Era uma merda.

A situação toda era uma merda.

O jeito que olhava para ele, as coisas que pensava sobre ele, tudo era uma merda.

Já havia acabado. Tudo havia acabado. Tudo entre eles. Então por que continuava olhando-o daquele jeito, sentindo ciúmes e raiva daquele jeito?

Imai se sentia um babaca por se sentir assim, até porque ele –de uma forma ou de outra, contribuíra para o fim do relacionamento deles.
E agora o via, leve, aparentemente feliz, e parecia que eles nunca haviam sido...
Namorados.

Sim, foram namorados. Por pouco tempo, mas foram. Fora um dos períodos mais felizes da vida do guitarrista, e esperava que houvesse sido do vocalista também.

Antes de namorarem, ainda passaram um bom tempo apenas... Ficando. Ninguém sabia, ninguém precisava saber, embora se alguém atento –ou nem tão atento assim- prestasse atenção nos dois colegas de banda que riam juntos, perceberia na hora o que se passava entre eles.

Mas agora não se passava mais nada.
Nem piadinhas de duplo sentido Imai se sentia encorajado para fazer com Atsushi, e aparentemente a coisa era recíproca.

Vê-lo ali, se preparando para subir no palco, era quase uma tortura. Vê-lo tão bonito com aquelas roupas que só realçavam sua beleza, vê-lo mexendo nos cabelos de forma quase obsessiva em frente ao espelho... Aquilo era uma tortura.
Era uma tortura saber que o quer que fizessem no palco, ficaria no palco. Não iria ter uma continuação no backstage, nem na cama de nenhum dos dois. Apenas ficaria lá, apenas seria feito para deixar as fãs animadas. O palco era quase um limbo para o guitarrista. Era uma fuga do mundo real. Uma fuga da vida pessoal arruinada e traumática.


-Nee, Imai-chan, vamos subir. – ouviu a voz suave de U-ta em algum ponto indefinível atrás de si, e suspirou. Sim, era hora de subir.

Levantou-se languidamente da cadeira onde estava, passando as mãos pelas roupas, sentindo um peso nos pés que o impedia de sair dali.


-Vamos, Imai, pare de moleza. –ouviu o alvo de sua atenção dizer, entrando em seu campo de visão. Atsushi sorria gentil, mais bonito do Imai pensara tê-lo visto há alguns minutos.
-Hai. –murmurou mais para si mesmo do que para o vocalista e tentou forçar um sorriso, algo que não foi muito bem sucedido. Deu meia volta, caminhando na direção da entrada do palco.


Que mais uma tortura comece.