Procura-se um garotinho ruivo escrita por Kalena Danvers


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Lembrando que: Quando o capitulo começar com "**", a narração sera do Marlin. Quando o capítulo começar com "##" , a narração sera do Nemo.



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**

Era verão, um dia quente mas não era o bastante pra nos impedir. Entrava uma caixa, e depois outra, e outra e de vez enquando um sofá ou talvez um geladeira. Dia de mudança. Para alguns, uma dor de cabeça, para mim...bem, não era diferente. Foi difícil comprar essa casa em especial. Nossa casa dos sonhos com mil olhos nela, mas dai, uma ligação da corretora de imoveis no meio da tarde:

–Sr.Marlin, ainda tem interece na casa?

Ela era nossa. A casa de com vista para o oceano era enfim nossa. Mal continha a felicidade, nem se quer acreditava que nossas vidas enfim comessariam em Rose Bay, Australia num bairrosinho com o estranho nome de Paredão, não muito longe da capital. Mas, sentia que minha esposa não estava tão animada quanto eu.

–Achei que gostasse da casa. Eu me lembro de quando disse que queria uma vista para o mar.

–É, eu sei.

–Sou cara com "c" maiúsculo ou não sou?

–Com "c" maiúsculo, amor. A casa é linda e a vizinhança é ótima.

–Sabe, você não parece muito feliz.

–É claro que eu gostei, juro. Mas, não acha que ela é um pouco grande de mais?

–Querida, conversamos sobre isso. Compramos pensando nas crianças que estão por vir. Hoje é uma, e amanhã estaríamos loucos com vintes crianças naquele apartamento minusculo.

Ela deu um risinho baixo.

–Você tem razão, mas, não sei de onde você tirou essa ideia de que teremos vinte filhos.

–Ta, tudo bem.

Agarrei uma das caixas com um pouco de louça e plastico-bolha e o carreguei até a sala de estar, ela me seguiu. Coloquei a caixa no chão e me apoiei em uma das janelas que ficava na altura do meu quadril. A olhei melhor e vi uma leve preocupação no seu olhar.

–Olha, pense nisso. Eles merecem o melhor. Imagine, elas abrirão a janela de manhã e virão uma baleia lá no mar. Assim, bem na janela do quarto.

–Parece ser bom acordar e dar de cara com uma baleia.

–Isso acontece todos os dias, nunca percebeu?

Rimos, mas logo voltei ao trabalho. A mudança teve o dobro de peso pra mim, não poderia contar com a ajuda da minha esposa, já que estava cuidando do bebe.

Me lembro de quando estávamos falando sobre nomes. Eu queria muito que o primeiro filho levasse o nosso nome, seja ele menino ou menina. Gostava da ideia de Marlin Jr. ou até mesmo de Coral Jr. , mas ela não compartilhava da mesma idéia. Dizia que Coral é nome de pet e de Marlin Jr. seria muito clichê.

Desde que a conheço, ela dizia que seu filho se chamaria Nemo. Particularmente, não gostava muito da ideia, mas ao vê-lo pela primeira vez, sabia que ele tinha mais cara de Nemo do que Marlin Jr. Ele era perfeito, com um pequeno detalhe de não ter nascido com a perninha direita. Isso iria dificultar na hora de caminhar, mas nada que uma prótese não resolvesse. Mas para mim, ele era o melhor de todos.

Uma lembrança levou a outra, e quando me dei conta, estava a encarando com uma cara estranha e um sorriso bobo.

–O que foi agora?- ela perguntou, colocando Nemo no berço.

–Lembrei do nosso primeiro encontro. Você estava tao linda. O que viu em mim alem daquele peircin horrível?

Ela riu. Amava seu sorriso.

–Eu ainda estou tentando me lembrar. Seu cabelo nem era ruivo, era o que mesmo? Marrom?

–Preto. Minha fase punk. Me lembro do nosso primeiro beijo, você ficou com o aparelho preso no piercin.

–Claro, aquilo até parecia um anzol.

Agarrei-a e dei um beijo. Como eramos felizes, e como somos. Por um instante, sabia que tudo estava perfeito. Uma linda esposa, uma nova casa e um filho incrível. Nemo era ruivo como o pai, mas com apenas alguns meses de vida e já mostra ter as personalidades da mãe. Coral então me empurrou pro lado.

–Tenho que ir na farmácia.

–Pra que?

–Não temos fraldas. Quero ir antes que aconteça o primeiro incidente.

–Eu vou junto. Já descarreguei tudo, agora só falta colocar as coisas no lugar.

Nemo no banco de trás e rumo a farmácia. Quantas vezes pensamos que aquela viajem de carro pode ser nossa ultima juntas e quantas vezes estamos terrivelmente certos. Nem se quer chegamos a farmácia. Na virada do zoológico paramos no final vermelho, mas um caminhão não.

Ate tentei acelerar e desviar para esquerda, mas do que adiantou? Quando acordei sentia a pele esquentando, Coral sendo tirada do carro amaçado e com fumaça saindo do motor. Estava zonzo e a única coisa que pensava era em Nemo. Ele não estava na cadeirinha de bebe. Sai do carro, mancava e andava meio torto. A visão embaçada, mas não muito para não reconhecer meu próprio filho nos braços de um bombeiro.

Olhei para a maca a minha direita. Uma lona preta cobria todo o corpo, mas para a minhas desgraça, deixava os fios de cabelo acaju a mostra. A acariciava e enrolava os fios por entre os dedos, meio que brincava com eles. Minha mulher, metade do meu mundo estava ali, sem vida.

Onde estava a outra metade? Cambaleei até o bombeiro. Ele sabia o que eu queria e entregou Nemo nos meus braços. Aquela coisinha embrulhada num cobertor laranja e surpreendentemente limpo comparado comigo. Eu já perdi uma pessoa muito importante para mim, mas não poderia perder a outra.

–Eu juro- sussurrei, encostando sua testa na minha e o agarrando com todas as minhas ultimas forças. -Eu juro que irei protege-lo. Nunca, nada vai acontecer com você.


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