–Demorei muito?-perguntei enquanto sentava ao seu lado no sofá.

–Não, é que eu estava um pouco pensativa.-ela riu envergonhada e me olhou.

–Posso saber no que você estava pensando?-indaguei curioso e ela riu.

–Melhor irmos logo,né? Não podemos perder a sessão do filme.-ela mudou de assunto rindo e se levantou, puxando-me em seguida.

–Tá.-bufei.-Qual filme iremos assistir?

–Vamos decidir lá no cinema,e que eu não me lembro de todos os filmes que estão em cartaz.

–Ok.-concordei enquanto caminhavamos até o ponto de ônibus.-Fran,você se importa de irmos até o shopping de ônibus?-perguntei inseguro.

–Com você eu iria até de carroça.-ela riu e pegou na minha mão.

Não sei o que passou na minha cabeça ao sentir nossas mãos entrelaçadas, mas era um sensação maravilhosa.Parecia que eu tinha alguém que sempre estaria comigo,resumindo,eu me senti seguro com ela.

–Então, você tem namorado?-perguntei com tranquilidade.

–Na verdade é namorada.-ela me olhou séria e eu arregalei os olhos.-Brincadeira.-ela riu.-Respondendo sua pergunta, não eu não tenho namorado.E você?

–Você acha mesmo que alguém me namoraria? Eu sou o mais rejeitado da escola toda.

–É, sua vida não deve ser fácil, né? -ela se lamentou enquanto entrava-nos no ônibus.

–Com certeza não, mas até que eu já me acostumei a ficar sozinho.-respondi enquanto pagava as nossas passagens.

Sentamos em dois bancos livres e encostei minha cabeça na janela.

–Mas ficar sozinho é muito ruim León, você precisa de amigos.

–Francesca,você acha mesmo que alguém daquele colégio quer ser amigo de um nerd? Eles só se preocupam em popularidade e pegar mulheres.-falei impaciente e revirei os olhos.

–Mas eu quero ser sua amiga,eu não quero te ver sozinho. Além do mais,você parece ser bem legal.

–Você deve estar...-ela me interrompeu.

–Shiu, não discuta comigo.A partir de amanhã,eu irei grudar em você e não se fala mais nisso.Agora me empresta seu celular!-ela mandou e a contragosto eu a obedeci.

–Trouxe seu fone?-ela perguntou e eu neguei.-Então tem algum jogo?-eu assenti e ela ficou com meu celular o resto do caminho.

(...)

–Vamos assistir um filme de terror?-sugeri e prontamente negou.-Porquê?

–Porque eu não gosto de filmes de terror.-ela respondeu com um pingo de medo na voz.

–Aham,aposto que você morre de medo desse tipo de filme, né? Mas tudo bem,vamos assistir outro filme que não te deixe com medo.

–Vou te mostrar que não tenho medo.-ela me enfrentou.-Aposto 100 reais que eu não vou pular no seu colo ou tocar em você durante o filme.

Eu ri.

–Tá apostado!-concordei e apertei sua mão.

Caminhamos até o cinema e enfrentamos uma enorme fila para comprar os ingressos.Demorou mas finalmente conseguimos ser atendidos.

Optamos por assistir "Sobrenatural: A origem" em 3D.Compramos uma pipoca grande e dois refrigerantes e fomos para a sala que nos indicaram.

Sentamos na última fileira um do lado do outro e colocamos nossos óculos 3D.

–Você disse que escreve poesias,né?-assenti.-Você pode citar uma pra mim?

–Claro, depois do filme eu cito uma,pode ser?-ela concordou e nos concentramos no telão do cinema.

Timidamente,eu peguei sua mão e entrelacei na minha e para meu alívio ela não se ofendeu ou retirou sua mão da minha.

–Oi pessoal,tudo bem?-a pessoa que eu mais esperava não ver nos comprimentou com um sorriso enorme nos lábios. Sim,era a professora Castillo!

–Tudo sim,e com a senhora ?-Fran respondeu por nós dois e eu lutava para não ter algum contato visual com minha professora.

–Não me chamem de senhora aqui Fran.-a professora riu.-Pode me chamar de Violetta ou Vilu.

–Ah,tudo bem Vilu.-ela sorriu meio envergonhada.-Quer sentar com a gente?

Eu olhei a Fran com reprovação,mas ela não se importou muito e murmurou um "Eu preciso ser simpática".

–Se não incomodar vocês,eu aceito.

–Que isso professora,pode ficar a vontade.-falei a contragosto e a olhei pela primeira vez.-Aliás, cadê seu noivo?

–Eu não tenho noivo.-ela sorriu levemente.-Eu só inventei aquela história para o Diego me deixar em paz.

–Ah sim,eu te entendo Vilu.-Fran respondeu sorridente.-Hoje ele também tentou me dar uma cantada.

–E o que você falou?-perguntei meio nervoso pelo fato de que o idiota do Hernandez deu em cima da minha futura namorada.

–Eu falei que tinha um namorado,aí ele foi embora bufando.-ela contou como se fosse nada importante.

–Aliás Vargas.-a senhorita ou melhor, a Violetta me interrompeu dos meus pensamentos.-Sua prova foi uma das piores,eu esperava mais de você .Se você continuar assim,você poderá ficar de recuperação.

Respirei fundo para não ficar nervoso.Eu já esperaria isso dela,já que neguei o que ela tanto queria.

–Tudo bem professora.-dei um dos sorrisos mais falsos pra ela.-Eu vou me esforçar na próxima vez!

Quando ela ia retrucar,finalmente o filme começou e o silêncio reinou entre nós três.

(...)

Já estava na metade do filme,eu e Francesca trocavamos olhares discretos e sorrisos bobos,mas parei ao sentir a mão da minha professora na minha perna.

–Olhe pra mim querido.-ela sussurrou na minha orelha e eu me arrepiei inteiro.Eu não a obedeci e ela puxou meu rosto com força, deixando-me a centímetros do seu rosto.-Eu quero você na minha sala amanhã às 16:00,entendeu?

Eu assenti devagar e percebi seu olhar sobre meus lábios, mas imediatamente sai de perto dela quando notei que ela ia me beijar.

–Tá tudo bem León?-Fran perguntou quando eu separei nossas mãos.

–Podemos ir embora,por favor?-pedi em um murmuro e ela concordou .

Nos despedimos da Violetta,mas quando eu sai de perto dela, ela deu um jeito de dar um tapa na minha bunda e riu.Suspirei e puxei a Fran para irmos mais rápido.

–Me desculpa por ter saído no meio do filme,eu não queria estragar sua noite.

–Tudo bem,mas você está bem?-ela perguntou preocupada.

–Tudo,eu só... Eu só preciso dormir!-respondi confuso e ela concordou.

Chegamos no nosso bairro em meia hora e nos despedimos.

–Quer que eu te espere amanhã para irmos ao colégio juntos?-perguntei mais relaxado.

–Quero.Obrigada por ir ao cinema comigo,você foi uma ótima companhia.-ela sorriu.-Até amanhã.-ela sorriu e me deu um beijo no canto da boca e foi embora.

–Até.-respondi com um sorriso no rosto e entrei em casa.