POV Sophie

Como eu queria ter uma câmera para gravar a reação de Jack. Ele ficou paralisado, com a boca entreaberta e olhando para mim. Confesso que senti um pouco de pena, mas eu fiz o melhor para ele, e, principalmente, para mim. Ouvi Jamie buzinar, beijei a bochecha de Jack e entrei no carro. Partimos sem olhar para trás.

POV Jack

Entrei em casa ainda sem acreditar no que tinha escutado. Não achei Esther na sala, apenas Elsa, e ela percebeu minha expressão.

—Esther foi guardar as bonecas... O que houve? – perguntou.

—Sophie... Ela terminou comigo. – falei.

—Eu sinto muito. – disse se levantando. Olhei para Elsa e fiz algo que não pude explicar.

A abracei.

Não sei por que, mas senti que precisava abraçá-la e acabei seguindo esse instinto. No primeiro momento, ela ficou tensa, mas logo depois me envolveu em seus braços.

—Eu entendo. – disse em meu ouvido. – Recentemente passei por isso, sei como é. Mas ela te falou o por quê?

—A mãe dela esteve doente por esses dias, e acabou sendo levada pra Nova York, Sophie está indo com seu irmão pra lá. – falei me afastando, mas não a soltando completamente.

—Papai, onde tão os nossos filmes? – ouvimos Esther gritar descendo as escadas. Afastamos-nos totalmente e eu peguei minha princesa no colo.

—Os guardei no meu quarto. Quer assistir hoje?

—Sim, por favor! – falou com os olhinhos suplicantes. – Tia Elsa, você se importa?

—Nem um pouco, pequena. Podemos ficar conversando até tarde. – ela disse fazendo cosquinhas em Esther, que escondeu seu rosto na curva do meu pescoço, rindo.

—Quem é a moça linda? – a voz de North perguntou.

—Vovô! – Esther praticamente se jogou de meu colo e correu em direção ao meu pai.

—Como você cresceu estrelinha. – ele disse pegando ela no colo.

—Cadê a vovó?

—Tentando fazer seu tio sair do carro, de novo. – North disse piscando um olho. Esther riu gostosamente, abraçando meu padrasto.

—Cá estou, sentiram minha falta, queridos? – Bunny chegou fazendo graça.

—Vê se cresce, criatura – minha mãe disse, aparecendo logo atrás dele.

—Mas vovó, o tio já não é crescido? – Esther perguntou confusa.

—É só jeito de dizer, pequenina. Filho, quanto tempo – disse me abraçando.

—Els, seja bem vinda a essa loucura que é essa família. – Bunny falou puxando Elsa para seu lado.

—Não deixe que eles te assustem, sentimos o cheiro do medo, sabe. – falei brincando, ainda com meus braços em volta de minha mãe. Ela riu, sendo acompanhada por todos os presentes. A campainha tocou mais uma vez.

—Deve ser a Julia. – quando disse isso, Esther correu para a porta como um raio. Segui-a e abri a porta, dando de cara com uma senhora Jones com um rosto que dava medo.

—Qualquer coisa, qualquer mínima coisa que acontecer com minha filha, me ligue. – avisou séria.

—Claro, com certeza – falei pegando a mochila que ela me entregou.

—Ótimo. Julia Jones, se eu souber que você desrespeitou alguma das nossas regras, vai ficar de castigo.

—Sim, mamãe. Boa noite. – disse abraçando a mãe.

—Boa noite. Até amanhã, senhor Frost.

—Até, vem Julia, o jantar logo vai ser servido.

Vi Esther e Julia correrem para a sala de jantar e Luisa sair pisando duro até o carro. Que mulher chata, pelo amor de Deus. Estava fechando a porta quando Lilá apareceu.

—Senhor, dona Elisabeth está te chamando na sala, e Esther quer colocar um filme. – ela falou ajeitando a roupa que usava.

—Claro obrigado Lilá. Elsa vai dormir aqui, ok? Pedido de Esther. – avisei.

—Devo preparar o quarto de hospedes então?

—Sim, por favor. – sorri me direcionando a sala quando a vi assentir. Logo minha casa estava lotada de sócios/clientes.

Essa, definitivamente, foi uma longa noite.

^*^

Eram dez horas quando todos saíram, e como Esther e Julia queriam assistir filmes antes de dormir, trouxe alguns cobertores e travesseiros extras para a sala enquanto Elsa, com ajuda das meninas, fazia pipoca, já que Lilá e Maria se recolheram assim que o jantar terminou. Deixei algumas roupas que Sophie deixou aqui em cima da cama no quarto de hospedes, e quando desci, minha princesa estava tentando decidir um filme ao lado de Julia.

—Papai, qual filme é melhor? – perguntou ela quando me viu, mostrando nas mãos dois filmes da Disney.

—Não sei princesa, qual você acha Julia? – perguntei para a menina morena, que apontou timidamente para o na mão esquerda de Ther.

—Então vai ser esse. – ela disse me entregando o DVD. Coloquei no aparelho no mesmo momento que Elsa aparecia com dois baldes de pipoca da cozinha.

—A Pequena Sereia? – pediu surpresa, sentando no sofá conosco.

—Fiquei surpreso que não é Bela e a Fera. – respondi cobrindo Ther, que se apoiava em mim, abraçada a Julia.

—Ju, pega cobertor também. – falou entregando um para ela, que se cobriu e voltou a abraçar Ther.

—No meio do filme elas já vão dormir. –falei aceitando o balde que Elsa me estendia.

^*^

Meio filme depois, Esther e Julia já dormiam profundamente.

—Vou levar elas pra cima, ok? – falei para Elsa pegando Ther no colo.

—Posso te ajudar se quiser.

—Pode trazer Julia? – ela assentiu pegando a menina. Subimos para o quarto de Esther e a deitei na cama, cobrindo-a e depois puxando a cama auxiliar embaixo. Elsa deitou Ju e a cobri também.

—Deixei umas roupas que Sophie tinha aqui em cima da cama. – falei fechando a porta do quarto de Ther.

—Claro obrigada. – ela falou entrando no quarto de hospedes. – Boa noite Jack.

—Boa noite. – sorri entrando no meu próprio quarto. Preparei-me para dormir e alguns minutos depois, adormeci.

Não disse que tive uma boa noite de sonhos.

^*^

—Não vai me alcançar! – Ther gritou começando a correr. Ri e comecei a correr atrás dela, vendo Hic ajustar a lente da câmera rindo também.

—Peguei! – disse erguendo ela no colo e voltando para a árvore que seria nosso primeiro fundo.

—Ther, quantos anos você vai fazer? – perguntei Mérida, esposa e ajudante de Hic. Ther levantou a mão e mostrou os cinco dedos para a câmera, sorrindo radiante.

—Pronto! Podemos começar – Hic disse, fazendo Ther abrir ainda mais o sorriso.

—Onde você quer tirar fotos, princesa? – perguntei a colocando no chão.

—Ali – ela apontou para um dos bancos do parque que estávamos. Deixei Hic trabalhando e fiquei ao lado de Me, que gravava tudo.

—Não acredito que essa fofura vai fazer cinco anos, Jack. Parece que foi ontem que ela nasceu... – ela falou observando as poses de Esther.

—Eu que o diga! Ther está enorme, Me, nem parece mais o bebê que eu segurei. O tempo passou tão rápido. – falei sorrindo para Ther, como o pai babão que sou. – Mas não adianta, ela sempre vai ser minha pequena.

—Claro que sim, alguém mais ciumento que você é difícil de achar. – Me riu. Neguei rindo, mesmo sabendo que era verdade.

Ther trocou de roupa e de acessório duas vezes, fazendo aquela sessão ser extremamente proveitosa e produtiva. Ela estava adorando “modelar pro tio Hic”, palavras dela. Claro que em algum momento, se cansou e fizemos uma pequena pausa embaixo de uma árvore.

—Papai, deita no meu colo! – ela pediu risonha, e eu atendi, ainda brincando com o cabelo dela, que voava com o vento.

 -Dá beijo no seu pai, Ther – Hic sugeriu rindo. Nós rimos também, mas Ther se contentou em me repetir “Te amo”.

Eu sorri bobo, claro. Pude ouvir Hic tirando fotos de nós dois, mas fiquei meio ocupado ouvindo minha princesa repetir “te amo” para mim. E, pela segunda vez no dia, tive certeza.

Não importa o quanto Ther crescesse, ela sempre seria minha princesa.

Minha pequena e única princesa.