Aterrado em Delírios escrita por Banshee


Capítulo 4
Definhar


Notas iniciais do capítulo

Olha eu aqui de novo! Tudo bem? Eu sugiro que leiam esse capitulo ouvindo as musicas Medicine https://www.youtube.com/watch?v=lrulQAZq7Y8 e Circle The Drain: https://www.youtube.com/watch?v=LhtnqQF5YUs. Se cuidem! Tchau!



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“Os ventos trazem à mim o chamado de uma Banshee, um som de choro e medo, ela grita por mim! Traz uma visão de uma morte cinza, gemendo através das árvores do Outono, e ela está sussurrando. Vou atender ao apelo da Banshee, seguirei meu destino, deixarei esta terra estéril enquanto os pássaros voam para longe. Morrerei enquanto os ventos sopram e a neve fria tomará meu lugar. A escuridão se apossará de mim.” — Banshee (Furor Gallico)

— Por que você quer ir atrás de Lydia Martin? — Perguntou o xerife.
— Qual é, pai? Eu sou apaixonado pela Lydia desde que eu me entendo por gente. Ela é uma das poucas pessoas dos sonhos que eu sei que são reais...
— Todas as pessoas dos seus sonhos são reais. — O Dr. Summers interrompeu — Já conversamos sobre isso, Stiles.
— Eu sei, eu sei, mas... É complicado. Eu preciso falar com ela, porque eu acho que ela pode saber o que está havendo.
— E por que Lydia Martin saberia? — Kate perguntou com tom indignado — Aquela garotinha mimada é a escrotidão humana em pessoa, isso não faz sentido. Que tipo de papel uma pessoa como ela desempenhava no seu sonho?
— Ela era uma Banshee.
— Uma o quê? — Seu pai perguntou — Uma abacaxi?!
— Não pai! Uma Banshee!
— Com Banshee você está se referindo ao espirito da mitologia celta? — Perguntou Summers.
— Sim! Quero dizer, não! Quero dizer... Eu não sei.
— Quer dizer que a senhorita Martin era um espirito? — Kate perguntou — Agora tudo faz sentido. Só um espirito pra ser tão asqueroso quanto ela.
— Na verdade, de acordo com a mitologia Irlandesa, as Banshees seriam versões mais obscuras das fadas. Quando alguém se deparava com uma Banshee, logo sabia que seu fim estava próximo. Seus dias de vida equivaliam ao número de gritos que ela soltasse... Se ela desse apenas um grito, a pessoa saberia que daquela noite ela não passava. — Disse o médico pensativo — As Banshees eram espíritos frios, apenas mulheres que surgiam para avisar, não para lamentar, exceto pelas cinco maiores famílias da Irlanda: Os Klatte’s, O’Gradys, O’Connors, O’Neills e, claro, os O’Briens, a maior família do país. Eu só me pergunto o porquê da senhorita Martin aparecia como um espirito nos seus sonhos.
— Não é isso! — Exclamou o rapaz — Ela não era um espirito! Mas ela tinha poderes, eu lembro que ela podia detectar a morte, que ficava em transe, que sabia que alguém ia morrer antes dessa pessoa morrer. Tudo isso porque Peter Hale a arranhou e despertou esse gene nela.
— Tá, ok, isso tá bem estranho. — Disse Kate — Como você soube de Peter Hale?
— Provavelmente uma das enfermeiras fofoqueiras comentou sobre isso perto dele quando estava em coma. — Disse o doutor — Da mesma forma que era eu quem lia sobre mitologia celta, grega, romana, chinesa e outras enquanto você dormia, Stiles. Provavelmente por isso você misturou toda a situação.
— Mas...
— Stiles... Quem era Peter Hale no seu sonho? — Seu pai perguntou — Você lembra de mais algum detalhe?
Sim, Stiles lembrava. Mas era uma situação delicada, algo impensado, algo inacabado. Tudo era novo para ele, toda a verdade sendo estampada na sua cara como uma faca lhe fazia sentir que não pertencia mais ao mundo. Que precisava encontrar o seu lugar. Por isso ele respirou fundo, mordeu a língua e lembrou os detalhes importantes da história... Como uma velha lembrança.
— Bem... Como eu posso começar? Érrr... A Kate era uma caçadora de lobisomens, certo?
— Sim, eu me lembro de ter dito isso... Fiquei bem frustrada, na verdade.
— Ok. Os Hale eram a família de lobisomens mais antiga da cidade e você os matou. Colocou fogo na casa deles com todos dentro. Acontece que Peter sobreviveu e entrou em estado vegetativo, mas era isso que ele queria que todos pensassem nos últimos tempos. Na verdade ele havia acordado e se transformado num alfa e foi ele quem mordeu o Scott para fazer parte da matilha. — Disse — Achamos que tínhamos matado ele, mas quando ele arranhou a Lydia, deixou uma parte de si dentro dela e ela conseguiu ressuscita-lo para que ele a deixasse em paz. Depois descobrimos todo o lance da fortuna dos Hale e sobre o fato de que outra Banshee louca da Echo House mandou assassinar todas as criaturas de Beacon por causa dele, mas isso já é detalhe demais.
Fazia certo sentido para ele, mas não para àqueles que o escutavam. Kate, Papa Stilinski e Roger Summers o encaravam com expressão onde a graça, medo, desdém e pânico se misturavam. Permaneceram quietos, pensativos e abismados por mínimos segundo até que...
— Quer dizer que toda a informação que Stiles ouviu quando estava em coma acabou se refletindo em sonhos distorcidos? — Perguntou Kate — Tô me perguntando até agora o que foi que eu disse pra que pensasse que sou uma assassina.
— Talvez tenha sido aquele dia que você bateu no nariz dele porque tinha uma barata em cima. — Disse o xerife.
— Você fez o quê?!
— Desculpa! Ela parecia querer entrar em você, eu não tive escolha.
— Foi bem engraçado pra falar a verdade.
Ok. Tá. Aquilo realmente não foi legal.
— Onde está o Peter Hale? — Stiles perguntou — Eu posso falar com ele?
A essa altura do campeonato, o rapaz já havia notado que o silencio de sua equipe significava que algo não estava certo. Ora, qualquer profissional da saúde e segurança foi instruído, em algum instante, a ter cuidado quanto aos sentimentos dos seus. Tudo era muito novo para ele ainda, e aquelas três pessoas sabiam que qualquer movimento em falso e tudo cairia por terra.
— Stiles... — Disse Kate, com certa cautela e doçura — Peter não chegou a ficar nem duas semanas aqui no hospital. Ele já foi embora.
— O quê? É sério isso? E onde ele está?
— Acho que você não entendeu, filho. — Disse o xerife — Ele se foi. No sentido de não está mais vivo.
— Peter sofreu uma parada cardiorrespiratória que o levou a óbito. Sinto muito.
Esperem, fiquem frios. Primeiro Scott e agora Peter... Onde toda a situação estava indo? Em que ponto chegaríamos?
— OK. Stiles. Eu preciso que você nos faça um breve resumo de quem eram as pessoas dos seus sonhos e quais papéis desempenhavam. — O médico disse — E queremos agora.
Como falar que seu melhor amigo é um lobisomem, namorado da filha de um caçador de lobisomens que morreu em combate e depois namorou o espirito de uma raposa que, na teoria, deveria ter poderes elétricos, mas não tinha a mínima capacidade de soltar o choque do trovão? Bem, Stiles conseguiu contar. Não omitiu absolutamente nada, desde sua possessão pelo espirito sombrio da raposa, até Derek Hale se tornando um lobisomem. Nenhum detalhe poderia escapar naquele momento porque procurava respostas, deveria separar o distorcido do verdadeiro.
Real ou não real?
— Quer dizer que você perdeu a virgindade com um coiote? — O xerife perguntou — Isso é zoofilia, acho que deveria te prender.
— Ok. E, agora, depois dos seus delírios, você quer rever todos àqueles dos seus sonhos? — Perguntou Kate — Oh, Deus, faz sentido. Na verdade, não faz sentido. Okay... Eu não saberia o que fazer no seu lugar.
— O que vocês sabem sobre a Lydia? — Stiles perguntou — Sabem me dizer se ela tá bem?
— Bem... A ultima vez que tive noticias de alguém da família Martin, foi quando a mãe dela, Charlotte, morreu há dois anos. — O médico respondeu — Overdose por medicamentos. Sim, a cena não vai me sair da cabeça. Pelo que me lembro, Lydia foi visitar a casa do lago com alguém quando encontrou o corpo de sua mãe dentro de um quarto a prova de som... O toca-discos girava, dele saia a musica Gloomy Sunday.
— A casa foi vendida duas semanas depois. — Kate complementou — Foi um dos poucos momentos que senti pena daquela garota, mas isso não fez com que seu coração ficasse menos gélido... Ela ainda é um pequeno demônio ruivo.
Pausa. Conseguem ouvir esse som? Obvio que não, você é apenas um leitor, porém esse é o som do amargo silêncio do jovem Stilinski... Charlotte Martin estava morta? Sim. Ele se perguntara como estava Lydia, como superou e quem a ajudou naquele momento e, acima de tudo, será que ela sabia o que ia acontecer?
Talvez houvesse uma linha tênue entre a realidade e a ficção, afinal em seus sonhos, a avó de Lydia havia morrido e o toca-discos tinha toda a relação. Mais tarde ele saberia que seu pai comentou sobre o caso enquanto ele dormia, por isso absorveu o fato da sala sem sons e o instrumento musical para seus pesadelos.
E ele tinha medo, e este medo ainda ardia. Contudo aquele jovem rapaz tinha uma missão em mãos, e não seria agora que a abandonaria.
— Me levem a ela. — Disse por fim.

Stiles não saia da cama há quatro longos anos, mas graças a exercícios que suas enfermeiras faziam enquanto estava inconsciente não teve tantos problemas para ficar de pé e caminhar. Obviamente não poderia correr ou fazer qualquer outro exercício físico durante uns dois meses, mas seu problema agora não era esse.
Todas as ruas e todas as praças estavam repletas de folhas mortas, as cores quentes e pastéis tornavam a paisagem ainda mais mística, de uma forma um tanto entristecedora, pois a estação do luto não poderia ser mais adequada. Não se tornou apenas uma questão de ser ou não, coincidência ou não, mito ou não, apenas um sentimento vazio. Agora ele notava que, em seus delírios, a cidade de Beacon Hills nunca mudou. Era sempre o mesmo colégio, a mesma praça, os mesmos prédios e nenhuma mudança... Contudo, agora de olhos abertos, ele pôde ver edifícios se erguendo acima de algumas árvores e praças novas sendo construídas, acompanhadas de ruas pavimentadas e rostos diferentes, distorcidos.
Aquilo o sufocava porque só lembrava que nada foi real.
— Você tem certeza disso? — Kate perguntou, há três metros do hall de entrada do colégio — Pode ser difícil.
Ele preferiu não responder, por isso apenas deu um passo a frente. E outro. E outro, apenas sendo interrompido quando àquelas portas se abriram.
Calma, Stiles, calma. A quem pertencem todos estes rostos? Quem era aquela garota de olhos cor do céu se agarrando com um jogador atrás do armário? Não, não, não, isso não está certo, entretanto ele respirou fundo e colocou um pé na frente do outro, mesmo que todos aqueles rostos olhassem para o seu.
Você precisa atravessar o Inferno se quiser conhecer o Diabo.
Aquele garoto não estava em coma...?
Me falaram que ele morreu há dois anos, por parada cardíaca.
Obvio que não! Quem teve parada cardíaca foi o tal do McCall!
Não viaja! Scott McCall foi morto por um leão da Montanha!
Tantas vozes, tantas caras. Como alguém tão inocente e desnorteado com o jovem Stilinski poderia sobreviver na savana de jovens?
— Oi... Você viu Lydia Martin? — Ele perguntava, mas a única resposta que obtinha era um olhar de desdém — Olá, você viu Lydia Martin? Ela tem cabelo loiro morango, olhos castanhos esverdeados...
E quando ele se deu por si, já não sabia mais onde estava. Kate havia desaparecido e todas as faces pareciam às mesmas, todas as vozes misturavam-se numa só... Até se deparar com uma única figura na multidão, há três metros de distancia.
Na verdade ele não tinha, necessariamente, um rosto. Apenas um crânio branco, envolvido por fachas que de múmia. No lugar de seus lábios havia um orifício manchado de sangue numa vibe meio A Centopeia Humana. Suas unhas eram garras. Seu coração não batia.
O Nogitsune.
Stiles realmente tentou fugir, mas eram tantas pessoas o sufocando, tantas delas o prendendo, envolvendo-o, erguendo suas mãos como demônios no Inferno impedindo que o pecador fuja.
É tudo um sonho, Stiles. — Disse o espirito, com sua voz amarga e sussurrada que assombrara Stiles — Eles mentem.
E então o rapaz gritou. Não foi um grito como no habitual, foi algo mais seco. Não foi um urro para abafar algo, não foi para impedir alguém, não foi para que o espirito fosse embora. Foi para que ele se sentisse livre, para que se sentisse jovem, para que se sentisse desperto e que tudo aquilo fosse um sonho triste.
Mas não era um sonho triste.
— Uhum, com licença. — Disse a voz feminina e aguda — Eu acho que nunca te falaram que não é elegante ficar gritando pelos corredores.
Ele se virou, procurando a portadora da voz, até que enfim seus olhos caíram sobre ela. Seus cabelos agora eram negros e seus olhos estavam mais verdes que nunca, extremamente chamativos graças ao delineador fortíssimo. A pele dela era mais bronzeada, seus lábios estavam cor de rosa e seu cheiro... Ah, seu cheiro era como um oceano de gardênias.
Era a Banshee.
— Ai meu Deus, Lydia, o que fizeram com o seu cabelo!?
— Oi?
Mal lembrava-se ele que ela não o conhecia.
— Lydia, sou eu, o Stiles.
— Quem? — Perguntou — Stiles tipo a musica da Taylor Swift?
— Stiles tipo eu!
— Olha... Eu realmente não sei quem é você, mas sei que tem que parar de gritar nos corredores. Agora, se me der licença... — Ela tentou sair, mas ele ficou na sua frente — O que foi agora?
— Lydia, você tem que se lembrar de mim! — Disse.
A regra era clara: Para conquistar Lydia, você deveria dizer que ela era um peso morto em sua vida, ter um ataque de pânico, desaparecer misteriosamente e só retornar querendo usa-la, no mal sentido da frase, ou ser um fantasma. Obviamente, ele não seguia nenhum dos critérios.
— Por favor, me larga. — Ela disse — Olha, eu realmente não sei quem você é, realmente não me importo em saber e, realmente, quero ir embora.
— Você não pode ir!
Não Stiles, você não poderia mais falar esse tipo de coisa para a jovem senhorita Martin.
— ME SOLTA!
No segundo seguinte a perna da garota se erguia num ângulo de cento e oitenta graus, atingindo o ombro dele e forçando-o a se retirar.
Ele tentou articular palavras, mas foi impedido quando ela o chutou com força no peito, fazendo-o arfar e o jogando contra um dos armários. Ela erguia seus braços, um esticando para frente e o outro para o céu, mas as duas mãos apontavam apara ele, junto com a perna dela, até que enfim ele percebeu o que tudo aquilo significa. Ela era uma lutadora, uma campeã.
Ela investiu com força contra ele, batendo com sua cabeça nos ossos de seu peito, fazendo um crack surdo e um suspiro, para então interceptar a cabeça do rapaz e dar uma joelhada em seu nariz, que começou a sangrar.
— Você não podia ir embora! — Gritava Lydia exasperada — Podia ter me esperado! Podia ter deixando que eu te ajudasse, mas você preferiu seus medicamentos a mim!
Stiles estava encolhido, de quatro, no chão com os braços sobre o estomago que doía quando ela o chutou de novo com seus coturnos.
— Eu queria ter sido a sua salvadora, mas eu não tinha esse poder! — Gritava a Banshee — Você sempre disse que precisava de suas rimas, de seus remédios, qualquer coisa que te fizesse dormir à noite!
Mas ela preferiu se entorpecer com todos os medicamentos, criança.
— Você me dá mil desculpas e diz que vai tentar de verdade! — Gritou, agredindo-o com ele no chão — Eu poderia ganhar uma fortuna com tudo isso!
Ela poderia ter o matado, o espancado até a morte, mas seu pai, Edgar Martin, a interrompeu antes disso, brotando de algum lugar e segurando-a pelos ombros. A garota se debatia em seus braços, gritando por algo que, dizem as más línguas, ninguém entendia o porquê.
— PENSEI QUE EU FOSSE A EXCESSÃO, QUE PODERIA REDIRECIONAR SEU VICIO. — Gritava ela, cada vez mais alto, enquanto vários outros alunos curiosos brotavam dos cantos — MAS VOCÊ PREFERIU SE MATAR, MÃE. POR QUE FEZ ISSO COMIGO? POR QUE PREFERIU AS SUAS DROGAS A MIM? O QUE EU FIZ DE TÃO ERRADO DESSA VEZ? MAMÃE, NÃO ME DEIXA AQUI!
Stiles estava inconsciente, viu tudo borrar lentamente e os berros daquela que deveria ser sua amiga, agora se esvaziavam rumo ao desconhecido, como se estivessem debaixo d’água. Não foi a situação mais confortável e ele não viu quando Kate e seu pai surgiram para leva-lo ao carro, enquanto a enfermeira particular da garota que sabia demais a acalmava.
Mas tarde Stiles descobriria que após a morte de Charlotte, Lydia havia entrado num estado psicológico um tanto quanto perturbado, prendendo em seu quarto e ouvindo as músicas “Medicine” de Daughter e “Circle The Drain”, da Katy Perry, soltando frases das musicas aleatoriamente para tentar se reconfortar. Mas ela havia enlouquecido.
A garota que sabia demais, agora não sabia mais nada.


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Notas finais do capítulo

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