Alec não voltou à escola e isso me deixava extremamente preocupada.Parecia que nada que eu pudesse fazer ou falar poderia mudar a nossa situação.Mas,ao mesmo tempo que eu tentava falar com ele e convencê-lo a me escutar,eu fazia planos.Tentava desesperadamente encontrar uma solução fácil para,o que eu sabia,seria inevitável:minha transformação.Era como a Jane tinha me explicado,eu seria transformada por bem ou por mal.Minha transformação era garantia que os Volturi tinham de que a "pequena aventura" do Alec não os prejudicasse.Não,eu não tinha medo da transformação em si,já que,segundo meus planos,eu nem chegaria a sentir dor.Não.Eu tinha medo pelos meus pais,medo do que eles sentiriam quando me perdessem.Também havia a preocupação em passar por tudo isso machucando o mínimo de pessoas e com o máximo de discrição possível.Mas é claro que a cada plano que eu fazia parecia chamar mais atenção das pessoas e machucar mais gente.Por isso eu tinha medo de verbalizá-los com quem quer que fosse.Mas,eu tinha a consciência de que essa era a nossa única chance e que eu não podia deixá-la simplesmente se esvair das minhas mãos.

   Decidi que no dia seguinte poria um fim no silêncio do Alec.Já estava cansada de ter que pedir perdão à ele pelos nossos erros e receber em troca a fria ausência e recusa dele.Já estava cansada de errar.Queria fazer a coisa certa pelo menos uma vez.

   Tinha feito minha decisão.Iria à casa do Alec e,com o apoio de Jane,ele não poderia fugir de mim novamente.Ou melhor,ele não poderia fugir da realidade que agora nos cercava.

   Mas,para o que eu pretendia fazer,eu teria que faltar a um dia inteiro de aula,coisa que,diga-se de passagem,eu nunca havia feito antes.Jane,é claro,pensou em tudo:eu iria à escola na manhã seguinte,mas não chegaria à entrar.Jane iria à secretaria e diria que eu estou doente e que teria que faltar aula.Eu falaria com Alec e Jane me levaria para casa na hora em que as aulas do dia terminassem.Quando perguntei à ela sobre o que ela faria para faltar aula,ela simplesmente  abriu aquele sorriso malicioso que eu conhecia tão bem e me disse para me preocupar sómente comigo,pois ela cuidaria de tudo.

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    Se eu achava que Alec era exagerado em relação à carros,exibindo aquele Bugatti impressionante,então Jane não deixava a desejar em comparação ao irmão no mesmo quesito:depois de falar com a secretária,ela me guiou para uma garagem escondida em uma rua adjacente à escola,onde lá dentro,nos esperava um reluzente Lamborghini Gallardo conversível preto.

    Eu parei,de repente,admirando o incrível veículo.Jane,que estava à minha frente,olhou para trás,percebendo meu silêncio.Ela veio até mim e franziu a testa,preocupada.

   -Amanda?-perguntou,estalando os dedos na frente dos meus olhos.

   Não houve resultado,eu continuava olhando hipnotizada para o carro.

   -Isso é seu?

   Ela revirou os olhos e foi em direção ao carro,deu um tapinha no capô:

   -É só um pequeno presente de aniversário...-ela abriu um sorrisinho.-Não é todo dia que se faz 300 anos.

   -Acho que eu vou me lembrar de pedir um desses quando fizer 300 anos...Pequeno presente.-ironizei.

   Jane entrou no carro e buzinou,impaciente:

   -Anda,Amanda!Nós não temos a eternidade!...Bom,pelo menos,você ainda não.

   Ao escutar as palavras dela meu cérebro pareceu descongelar.Rapidamente entrei no carro,e Jane acelerou,fazendo os pneus do carro cantarem.

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  Jane dirigia rápido pelas ruas da cidade,até que eu começei a perceber uma mudança na paisagem ao nosso redor.Mas é claro.Com carros daqueles,a coisa mais óbvia a se pensar é que eles teriam uma mansão como casa.Dito e feito.Após alguns minutos passando pelas casas mais incríveis que um dia eu poderia ver,Jane estacionou o carro em frente à,talvez,mais exuberante de todas:com 3 andares,jardins verdejantes por dentro e por fora dos muros,mobília luxuosa no estilo retrô eu imaginei que aquela casa era como um castelo de contos de fada.

  Jane me guiou pelo jardim de entrada,até chegarmos ao hall.Havia um imenso lustre de cristal pendendo no teto,o piso era de um granito preto tão brilhante que eu quase podia me ver refletida nele.Mais à esquerda se projetava uma escada dourada que dava para os andares superiores.

  Apoiada no corrimão,junto ao último degrau da escada,estava uma mulher.Como não tinha as mesmas características vampirescas dos gêmeos,eu julguei que ela fosse humana.A princípio,ela me olhou com certa surpresa e curiosidade,depois seus olhos se arregalaram e ela abriu um sorriso,eufórica.

  -Então esta é ela?-perguntou ainda sorrindo à Jane.

  Jane rolou os olhos,ato que eu julgava estar se tornando comum,e assentiu:

  -Olá,Gianna.E sim esta é ela...

  Então Gianna desceu as escadas e parou na minha frente,me abraçando.Pegou minhas mãos:

  -Você não sabe como é bom finalmente conhecê-la!

  Ao encontrar o olhar entediado de Jane,aparentemente cansada da outra,Gianna desfez seu sorriso.Depois olhou para mim,preocupada:

  -Você chegou numa boa hora.Alec está no jardim dos fundos,perto da piscina.-e comentou por alto.-Finalmente deixou aquele quarto...

  -Chega,Gianna!-Jane olhou-a ameaçadoramente.Depois forçou um sorriso.-Obrigada.

  Depois me puxou pelo braço e me guiou até o jardim.De onde nós estávamos não se podia ver a piscina,mas Jane me instruiu:

  -Siga o caminho...-disse apontando para um caminho de concreto que se abria em meio ao gramado.-ele vai levar você até Alec.

  Fiz o que ela disse e,depois de alguns segundos,encontrei a piscina.Sentado em uma das mesas que ficavam ao lado da água,estava Alec.Ele jogava pequenas pedrinhas na água e olhava com desprezo para o Cupido de mármore que jorrava água na piscina pela sua flecha.Estava protegido do Sol pelo guarda-sol preso acima da mesa,mas a claridade da manhã não negava o brilho estranho de sua pele.

  Ele não olhou para mim ao notar minha aproximação.Apenas parou de atirar as pedrinhas assim que eu parei ao seu lado.Seu lábios estavam comprimidos,num sinal de estresse.Seus olhos ainda no Cupido:

  -Oi,Amanda.-sussurrou,ainda sem me olhar.

  O silêncio entre nós permaneceu.Até que eu não aguentei mais aquilo,precisava pôr para fora tudo o que me sufocava e me fazia ficar triste:

  -Alec,por quê tem me evitado?!Eu tentei a todo custo nas últimas duas semanas falar com você,mas você simplesmente se recusa a falar comigo!Sabe...eu até entendo que você esteja chateado com você  mesmo ou comigo,eu não sei,pelo que aconteceu,mas você aje como se simplesmente o fato de você me evitar possa resolver todos os nossos problemas!...Eu andei pensando Alec.E eu estou cansada de ter que pedir desculpas para você pelos erros que nós dois cometemos!Cometidos só porque você tem medo demais de enfrentar o que você sente por mim e as consequências que vieram como resultado disso!-a cada coisa que eu despejava pra fora era acompanhado pro uma torrente de lágrimas.-E eu já estou cansada de chorar por isso!

  Minhas mãos tremiam e de repente eu tive que parar para respirar.Desviei meus olhos para a água.Pelo reflexo que ela me mostrava,pude ver Alec de pé,me olhando chocado e triste.Ele desviou os olhos para a água e me olhou pelo reflexo,os olhos carmim me encarando com tristeza:

  -Amanda,eu quase matei você naquela noite...Acha mesmo que vale a pena arriscar tudo para ainda ficar perto de mim?Para me ver desejar seu sangue toda vez que eu tocar em você?Já não chegamos no limite de tudo isso?

  Desviei meus olhos pros dele:

  -Você ainda não entendeu,não é?!-peguei sua mão e a coloquei sobre meu coração,de modo que ele o sentisse pulsando.-Isso aqui é seu,vivo ou morto.Quem decide se vive ou morre é você,Alec...Nós dois sabíamos desde o começo que isso não ia ser fácil.E não foi e nem está sendo.O que sentimos um pelo outro é novo.Por isso é tão difícil.-Sorri para ele.-Não existe limite,Alec.Se pudermos fazer isso juntos,vai dar certo.Mas só se fizermos isso juntos...

  De repente,ele me abraçou e eu pude sentir tudo o que ele sentia:medo,preocupação,frustração,irem embora em um único gesto.Quando eu me separei dele,ele acariciou minha bochecha e sussurrou:

  -Sei il mio angelo...-eu sorri com o modo doce que as palavras soavam.

  Então me lembrei de uma outra razão pela qual eu estava ali,algo que eu sabia que provavelmente ia aborrecê-lo,mas eu não tinha tempo nem muita alternativa,então começei devagar:

  -Jane me contou tudo sobre os vampiros.Contou sobre os Cullen,sobre sede,gravidez e,...sobre os Volturi.-hesitei.

  Ele rolou os olhos e crispou os lábios:

  -Ah,Jane...

  -Ei,não a culpe.Eu tinha o direito de saber...

  Continuei:

  -Ela me disse que você prometeu aos Volturi minha transformação em troca da permissão de vir até mim...

  Sua expressão se fechou e ele evitou meu olhar.

  -Alec,eu não estou chateada.De um jeito ou de outro isso ia acabar acontecendo...Foi por isso que eu andei fazendo planos.

  -Planos?Que tipo de planos?

  -Eu acho que eu sei como resolver tudo,Alec.Como fazer minha tranformação da melhor forma possível.-ele me olhou surpreso desconfiado.-Olha será que dá para simplesmente me escutar antes de me julgar?

  Ele se sentou e forçou um sorriso:

  -Tudo bem.Vamos ouvir o que tem a dizer...

  -Aqui não.Nem só nós dois.Jane e Gianna têm o direito de escutar.Além do mais elas também fazem parte disso...

  Ele se levantou e olhou para dentro da casa:

  -Jane.-chamou em um tom normal de conversa.A julgar pelos poderes deles,eu julguei que ela ouviria.-chame Gianna.Precisamos conversar.Seriamente.-sussurrou a última palavra me olhando preocupado.