P.O.V. Carson

Ao passar dos anos,eu percebia que, era apenas mais tempo que ficava distante daquelas pessoas, aquelas duas pessoas cujo sempre os chamara de pais. Três anos se passaram, e Gabby só crescia. Jon e eu estávamos muito bem em nosso relacionamento, mas ficava era pensando nos meus pais.

Como será, de onde será que papai tirou forças para perdoar a mamãe? Ou como será que mamãe arranjou forças para perdoar papai? Eu não sei.

Eu contei para Gabby o que acontecera, e embora ela fosse nova, com apenas 8 anos de idade, sua maturidade era imensa. Gabby era igual a mim. Não só na aparência, mas no geral.

Eu e Gabby sentamos no gramado dos fundos, olhando as estrelas que iluminavam aquele céu perfeito acima de nós. Acabara de contar a ela tudo o que aconteceu.

" Como pode alguém simplesmente... trair a pessoa que ama? Isso é tão... estranho, mamãe..." ela comenta. Ela se vira e olha para mim com seus olhinhos escuros, sua pele moreninha e seu liso, porém grande cabelo castanho que escorria sobre os ombros.

" Eu sei, meu amor. Mas... as vezes, quando pedimos a Deus uma coisa, ele nos dá outra. Mas que de algum jeito, fará com que tudo dê certo." falo com esperança, olhando para as estrelas.

" E você algum dia pediu para ficar com o papai?" a figura inocente me pergunta. Era incrível como eu ainda lembrava muito bem da minha adolescência com Jon.

" Na verdade, eu nunca pedi. Mas...eu pedi uma outra coisa parecida."

" O que foi que você pediu mamãe?" a castanha me olha, sussurrando suas palavras com uma inocência que deixaria qualquer um apaixonado.

" Eu pedi felicidade..." eu abro um sorriso. " E Deus me deu seu pai, pois sabia que seu pai é que me daria felicidade. E ele deu. Principalmente você..." olho com amor para a castanha ao meu lado. Seus olhos brilhavam de emoção. O brilho da lua fazia sua pele parecer ainda mais comigo na adolescência.

" Mamãe..."

" O que, filhinha?" lhe pergunto, mas não tiro os olhos das estrelas.

" Se eu fosse você, iria atrás dos dois. Da vovó e do vovô. Perdoaria eles." o queeeeeeeeeeeeeeeeee?????????????????????? Gabby estava me dizendo isso? É sério!!! A encaro espantada, mas feliz.

" É sério? Vo-você acha que sim? Mas...por que?" não sei porque, mas a curiosidade poderia literalmente me matar agora...

" Porque você estaria desperdiçando mais tempo da sua vida se lamentando, ao invés de enfrentar seus medos, mamãe..." ela finalmente fala. Por um momento, encarei as estrelas séria. A frase que Gabby disse tinha pregado em minha cabeça, e tenho certeza de que não sairia tão cedo. Dou um sorriso, decidida do que vou fazer.

" Sabe Gabby...agora eu percebo o que você puxou do seu pai..." ela me olha animada.

" Sério? O que?" ela quase grita de tão feliz.

" Você puxou do seu pai, o fato de sempre tentar fazer as coisas melhorarem." ela abre seu sorriso, mostrando os dentinhos brancos e lindos. E sim, ela tem o sorriso de Jon também. Gabby estava certa.

Não poderia gastar mais anos da minha vida apenas ali, parada e com raiva deles, sem sequer fazer alguma coisa para melhorar a situação. Deveria me mover, deveria concertar os erros da vida.

Tiraria coragem lá do fundo do pé para enfrentar a situação!!!

Flashback

"Não sei porque Rosie, mas desde aquela noite com Jon, me sinto estranha." falo para a garota na minha frente, comendo as panquecas que fiz para o café da manhã.

" Estranha? Como assim, estranha? Vocês usaram camisinha?" merda! merda merda merda merda merda merda merda merda!

" Oh meu Deus! Não, Rosie! Só agora eu percebi que não usamos camisinha!" eu apenas surtava ali, e a garota apenas me olhando, com os olhos saltados e a boca meio aberta, não acreditando. " Oh nossa, o que eu vou fazer?!!!" lhe pergunto desesperada.

Rosie naquela época, aliás, até hoje, é uma amiga excepcional. Mas ela fez um ato tão excepcional que mal acreditei.

" Bom... só há uma resposta pra isso, minha cara Carson..." ela fala. Levanto os ombros, em dúvida e com uma cara de " não diga isso, não diga isso, não diga...". Não sabia realmente o que era na época, mas era uma coisa que era comprida, fina e eu provavelmente precisaria:

" Teste de gravidez!" (hahaha, os " dirty minds" pensaram outra coisa!). Ela finalmente falou.

Naquele mesmo momento, foi o momento de mais pânico na minha vida. Pensava na possibilidade de estar grávida. Grávida! *Ahhhhhhhh, por que a vida não é um filme onde as possibilidades de uma garota certinha engravidar dão quase sempre errado?* eu pensava comigo mesma naquele dia.

. . .

Comprei o teste de gravidez na farmácia, e agora, em pleno pânico, realizava esse teste no banheiro com Rosie do lado de fora. Podia ouvir ela bater o pé, mas eu também esperava demais para saber do resultado.

" Já deu!" gritei para a garota impaciente do outro lado da porta. Quase ouvi um suspiro de nervosismo.

Ao olhar para o teste, uma coisa tinha me feito paralisar naquele momento. Uma coisa, que significava:

+ grávida.

" Oh, tá bom! E qual foi o resultado?" Rosie gritou de volta, mas estava paralisada demais para ouvi-la. Ignorei os " Carson..." da garota me chamando. Saio do meu transe, para lhe dizer a verdade.

" Rosie!" um silêncio. " Eu...eu vou ser uma mãe!" lhe grito. Ouvi o seu " oh meu Deus" murmurado do outro lado da porta. Eu fiquei ali, encarando o que mais parecia ser mentira. Um positivo bem escrito. É...foi assim que tudo começou.