Eu não estava com medo. Só assustada. Eu sabia que sentia ódio e eu sabia que me sentia triste. Mas não daquele jeito. Eu costumava controlar melhor meus sentimentos. Na verdade, eu costumava ser uma série de coisas. A gente acaba mudando conforme o tempo. Mudando tanto que se desconhece. Quem diria que um vazio pudesse ter uma dimensão tão grande? Aquela era eu?

Coisas pequenas geram fatos gigantescos. É o que chamam de Efeito Borboleta. Li que o bater de asas desse pequeno bichinho poderia - talvez- provocar um tufão. E quando isso se aplica ao nosso lado psicológico, as coisas se tornam mais sérias. É claro que para o indivíduo. O mundo está pouco se fudendo se você se sente bem ou não.

Eu não esperava um tufão. Não esperava que o ódio dentro de mim e a tristeza tão devastadora pudessem me cercar e me afogar.Eu gritava - de verdade. Tentava cuspir o que sentia cantando algumas músicas. Não deu certo... Quando uma catástrofe está por vir, não tem como as pessoas impedirem-na. Ela irá vir e a única coisa que você pode fazer é fugir ou ficar parado.

Dizem que a esperança é a última que morre. Dizem também que a vida é bela. Mentiras, não é mesmo? Depois que qualquer coisa de bom vai e depois que você encara a realidade de um jeito realista - e não pessimista, como insistem em dizer-, você acaba indo também. Você morreu. É isso. Nenhuma palavra pode mudar o nada que você se tornou. Doa a quem doer. E dói.

A verdade é que eu não sei o que transmitir com esse texto. Eu só... Está tudo uma bosta, entende? Eu passei o dia aflita. O dia com essas porras de sentimentos em mim e fui dormir no ápice. Fui dormir com o sangue fervendo. Fui fechar os olhos e relaxar, enquanto o caos reinava. Eu estava fudidamente mal e ninguém estava para dizer qualquer palavra de conforto. E sabe o que é o pior? Eu não gostaria de ouvi-las. Eu não esperava que alguma coisa mudasse o ódio dentro de mim. Ou a tristeza. Eu me acostumei com aquilo e somente as proporções me deixaram... Eu não sei.

Eu não estava com medo. Só assustada. Eu sabia que sentia ódio e eu sabia que me sentia triste. Mas não daquele jeito. Eu costumava controlar melhor meus sentimentos. Na verdade, eu costumava ser uma série de coisas. A gente acaba mudando conforme o tempo. Mudando tanto que se desconhece. Quem diria que um vazio pudesse ter uma dimensão tão grande? Aquela era eu?

E não havia resposta. Meus olhos fecharam. Sem lágrimas! O meu drama não valia tanto. Eu dormi e não acordei no meio da noite, como geralmente acontece. Eu dormir tranquilamente, mesmo com o ódio. Eu não fiquei feliz pelo mundo - ou seja lá o que ou quem for - deu. Aquele sono concretizou algo que não deveria.

Acordei calma. Acordei como uma cidade destroçada após o tufão ter ido embora. Não havia muito o que fazer. E o dia continuou da mesma forma. Tranquilo. Talvez eu devesse me sentir bem por aquilo ter ido embora. Eu não senti. A única coisa que permaneceu comigo - lembrando-me de que a calmaria era passageira, falsa, vazia- foi uma dor em meu coração. Não era uma dor. Apenas uma sensação de calor. Como se espremessem-o e ele estivesse sangrando ou ainda, esvaziando minha alma de qualquer outro sentimento. Isso foi tudo o que sobrou.