Ruin escrita por Cabbie


Capítulo 13
Eleven


Notas iniciais do capítulo

Gente, aqui está o capítulo! Espero que gostem. Talvez esteja com alguns errinhos porque eu estava distraída hoje. Principalmente porque, durante a hora da revisão do capítulo, eu estava vendo Teen Wolf. Então, é tudo culpa da série.
Enfim, boa leitura!



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Capítulo Onze

A princípio, ignorar era o plano. Assim que eu o via, era só fazer o caminho contrário. E essa tática funcionou.

Por uma semana, funcionou. Agora, no entanto, enquanto ele estava sentado do outro lado da sala, os olhos pregados onde eu estava, não dava para dizer que eu estava tendo tanta sorte assim.

Eu não conseguia não encarar de volta, mas me esforcei o suficiente para parecer que não ligava para o olhar intenso em minha direção. Por fim, o sinal bateu, garantindo o meu alívio. Mais um segundo, e eu falaria com Tobias.

– Tris? – tentou Christina, vendo-me sair da sala com pressa.

Mesmo sabendo que qualquer ser humano normal ia ao refeitório para comer, ignorei essa regra e sentei-me em um canto afastado no corredor, sentindo minha cabeça latejar.

– Olha só – começou alguém, e eu senti a tranquilidade do ambiente esvair-se -, não sabia que você era do tipo que gostava de ficar sozinha.

Caso fosse Tobias, eu teria saído correndo dali, porque isso era tudo o que eu gostaria de fazer, mas fiquei estática, assim que notei Zeke parado ali, sorrindo.

– Sim – eu respondi, abrindo um falso sorriso -, mas se esse lugar já está ocupado...

Fiz a menção de levantar, vendo isso como a oportunidade perfeita para fugir, mas Zeke impediu-me e riu.

– Você está tensa demais – ele observou, franzindo a testa – Não vou morder você.

Dei de ombros e voltei a me sentar, tentando ver se ele notaria minha indireta para que fosse embora. Se Zeke percebeu, ele ignorou.

– Só estou preocupada se eu descontar toda a minha raiva em você – eu comecei, dando um leve sorriso – Sou uma pessoa horrível de manhã, fora que eu tenho um péssimo temperamento.

– Conheço uma pessoa com esse mesmo tipo de problema – meu sorriso vacilou. Eu sabia muito bem de quem ele estava falando –Acho que estou acostumado.

Àquela altura, as pessoas começaram a chegar. Assim que nos viam juntos, elas começavam a cochichar. Fiz minha melhor carranca para elas, esperando que entendessem o recado sobre calar a boca quando falassem de mim. Aparentemente, eu não era tão ameaçadora quanto eu pensava que fosse.

– Se está tentando intimidar todo mundo – Zeke falou, mordendo o lábio para não deixar que um sorrisinho escapasse -, acho melhor pedir ajuda ao meu amigo ali. Ele é muito bom em intimidar todo mundo, sabe.

Virei-me muito rápido. Tobias estava ao lado de Zeke, parecendo tentar entender o motivo de o melhor amigo estar sentado no chão e, principalmente, ao meu lado. Ao que parecia, Zeke era o único que não se deixava abalar por Tobias. Mesmo com seu olhar interrogador, Zeke apenas deu de ombros, como se não ligasse em dar realmente alguma explicação ao amigo.

– Viu? – Zeke perguntou, ignorando a presença de Tobias – Ele já está intimidando você.

Agora, eu me permiti olhar para Tobias, encontrando com seus, argh, olhos irresistíveis. Ele não sorriu. Ao contrário, ficou me encarando, vendo o tipo de reação que eu teria. Eu franzi a testa e encarei-o de volta. Depois, pelo o que me pareceu uma eternidade, eu disse, tentando aliviar a tensão:

– Ele não me intimida – eu falei, com a voz alta e firme – Não me intimida.

A expressão de Tobias ainda estava impassível. Achei que ele fosse me jogar contra a parede e fazer com que eu ficasse mesmo intimidade por ele, mas ele apenas abriu um sorriso preguiçoso, mais relaxado, eu acho. Talvez tivesse esquecido que eu o ignorei a semana inteira. Pelo menos, por alguns segundos, antes de ele abrir a boca para falar:

– É mesmo? – Ele disse e sua voz era música para os meus ouvidos – Você costuma ignorar as pessoas que não intimidam você?

Ele destacou o ignorar e senti meu estômago embrulhar. Ai, que droga, o cara não ia esquecer isso tão fácil.

– Impressão sua – eu comecei, enquanto Zeke apenas observava nossa discussão com interesse – Só está sendo uma semana difícil.

Eu dei um olhar irritado a ele. Tobias fez o mesmo, e eu sentia cada célula de meu corpo implorar para que ele parasse de me olhar, mesmo que eu fosse orgulhosa demais para recusar ao nítido desafio que estava acontecendo ali.

– Que esquisito – começou Zeke, cortando o clima pesado.

Tobias encerrou o contato visual comigo, dando um sorriso sarcástico ao seu amigo, que não parecia nem um pouco desconfortável com a nossa demonstração de quem-consegue-intimidar-mais. Zeke levantou-se do chão, colocando sua mão em meu ombro.

– É aconselhável que eu deixe vocês sozinhos? – E virou-se para Tobias, que parecia muito tenso e ansioso para sair dali – Sinto uma alta tensão sexual por aqui.

Fiz uma careta e levantei-me do chão, ainda olhando para a direção que Tobias havia sumido com Zeke, aos tropeços.

~ x ~

Christina caminhava graciosamente ao meu lado, parecendo mais feliz do que nunca. Will carregava os livros dela, meio emburrado. Eu estava distraída demais para notar o contraste de humor dos dois. Logo que entrei na sala, pude ver a silhueta de Tobias ao fundo da sala.

Ele estava usando fones de ouvidos e Zeke, que estava ao seu lado, acenou para mim. Zeke cutucou o amigo, dando um sorriso. Mesmo de longe, pude escutar o alto grunhido que Tobias deu quando olhou para mim. Depois, ele voltou sua atenção para a música que estava ouvindo no celular.

Alguém está seguindo a mesma tática que eu.

– Você e Zeke viraram melhores amigos agora, é? – perguntou Will, de bom humor.

Eu cutuquei ele nas costas.

– Você anda muito sarcástico – retruquei, espreguiçando-me um pouco para livrar-me do sono – Christina está te estragando. Que droga, Will , você já foi mais legal.

– Ei! – Christina reclamou, pronunciando-se pela primeira vez – Isso é muito injusto. Todo mundo sabe que, se tem alguém sarcástico por aqui, esse alguém é você, Tris.

Will deu um sorriso maldoso.

– Estamos te tratando assim como castigo. Onde você estava na hora do intervalo, afinal?

Dei de ombros, tentando mudar de assunto.

– Só queria ficar um pouco sozinha.

O sr. Evans havia chegado e Will despediu-se de mim e de Christina. Assim que ele saiu, eu me sentia um pouco mais à vontade para conversar com a minha melhor amiga.

– Vá falar com ele – sussurrou Christina, notando que eu estava desconfortável – Que droga, Tris, vocês não podem parar de se falar assim!

Eu a olhei, arregalando os olhos.

– Você está louca? – Perguntei, tomando cuidado para que ninguém ouvisse nossa conversa – Não vou falar com esse lunático. Parece que ele está na semana do mau humor.

– E de quem é a culpa mesmo?

Revirei os olhos.

– Vem, Christina – eu a segurei pelo braço – Vamos antes que o Sr. Evans reclame que estamos paradas aqui, parecendo duas idiotas.

Sr. Evans também não parecia nada amigável hoje. Mesmo ele não sendo amigável quase nunca, dava para ver que alguma coisa estava incomodando ele. E logo entendi o motivo. Ele segurava o pacote de provas como se estivesse pensando se deveria ou não rasgá-lo.

– Vocês sabem o que é isso? – Perguntou o Sr. Evans, enquanto Zeke levantava a mão – Abaixe a essa mão já, Pedrad, isso aqui foi uma pergunta retórica.

A sala toda ficou em silêncio, esperando pelo pior.

– Eu nunca vi resultados tão ruins em toda a minha vida, e olhem que eu sou professor há muito tempo. Eu tinha uma proposta muito interessante hoje para ser discutida em dupla, mas, de acordo com essas provas, hoje será eu quem escolherá as duplas. E eu quero um bom trabalho, ouviram?

Todos assentiram, tentando aliviar o clima de tensão máxima ali. Assim que o Sr. Evans foi distribuindo as provas de cada aluno, todos voltaram a conversar, só que em voz baixa. Como meu resultado não era tão ruim, decidi deixar para lá. Christina, ao meu lado, parecia estar prestes a ter um ataque de pânico.

– Muito bem – falou o Sr. Evans, assim que todos receberam suas notas – Irei escolher as duplas agora.

Para o meu azar, minha dupla era Tobias. O professor alegou que tínhamos um bom desempenho como dupla, mas isso não me impediu de xingá-lo de todos os palavrões possíveis em minha mente.

Cada passo mais próximo de Tobias Eaton era uma entrada só de ida ao inferno. Ele parecia estar extremamente irritado. Torci veemente que eu não fosse toda a causa de sua irritação.

Tobias olhou para mim, nervoso. Eu nunca o vi tão irritado.

– Quando alguém está escutando música com fones de ouvido – ele disse, dando um mínimo sorriso -, significa que este alguém não quer ser incomodado.

Na realidade, eu nem havia notado que ele estava com os fones de ouvido. Perguntei-me mentalmente se ele ouviu qualquer coisa que o Sr. Evans tenha dito.

– Para o seu azar, eu gosto de incomodar as pessoas.

Ele se levantou e chegou perto de mim. Não tão perto, mas continuava sendo intimidador, de qualquer jeito. Endireitei minhas costas, engolindo em seco.

– Qual é o seu problema comigo, Tris? – Perguntou ele, tão baixo que eu tive de me esforçar para ouvir.

– Se você não estivesse tão ocupado com a droga da sua música, teria ouvido que o professor nos colocou como dupla – eu provoquei.

Sentei-me na mesa ao seu lado, colocando meu caderno e minhas outras coisas sobre a mesa. Ele ainda me encarava.

– Não tenho medo de você, Tobias – eu o lembrei, como se isso fosse, de alguma forma, amenizar sua raiva – Mas eu agradeceria se parasse de olhar para mim assim.

Ele sorriu. Ah, meu Deus, como eu gostava mais dele quando sorria.

Tive a expectativa de que falaríamos mais um com o outro durante a atividade, mas me enganei. Ele ainda estava com raiva de mim e, de certo modo, eu não o culpava. Eu o havia ignorado por toda a droga da semana.

– Quer parar com isso? – Perguntou Tobias, referindo-se ao meu pé, que batia freneticamente no chão.

– Desculpe.

Eu queria me atirar da janela só pelo clima tenso dali. Assim que terminamos o trabalho e entregamos para o Sr. Evans, Tobias voltou a colocar os fones de ouvido, ignorando totalmente a minha presença. Senti-me desconfortável a cada segundo.

– Olha, Tobias... – eu tentei, cutucando-o no ombro para chamar sua atenção – Eu...

– Você o quê? – Ele perguntou, contrariado – Já cansou de me ignorar? Já cansou de fingir que eu não existo nesse seu mundinho perfeito? Já cansou de deixar de ser orgulhosa e assumir o que é tão óbvio, ou você ainda está tendo dificuldade nisso?

Quando fiquei em silêncio e não respondi, ele continuou:

– O que você está querendo agora, Tris? O que você está tentando provar? Por que você... Droga, Tris.

Se olhares matassem, eu já estaria morta.

– Saia daqui, Prior – ele grunhiu, segurando meu braço – Agora.

E, pela primeira vez, deixei meu orgulho de lado e saí dali, em estado de choque.

O que foi eu fiz?

~ x ~

Apoiei-me em um dos armários do corredor, cansada. Eu sentia como se pudesse chorar ali mesmo, em desespero pelo o que aconteceu. Só de pensar que Tobias me odiava... Era como se algo dentro de mim estivesse prestes a quebrar.

Pedi para minha mãe me buscar. Eu não conseguiria ficar sozinha com os meus pensamentos. Não com as palavras de Tobias ecoando em minha cabeça toda a hora.

– Ah, Prior.

Virei-me para ver quem estava me chamando. Peter estava apoiado ao meu lado, dando um de seus sorrisos sacanas. Estranhei que Al não estivesse com ele, já que agora os dois só andavam juntos. Estranhei ainda mais o fato de Peter estar ali, conversando comigo.

– Não parece nada contente, Prior – ele disse, provocando-me – Problemas em casa? Problemas na escola? – Peter me pressionou, e eu queria mais do que tudo que ele sumisse dali.

Fiquei em silêncio, determinada a ignorá-lo.

– Ou será que você está com problemas com o seu namoradinho?

– Cale a boca, Peter.

Peter sorriu.

– Demonstração e tanta aquela de vocês, no boliche – ele falou e eu arregalei os olhos, inquieta – Sabe, eu não costumo tirar fotos das outras pessoas no meu celular, mas abri uma exceção para vocês dois.

– O que você quer? – Eu perguntei, empurrando-o.

– O que eu quero? Nada – ele deu de ombros, apertando meu braço com força – Só torcemos para que a foto não caia nas mãos erradas, não é? Um clique e toda a escola saberia desse seu romancezinho com o Eaton.

Senti-me ficar sem chão. Ele poderia muito bem fazer isso e nem sequer perderia o seu sono. Desde que ele estivesse fazendo da minha vida um inferno, estava valendo tudo.

Antes que eu pudesse dar uma resposta boa o suficiente, meu celular, que estava no bolso da calça jeans, começou a vibrar, anunciando que minha mãe havia chegado.

– Vá se foder – eu grunhi, soltando-me e caminhando rapidamente até o carro.

Esperei chegar em casa até que pudesse cair no choro.

Fiquei o tempo inteiro evitando as constantes perguntas de minha mãe, que me pressionava para saber o que aconteceu. Eu me revirava de um lado ao outro na cama, ansiosa para poder dormir e esquecer tudo o que aconteceu. Pelo menos, por algumas horas.

O que me acordou foi o barulho da campainha. Resmunguei e voltei a fechar os olhos, sonolenta. No entanto, quando o barulho ficou mais insistente, gritei para que minha mãe, ou Caleb, atendessem a porta. Irritada pelo barulho persistir, levantei-me da cama, chutando os cobertores para longe.

Meus pais haviam deixado um bilhete na mesa, avisando que tinham saído. Como Caleb estava sempre fora, nem me dei ao trabalho de ir ao seu quarto e verificar se ele estava mesmo lá.

– Ah, Tris! – Ele me cumprimentou, embora eu não lembrasse quem ele era – Desculpe por isso – acho que ele percebeu que eu estava dormindo pelo estado de sonolência que eu estava - Acabei errando de casa. Por acaso a casa do Tobias é aqui do lado? Só para confirmar.

Fiz um esforço para compreender suas palavras e, lentamente, assenti com a cabeça. Ele sorriu e estendeu a mão para que eu a apertasse. Relutante, retribui o aperto.

– Mais uma vez, desculpe por isso – ele falou, antes de ir embora.

Quando ele já estava na casa do lado, forcei-me para lembrar quem ele era. Eu já o havia visto algumas vezes conversando com o meu pai sobre trabalho. Foi aí que a ficha caiu.

Aquele era o pai do Tobias.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem! Deixem algum comentário, por favor. Ainda não sei se postarei no próximo domingo por conta de eu viajar.
xx~