e Anastácia, te fiz algo para que deseje fugir de mim? —Perguntou Miguel fechando o livro e devolvendo a prateleira— Desculpe não foi minha intenção.

Pensei em me desculpar afinal Miguel parecia muito mais amigável que os irmãos, mas quando a coragem apareceu Miguel já havia partido. Eu poderia ficar ali parada, mas meu coração disparou ao repetir em minha mente o fato de Helena estar ordenhando, enquanto eu corria em sua direção Helena alargava um sorriso constrangedor em sua face perfeita.

—Eu já apertei de todas as formas mas o leite não sai. —Choramingou Helena.

—Saia daí! —Ordenei afastando Helena com meu corpo.

Helena jamais conseguiria ordenhar vacas, suas mãos eram de madames, lavar uma louça era a única coisa que ela realmente sabia fazer. Assim que enchi um balde grande e outro pequeno sorri novamente a Helena.

—Você me salvou dessa Clarisse!

—Vamos pegue o balde menor. —respondi sem diminuir meu sorriso começando a caminhar até a cozinha do palácio.

—Nem sei como te agradecer! —Continuou ela entrando na cozinha.

Tentei responder Helena mas meu jeito desastrado tropeçou em algo, senti quando alguém tentou me ajudar mas o leite acabou molhando nós dois, fiquei horrorizada, o constrangimento tingiu minha pele de vermelha, nem percebi o surto de Constance, meus olhos e todo foco do mundo estavam voltados a Victor ali em minha frente segurando meu braço enquanto meu joelho havia batido violentamente ao chão, a dor nem quebrou aquele momento único em que meus olhos não desviavam dos dele, só voltei ao normal quando o mesmo me colocou de pé em seguida me deu as costas.

—Menina idiota como conseguiu fazer esse estrago. —Gritou Constance me chamando para a realidade —Helena e Caroline limpem tudo isso, Clarisse volte a ordenhar mais um balde.

—Senhora ela está ensopada eu posso ir ordenhar por ela, está muito frio lá fora. —Pediu Anastácia.

—Eu já mandei ela! —Gritou Constance.

—Ela pode adoecer. —Choramingou Helena.

—Calem a boca e façam o que ordenei! —Berrou a mulher. —Clarisse vá agora.

Eu não me importei com o frio cortando minha pele enquanto gelava meu corpo minha mente estava aquecida com o olhar verde esmeralda a me encarar por baixo de uma pele tão branca quanto o leite que cobria seu corpo.


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