Três semanas se passaram desde que o Sasuke kun havia ido embora novamente da vila, um turbilhão de sensações invadiram o meu coração desde aquele dia, os meus sentimentos por ele aumentavam a medida em que o tempo passava, se é que ainda havia espaço em meu coração para isso, minha vontade era de sair a sua procura, seja lá onde estivesse, temia que o mesmo se arrependesse e voltasse a ser o que era antes, mas eu não podia abandonar a vila naquele momento, Konoha ainda precisava da minha ajuda para organizar novamente o Hospital Central.

Eu andava tranquilamente pela vila quando avistei Ino na floricultura, resolvi cumprimentá-la, há dias que não nos falávamos direito devido a tantas atividades, gostaria de saber como estava depois da morte de seu pai que sem sombra de dúvidas havia morrido como um herói junto ao pai de Shikamaru. Aproximei-me de onde ela estava, seus longos cabelos loiros estavam soltos e no corpo carregava um lindo vestido florido, abandonando os trajes habituais de ninja. Sempre considerei Ino uma grande amiga, mesmo depois de descobrir os seus reais sentimentos por Sasuke quando criança, apesar da nossa rivalidade no passado, nunca me esqueci do bem que ela me fez, sempre esteve comigo, dando-me forças e ajudando no que eu precisasse, graças a ela eu conheci o valor da verdadeira amizade.

–Ino! – chamei sua atenção entrando na loja.

– Oi, Sakura. – respondeu-me com um sorriso sincero enquanto arrumava a prateleira de flores atrás de si, depois de todos aqueles trágicos acontecimentos, Ino mesmo assim ainda parecia... Feliz, como se algo novo houvesse cruzado o seu caminho.

– Como você está? Eu...sinto muito pelo seu pai, ele sem dúvidas morreu como um herói, Ino. – eu a fitei, ela por um momento entristeceu-se, mas logo após sorriu para mim.

– Obrigada, testuda, eu estou bem... Vou ficar bem. – afirmou convicta do que dizia, ela desceu da cadeira em que se apoiara para arrumar à estante e veio até mim, eufórica. – Testuda deixa eu te contar! – odiava quando ela me chamava assim, mas a porquinha parecia tão feliz que eu deixei passar. – O Sai... – fez suspense. – ME PEDIU EM NAMORO. – ela praticamente me deixou surda com esse grito.

– Sério? Não acredito, mas como? Como isso aconteceu? – eu sinceramente não estava acreditando, o Sai, pedindo a Ino em namoro, mas como? Ele era tão... tímido.

– Aaaaaa. – ela gritou mais uma vez me deixando surda, Ino estava muito eufórica pelo acontecimento. – Nós estávamos indo para casa, ou melhor, ele estava indo me deixar em casa, ao chegarmos ele olhou-me nos olhos e meio sem jeito disse que gostava de mim, de miiiiim TESTUDAA. – soltei uma risada gostosa, Ino estava tão feliz que sua felicidade era contagiante.

– E o Sasuke kun? – suspirei, por que ela tinha que estragar esse momento tão bom falando do Sasuke?

– Ahhh Ino. – fingi estar irritada por ela ter feito eu me lembrar dele. – Eu não sei, desde que ele foi embora da vila nunca mais tive notícias suas. – respondi um pouco triste, ela aproximou-se de mim e me abraçou.

– Ou testuda, fica assim não. – disse ainda me abraçando. – Olha. – falou encarando meus olhos verdes. – Que tal se eu, você, Hinata, Tenten e Temari, combinássemos de jantar hoje a noite no Ichiraku?

– Eu não sei Ino. – não estava com ânimo para sair.

– Vamos, será divertido, você não pode ficar triste o resto da vida pelo tal Uchiha, até eu que era louca por ele saí dessa.

– Está bem, eu vou. – respondi dando-me por vencida, Ino passaria o resto da tarde me importunando se eu não aceitasse.

Combinamos de nos encontrar às sete horas, voltei pra casa, para descansar um pouco e encontrei papai e mamãe sentados sobre o sofá de couro lendo alguns pergaminhos antigos, apenas os abracei e lhes dei um beijo no rosto dizendo que hoje a noite iria sair com as meninas, minha mãe ficou muito feliz, sabia o quanto eu era apaixonada pelo Sasuke e de todas as lágrimas que eu já derramei por ele, para ela seria mais do que justo que eu saísse um pouco e me divertisse. Mamãe nunca tivera nada contra o Uchiha mais novo, sempre o achou muito bonito, acima de tudo acreditava em seu arrependimento e em tudo o que ele fez para salvar a vila, ao contrário do meu pai que apesar de ser muito alegre e simpático, odiava profundamente o Sasuke pelo fato dele ter traído Konoha.

Subi para o meu quarto e me deitei sobre a cama macia, era maravilhosa a sensação de que tudo estava bem, o medo ou a angustia não nos perturbavam mais, me peguei pensando em Sasuke, era impressionante a capacidade que esse garoto possuía de mexer e invadir os meus pensamentos assim, de uma hora pra outra, rolei na cama cravando minha face no travesseiro na tentativa frustrada de reprimir tais pensamentos, seus olhos, sua boca que sorria para mim ao tocar minha testa, aquilo definitivamente não saía da minha cabeça. Levantei um pouco o meu rosto e encontrei a foto do time 7 ao lado da minha cama sob a escrivaninha, fitei o rosto de Sasuke, quando será que ele voltaria?

O sol se pôs rapidamente avisando-me que já era hora de se arrumar e ir ao encontro das minhas amigas, vesti um vestido solto de alcinhas finas, na cor preta, como estava bastante frio, resolvi colocar um casaco vermelho por cima, olhei-me no espelho, era a primeira vez que eu usaria aquele vestido, lembro-me do dia em que minha mãe o comprou, eu estava tão apressada para treinar com Naruto e Kakashi sensei que nem tive tempo de notar o quão bonito ele era. Penteei minhas madeixas rosadas, passei um pouco de batom rosa nos lábios e em meus pés calcei uma sapatilha preta. Desci as escadas rapidamente, já eram cinco pras sete, Ino iria me matar pelo atraso, despedi-me de meus pais que se encontravam na cozinha fazendo o jantar e corri até a porta de entrada ouvindo antes o meu pai gritar “Não chegue depois das dez”.

A vila durante a noite era bastante movimentada, vários de nossos shinobis combinavam de se encontrar, uns para beberem, conversarem, ou até mesmo jogarem e por falar em jogo, eis quem eu encontro? Isso mesmo, nossa ex Hogake, Tsunade Sama, estava mais uma vez jogando em um dos cassinos da vila, a mesma segurava um copo de saquê entre as mãos e vibrava a cada aposta ganha, sorri comigo mesma e voltei a caminhar encontrando logo à frente as meninas.

– Está atrasada, testuda. – disse Ino ao me ver com uma expressão nada agradável.

– Me desculpe.

– Tudo bem, vamos entrar, estou morrendo de fome. – dizendo isso sorriu para mim.

–Ino... – sussurrou Hinata. – O Naruto me pediu para avisar que ele e os meninos também virão.

– Perfeito. – vibrou Ino. – Vem, vamos entrar.

O Ichiraku havia sofrido grandes mudanças depois da quarta guerra e havia se transformado em um enorme restaurante, um dos mais populares da vila. Sentamos em uma das mesas e tratamos logo de pedir o especial do dia, lámen de porco. Todos se divertiam inclusive eu, estar ao lado dos amigos era a melhor coisa que eu poderia fazer, os meninos logo chegaram, me senti um pouco desconcertada no início, todos estavam acompanhados e eu ali naquela mesa, embora estivesse em suas companhias me sentia tão... sozinha, mas logo depois me acostumei com tal fato, Naruto não parava de comer desde que chegamos, já estava na quinta tigela de lámen, eu olhava para ele e Hinata, ele a todo instante beijava o rosto dela, quem diria que eles algum dia iriam ficar juntos, Naruto sempre foi tão apaixonado por mim e hoje estava com ela, a mais adequada para fazê-lo feliz, eu era apaixonada pelo Sasuke nunca que iria conseguir fazer o meu amigo feliz, gostando de outra pessoa.

– Hina chan. – disse Naruto abraçando a namorada fazendo-a corar. – Espero que você consiga fazer lámen tão bem quanto o Tio, você precisará alimentar muito bem o futuro Hokage de Konoha.

– Isso é um pedido de casamento Naruto? – perguntou Ino fazendo todos rirem.

– Quem sabe... – falou olhando para Hinata que corou no mesmo instante.

– Nesse ritmo você acabará gordo. – disse Temari arrancando gargalhadas de todos.

– Shikamaru, controle a língua da sua namorada. – disse Naruto com raiva da brincadeira feita por ela.

– Que problemático. – para o Shikamaru tudo é problemático.

– Mas a Temari tem razão Naruto. – pronunciou Tenten que estava ao lado de seu namorado Lee, Naruto apenas bufou.

– Naruto kun, eu prometo fazer muitos lámens para você. – disse Hinata dando um beijo timidamente no rosto do namorado, que no mesmo instante desmanchou a cara emburrada.

– Quando será o festival da vila? – perguntou Sai, mudando de assunto.

– Kakashi sensei comunicou que será daqui a uma semana. – respondeu Lee.

– Você virá Sakura chan? – perguntou Naruto percebendo que eu estava muito calada.

– Irei, irei sim. – afirmei sorrindo.

– E o Sasuke? Quando voltará para a vila? – perguntou Sai ganhando a minha atenção.

– Ele precisou se ausentar por um tempo, mas em breve voltará, eu tenho certeza. – disse Naruto sorrindo para mim.

– O Sasuke nos ajudou muito durante a guerra, quem diria, um nukenin ajudando a própria vila que traiu. – disse Shikamaru. – Isso é muito problemático.

– Se não fosse por sua ajuda, não teríamos desfeito o jutsu do Mugen Tsukuyomi. – disse Tenten.

– Você tem razão Chiquinha, o MEU Sasuke kun é muito poderoso. – aquela ruiva, como é que o Naruto tinha como prima uma peste daquelas? Ela se aproximou de onde estávamos, olhou-me nos olhos e disse.

– Olá, Sakura. – apenas soltei um meio sorriso, ela sabia dos meus sentimentos pelo Sasuke e fazia de tudo para me provocar, afirmando com toda a certeza de que o Sasuke era dela. – Alguém tem notícias do Sasuke kun? Ele já está na vila? Quero vê-lo.

– Não Karin, ele ainda não voltou. – disse Naruto entediado pela presença da prima.

– Quando ele chegar, me avisem.

– Iremos sim te avisar, querida. – menti, vai pensando que eu irei avisar, sua ruiva oferecida.

Karin finalmente foi embora e pudemos aproveitar o restante da noite em paz. Me despedi do pessoal e fui para casa, já estava perto das dez e com certeza meu pai estaria me esperando. Andei pelas ruas escuras de Konoha, agora pouco movimentadas, eu estava exausta. Vi ao longe Tsunade sama sendo carregada por Kakashi sensei, ela havia exagerado no saquê mais uma vez, para estar naquele estado, sendo levada nos braços pelo sensei, não tenho dúvidas de que tenha feito confusão com o dono do cassino para ficar mais um pouco e ele incomodado mandou chamar o Hokage para resolver a situação, apenas acenei para os dois recebendo um sorriso de constrangimento por trás de uma máscara que nunca fora retirada do rosto e uma ex Hokage gritando o meu nome, completamente bêbada.

Andei por mais cinco minutos, o frio já estava tomando conta de mim, abracei-me na tentativa de aquecer um pouco mais o meu corpo, aquele simples casaco não estava ajudando. Após tanto andar, acabei chegando à pequena praça onde eu e ele tivemos o nosso primeiro e último encontro, lembranças daquela noite invadiram os meus pensamentos.

Obrigada, disse ele antes de me deixar desacordada naquele banco frio, no meio da madrugada.

Eu de fato agora compreendia as suas reais razões para abandonar a vila naquela época, mas se pelo menos ele houvesse me dado a chance de fazê-lo feliz, de mostrar que aquele caminho na qual ele queria trilhar não era certo. Sasuke nunca permitiu uma aproximação minha ou até mesmo de Naruto, como poderíamos ajudá-lo se ele nunca se abria conosco? A sua falta abalou totalmente a minha vida, não houve se quer um único dia em que eu não chorasse, mas graças a esse sofrimento eu cresci e amadureci, tornando-me assim mais forte e independente de seus cuidados. Talvez fosse preciso que tudo aquilo houvesse acontecido.

O vento soprava fazendo minhas madeixas rosadas dançarem conforme a brisa.

Fechei meus olhos.

Sasuke kun, sussurrei o seu nome na esperança de que ele me ouvisse. Havíamos lutado tanto para trazê-lo de volta e quando finalmente conseguimos ele resolveu se distanciar por um tempo, deixando-nos com a esperança de que um dia voltaria.

O silencio reinava naquela praça pouco iluminada e deserta, senti algo aproximando-se de mim, rapidamente coloquei uma das mãos para trás na tentativa de pegar uma kunai mas lembrei-me de que não havia trazido meu equipamento ninja, como tudo parecia calmo na vila, não achei necessário andar armada. Aquela sombra aproximava-me cada vez mais de mim, finalmente pude ver seu rosto, era um homem de aparência velha e parecia bêbado, eu não poderia simplesmente usar a força bruta com ele, era de idade.

– Oi gracinha. – ele se aproximava cada vez mais de mim, afastei-me um pouco mais dele. – Espere, eu só quero me divertir um pouco com você.

– Não se aproxime de mim, não quero machucá-lo. – o alertei.

– Não irá me machucar gracinha, sou velho, porém sei muito bem me defender... – disse ele retirando uma kunai de sua bolsa. – Você é a pupila daquela velha, não é, a Tsunade?

– Sim! – lhe respondi friamente, eu não iria deixa-lo me intimidar, olhei para a sua bandana, logo vi que que se tratava de um ninja da aldeia da chuva. – Se me conhece sabe que não deve se meter comigo não é? – queria de alguma forma meter-lhe medo, mas de nada estava adiantando.

– Sou da aldeia da chuva, passei por Konoha apenas para me divertir e olha só quem eu encontrei, a pupila da velha Tsunade, mulher que eu nunca consegui ter. Já ouvi muito ao seu respeito, coisas boas, é claro. – olhou-me maliciosamente. – Como não consegui nada com aquela velha, quem sabe com você eu não possa tentar? – Ele continuava se aproximando, concentrei uma pequena quantidade de chakra nos pés, iria sair daquele lugar, era minha única alternativa, não poderia machucar um homem que não estava em sua sã consciência. Virei-me para ir embora, porém fui bloqueada por alguém que se encontrava atrás de mim.

Aquele perfume... Seria mesmo ele? Seu rosto estava coberto pela capa preta que usava, mas seus olhos, eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar, Rinnegan... Sharingan...

– Sa-Sasuke kun?