Between earth and heaven escrita por ChoiYalle


Capítulo 5
O X Vermelho




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601412/chapter/5

O som irritante do despertador demarcava o começo de mais um longo dia. Meus olhos ardiam, meu corpo estava dolorido e pesado, minha garganta doía... Uma gripe, o resultado de ter ficado até tão tarde da noite do lado de fora de casa. Com muito esforço me levantei da cama, se pudesse apenas ficaria descansando, mas tinha que trabalhar.

Assim fui até o escritório, Patch disse que levaria Hany para a escola e quando eu saísse do trabalho a buscaria, agora a pequena tinha que dividir sua atenção entre nós dois, e era notável o quanto ela estava feliz nos últimos dias e eu não podia deixar de sentir uma pontinha de ciúmes em meio a tudo isso.

Eram apenas 10:30 da manhã e eu estava me sentindo exausta, sentia muito frio, mesmo o aquecedor estando ligado, mas eu tinha que aguentar até o final do expediente, não era a primeira vez que eu trabalhava doente, podia aguentar firme, com certeza. Dessa forma fui entregar alguns relatórios na sala do Sr. Thompson.

– Dave, aqui estão os... – Ele me interrompeu.

– Honnie, você está bem? –

– Está tudo bem, é só um resfri... – E tudo ficou escuro.

Quando acordei estava dentro de um carro, ao meu lado estava Dave dirigindo. Meus olhos ainda ardiam, meu nariz estava gelado e eu tremia de frio mesmo tendo o casaco de Dave me cobrindo, pude sentir o perfume de Dave em seu casaco, era bom e suave.

– Dave... – Minha voz estava rouca.

– Honnie, porque foi trabalhar doente? Está queimando em febre, espero que isso não se repita! – Aquela foi a primeira vez que vi Dave dar um sermão.

– De... Desculpe – Eu não sabia bem o que dizer naquela situação, meu corpo estava fraco e minha cabeça estava doendo.

Ele estacionou em frente a minha casa, tentei sair do carro sozinha mas minhas pernas bombearam e eu teria caído se Dave não tivesse me segurado pelos ombros, agora eu me apoiava nele para conseguir andar até a porta de entrada da minha casa, antes que eu pudesse abri a porta, alguém lá dentro o fez. Patch. Dave e Patch se olharam por alguns segundos que mais me pareceram horas.

– Você é... ? – Dave falou com indiferença.

– Patch, pai da filha dela – E Patch em seu costumeiro tom irritante, eu teria dito algo, mas estava tentando me manter consciente.

– Pai... – Dave me olhou de uma forma que eu pude entender a pergunta em seus olhos, apenas dei de ombros e ele continuou – Honnie está doente, precisa descansar, então se não se importa, mostre-me o quarto dela e a deixarei lá e farei algo para ela comer. – Dave já estava passando ao lado de Patch quando foi impedido de entrar.

– Agradeço por vir deixa-la em casa, mas eu assumo daqui – Foi então que Patch me puxou, me senti como uma boneca de trapos, não tive força para reclamar, meu corpo era pequeno e frágil ao lado do dele.

– Eu a trouxe aqui, insisto em terminar os devidos cuidados –

– Ah, é? E qual sua relação com Honnie? – Patch perguntou com ironia.

– Vocês dois, calados! Minha cabeça dói! – Falei, finalmente tombando para o lado, Patch por sua vez me segurou e me pegou no colo, me senti uma criança.

– Honnie, ficará bem com ele? – Dave parecia muito preocupado, eu apenas assenti com a cabeça.

– Obrigada, Dave. – E ele partiu – Patch, me coloque no chão! –

– O que? Acha que eu quero te carregar? – Ele disse com aquele sorriso sínico – Sinta-se sortuda, a única que tem esse privilégio é Hany. - Fiz uma cara mal humorada e ele percebeu que eu não estava com paciência para as piadinhas idiotas dele. Assim, adentrando meu quarto, ele me colocou cuidadosamente sobre a cama, eu por minha vez me encolhi embaixo dos lençóis, tinha muito frio. Patch colocou um pano molhado sobre minha testa, e saiu do quarto sem dizer mais nada. Depois disso, apenas adormeci.

– Honnie, acorde – Era a voz de Patch. Com muita dificuldade abri os olhos, estava um tanto desfocado, mas era o rosto dele, um rosto com traços perfeitamente desenhados, a pele pálida e os olhos negros, acho que sorri, porque ele também o fez. – Você precisa comer, fiz uma sopa – Ele estava calmo e atencioso, nem parecia o Patch de sempre.

– Não quero, não tenho fome – Disse rapidamente – Agradeço a intenção, mas não quero ...

– Vai comer, está doente e fraca, não está em posição de negar nada, ou você come por bem, ou... –Aquele sorriso idiota – Vou ter que dar na sua boca – Aquele sorriso malicioso me irritava, e eu sabia que se não comesse ele com certeza faria o que estava dizendo. Dei de ombros bufando e comecei a tomar a sopa quente, odeio admitir, mas estava ótima. Mais tarde Patch teve que buscar Hany na escola, e no dia seguinte, não fui trabalhar, continuei recebendo os devidos cuidados pelas mãos de Patch, para minha surpresa ele estava sendo doce e atencioso.

Dois dias mais tarde eu ainda não havia ido trabalhar, mas me sentia bem melhor, Patch fazia as refeições e buscava Hany na escola, ele não tinha nenhuma experiência com crianças, aquilo era óbvio, Hany sempre corria até meu quarto implorando para que eu arrumasse seu cabelo, Pacth sempre o amarrava de forma torta e deixava muitos fios soltos.

Naquela manhã eu já me sentia quase que completamente curada, não havia mais tido febre e meu corpo não estava tão dolorido, levantei da cama ainda de pijamas e coloquei um roupão por cima, fui até a cozinha e lá encontrei Patch, ligando para pedir comida para nosso almoço.

– Uma boa dona de casa não pede comida, ela faz! – Ri diante dele, nesses dias em que cuidou de mim, Patch se mostrou não ser tão... Irritante quanto eu julgava. Patch sorriu do meu comentário, aquele sorriso que não era irritante, sínico ou irônico, era o sorriso que eu gostava.

– Quer saber? – Disse ele desligando o telefone – Não vou pedir comida, como você já está bem melhor, vamos pegar Hany e almoçar fora! – Não pude conter o sorriso com a ideia.

– Tudo bem, vamos lá! – Disse animada.

Fomos ao restaurante que eu frequentava com a Hany em algumas ocasiões, era um lugar fresco e calmo, nunca tinha muita clientela e o ar lá era ótimo. Hany escolheu nossa mesa, era perto de uma mesa recheada de doces e perto de uma janela.

– Mamãe, papai, posso pedir sobremesa depois que almoçar? – Ela havia se adaptado rápido a palavra ‘’papai’’, para mim, cada vez que ouvia ainda era como um choque.

– Claro que pode, pimentinha – Disse Patch, Pimentinha era como ele a chamava desde que descobriu como Hany era travessa.

– Ah, só se comer direitinho querida, ultimamente você tem comido muitos doces – Patch estava sempre dando doces para Hany pelas minhas costas, mas eles eram péssimos em guardar segredo, pois ela estava sempre com a boca suja de chocolates, e eu pegava papéis de doces por toda a casa.

Assim Hany teve sua primeira tarde agradável em família.

Depois do restaurante, Patch nos levou a praia, e lá Hany e ele tomaram banho no mar com as roupas que estavam, eu preferi ficar apenas observando, não podia correr o risco de uma recaída da gripe.

Voltamos para casa ao entardecer, Hany e Patch estavam encharcados e nós ríamos muito um do outro e Patch levava a pequena no colo, os dois haviam tentado me abraçar, mas com sorte consegui escapar do abraço molhado deles.

Mas algo aconteceu, paramos bem em frente a porta de entrada, e eu quase caí de costas ao ver a porta da minha casa arrebentada, Patch passou na minha frente e entregou Hany para mim.

– Honnie, fique aqui com a Pimentinha, eu vou ver se tem alguém lá dentro – Segurei a pequena em um abraço protetor, ela estava molhada, mas tremia pelo medo que estava sentindo, era apenas uma criança, claro que se assustaria facilmente.

– Mamãe, o que aconteceu? – Ela me fitou com os olhinhos encolhidos.

– Calma querida, não precisa ter medo... – Eu disse passando a mão pelos fios embaraçados da pequena, foi então que Patch voltou.

– Nada foi roubado, não tem mais ninguém lá... –

Logo adentrei a casa, ainda estava com a pequena no colo, a casa estava toda revirada, mas não faltava nada lá, mas algo chamou minha atenção, na parede, a minha foto com Hany, alguém rabiscou um x em nossos rostos com caneta vermelha.

A mensagem era clara.

Hany e eu corríamos algum tipo de perigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Between earth and heaven" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.