PDV AMANDA:

Meus olhos se abriram para a claridade intensa da manhã.Estranho...Eu estava no meu quarto,deitada na minha cama.Mas eu não me lembro de como vim parar aqui...

Foi aí que eu me dei conta da dor.Levei a mão à cabeça.Ela doía como se meu cérebro estivesse tentando saltar fora.Me sentia tonta e enjoada.Tentei me lembrar de como tinha ido parar ali.Mas nada me ocorria...A última coisa que eu me lembrava é de eu brigando com o Alec por causa de algo que eu não me recordava,eu chorava e,...

Meu cérebro protestou em resposta ao esforço feito,intensificando a dor.Respirei fundo e tentei de novo:eu tinha taça nas mãos e um cara que eu nunca vira na vida conversava animadamente comigo.De repente eu me viro e vejo o Alec olhando pra mim.A expressão dele era estranha,uma mistura de ódio e mágoa...Depois tudo foi tão rápido que eu só vi o garoto ao meu lado voando e batendo do lado oposto do salão...

Minha cabeça latejou de dor e eu tive de segurá-la com as duas mãos pra que ela não explodisse.

Apesar da dor,eu conseguia ter certeza sobre duas coisas:

Primeira:Alec tinha me trazido pra casa em segurança e,pelo visto,meus pais não sabiam sobre eu ter bebido,porque não estavam brigando comigo por eu ter sido tão irresponsável...

Segunda:Eu o tinha magoado de novo...

Eu queria falar com ele,dizer que sentia muito,mas era domingo e eu não tinha como falar com ele.Então meu domingo se passou assim:comigo tentando encontrar um jeito de me redimir com ele e trancada no meu quarto,porque eu sabia que,se eu saísse e meus pais me vissem,meus sintomas me trairiam,lhes revelando algo de que eu me envergonhava:meu primeiro e,espero,último porre.Me envergonhava não pelo fato em si,mas pelos motivos e consequências da minha burrice...

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Acordei no dia seguinte bem melhor,mas com a cabeça ainda meio dolorida.Eu não me importava com isso,pois eu iria falar com ele,ia pedir desculpas e torcer pra que ficasse tudo bem entre a gente.

Assim que eu entrei na sala de aula eu o vi,parecia distante,preocupado com algo.A expressão dele não ajudou em nada no meu nervosismo e ansiedade,eu não gostava quando ele ficava assim.Engoli em seco e me obriguei a me aproximar.

-Oi,Alec...-disse tímida.

Assim que ele me viu,sorriu um pouco,o que me deu mais coragem.

-Podemos conversar?-começei.

-Ok,mas primeiro relaxa,Amanda.Você parece tensa.Sobre o que quer falar?

Soltei sem pensar:

-Eu sei que a gente brigou na festa,que você ficou chateado com o que eu fiz e disse...-abaixei a cabeça envergonhada.

O rosto dele se esfriou e se tornou monótono:

-Ah,sobre isso...

-É...-não sabia como continuar-Olha,Alec eu sei que as coisas que eu disse pra você na festa não foram legais,apesar de eu não me lembrar de muita coisa...Mas eu se que você ficou magoado,eu juro que eu não queria te ferir,eu não estava pensando direito na hora...Eu sou estúpida,não devia ter feito nada daquilo...-eu estava triste,queria que ele me perdoasse.

Ele apenas colocou o indicador nos meus lábios me impedindo de falar.Levantou meu queixo pra que pudesse olhá-lo,ele sorria.

-Amanda não precisa pedir desculpas,isso é passado,já foi.Então vamos apenas fingir que nada aconteceu e continuar sendo amigos...

-Tem certeza de que vai perdoar esse ser energúmeno aqui?Que só arranja confusão?

Ele rolou os olhos e sorriu:

-Você tem ideia da quantidade de besteiras que falou?

Eu protestei:

-Não é besteira não é a mais pura ver...

Ele pôs o indicador de novo:

-Tudo bem!Chega.Não vamos brigar de novo...

Ele estreitou os olhos,considerando:

-Que tal uma oferenda de paz?

Tirei a mão dele do meu rosto:

-Tipo o quê?-perguntei desconfiada.

 A expressão dele se tornou formal,sem vestígio de brancadeira:

-Quer sair comigo pra jantar,hoje à noite?

Os olhos dele eram tão intensos quando disse isso,que pareciam suplicantes.Eu fiquei ali,parada,tentando digerir aquilo.Espera...Ele estava me chamando pra sair?

Vendo que eu não dizia nada,o olhar dele esfriou:

-Ou a gente pode...-sugeriu.

-Não!Quer dizer...ia ser perfeito!-disse antes que ele mudasse de ideia.

Dito isso,a intensidade voltou: 

-Então eu te pego às 7?

-Ok.Ei...mas pra onde é que a gente vai?

Ele sorriu,travesso:

-Ah,isso é segredo.Confidencial...

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Vou confessar,sou uma garota CDF...Se esse fosse um dia normal,eu com certeza estaria passando a tarde estudando Química ou Álgebra.Mas,pra minha felicidade,não era.Então eu passei a tarde toda ou pensando em como me vestir pro encontro ou ouvindo meus pais me passando sermões sobre responsabilidade.Eu estranhamente não me importava,com a preocupação dele.Parecia que depois de dias eles estavam  se unindo por uma causa comum:colocar um pouco de juízo na cabeça da "filhinha" deles.

Depois de fazer um tour pelo meu guarda-roupa,decidi ir básica e recatada,já que o estilo "cheguei" não faz meu tipo.

Acabei com um vestido tomara que caia verde-claro,solto,um pouco acima do joelho,sapatilhas brancas e uma bolsa azul.

Maquiagem não muito forte e meus cabelos,eu os deixei presos de lado com pequenas ondulações.

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Eu estava olhando pra rua pela janela do meu quarto,o esperando,quando,de repente,na frente da minha casa aparece o carro mais lindo do mundo-pelo menos pra mim-um Buggatti Veyron vermelho. 

Eu sabia tudo sobre aquele carro.Na verdade,era viciada em carros.

Ai...não creio.Adivinha quem estava saindo do carro?!Isso mesmo,Alec...E,impossível,ele tinha conseguido ficar ainda mais lindo:com um terno cinza-pérola,camisa vinho por baixo e mocassins.

Fiquei ali,na janela babando pelo que pareceu uma eternidade.Ouço a campainha.Desço as escadas correndo,só pra chegar ofegente na soleira da porta.

Assim que ele me viu,sorriu:

-Oi...Você está linda!-arregalou os olhos.

-Eu?...Na verdade acho que estou mal vestida perto de você!-ergui uma sobrancelha,avaliando-o.

Ele olhou pra si,depois disse:

-Ainda acho que você está melhor...

Rolei os olhos:

-Você me mima demais...

Ele veio até mim e me abraçou.Eu me lembrei do carro.Me afastei dele e apontei,admirada:

-Alec,esse carro é seu?!Um Buggatti Veron?!

-Sim,é...Conhece esse carro?

-Se eu conheço?Eu sei tudo sobre esse carro!-disse isso e me aproximei,de modo a olhá-lo melhor.

Dei a volta no automóvel,admirando...

Alec tinha um pequeno sorriso:

-Então,gosta de carros?

Ignorei a pergunta.Eu tinha que fazer aquilo.Eu literalmente levantei a mão pro céu e agradeci a Deus por chegar perto de um daqueles...

Agora Alec fazia força pra não rir.Ele puxou minha mão e abriu a porta do passageiro pra mim.Eu olhei pra dentro procurando...Nada.

-Alec,cadê o motorista?

-Tá olhando pra ele...Porquê?-ele parecia inocentemente confuso.

Começei a rir de pura histeria.Aquilo tinha de ser piada.Mas quando vi sua expressão,parei de rir e fiquei tensa.Ele parecia falar sério.

-QUAL É,ALEC!VOCÊ TEM 15 ANOS!NÃO TEM PERMISSÃO PRA DIRIGIR ESSE CARRO OU QUALQUER OUTRO QUE SEJA!

Ele veio até mim,sorrindo.Pôs as mãos nos meus ombros  me disse calmamente:

-Amanda,relaxa!Eu não vou bater com o carro!

Não surtiu efeito,eu continuava histérica:

-VOCÊ PIROU,VAI MATAR A GENTE!EU SOU MUITO NOVA PRA MORRER!ALÉM DISSO,SE A GENTE MORRER,O MUNDO VAI PERDER UMA PESSOA BONITA E EU NÃO ESTOU FALANDO DE MIM!

Ele agora olhava pra mim de modo intenso,tentando me acalmar:

-Amanda,confie em mim.

Não tive como não me acalmar.Quando ele me olhava desse jeito ele me fazia esqueçer tudo,até meu nome...

De repente,deu um sorriso travesso.Se aproveitando da minha distração ,me pôs nos braços com um movimento rápido.Voltei à Terra.

-Ah,que coisa ridícula!Alec,me pôe no chão!

-Não...

Então ele me colocou com delicadeza no banco e olhou pra mimsuplicante.

-Por favor,Amanda!Vamos fazer isso do jeito fácil.Você prometeu que a gente não ia mais brigar.

Respirei fundo,me acalmando.Tudo bem eu ia colaborar.Afinal,tinha prometido,não é?