Transcendente escrita por Wina Hayate
Notas iniciais do capítulo
Olha aí o novo capítulo da semana, talvez tenha outro hehe
Na verdade tive que dividir o capítulo, ia ficar gigantesco, espero que gostem e no próximo.. Revelações! :D
O sol da manhã acariciava a pele pálida de Anne, ela lembrava-se de como era gostoso esse calor que aquecia seu corpo, mas agora ele chegava a ser irritante e pinicante. Pegou seu lençol e cobriu a cabeça soltando um resmungo, como se aquilo fosse realmente espantar o sol de si.
Não foi aquele sol chato que a tirou da cama e sim o som de seu instrumento preferido, ela achava que estava alucinando pela falta de sangue, mas não era nenhuma alucinação. Sentou-se ereta na cama prestando atenção a cada doce nota que entrava pela madeira da porta, seus olhos brilhavam de êxtase pela música, era uma música conhecida para ela e sem nem mesmo pensar – e olha que estava de camisola – saiu do quarto seguindo as notas.
Seus ouvidos a levaram até uma porta dupla abriu-a sem fazer muito ruído e lá estava a música e quem estava tocando. Anne achava ele realmente um tanto... Exótico. Na primeira vez que o viu mais parecia um rockeiro aloprado, ontem estava se vestindo como um adolescente largado em casa e a agora ele tocava violino com um roupão negro, realmente peculiar.
Desde pequena era apaixonada por violino, seus olhos não conseguiam desgrudar de Ethan, conseguia ver nele a música fluir dos dedos para as cordas como se o próprio violino fosse parte do seu corpo. Os olhos fechados do rapaz e sua expressão denunciavam que estava tão mergulhado na música que o mundo poderia desabar sob seus pés e não faria a menor diferença.
Anne ficou ali, parada, estática como uma estátua, encantada com aquilo, nunca viu alguém tocar com tanta paixão. Entretanto, ela voltou para o mundo real, a música havia parado e ela percebeu o olhar cor de céu encarando-a.
– Ahh... Des-desculpa! Não queria interromper! – ela mexia no próprio cabelo sem jeito xingando-se por dentro, sabia que estava vermelha, seu rosto estava quente.
– Tudo bem, te acordei não foi? – Ethan sustentava o olhar seriamente.
– Na verdade não, eu só vim ouvir, é Bach? Toccata and Fugue in D minor – sua voz saia baixa pela vergonha.
– Para uma garota do século XXI até que entende bem de música clássica não? – ele dava um riso abafado guardando o violino.
– Já estudei música – o vermelho de sua face agora era de raiva, seus braços estavam cruzados e ela o encarava feroz.
– Sabe tocar alguma coisa? – Ethan voltava a encará-la, ela tinha a impressão que era para irritá-la ainda mais.
– Violino e estava aprendendo piano.
– Belas escolhas – em passos lentos ele se aproximou do majestoso piano de cauda que havia ali na sala – Bem, essa aqui é a sala de música, se quiser tocar algo, tem aqui, os instrumentos são seus também.
– Eu não toco qualquer violino, só toco se for com o James – Anne fazia bico deixando-o curioso.
– Quem é James? – a garota sentiu-se vitoriosa, conseguiu ver suas sobrancelhas levantadas em plena curiosidade e um pouco de ... Mais alguma coisa que não conseguiu identificar.
– Meu violino – ela se aproximou dele deixando a raiva de lado – O piano funciona?
– Ah claro o violino, funciona e se você quiser posso te ensinar- sua expressão parecia ser de alívio após ouvir a resposta.
Pontier ao ouvir aquilo começou a pensar consigo mesma, como estava nessa situação toda? O rapaz simplesmente decidiu salvá-la, dar um teto, comida, uma cama quentinha, propôs até em mudar seu nome e apresentá-la! E agora queria ensinar a ela tocar piano? Tudo era muito estranho, estranho até demais.
– Desculpa senhorita Pontier, eu não quero ofendê-la, você deve estar achando isso estranho não? – ele acariciava o piano.
– Sim, não sabia que lia a mente dos outros e sei ninguém faz nada sem querer algo em troca – seu olhar agora era algo beirando a desconfiança.
– Só confie em mim, você disse que não está pronta para me contar o que aconteceu com você e eu também não estou pronto para contar o motivo da ajuda – Anne percebeu que ele estava sendo honesto, era algo que ele escondida e que ela pretendia descobrir cedo ou tarde.
– Okay sir! – suspirou ela dizendo em tom brincalhão, aquilo fez atrair o olhar dele.
– Só não posso te ensinar nada com você ainda de camisola, sinto muito – seu sorriso de canto apareceu deixando-a vermelha em dobro, não tinha lembrado da camisola.
Sem nem mesmo avisar ela saiu correndo dali e foi direto para o quarto. O sol ainda estava lá teimando em tocá-la, com um gesto furioso fechou a cortina e sentou-se na beirada da cama pensando na vergonha que passou.
– Como você é idiota Anne! Burra! – falava consigo mesma dando leves tapas na própria testa.
As batidas na porta ecoaram por todo o quarto fazendo Anne se assustar e se pôr de pé em um pulo.
– Senhorita Pontier desculpa, eu estava só brincando, a mesa já está pronta – a voz entrava abafada no quarto.
– Tudo bem, eu só vou me trocar e já desço pra tomar café – a bochecha dela fervia pela vergonha.
Anne não ouviu mais a voz dele e somente seus passos, trocou-se rapidamente colocando um vestido azul claro com uma fita negra na cintura e desceu o mais rápido que pôde. Ela seguia o cheio de pães frescos, um cheiro muito familiar para ela, sua mãe sempre fazia bem cedinho deixando a casa inteira cheirando a massa de pão.
Parou de frente para um arco que dava para a sala de jantar que para ela era o cômodo mais bonito da casa. Suspirou, não gostava daquela excentricidade do lugar, apesar do dono não ser nada assim, suspeitava que era obra de seus pais aquela casa.
– Desça da nuvem e vem comer pequenina – ele sorria com a xícara nos lábios.
– Não me chame de pequenina – ela sentou-se de frente para ele emburrada – Nunca te contaram que as melhores pessoas são aquelas que viajam nas nuvens? – seu tom era de brincadeira e provocação.
– Sim, você quer dizer o anjos não é? – ela ficava sem reação, não sabia se ele estava a chamando de anjo ou se estava provocando então resolveu ignorar - Tome e tente comer algo.
Ela pegou a xícara de chá que ele oferecia vendo o conteúdo amarelado dentro, era chá de camomila e ela suspeitava que tinha algo a mais ali dentro como tinha na sopa, deu de ombros e bebericou tentando não se queimar.
– Você ainda não me disse quem está atrás de você, estou realmente preocupado com isso – sua voz saia alerta e carregada de preocupação.
– Keita Finelix Bellacourt – na mesma hora ela o viu arregalar os olhos, não acreditando no que ela dizia.
– Keita? Ele é da família mais influente aqui da França – em um movimento suave ele puxou o prato de torradas e mordiscava uma.
– Eu sei, mas eu quero desmascará-lo, você não tem ideia do que ele faz – Anne olhava fixamente para os olhos dele, tentando passar toda convicção.
– Só vou acreditar ainda mais nessa história e te apoiar se você me contar o que aconteceu.
– A curiosidade matou o gato sabia? – ela falou suspirando olhando para dentro da xícara.
– Eu sei e quero correr o risco.
Ethan sorriu e ela pode ver aqueles caninos brancos pontiagudos brilharem, via a satisfação nos olhos dele deixando aquele azul mais irresistível do que já era. Que escolha ela tinha? Tudo que precisava fazer era contar e o faria.
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