Between earth and heaven escrita por ChoiYalle


Capítulo 6
Eu não vou permitir que nada aconteça a você




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– Vamos Honnie, temos que sair daqui, AGORA – Patch estava inquieto e eu tentava acalmar Hany que tremia em meus braços.

– Patch, está nos assustando, pode nos dizer do que se trata isso? – Eu estava tentando transparecer calma para que a pequena sentisse que estava tudo bem. Mesmo que não estivesse tudo bem.

Patch respirou fundo – Contarei tudo quando estivermos saindo aqui. – Era estranho, o Patch arrogante e brincalhão havia saído e dado lugar a um Patch desconfiado e protetor... Mas o lado misterioso permanecia lá.

– Patch, eu não vou sair daqui assim, não posso! – Tentei explicar o mais calma possível.

– Honnie, tente entender, é algo sério! – Ele insistiu, agora deixando eu e Hany para trás e indo em direção ao meu quarto – Já que você não vai, eu mesmo pegarei o que achar que vai ser necessário para você e Hany por alguns dias.

– Mamãe, nós vamos embora? – Ela perguntou meio perdida em meio à situação.

– Não querida, talvez apenas passar alguns dias fora, mas logo voltaremos – Eu disse em um suspiro, aceitando que algo estava muito errado e que eu não teria outra escolha se tratando de Patch.

Assim, cerca de meia hora depois estávamos todos dentro do Jepp Commander preto dele, todos estávamos calados, não pegamos muitas coisas para nossa ‘’aventura’’ e nem sabíamos quantos dias iríamos ficar fora, por isso providenciei uma mensagem de texto para Dave, ao menos tentando explicar que ficaria fora por algum tempo.

“Dave, ocorreram alguns imprevisto e ficarei fora da cidade por alguns dias. Volto logo,

Honnie Blay.”

Enviei a mensagem sabendo que não seriam apenas “alguns dias”, apenas por observar Patch poderia julgar que seria uma longa estadia em algum lugar do mundo. A aquela altura eu só me perguntava quando minha vida havia virado de cabeça para baixo, e era óbvio, foi naquele momento em que contratei um novo jardineiro, que virou o pai da minha filha e depois virou o homem que estava nos levando para um lugar qualquer porque aparentemente Hany e eu estávamos correndo sérios riscos. Onde no mundo eu permitira que algo assim pudesse acontecer?

– Jev ...- Foi a primeira vez que falei desde que saímos de casa, já estávamos na estrada a mais ou menos meia hora. Falei uma única palavra, mas foi o suficiente para chamar a atenção dele.

– Honnie, ninguém me chama assim já fazem uns ... – Ele parou de falar, parecia calcular os anos.

– Cinco anos? – Fui rápida, e meu palpite foi esse porque foi exatamente a quantidade de anos desde que Jin havia morrido.

– Isso ... – Ele disse parecendo cansado.

– Porque mudou de nome? – Eu não o olhava, meu foco era a estrada, era o começo da noite e nós vagávamos no meio do nada.

– Jev se foi, junto a Jin – Ele disse quase em um sussurro. No banco de trás Hany havia caído no sono devido ao dia cansativo que tivemos. Pelo menos alguém iria conseguir dormir.

– O que está acontecendo? – Eu perguntei já não me aguentando mais, eu estava cheia, tudo era uma bagunça, tudo estava errado, e eu odiava que as coisas estivessem assim. Meus olhos começaram a marejar e por fim as lágrimas saíram, havia medo nelas, não medo por mim, mas por Hany, ela era tudo que me importava e eu havia prometido que iria protegê-la e assim eu o faria.

– Honnie, não se desespere, precisamos manter a calma. Por Hany e por nós mesmos. – Ele tentava me acalmar mas precisava manter a atenção na estrada – Eu não vou permitir que nada aconteça a você nem a Hany, tem a minha palavra. – Não sei porque, mas de alguma forma eu acreditava nele, pela primeira vez Patch me passou alguma segurança.

Fiquei observando a estrada e o anoitecer por algum tempo, mas logo vencida pelo cansaço, peguei no sono. Eu sonhei com Jin, ela estava linda, como sempre havia sido, seu sorriso era radiante, ela parecia extremamente feliz, e eu também estava lá, ao lado dela segurando em sua mão. Mas logo, por algum motivo ela soltou minha mão, parecia estar com medo... Depois tudo ficou escuro e eu acordei com Patch tocando meu braço.

– Honnie, chegamos – Os olhos negros me atravessaram e foi então que eu voltei a mim ainda um tanto atordoada com o sonho.

– Onde estamos? – Perguntei ainda sonolenta.

– Em um hotel. Não podemos ficar vagando no meio da noite, é perigoso... – Ele disse baixinho. Deduzi que era para que Hany não ouvisse. Suspirei pesadamente, ela não estava mais no banco de trás, estava ajudando o pai a tirar as coisas do carro.

Logo estávamos instalados todos no mesmo quarto. Patch insistiu para ficar conosco mesmo eu dizendo que estaria bem durante a noite sem ele, mas acabei sendo vencida por seus argumentos. Assim pedimos alguns sanduíches para nosso jantar, Hany ainda estava cansada e por isso dormiu logo.

Eu por outro lado não tinha a mínima vontade de dormir, ou comer. Só queria que tudo voltasse a ser como era, uma vida segura, um bom emprego, minha filha e eu em segurança... Não costumava reclamar da minha vida, mas agora me sentia obrigada a fazê-lo.

– Honnie, durma um pouco, você vai precisar de energia – Patch me olhava com um ar preocupado.

– Não conseguiria mesmo se tentasse ...- Falei soando cansada.

– Hon... Me desculpe – Ele suspirou pesadamente, eu não gostava que Patch me chamasse de Hon, nunca lhe dei tal liberdade, mas preferi apenas não fazer atritos aquela noite.

– Me diga... O que está acontecendo? – Estava tentando me manter calma, mas precisava de respostas.

– Eu sei que parece complicado agora, mas tudo vai melhorar, Hon –

– Não foi isso que eu perguntei Patch!- tentei soar mais firme.

– Honnie, eu realmente não quero te envolver nisso ...-

– Mas já não estou envolvida Patch? E pior, Hany também está! O mínimo que você pode fazer é me deixar informada sobre o que está acontecendo. – Minha voz saiu mais alta do que eu imaginei, e eu temi ter acordado a pequena, mas ela continuava dormindo. Foi então que inesperadamente o celular dele tocou.

– Matt... Estamos de esperando aqui, você sabe bem onde é. – E Patch desligou. Por um breve momento eu fui o foco daquelas órbitas negras, ele parecia indeciso sobre algo, mas logo essa indecisão foi embora e ele começou a tirar sua blusa de mangas pretas.

– Pa... Patch, o que está fazendo? – Eu perguntei sem entender nada. Quem era Matt? O que Patch pretendia fazer? Ele permaneceu calado enquanto deixava a amostra a barriga e o peitoral bem definido, era impossível não perceber que ele gastara um bom tempo em uma academia.

– Honnie, veja ... – Ele me disse virando-se de costas e revelando cicatrizes profundas que se arrastavam por toda a sua costa, eram dois risco diagonais que pareciam um v de cabeça para baixo, aquilo realmente me chocou. Ele teria sido violentado por alguém?

– Mas... Mas o que é isso? – Perguntei imaginando mil respostas diferentes.

– Aqui, era onde costumava ficar as minhas asas ... – Ele disse em seu tom frio, pude jurar sentir algum ressentimento em sua voz.

– Asas? O que está tentando me dizer, exatamente? – Perguntei ainda cética.

– Eu fui expulso do céu, Honnie – Cada palavra me atravessava de forma cortante, ele só poderia estar brincando.

– Escute bem, Patch, já somo bem grandinhos para ficarmos brincando assim. Pare com suas infantilidades e fale sério! – Agora fomos interrompidos por algumas batidas na porta, o que viria agora?

Patch deu as costas para mim indo em direção à porta para atendê-la, mas eu estava explodindo de raiva, não aceitaria ser enganada, eu não era mais uma criança, poderia lidar com a realidade, assim fui atrás dele para que pudesse por tudo em pratos limpos.

– Escute aqui – Eu disse totalmente irritada, mas ele ainda estava de costas o que me fez tocá-lo no ombro para obriga-lo a me olhar, mas assim que ele estava virando escorreguei minha mão e toquei sua cicatriz. Tudo escureceu.

– Onde estou? – Eu olhava em volta sem reconhecer lugar. Onde está Patch? Onde está Hany? O que havia acontecido? Podia jurar que eu estava em um quarto sendo enganada por Patch, mas agora estou em algo que parece o jardim de uma casa. Haviam maragridas e a porta da frente estava aberta, chamei por alguém que pudesse me atender mas ninguém saiu, então eu adentrei o local.

– Olá ? – Mais uma tentativa de achar o dono da casa. Era um lugar grande e bem decorado, foi então que ouvi vozes, vinha do andar de cima, uma voz que me parecia tão doce, tão familiar... Não demorei muito e subi a escada cuidadosa para não parecer uma invasora, as escadas davam para um quarto e eu pude ver Patch e uma mulher conversando, podia ouvir suas vozes, mas não sabia exatamente sobre o que falavam, mas quase caí de costas quando a tal mulher se virou e mostrou o rosto. Era Jin.

– Jin! – Naquele momento saí correndo ao seu encontro, mas ela não pareceu notar minha presença – Jin, o que está acontecendo? – Ela continuava a prestar atenção apenas em Patch, era como se eu não estivesse ali. Então tentei uma abordagem diferente.

– Patch, me explique isso, AGORA – Exigi, mas ele não ouvia, ou me via, aquilo estava claro agora, mas como?

Assim apenas continuei a observá-los, Jin tinha uma expressão séria e usava aquela aliança, um sinal de que já eram ‘’casados’’.

– Jev, é que eu não sei bem como te dizer isso ... – Ela suspirou, parecia inquieta e confusa.

– Jin, sabe que vou te ajudar no que for – Ele assegurou.

– Jev, estou grávida! – Acredito que minha expressão foi igual a de Patch, totalmente surpresa. Ele calculou cuidadosamente as palavras de Jin e logo abriu um largo sorriso e a abraçou.

Quando acordei estava deitada na cama ao lado de Hany que ainda dormia profundamente, eu levantei em um pulo e a primeira coisa que vi foi Patch e depois o homem com quem estava no mercado outro dia.


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