Segredos de Clarisse escrita por Jéssica Belantoni


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Gente "Segredos de Clarisse" é o segundo Volume de "Anjos Mortais" http://fanfiction.com.br/historia/437833/Anjos_Mortais/



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Como todos os dias, me levantei assim que os primeiros raios de sol invadiram meu quarto. Sentei me um pouco em minha cama depois de tomar um banho.

O inverno havia chegado mais cedo aquele ano, nem mesmo meu longo vestido marrom e meu casaco esquentavam minha pele enquanto meu padrinho tirava o leite e eu esperava a entrega do balde. Assim que o balde estava em minhas mãos corri para dentro de casa onde minha madrinha preparava nosso café da manhã. Meus três irmãos de criação estavam sentados à mesa.

—Me dê isso que eu te ajudo. —Pediu Pedro assim que viu entrar com balde cheio de leite.

Pedro era o irmão mais velho com vinte e três anos, quem o olhasse dizia ser um irmão amável, que estava sempre à disposição em me ajudar, mas a verdade é que até a voz de Pedro me assusta, eu nem me lembro a primeira vez em que tentou me agarrar na escada de casa, todas as mulheres se derretiam com seus olhos dourados e seus cabelos castanhos, todas menos eu.

Depois de Pedro a irmã do meio era Eunice, a garota perfeita cópia do irmão mais velho, Eunice tinha dezenove anos assim como eu e estava noiva de um homem de quarenta e três apenas para poder herdar toda a fortuna que o viúvo trazia com suas terras espalhadas por todo o País.

Por último restava Arthur, o caçula loiro de doces olhos dourados tinha seus doze anos. Arthur era diferente dos irmãos, ele era amoroso e simples sem se importar com riquezas, talvez fosse o único a me tratar como sua irmã.

Assim que o Padrinho entrou pela porta da cozinha oramos pedindo a Deus o que pedíamos todos os dias, as vezes eu pensava que talvez ele estivesse cansado de pedirmos sempre as mesmas coisas e foi nesse dia que pedi algo diferente, eu pedi que ele me mandasse uma forma de sair de casa sem que eu precisasse me casar com um velho asqueroso. Assim que tomamos nosso café ajudei a Madrinha a limpar toda a cozinha.

—Vamos até a cidade hoje lembra? —Reclamou Helena me olhando enquanto fazia um bico.

Helena era minha melhor amiga, não foram seus olhos azuis, muito menos seus cabelos dourados que me fez aproximar da mesma, Helena era o meu avesso, linda, sorridente, extremamente comunicativa, todos morriam por ela, até mesmo o Rei queria a sua mão, mas Helena assim como eu não estava preparada para se casar.

—Não imaginei que você viria tão cedo. —Respondi.

—Vamos se arrume de uma vez! —Ordenou Helena.

Nenhuma pessoa conseguia ir contra Helena, foi desse modo que subi as escadas correndo até meu quarto onde rapidamente arranquei minhas botas e desamarrei as fitas do espartilho que prendia meu vestido, assim que joguei meu vestido sobre a cama fui surpreendida por braços fortes erguer-me do chão enquanto prendia minha boca me jogando sobre a cama. Eu estava em meus trajes íntimos, mas não foi por timidez que meu rosto queimou, ao ver Pedro em cima de meu corpo a raiva ferveu meu sangue.

Enquanto Pedro tentava colocar suas mãos asquerosas por dentro de minhas roupas eu me debatia, no momento em que seus dedos tocaram a pele de minha virilha mordi sua mão com toda minha força sentindo o sangue entrar em minha boca, pensei que ele recuaria, enganei me Pedro me encarou com um sorriso doentio causando um temor gigante em meu peito, minha vontade era gritar mas isso causaria um choque muito grande aos meus padrinhos.

Pedro tentou novamente o ataque, eu não sabia o que fazer, sem sombra de dúvidas eu odiava aquele tipo de homem. As lagrimas desceram sobre minha face o momento em que minhas forças se esgotaram.

—Você fica ainda mais bonita quando chora. —Resmungou ele em minha orelha enquanto a beijava.

Os lábios de Pedro desceram por meu pescoço chegando ao meio dos meus seios puxando a fita de minha proteção, clamei a Deus em meus pensamentos.

—Pedro? —Assustou se Arthur parado na porta.

—Arthur? Veja estamos apenas brincando quer participar? Posso te ensinar algumas coisas e você repete tudo depois de mim. —Sorriu Pedro.

—Some daqui! —Gritou Arthur enraivecido.

Eu sabia que Arthur jamais faria algo contra mim. Pedro correu para fora do quarto enquanto eu me encolhia em prantos. Arthur se aproximou tocou em meu rosto úmido.

—Quando eu crescer vou matar ele e qualquer um que queira te fazer mal.

—Arthur. —Chorei enquanto abraçava meu irmão.

—Sua roupa está suja de sangue, se troque rápido antes que a sua amiga suba— Respondeu Arthur caminhando até a porta.

Não foi difícil enxergar a marca que Pedro havia deixado em meu pescoço me forçando a desfazer o coque e trançar meu cabelo do lado sem colocar nenhum de meus chapéus.

—Seu irmão nos ofereceu um espaço na carruagem até a cidade. —Disse Helena toda animada assim que desci até a frente da casa.

Eu não pude recusar, todos perguntariam por que, mas pude ver o olhar preocupado de Arthur até desaparecemos pela floresta.

A cidade não era grande coisa, eu e Helena estávamos desesperadas atrás de empregos por pior que eles pudessem ser.

Helena tagarelava o tempo todo, eu tentava a todo custo acompanhar suas palavras, minha atenção em Helena era tanta que acabei tropeçando em meus próprios pés, eu tinha certeza que cairia, a ponta de minha trança já havia encostado no chão quando alguém me segurou pelo cotovelo me colocando em pé.

—Você está bem? —Perguntou me o herói loiro de olhos azuis tão azuis quanto o céu.

—Estou! —Respondi quase em um sussurro.

O homem a minha frente parecia um Deus vestido de terno e chapéu branco, ele continuou com a mão em meu braço me olhando por detrás de algumas mechas douradas caídas em sua testa.

—Ela é muito atrapalhada desculpe. —Disse Helena percebendo meu estado de choque.

—Caso as duas tenham interesse em trabalhar em uma casa na cidade vizinha compareçam nesse mesmo lugar amanhã as seis da manhã. —Respondeu o loiro entregando um papel na mão de Helena.

Enquanto o homem entregava os panfletos para outras jovens eu e Helena analisamos sobre o que se tratava o emprego.

“A família Carmichael convida a qualquer mulher entre dezenove e vinte e cinco anos que queira trabalhar como empregada no grande palácio, compareça no sábado com todos os seus pertences nesse mesmo lugar onde a carruagem real virá até sua presença as seis da manhã. A mulher que submeter-se ao cargo receberam uma grande quantia em ouro, alimentação diária e moradia.”

—Isso é perfeito! —Animou se Helena.

—Temos que pedir mais informações. —Alertei.

—Eu vou conversar com ele! —Respondeu a loira.

O papel que estava em minha mão foi soprado por um vento inesperado, corri atrás do papel esperto me levando até um estabulo deserto, onde violentamente alguém me empurrou sobre o feno tentando me violar.

—Não vai chorar? Adoro quando você chora Clarisse me deixa ainda mais loco. —Respondeu Pedro erguendo meu vestido.

Com medo que Helena me apressasse ainda mais eu nem havia colocado uma roupa de baixo completa apenas a peça intima que Pedro encontrou assim que ergueu o vestido azul.

—Não acredito que veio vestida assim, garanto que quer isso tanto quanto eu.

Pedro me virou de frente para ele, senti o momento em que sua mão acertou meu rosto com uma força brutal.

—Quero te ver chorar! —Gritou ele.

Eu até choraria se não percebesse a presença de um homem alto e magro atrás de Pedro, me olhando com seus olhos verdes. Não me restou outra salvação, estendi minha mão implorando ajuda.

Me surpreendi o momento em que o homem puxou minha mão jogando Pedro de cima de mim, fazendo com que o mesmo caísse sentado no chão, o homem colocou o pé no peito de Pedro.

—Ela é minha irmã. —Respondeu Pedro assustado.

—Isso torna ainda mais nojento o que você está fazendo. —Respondeu o homem sem alterar a voz.

—Você não tem nada a ver com isso cara!

—Presumo que você deveria estar no seu trabalho Pedro!

Pedro empalideceu ao ouvir seu nome sair dos lábios rosados do homem que ainda segurava minha mão.

Assim que o homem soltou minha mão Pedro correu desesperado, virei me para agradecer, o homem já estava longe.

Helena me acompanhou até em casa para convencermos meus padrinhos que o emprego seria ótimo para mim, tive que prometer enviar carta todos os dias para que me permitissem partir.

No outro dia não me arrumei como gostaria, estava cansada demais da noite mal dormida, não prendi meus cabelos apenas passei a escova de leve nas madeixas lisas por natureza.

Helena já estava em frente de casa iriamos a cavalo até a cidade e Arthur os traria de volta.

—Você vai como um homem! —Resmungou Helena ao ver a forma em que eu havia subido.

Helena sempre foi a donzela perfeita o que me tirava sorrisos, Arthur teve que dividir o cavalo com a loira enquanto o terceiro cavalo levava as poucas bagagens sem peso algum.

Eu precisava sentir a velocidade Ottos provocar o vento em meus cabelos, Ottos respondeu ao meu comando e correu tão rápido quanto em todas as outras vezes que trajamos o mesmo percurso. Assim que cheguei ao local indicado encontrei duas carruagens, observei Arthur vir com Helena o mais rápido que o coitado do cavalo aguentou.

Ottos assustou se no momento em que alguém tentou tocá-lo levantando em suas duas patas traseiras, tentei ao máximo me segurar, mas o susto e minha força se atrapalhando soltando meu corpo do cavalo, antes que eu pudesse entender alguma coisa senti quando braços ágeis seguraram meu corpo no ar trazendo me para seu peito viril, era ele mais uma vez o homem loiro de terno branco.

—Clarisse! —Gritou Arthur correndo em minha direção —Você está bem?

—Sim! —Respondi envergonhada reparando a presença de dez mulheres além de Helena e eu, havia também os cocheiros e o homem de branco ao meu lado.

—Você é bem desastrada madame.

—A culpa foi sua em tentar tocar em Ottos. —Respondi grosseiramente.

—Ottos —Sorriu ele— O cavalo é arisco como a dona.

—Senhor podemos ir? —Perguntou o cocheiro.

—Senhor? —Assustei me.

—Oh desculpe meu descuido —Respondeu o homem me entregando uma piscada— Senhoritas eu me chamo Miguel Carmichael e é com imenso prazer que saldo minhas empregadas, tratem me apenas por Senhor. No palácio irão conhecer meus irmãos Victor e Rogers, a regra ditada por eles será obedecida ao pé da letra, além de nós três outros membros da família real visitam o palácio com frequência e o tratamento deles serão do mesmo nível que o nosso. Se todas estão dispostas a dançar conforme a música então podem entrar nas carruagens.

Eu nem pude me despedir de Arthur logo já estávamos na estrada e para minha sorte Miguel estava na mesma carruagem que Helena e eu, havia mais uma garota que não me recordo o nome.

—Senhor me perdoe pelo que disse mais cedo. —Pedi quase sem som.

—Olhe para mim. —Pediu ele sentado ao meu lado.

Nem pensei em relutar a uma ordem vinda de meu novo patrão rapidamente meus olhos mergulharam em um céu iluminado.

—Como se chama? —Perguntou ele.

—Clarisse! —Respondi sentindo meu corpo esquentar.

—Está tudo bem Clarisse.

Não sei se foi impressão minha, mas em minha visão ele havia sorrido ao dizer meu nome lentamente enquanto sua língua pressionava delicadamente o céu de sua boca, por um instante desejei que ela estivesse em minha boca, causando me um desconforto enquanto corava minhas bochechas.

Tentei ao máximo não pensar nos lábios de Miguel, respirei aliviada o momento em que as carruagens se abriram de frente a um grande castelo escuro, Miguel correu até o todo das escadas apresentar seus irmãos.

Rogers o mais velho e ainda mais simpático que Miguel, seus cabelos vermelhos lhe davam um ar de soberania, mas foi no momento em que Miguem apresentou o caçula Victor que meu corpo estremeceu, os mesmos cabelos negros emoldurando o rosto extremamente branco completo por seus olhos verdes preciosos, Victor era o homem que me salvou de meu próprio irmão, assim como eu o enxergava Victor parecia mirar os olhos somente para mim, diferente dos irmãos não havia sorriso em sua face, não havia expressão nenhuma.


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Notas finais do capítulo

Sei que ninguém lê as notas, mas eu espero mesmo que tenham gostado :D

Beijos de assucar da Jeh



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