Aprecie o Silêncio escrita por MyKanon


Capítulo 2
II - Tudo que sempre quis está aqui em meus braços




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All I ever wanted, all I ever needed
Tudo o que sempre quis, tudo o que sempre precisei
Is here, in my arms
Está aqui em meus braços



_ O que deu em você?! Vai dizer agora que ela tem razão!

Sem dizer nada, Felipe a encostou no carro e disse:

_ Sabe o que eu quero?

_ Imagino...

Felipe a beijou calorosamente.

_ Tá... Eu sei disso, Felipe... mas... Se a Taila vai mesmo falar com o Fausto, preciso dar uma explicação...

_ Espere um pouco... Faz tempo que não podemos nos falar...

_ Você devia entender...

_ Mas agora eu tenho uma coisa importante pra dizer.

_ Vai dizer que comprou aquele conjunto de lingerie que vimos...

_ Não. Foi outra coisa que eu comprei.

_ Ai, ai, ai... Fala logo qual foi a besteira que você fez.

Felipe colocou a mão no bolso e tirou uma caixinha. Abriu-a e dela tirou uma aliança dourada. Sem dizer nada, colocou-a no dedo anelar direito de Audrey e disse:

_ Eu quero me casar com você.

Boquiaberta, sem saber o que dizer, Audrey continuou observando a joia.

_ Seu nome está gravado na minha. E o meu na sua. – Felipe mostrou a dele – E então? Vai ser minha noiva?

Audrey ainda parecia hipnotizada pela joia. Beijou-o e disse:

_ Você é maravilhoso e eu te amo... Mas... Como poderemos formar uma família? Não podemos sair...

_ Vamos fugir.

_ Você é louco?!

_ Vamos fugir, trocar de nome. Podemos escolher um que sempre quisemos ter. Vamos para um lugar bem longe. Podemos ir para outro país... O mais lindo de todos.

_ Ah... Meu... Deus... Felipe...

_ E então? Não vai ser difícil. É só você aceitar.

_ Aceitar? Mas é claro que eu aceito! Eu te amo!

Audrey pulou no pescoço do noivo e o beijou.

_ Mas... Por enquanto... Acho que teremos que guardá-las, não é? – perguntou a moça.

_ Ah... É melhor. Quando formos embora, podemos usá-las. – Felipe guardou a sua no bolso.

Rindo, Audrey tirou uma corrente dourada que usava e colocou a aliança como pingente. Voltou a colocá-la em torno do pescoço.

_ Eu te amo, Audrey.

_ Eu também. Agora... Temos mesmo que ir, do contrário, vão começar a desconfiar.

_ Claro.

Felipe deu um último beijo na noiva e entrou em seu carro. Audrey fez o mesmo.



*=*=*



Audrey não precisou dizer nada, pois nada Fausto disse. Talvez já estivesse acostumado com a inveja de Taila e não se importou com as denúncias absurdas.

_ Se a tarefa foi cumprida, podemos todos nos retirar. Tenham uma boa noite.

E Fausto foi o primeiro a deixar o QG. Audrey foi a segunda, pois não estava a fim de ouvir as queixas de Taila, muito menos as perguntas dos outros companheiros.

Chegando à sua casa, estacionou o carro, mas não desceu. Sentiu-se aliviada como nunca antes. Seu trabalho era sempre tão tenso... Quando reparou que já apertava o volante entre as mãos com muita força, desembarcou e adentrou a casa.

Sua casa, espaçosa e confortável, fora comprada pelo Projeto.

Morava sozinha. Os pais foram da polícia e haviam morrido em serviço. Por isso fora criada por um tio também da profissão, que a indicara para o Projeto Araucária devido a seu temperamento apropriado.

Esse tio também havia morrido pouco tempo atrás. Mas essa perspectiva de morrer em serviço não a assustava. Já estava acostumada a ela.

Estava completamente sozinha, pois nem seus colegas de serviço eram amigos.

_ Mas agora eu vou ter a minha família. E vai ser perfeita. – dizia sonhadora deitada na cama observando à luz do luar, a aliança pendurada na corrente.

Acordou cedo no dia seguinte e estranhou o telefone não tocar chamando-a para uma reunião.

Mas ficou feliz com o ocorrido. Teria tempo de dar uma limpada na casa, coisa que não fazia já havia algum tempo.

Depois de terminado tudo que queria fazer, sentou-se na sala e ligou a TV. Estava tão empolgada que não queria ficar sozinha.

Ligou para a casa do noivo. Estranhou o telefone chamar, sem resposta. Tentou três vezes e nada.

Discou o número do celular. Só foi atendida na segunda tentativa:

_ Fala. – disse Felipe já sabendo quem era.

_ Onde você está?

_ Tinha coisas pra fazer, tive que sair.

_ Mas... Onde? Onde você está?

_ Estou ocupado.

_ Estou ouvindo vozes... Parece a Taila. Ela está aí com você?

_ Olha, a gente conversa depois, tá? Tenho que desligar.

_ Não! Espera!

Mas Felipe já havia desligado.

_ Que merda é essa?

Audrey se levantou e andou em círculos.

_ Era ela. Tenho certeza. Onde estarão? O que estarão fazendo? Por que não quis falar comigo? Preciso saber... Onde podem estar... QG!

A jovem pegou a chave do carro e saiu.



*=*=*



_ “Pereira e Silva Máquinas Operatrizes”, senhora? – perguntou o porteiro.

_ Isso. Estou subindo...

_ Não há ninguém... Senhora...

_ Ah, é? Deixe isso para que eu cheque. – retrucou Audrey já entrando no elevador.

Ao desembarcar na cobertura, correu até a porta do escritório e a abriu com violência.

Como o porteiro dissera, não havia ninguém.

_ Felipe? Fausto? Taila?

Sem resposta.

Audrey caminhou até a mesa circular onde armavam os planos. As cadeiras estavam amassadas, sinal que estiveram ali.

No quadro branco, um esquema de caça. No mesmo shopping do dia anterior. Por que a deixaram de fora? Seria um teste?

Tinha que ir até lá e mostrar que não podiam deixá-la de fora de tal maneira.

_ Tenho certeza que foi aquela vagabunda! – reclamou da colega Taila.

Desceu novamente e entrou no carro.

Parou em frente ao shopping e desceu. Sentiu o vento frio do ar condicionado quando as portas automáticas se abriram.

Olhou para um lado e para outro, mas não reconheceu ninguém.

Caminhou procurando discretamente pelos seus companheiros que sabia que estavam ali.

Reconheceu Ivete perto da bilheteria. Aproximou-se cautelosamente para não estragar a caçada dos colegas.

_ Por favor, tem horas? – perguntou para a mulher.

Ivete vacilou um instante ao reconhecê-la. Olhou para um lado e para outro. Constatou as horas e disse:

_ Você tem que fugir. Você é o alvo.

Audrey paralisou alguns segundos. Mas voltando a por o cérebro para trabalhar, apontou para os cartazes e perguntou:

_ O que está dizendo?

_ Que tem que fugir. Não consigo atirar em você.

_ Felipe está aqui?

_ Creio que sim.

Audrey deu meia-volta e começou a andar. Ivete ainda avisou:

_ Ei! Cuidado com as costas!

Assustada com a notícia de Ivete, Audrey voltou a andar. Tinha que encontrar Felipe e pedir uma explicação.

Não podia ser uma piada.

O desespero começou a subir-lhe pela garganta. Estariam todos ali espreitando para matá-la?

Encontrou Cemira e Jorge num banco se beijando. Era um disfarce! Viu que a colega abriu um dos olhos e a observou.

Era mesmo o alvo!

Parou e se virou. Começou a andar depressa na direção oposta.

Continuou caminhando sempre olhando para trás. Se Taila a encontrasse...

Sentiu-se quase aliviada ao encontrar o noivo na mesma vitrine do dia anterior.

Parou ao seu lado ofegando. Mas não o encarou. Perguntou sem se importar com o tom de voz:

_ O que está acontecendo, Felipe? Por que eu sou o alvo?

Ignorando o protocolo, Felipe virou-se e a encarou. Disse:

_ Se você já sabe, fuja. Por favor, vá embora. Vá para onde nenhum deles possa te encontrar.

_ Mas... Mas... Por quê? O que está acontecendo?

_ Taila conseguiu o que queria. Tentei evitar, mas se eu continuar a me opor, não poderei ajudá-la.

_ Taila conseguiu o quê?! Querem me matar só porque eu disse à vítima o porquê da morte dela?

_ E as propostas que você tem recebido?! Você tinha que mantê-las em segredo, Audrey! Agora querem que eu a mate!

Audrey cobriu o rosto, ouvir aquelas palavras do noivo, a pessoa que mais amava, a única pessoa que amava e que a amava...

_ Audrey, me escute, fuja... Fuja para bem longe...

_ Mas... E nós? Venha comigo... Podemos formar a nossa família como você me pediu ainda ontem...

_ Não, eu não posso!

_ O Projeto é mais importante pra você?

_ Será que você não entende? Eu não posso! Preciso ficar aqui e tentar resolver a situação...

_ Não! Vamos fugir! Podemos mudar de nome! O nome que sempre quisemos ter...

_ Fausto está furioso, não vai te deixar em paz... Quero estar aqui para fazer o que for possível... Agora vá... Se me virem falando com você, terei no mínimo que apontar a arma para sua cabeça.

_ Eu... Eu não acredito... Não acredito! Você é um idiota! Como todos eles!

Felipe ficou em silêncio. Audrey deixou-o. Continuou andando. Para onde iria? Não podia ir para sua casa. Não podia nem mesmo usar o carro...

_ Mas que droga! – praguejou ao reconhecer Taila.

Virou-se a começou a correr. Abaixou-se ao ouvir um disparo, mas continuou correndo.

Reconheceu o homem alto e de casaco comprido do dia anterior. Não... Não podia ser ele, havia sido atingido por Felipe... Era outro, porém, da mesma organização...

Tirava suas conclusões enquanto fugia das balas desorientadas de Taila.

Chegou até o estacionamento ainda correndo. Escondeu-se atrás de uma viga. Taila talvez a tivesse perdido de vista.

Mas agora o homem da organização desconhecida que estava roubando seu alvo no dia anterior a estava seguindo.

_ Que inferno!

E saiu correndo, mas foi bloqueada por outro homem que não viu de onde surgiu e caiu. Pensou que ia desmaiar com a força do encontrão, mas lutou para manter-se consciente.

O homem que a estava seguindo segurou-a pelos cabelos e apontou uma arma para sua têmpora.

_ Lembro-me de você, mocinha.

_ Ontem você quase roubou meu alvo...

_ Pois é... Mas seu coleguinha me impediu e machucou o meu coleguinha.

_ Quem são vocês?

_ Nós só queremos ganhar nosso pão de cada dia.

Audrey nada disse. Se tivesse que morrer preferia que fosse pelas mãos de um desconhecido, a dar esse gostinho a Taila.

Mas o homem continuou a segurá-la pelos cabelos. Engatilhou a arma. Audrey pediu:

_ Só me diga porquê.

_ Porquê?

_ Eu sempre esclareço a dúvida das minhas vítimas.

_ Hum... Sabe... Você parece entender o que faz.

Audrey calou-se.

_ Já ouvi falar muito de você.

“Todos ouvem. E isso acaba me custando a vida”

_ Seria um desperdício matá-la... Talvez pudesse me ser útil...

Audrey continuou quieta. Seria melhor mudar de grupo a ser assassinada.

_ Estava sendo caçada?

_ Sim. Sou o alvo.

_ Você é o alvo? Do seu próprio grupo?

_ Sim.

_ O que andou fazendo a eles, fofinha?

_ Foi uma armação.

_ Sei... Entendo. Quando somos o melhor, acabamos despertando sentimentos ruins.

Audrey preferiu manter o silêncio. O homem também se calou. E ficaram todos imóveis. Audrey sob a mira do revólver do homem que a interrogava, e um outro que a parara observava quieto.

Perceberam um movimento no estacionamento e descobriram Taila.

_ Atire, César! Atire! – berrou o homem que tinha Audrey refém.

Seu comparsa atirou e Taila também.

Audrey sentiu ser levantada e arrastada pelo braço, e quando se deu por conta já estava dentro de um carro.

Depois que o outro embarcou, saíram em disparada.


*=*=*


_ Não posso acreditar! Não acredito que vocês a perderam! Ela estava em uma enquanto estavam em cinco! Como puderam?! – ralhava Fausto ao receber o relatório.

_ Eu fui a única que disparei. Ficou difícil pra eu fazer o serviço sozinha. – explicou-se Taila.

_ E agora ela está com eles, sejam eles quem forem!

Apesar da fúria do patrão, Felipe sentia-se aliviado. Não a haviam matado. Audrey estava viva. Estava com inimigos, porém estava viva.

_ Audrey Cavalcanti é um perigo em outras mãos! Ela pode nos arruinar! Podemos perder tudo! Como puderam ser tão incompetentes?!


Continua

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