PDV ALEC:

Eu não sei o que a Amanda disse pra Jane mas,seja lá o que tenha sido,mudou profundamente a minha irmã.Eu a vi hoje indo pedindo desculpas pra Amanda e,quando eu a questionei sobre o motivo das desculpas ela me respondeu dando de ombros:

-Ah,Alec,isso não importa mais!-e sorrindo de lado,completou-O que importa agora é que somos amigas...E eu me sinto estranhamente leve,como eu jamais me senti.

Ver a Jane sorrir,depois de tanto tempo vendo-a tão amargurada e só,me fez agradecer internamente pela Cullen ter me mandado pra cá.

Passei o dia todo pensando nisso e querendo desesperadamente conversar com a Amanda a sós,vê-la sorrir daquele jeito espontâneo,que parecia nunca sair de seus lábios...

Senti a Jane me cutucar ao meu lado.Voltei à realidade.Eu a Jane andávamos sozinhos pela parte coberta do pátio depois da aula.Quase não restavam mais alunos.Do outro lado do pátio,sentada em um dos bancos estava a Amanda,já se despedindo da Rebecca,pois esta última já ia embora.Foi aí que a Jane se manisfestou:

-Vai lá,eu sei que você que falar à sós com ela...

Olhei indeciso pra ela:

-Vai!-me empurrando de leve.Olhei pra Amanda,ao olhar de novo pra trás:nada da Jane.Então respirei fundo,controlando a sede intensa e caminhei até ela.Quando eu cheguei bem perto do banco onde ela estava ela me viu,sorriu e deu um tapinha ao seu lado no banco,me convidando pra sentar.

-Oi.-ela disse meio tímida.

-Oi...Escuta.Posso perguntar uma coisa?-começei.

Ela assentiu.

-O que foi que você fez com a Jane que a fez mudar tanto?Ela está...feliz.Faz muito tempo que não a vejo assim...

-Eu só disse a ela o que ela precisava ouvir.-ela deu de ombros- Sei lá...Eu só acho que eu abri os olhos dela pra o que ela não conseguia ver e,meio que dei a solução...Sua irmã é uma garota legal,só precisava ouvir umas verdades...Sem ofensa.

-Não,tudo bem.-sorri com a sinceridade dela-O que eu quero dizer é...obrigado.O que quer que tenha feito fez toda a diferença.Ela está muito melhor agora.

Empurrando de leve o ombro dela com o meu,sorri brincalhão e falei:

-Bom, agora que você já sabe um pouco sobre a minha família,porque não me conta um pouco sobre a sua?Senão for pedir demais...

Ela fingiu pensar sobre o assunto fazendo uma careta pensativa e colocando a mão no queixo,depois olhou pra mim:

-Ok,o que quer saber?

-Tudo é demais?-fiz cara de inocente.

Ela sorriu da minha expressão:

-Acho que não...Bom,minha família não tem nada de especial,somos só meus pais,eu e meu irmão.Meu pai,Flávio,é médico e minha mãe,Ana,é corretora de imóveis,eles estão juntos há muito tempo...-depois de dizer isso seu rosto ficou um pouco triste,ela suspirou-Eles estão passando por uma crise no casamento e eu tenho que enganar a mim mesma dizendo que é só uma fase,-ela agora não falava comigo,falava com ela própria-mas está ficando pior:eles quase não têm mais tempo um pro outro,quase não se falam,têm discutido cada vez mais e por motivos tão bestas que me surpreendo que eles percam tempo e paciência discutindo.-Ela olhou pra mim,tentando não chorar.-Mas,o motivo principal das brigas deles é o meu irmão,Guilherme,ele é aquele tipo de adolescente rebelde,desobediente,que não dá a mínima pra nada...Sabe,apesar de a gente não passar muito tempo juntos eu me preocupo de verdade com ele, e os meus pais também,porque ele vive tirando notas baixas,foge a escola sempre que pode...Apesar de tentar eu não o entendo,talvez tenha ficado pior com a situação em casa.-Ergui as sobrancelhas,surpreso.O desabafo dela me surpreendeu totalmente,eu nunca poderia imaginar que por trás daquela garota sorridente,houvesse uma família com sérios problemas.

Ela viu minha expressão:

-Você está surpreso não é?A maioria das pessoas se surpreende mesmo,isso porque na maioria do tempo eu tento esquecer de tudo e sorrir,pra tentar diminuir a maioria desses problemas pelo menos um pouco...-Ela sorriu um pouco,mas ainda triste.

Eu queria confortá-la,dizer que tudo ficaria bem,mas não sabia se podia.Criando coragem e reunindo forças pra tanto,coloquei as costas da minha mão na bochecha dela,afagando:

-É só uma fase,eles vão superar isso,você vai ver...-tentei confortá-la.

Ela estremeceu ao toque gelado da minha mão e fechou os olhos,mas sussurrou baixinho;

-É isso que eu espero.-e sorriu um pouco.

Retirei a mão e ela sorriu um pouco mais calma,abrindo os olhos:

-Você está melhor?-quis saber.

Ela assentiu uma vez e olhou nos meus olhos,a expressão séria,os olhos indecifráveis...Ainda me era estranha a sensação de ela olhar pra mim tão profundamente e não ver ,ou não ter medo, do monstro sugador de vidas que eu era...Ao pensar nisso,a sede aumentou consideravelmente e,por um instante,eu me vi puxando o pescoço dela pra mais perto de mim,roçando de leve os lábios naquela pele macia e quente ,o sangue pulsante...

-Alec?-ouvi uma voz sorridente.

Abri os olhos de súbito,sendo jogado bruscamente contra a realidade.A Amanda olhava pra mim,se divertindo com a minha reação inesperada.Ao vez minha expressão,seu sorriso murchou:

-Você está bem?-Agora ela parecia realmente preocupada,seu cenho franzido.

Ah!Não tudo bem!Eu só senti vontade de sugar cada gota do seu sangue,te fazendo morrer.Mas é claro que você não percebe o monstro que sou...Porque?

Abri a boca pra responder,mas antes de fazê-lo,uma voz masculina e irritada veio até nós de repente:

-Amanda vem!Tá na hora,a mamãe já chegou...

Virei-me pra ver o dono da irritante voz.Era um garoto de aproximadamente 17 anos,cabelos castanho-claros,olhos pretos,semelhante à irmã.

-Guilherme,será que pode falar normalmente?Eu não sou surda nem lesada!E eu já estou indo...-ela repreendeu o irmão.

-Se eu quisesse aprender boas maneiras,contratava o Fábio Arruda!Anda garota, a mamãe tá apressada!-cortou secamente.

A Amanda revirou o olhos,respirou fundo e se virando pra mim disse:

-Tchau Alec,a gente se vê amanhã!-Pegou a mochila a seu lado,sorriu duro pro seu irmão,se levantou e saiu caminhando na frente dele.

Antes de se virar pra segui-la,notei um olhar friamente especulativo dele pra mim...