Planos e Promessas escrita por Mi Freire


Capítulo 9
Bianca.


Notas iniciais do capítulo

Algumas coisas começaram a melhorar nesse capítulo ❤



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Pelo menos uma vez por mês fazíamos um programa entre amigas. Eu, Luiza e Natália. E como estávamos meio sem criatividade naquele final de semana, decidimos ficar por ali mesmo, em casa, curtindo à tarde de sol na piscina.

Luiza e eu somos melhores amigas há muito tempo, como irmãs e nunca existiu nenhuma outra para substituiu seu lugar, apesar de nem sempre essa relação ter sido perfeita. Houve sim brigas, discussões e discórdias, como qualquer outra amizade. Mas o que importa é que no final, esse sentimento sempre prevaleceu apesar de todas as controversas.

Já eu e a Natália nem sempre fomos tão próximas. Apesar de ela ter tido sempre um amor de pessoa, daquele tipo que apoia tudo e todos e tem sempre um bom conselho para dar e um sorriso caloroso no rosto. Ela é uma querida. E ficamos muito mais próximas quando ela e Luiza assumiram esse relacionamento. E a Nati passou a ser uma segunda irmã pra mim também, uma amiga e uma ótima companheira para todos os momentos.

E é justamente por isso que eu adoro quando elas vêm me visitar aqui em casa. Passamos muitos momentos bons juntas, comendo besteira, fofocando, assistindo filme, vendo revistas. De tudo um pouco. É ótimo que saber que posso contar com elas pra tudo mesmo depois de tantos anos de amizade.

Hoje está uma tarde linda aqui fora. Sem nuvens no céu e o sol forte. As meninas trouxeram seus biquínis e quando sugeriram nadar, eu fui imediatamente colocar um dos meus.

Luiza está usando um biquíni verde na parte de cima e preto na parte de baixo que combina perfeitamente com ela, já a Nati optou por um cor-de-rosa cheio de flores e eu um branco, básico, sem estampas.

Quando a Luiza estava ali em casa poucas vezes falávamos sobre trabalho, já que passávamos a semana tratando daquele assunto lá na empresa. Então evitamos isso ao máximo em casa ou em qualquer outro lugar fora da empresa. Exceto quando era realmente necessário.

Enquanto falávamos sobre assuntos aleatórios, a Nati se sentiu a vontade para ir lá dentro da casa e preparar pra gente alguns sanduíches de atum e limonada.

Quando ela voltou e depositou a bandeja ali perto em uma mesinha, Luiza e eu saímos da água e fomos comer um pouco. E ficamos ali, tomando sol e comendo, apreciando aquela tarde maravilhosa e descontraída.

Eu estava mesmo precisando de um dia assim.

Minutos depois, virei-me para trás a tempo de ver o Felipe se aproximando, usando só bermudas azul uma regata branca. Ele tinha dormido até tarde aquele dia, mas agora estava ali, se justando a nós e experimentando os sanduíches da Nati.

Ele ainda estava afastando do trabalho e nós ainda não tínhamos conversado muito bem sobre aquilo. Eu não queria me intrometer e suspeitava que ele não quisesse conversar sobre todos os detalhes, porque na certa aquilo o chateava. Ele ama o trabalho tanto quanto eu amo o meu e eu sei o quanto é difícil para ele se manter afastado sabe-se lá quais foram as razões que o levaram a isso.

Eu tinha comentado a respeito com a Luiza, que por sua vez deve ter comentando com a Natália e por essa razão elas não perguntaram a ele como estava o trabalho, o que era o habitual. Ao invés disso, elas perguntaram como estava as leituras dele, que era um viciado em histórias.

Ele se sentou ali perto da gente por um momento, contente por elas terem lhe perguntando isso. Ele adora conversar sobre essas coisas. Felipe sempre foi louco por livros, principalmente quadrinhos. E todos apesar de acharem isso engraçado, sempre admiraram isso nele.

Enquanto eles conversavam, eu fiquei de lado, apenas observando. Ou melhor, observando-o. Felipe – pelo menos pra mim – sempre foi tão bonito. Não daquele tipo galã, loiro, alto, forte e dono de olhos azuis como o Danilo. Bonito de um jeito único e especial, um jeitão todo dele que eu sempre adorei.

E eu não sei bem porque, o achei ainda mais bonito naquele momento, enquanto o observava com descrição. Ele parecia tão à vontade, tão natural e estava sorrindo. Não havia nada melhor que vê-lo sorrindo assim, tão descontraído e despreocupado. O sol batia em seus cabelos cor de areia, deixando-os mais claros, assim com seus olhos, cor de avelã.

Ele deve ter percebido que eu estava olhando para ele por tempo demais e olhou pra mim também, ainda falando. E aquilo me desconcertou totalmente. Eu fiquei sem jeito e sorri para ele, voltando meus olhos para meus próprios pés por um momento e quando me voltei para ele novamente, ali estava ele, ainda sorrindo para mim daquele jeito apaixonante.

Minutos depois ele se levantou, pediu licença para as meninas e olhou para mim, de baixo para cima, avaliando-me, enquanto dizia que iria nos deixar em paz, para voltar a ler, ali não muito distante.

E foi o que ele fez, voltando lá de dentro em poucos segundos com uma de suas revistinha de super-herói em mãos. Felipe sentou-se na varanda, na sombra, apoiou os pés na mesinha de centro e relaxou na cadeira, enquanto abria a revista para começar sua leitura.

— Pelo visto hoje a noite vai ser quente. – comentou Luiza, fazendo Natália rir e despertando-me do meu transe.

Elas me flagraram olhando para ele.

— Para de bobagem. – disse eu, toda sem graça. — Nós estamos bem, mas não tão bem a esse ponto.

— Não que seja da minha conta – continuou Luiza. — mas só pra saber... Há quanto tempo vocês não...?

Ela não precisou dizer todas as palavras, eu sabia exatamente ao que ela se referia e tocar naquele assunto com elas não me deixava nada constrangida. Era algo normal entre amiga. Eu só fiquei com vergonha naquele momento porque estava muito claro para todo mundo que eu e o Felipe não estava vivendo nossa melhor fase.

— Tanto tempo que eu nem me lembro de qual foi a ultima vez. – confesso a contra gosto. — Mas vamos parar de falar disso, não quero me chatear hoje. Vem, vamos nadar um pouco!

E lá fomos nós, como se ainda fossemos três adolescentes, jogando água uma na outra e rindo horrores por pouca coisa.

Mais tarde, quando o sol já estava ficando mais baixo e com isso começou a esfriar mais, resolvi sair da água, sentia-me esgotada. Havia sido uma longa tarde. Luiza e Natalia permaneceram lá dentro, aproveitando a minha ausência para ficarem mais a vontade. Vi que o Felipe ainda estava na varanda, terminando de ler seus quadrinhos.

Eu queria ir ao banheiro e por isso foi em direção a casa, mas não sei bem o que deu em mim, que pelo caminho eu tropecei no gramado, em uma pedra, ou algo assim. Não sei. Só sei que cai no chão e torci feio o tornozelo. Na hora da queda fez até um barulho estranho, como se eu tivesse acabado de quebrar todos meus ossos.

Felipe saiu de onde estava e veio correndo na minha direção, todo preocupado. Eu estava morrendo de dor e mal consegui me mexer. Rapidamente, Luiza e Natália saíram da água, também preocupadas comigo e se aproximaram com urgência, para saber como eu estava e o que tinha acontecido.

Mas nem eu sabia explicar.

Eu caí. Simples.

Felipe tentou me ajudar a levantar, mas eu protestei de dor. Juro por Deus, que não conseguia mover uma das pernas e aquilo me pareceu muito preocupante. Sendo assim, ele foi ágil e me pegou nos braços, com muita força e me ergueu.

Quase me derreti ao sentir seus braços segurando meu corpo, assim, tão de perto, agora tão fortes. Eu me senti uma menininha. E seu perfume? Nossa, ele estava muito cheiroso. Por um momento eu quis ficar ali, apenas sentindo-o mais de perto. A dor já não era mais tão importante.

Felipe me deitou com calma no sofá. Com uma toalha em volta do corpo, Natália sentou próxima a mim e avaliou meu tornozelo apesar de ser especializada em Nutrição e pela expressão dela vi que a coisa estava feia. Nem quis olhar.

Luiza voltou lá de fora, aquela altura ela já tinha ligado para o meu médico e pedido para ele vir aqui em casa.

Felipe estava ajoelhado diante de mim, passando a mão no meu cabelo e olhando-me com os olhos ainda cheios de preocupação. Ele estava me tratando como se eu estivesse prestes a morrer, o que parecia exagerado da parte dele, mas eu confesso que estava gostando muito de toda aquela atenção.

Em pouco tempo meu médico particular, o doutor Otávio, chegou e cuidou de mim. Por fim, disse o que já estava previsto a todos: eu tinha sofrido uma torção, mas nada muito grave. Eu não precisaria ir ao hospital. Estava inchado sim, mas ele passou uma medicação, pediu repouso de quatro semanas e enfaixou meu tornozelo, pedindo que agora eu tomasse muito cuidado para não agravar ainda mais a situação.

Nada de esforços, foi o que ele mais disse.

Ele foi embora, e eu agradeci. Ainda estavam todos ali, me olhando com pena, como se eu tivesse mesmo morrendo. Eu quase ri e disse para pararem de besteiras, mas foi quando me dei conta que quatro semanas eram quase um mês. Um mês que eu ficaria longe da empresa. Meu Deus! E agora? O que vai ser de mim sem meu trabalho? Comecei a me preocupar pra valer.

— Fique calma e apenas descanse. – pediu Luiza, como se lesse meus pensamentos. — Eu vou cuidar de tudo pra você pelo tempo em que precisar.

Sim, eu confiava nela e em toda sua capacidade. Afinal, não a escolhi como minha assistente pessoal só porque era uma grande amiga não. Eu a escolhi porque com o tempo – o que eu soube desde o inicio – ela se tornou excelente naquilo que fazia e era como se fosse meu braço direito.

Mas eu nunca tinha ficado tanto tempo longe do trabalho e isso era bastante difícil pra mim. Só de pensar nisso minha cabeça parecia prestes a explodir. O trabalho era minha vida, minha base, tanto que por causa dele, muitas coisas da minha vida, principalmente meu namoro, se tornaram segundos planos.

Luiza e a Nati foram embora ao cair da noite, quando tiveram certeza que eu ficaria bem aos cuidados do Felipe. Felipe por sua vez estava de fato me tratando como um bebê sem capacidade alguma para nada.

Cuidadosamente ele carregou nos braços até o andar de cima, encheu a banheira e me deu um banho. Esfregou as minhas costas, lavou o meu cabelo e me passou o sabonete, mas não de maneira sensual e sim como de fato eu fosse uma criança. Ele nunca tinha feito nada parecido antes, porque eu não era do tipo que ficava doente com facilidade.

E quando acontecia, ele ficava por perto, me dava remédios, mas nunca me tratava assim, como se eu não tivesse braços ou pernas. Tá, tudo bem que eu não podia mesmo ficar fazendo esforços. Mas eu ainda podia fazer algumas coisas com meus braços e mãos. Eles ainda se mexiam.

Eu tentei dizer isso a ele, até mostrei meu dedos, minhas mãos, balancei o braço, mas ele riu e pediu para eu parar de ser boba, que ele fazia questão de cuidar de mim e tudo que eu precisasse.

Eu não achei ruim, claro. Muito pelo contrário. Achei fofo da parte dele e totalmente adorável.

Aquele acidente foi como um pequeno milagre em nossas vidas. Pelo menos serviria para uma coisa: nos unir quando mais precisávamos estar juntos.

Por fim, ele me ajudou a vestir meu pijama de pandas. E quando ele pegou a escova para pentear meus cabelos molhados, eu tomei a frente e disse que era melhor que eu mesma fizesse aquilo. Ele não achou ruim, pareceu entender e desceu, disse que voltaria em minutos.

Como eu já estava bem acomodada na cama, apenas penteie os cabelos molhados e deixei a escola ali, ao lado, sobre o criado mudo. Esperei por ele, sorrindo, imaginando o que ele estava aprontando. Felipe reapareceu, segurando um prato de sopa quente. Segurei-me muito para não rir e mais uma vez dizer que ele estava exagerando muito naquilo.

Mas me contive, mais uma vez, porque ele insistiu em me dar sopa na boca. Eu tentei não olhar para ele enquanto ele alimentava de maneira tão infantil, mas era impossível não olhar e apreciar que ele era muito bom naquilo. Com certeza ele seria um ótimo pai. E seus filhos teriam muita sorte por serem mimados daquele jeito por ele.

Ao terminar de comer ele saiu de novo, para deixar o prato vazio lá em baixo, trancar a casa e apagar as luzes. Quando voltou segurava uma de suas revistinhas. E eu já imaginei o que viria a seguir.

Ele se acomodou próximo a mim na cama, como há muito tempo não ficávamos, deixou minha cabeça em seu peito e começou a ler para mim, como fazia no início do nosso namoro, para me ajudar a pegar no sono. Mas daquela vez, diferentemente das outras, eu não consegui dormir. Fiquei apenas ouvindo a sua voz e sentindo seu peito subir e descer.

Eu me sentia nas nuvens, como há muito tempo não me sentia. Era tão bom tê-lo por perto. Ele era tão cuidadoso, atencioso, seu peito tão confortável e sua voz tão maravilhosa. Eu tinha muito sorte por tê-lo e injusta seria se não soubesse valorizar isso, como eu bem vinha fazendo.

— O que foi? – ele perguntou, depois de um tempo. — Não consegue dormir?

— Não. – tentei erguer meus olhos em sua direção. — Na verdade, estava aqui pensando em umas coisas.

Ele esperou atentamente que eu continuasse.

E foi o que fiz.

— Foi um dia bem cansativo, não acha? Você deve estar cansado de ter que cuidar tanto de mim... – ele abriu a boca para dizer algo, mas eu não deixei. Eu me movimentei, subindo um pouco mais para ficar com o rosto mais próximo do seu. — Eu quero que você descanse agora.

Retirei cuidadosamente sua revista de suas mãos e coloquei de lado. Ele me olhava com atenção e ao mesmo tempo curioso com a minha nova atitude e mudança de comportamento.

Mas é que tê-lo tão por perto tinha me afetado muito. Eu estava excitada, carente, com saudade. Eu o desejava naquele momento, apesar de toda a fragilidade da situação.

Não queria perder tempo, então coloquei minha mão em sua nuca e puxei seu rosto para mais perto do meu.

Pressionei meus lábios nos deles e aquilo me causou uma onda de satisfação por todo o corpo. Ah, como eu me sentia falta daqueles lábios em contato com os meus. Não resisti e fechei os olhos, abrindo minha boca e fazendo com que ele abrisse a sua.

Beijamos-nos por um momento. Um beijo longo, saboroso, cheio de paixão e carinho. Exatamente o que eu precisava. Do jeitinho que eu queria. Aquilo era o bastante para mim por uma noite.

Depois disso, ficamos nos entreolhando por um momento. Ambos sorrindo. Muito próximos. Enquanto eu passava minha mãe devagarzinho por sua barriga, por cima da camiseta mesmo. Apenas um carinho, não estava o provocando.

— Obrigada. – sussurrei.

Em resposta, ele beijou a ponta do meu nariz.

Felipe se acomodou ao meu lado, puxando-me para mais perto. Eu envolvi meu corpo no dele, aconchegando-me em seu peito. E ali pousei minha cabeça novamente. Minha perna, a com a torção, continuava imóvel e bem protegida. Ele inclinou-se e apagou todas as luzes, inclusive a do abajur.

— Boa noite, meu amor. – sussurrou ele, apoiando sua cabeça na minha e muito provavelmente fechando os olhos também.


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Notas finais do capítulo

Fofo, não é? Espero que tenham gostando. Comentem, é importante.



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