8 meses antes do evento em Kalamanda...

"Não vá hoje irmão." Ele suspirou enquanto preparava as partes finais de sua armadura, colocando seu lenço azulado por entre seus ombros e assim se virando para a pessoa que falara com ele. Sua irmã Luxanna, em pé, colocando sua armadura.

"Por que não?"

Ela parecia assustada, uma expressão que ele raramente via na face de Lux. "Nossos mensageiros dizem que o assassino está com eles. Eu não quero te ver machucado Garen..."

Ele a encarou. "Você acha que eu não consigo lidar com um simples assassino?" Noxus tem certamente tentado matar ele antes; nessas tentativas, ele mandou suas cabeças de volta para lá. Ele se sentiu indignado: Ela já o viu lutando muitas vezes antes, será que ela tinha tanta falta de confiança nele?

"Mas é ela, Garen. A Lâmina Sinistra."

"Ela não me assusta." Ele falou seriamente enquanto a ajudava com a ombreira.

Lux ainda assim sentia um medo enquanto saía da tenda dele. Ela se direcionou para o alojamento onde ajudaria a coordenar a batalha que ocorreria em breve. As notícias haviam dito que a divisão noxiana estaria por perto em questão de duas horas, e mesmo que os noxianos estivessem em menor quantidade, eles ainda assim eram lutadores perigosos; Garen tinha certeza de que seria uma batalha acirrada.

Seguindo seu caminho com Lux até o acampamento, ele se encontrou com o Jarvan, o príncipe de Demacia. Ele bateu suas mãos nas costas de Garen, dando um largo sorriso. "Pronto para se divertir Garen?" Ele riu, pronto para entrar em campo com sua armadura dourada, sua lança em suas mãos. "Pronto para matar esses noxianos nojentos?". Garen não se divertia em matar, mesmo que fosse noxianos. Matar era algo que que ele fazia por honra a sua família, sua cidade e por seu Rei; Noxus não tinha nada a ver com a democracia e o estilo de vida demaciano, e se eles desejassem lutar, o Comandante da Guarda Destemida e até então chamado de o "Poder de Demacia" Garen Crownguard, faria questão de que Noxus jamais ameaçaria Demacia de novo. Sua vida era sua luta incansável para manter sua Cidade-estado a salvo de inimigos; especialmente Noxus.

Ele olhou para o seu príncipe, seu amigo de infância, e tornou-se a olhar para a parede de concreto, com várias árvores ao seu redor. Essa parede até então, havia protegido eles dos espiões noxianos." Essa batalha...só será a primeira de muitas, não é verdade?" Ele perguntou para seu amigo, olhando para o fim do muro.

"Provalvelmente" Jarvan respondeu, "Eu vou te dar cobertura Garen."

"Farei o mesmo" ele murmurou, ainda olhando para o horizonte que ele não podia ver. O campo definido entre as duas cidades era exatamente meio caminho, dois dias de distância tanto para Noxus quanto Demacia. Exatamente no meio..."Eu acho que nós gostaríamos de mais reforços" Garen disse, olhando para o esquadrão que iria comandar. Tinha algumas centenas de soldados, e além do esquadrão dele, havia outras centenas com milhares de soldados do exército demaciano. Os noxianos até então, só haviam trazido uma divisão.

Jarvan soltou uma gargalhada." Não se preocupe Garen! Eles são noxianos...que problemas eles podem nos causar?". Mas Garen não riu. Ele praticamente nunca "ria", especialmente em tempos de guerra...

"OS NOXIANOS ESTÃO MARCHANDO! Garotos, lideram a cavalaria! Mande a mensagem para o rei, Miranda". Luxanna foi ordenando um por um e os mandando para suas respectivas formações. Se alguém não sabia, Lux possuia uma inteligência incrível e era, como o seu pai, extremamente autoritária. Todos confiavam em suas ordens, porque certamente ela era uma boa estrategista.

Ele deu uma última olhada na sua irmã, que estava com o desespero estampado no rosto, enquanto saia da tenda.

O aviso foi tardio, a cavalaria negra de Noxus já havia chegado. Sem pausa, os cavalos noxianos avançaram para cima deles, causando pânico aonde eles iam. Garen e Jarvan os perseguiram, cortando ao meio quem viesse pela frente e matando aqueles que se atreviam à ataca-los por trás.

"DEMACIA!", Garen esbravejou, para a felicidade e resposta momentânea dos seus soldados. Como ele e Jarvan avançavam agressivamente colidindo com seus inimigos, brevemente seus cavalos caíram em frente a eles. Garen no entanto sempre preferiu batalhar à pé e, para o desespero dos noxianos, ele foi como um "rolo compressor", os decepando literalmente.

Foi quando um mensageiro correu em direção ao príncipe, com falta de fôlego o alertando sobre um massacre à direita deles. Jarvan se virou em choque para ouvir o que o soldado tinha para falar, mas ele não viu mais ninguém! Com exceção das dezenas de noxianos e demacianos mortos no chão. Jarvan foi ver mais de perto o que havia acontecido, ignorando os berros noxianos ao seu redor.

Pela primeira vez em combate, Garen se sentiu nervoso e com medo. Ele não poderia protejer totalmente o príncipe enquanto ele estivesse em campo aberto. Ele instantaneamente gesticulou para que 6 dos seus melhores homens servissem de escudo humano para Jarvan.

Do nada, uma faca veio em uma velocidade incrível em direção ao peito encouraçado e protegido do príncipe. Reagindo de maneira impressionante, Garen lançou sua enorme espada, que "de cara" impediu a faca de acertar o coração do seu amigo, acertando de leve o braço esquerdo dele.

Ele urrou em raiva,"Quem fez isso?". Para surpresa de Garen, uma mulher aparentando ter mais ou menos a mesma idade que ele, andou em direção ao campo, saindo de trás das árvores. Um "estilo" charmoso no seu caminhar, ela estava sorrindo. Sua barriga à mostra portava uma tatuagem no lado esquerdo do seu tronco. Uma jaqueta cobria a parte necessária com leves ombreiras de ferro e duas adagas meio-porte em suas costas. Alem de cobrir sua calça preta colante com dezenas de facas menores.

Quando ela parou, Garen já sabia quem era...existia apenas três assassinos em Noxus que tinham a capacidade de acertar uma faca precisamente de longa distância, e apenas um deles era mulher.

"Como ousa tentar matar o príncipe de Demacia?", ele ordenou uma resposta, ainda enfurecido.

"Me desculpa", ela disse ironizando "Eu devo estar mal informada, mas não é o objetivo na guerra de...matar o inimigo?". Enquanto falava, ela percebera que aquele rosto era familiar, e o quão bonito ele era. Seria uma pena matá-lo...mas porque ele parece familiar?

"Matem-na!", Jarvan ordenou. Três soldados prontamente armados avançaram para cima da assasina. Dois logo morreram antes de completar dez passos... o terceiro quase chegou meio caminho, quase...caiu morto com uma faca entre os olhos.

"Ninguém se aproxima dela! Levem o príncipe-", Garen ordenou rigorosamente e disse "Eu cuidarei dela". Ele ainda estava nervoso, nunca ninguém chegou tão perto de matar seu melhor amigo.

Gritos ecoavam pelo campo enquanto Garen ia para cima de Katarina. Ela ia se curvar sarcasticamente para ele, mas enquanto se preparava para o ataque, disse "Garen, o Poderoso de Demacia...será uma honra te matar."

Ele não respondeu, sabia que o nervosismo em sua mente o prejudicaria, mas ele precisava agir...mesmo sabendo que não estava em seu melhor.

Ele preparou sua massiva espada para parti-la ao meio. No tempo em que a espada desceu, ela não estava mais lá. Ele havia implicado tanta força, que continuou girando. Para sua surpresa, Katarina magicamente apareceu por trás dele."Magia noxiana, poupe-me..."

Kararina mal veio de seu portal e notou uma espada voltando a toda força. Seu reflexo não foi perfeito e ela teve seu braço acertado, o suficiente para ela gemer de dor. O olhar incrédulo dela o mostrava o quão chocada e furiosa ela estava.

"Maldito movimento", ela disse furiosa. Quando a espada de Garen finalmente parou, ela lançou uma rajada de facas em direção a ele. Caso notado pelos noxianos e contado por quem sobreviveu, é que Garen girava sua espada de maneira majestosamente ábil, usando para bloquear as facas. Para o seu desagrado, mesmo se defendendo incrívelmente de muitas, algumas penetraram na sua armadura. Algumas sentiram a carne do demaciano.

Katarina viu uma oportunidade e, com seu braço não danificado, acertou a parte de baixo do braço direito do Garen. A adrenalina era tanta, que ele nem percebera a adaga meio-enterrada nele. O que o realmente acordou foi o chute inesperado e certeiro em seu rosto. Foi tão inesperado, que ele se desequilibrou e tombou no chão. Ele até tentou não cair, mas Katarina fez questão de segurar os braços dele e o prender no chão. Ela sorriu.

"Tchau Tchau, Poder de Demacia." Mas o chute foi mais até do que se imaginava. O nervosismo em sí sumiu e ele já estava preparado para o "round 2". Antes mesmo dela apontar suas facas na jugular do comandante, ela sentiu as pernas de Garen a jogarem para o lado.

Ela rapidamente se levantou, cansada e assustada! Aquele homem não era um qualquer, era um Crownguard. Garen gritou enquanto levantava sua espada para acertá-la. Ela sumiu de novo, para a agonia dele, mas também como ele já havia esperado. Com um simples e audacioso giro das mãos, ele girou a espada para trás. Ele havia acertado.

Um corte leve foi feito em sua barriga. Katarina olhou para suas feridas mas num piscar de olhos dela, ele estava no ar... sua espada levantada e descendo com uma fúria incrível. Ela tinha que bloquear, assim que veio o impacto suas adagas se partiram. Ela recuou para trás e lançou mais facas, ela estava cansada...

Uma das facas atingiu a bochecha dele, ele piscou em surpresa! Sangue percorreu até seu queixo como uma lágrima. Ela por sí mesma, também nunca se viu tão perto da morte...como era excitante. Nunca viu alguém tão preparado, e forte...ela pensava. Ficou confusa e atônita ao mesmo tempo(é a mesma coisa, sente o pleonasmo) quando ele levantou uma das mãos para ela.

"Já vai parar?", ela disse tentando provocá-lo. A impressão foi logo arruinada pelo fato dela estar exausta.

"Não-Não!", ele respondeu indignado, recuperando o fôlego. Ele aparentemente com sua perseverança, se recuperava mais rápido que qualquer um. Era normal demacianos nunca desistirem. "Eu estava querendo oferecer a você uma coisa: Se renda, Du'Couteau."

Ela olhou para ele curiosamente enquanto guardadava suas adagas. Para a surpresa de Garen, ela andou em sua direção, parando a milímetros de distância dele. Ela colocou sua mão no rosto do soldado, justamente em cima do corte feito por ela, e surpreendendo de novo ele, ela limpou o sangue escorrido. Enquanto fazia tal ato, ela o encarava nos olhos.

'Não pode ser ele...aquela voz,aqueles olhos...', ela pensava.

"Eu? Me render?". Ele podia sentir a respiração dela, suas pernas sentiram um nervoso ao timbre daquela voz."Nunca. Só porque fiquei cansada de hoje, não significa que eu desistirei...eu voltarei até eu ganhar, até eu ver você cair".

'Esse olhar...como!? Ela não tinha essa cor de cabelo, mas essa atitude..'. Ele pensava, enquanto seus olhos azuis se fixavam nos olhos da assasina, verdes cansados mais pensativos. Notou uma pequena dor começando a se agravar em baixo do seu braço direito. Percebeu o mesmo no braço dela, que estava pingando aos poucos.

Ela se afastou com o tempo, ordenando para que suas tropas recuassem. "E você acha que eu vou deixar você fugir?", ele perguntou curioso, enquanto lançava uma das facas presas em sua armadura em direção a ela. Katarina pegou com a ponta dos dedos, impressionada com a mira do soldado.

"Sim...", disse o provocando. Andando de volta para suas tropas, ela deu uma última olhada para o comandante, sorriso em seus lábios."Lembre-se de mim, Crownguard.", e assim ela se foi.

Realmente, seria ótimo enfrentá-la novamente. Tudo o que ele queria na verdade, era uma bom descanso. Mas os dois foram com uma dúvida para seus respectivos lugares na guerra, algo que não saía...algo que reativou o fundo da alma deles...algo que naquele momento, eles não lembravam...

Os tempos da inocência...