Era a nossa última noite em Nova York, eu e Justin íamos viajar pela manhã. Ficaríamos juntos algumas semanas em Londres e depois ele iria para Oxford. Allison fez uma festa de despedida na casa de Justin, mas foi apenas para Jack e Abigail, ela e Phelipe, eu e Justin. Apenas aqueles que íamos sentir falta.
— Então todo mundo vai ficar em Nova York. - falei e Jack sorriu.
— Exatamente. Todos nós. - depois de um tempo em silêncio, Allison suspirou.
— Eu não consigo acreditar que é isso.
— Passou bem rápido, né? - falei.
— Parece que foi ontem que você chegou e sentou na última cadeira da última fileira do canto. - falou Justin e eu sorri.
— E já se passou um ano.
— Nossa, um ano. - falou Jack.
— Pena que eu não conheci vocês antes. - falou Abigail.
— Que isso. Você ainda tem a gente. - falou Alli.
— Menos eu e Justin. - dei um sorriso meio sem jeito.
— Não fala assim, Belle. - Allison estava muito emotiva nesses dias.
— Desculpa, loirinha. - falei e todos riram.
— Só eu posso falar isso, maninha. - reclamou Phelipe.
— Vou sentir falta daqui. - falou Justin.
— Todos nós, adorávamos a sua casa. - falou Jack, e voltamos a rir.
— Sabe que eu estava falando de Nova York, não é?
— Londres também é incrível, tem todo aquele sotaque fofo. - falou Abigail.
— Ah, com certeza, acho que isso é a coisa mais fácil de gostar. - falei.
— Quero ver você se acostumar com o céu de Londres. - falou Phelipe.
— Isso já não vai ser tão fácil.
— Pelo menos você veio para Nova York depois do Rio, porque se não você teria um choque tão grande de clima que voltaria correndo pra casa.
— Imagina Phelipe como seria a nossa vida se a gente tivesse ficado no Rio. - falei e ele fez uma careta.
— Seríamos pessoas completamente diferentes. - falou ele.
— Acho que nenhum de nós estaria aqui. - falou Jack.
— Com certeza, se Isabelle não tivesse vindo eu não falaria com você, nem Justin. - falou Allison.
— E eu não estaria com o Jack se não fosse por vocês. - falou Abigail.
— A escolha de vocês dois mudou a vida de todos nós. - comentou Justin.
     Pensei um pouco a respeito da frase que Justin falou, as escolhas que tomamos não influenciam só a nossa vida. No momento que eu decidi vir pra Nova York, mudei a vida de pelo menos seis pessoas o que para uma decisão é muita coisa. Ás vezes não temos noção do peso das nossas escolhas, mas ele existe e por isso é preciso ter muito cuidado com o que escolhemos ou decidimos para a nossa vida, você pode não ser a única a aguentar as consequências.

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— Então, é isso. - falei assim que chamaram o nosso vôo.
     Allison, Phelipe, Jack, Abigail, meus pais e os pais de Justin, estavam todos lá no aeroporto. Eu não conseguia processar que isso estava mesmo acontecendo, até a hora que eu tinha que entrar no avião.
— Ah, Isabelle. - minha mãe agarrou em mim e parecia não querer soltar. Seu abraço era apertado e firme.
— Mãe, por favor, não chora. - falei já chorando.
— Eu tenho todo direito de chorar, sou sua mãe. - ela me soltou meio a contra gosto.
— Belle... - falou meu pai, apenas isso. Seu abraço era firme, mas seguro. Eu senti toda a confiança que ele depositou em mim.
— Eu sei. - respondi aquilo que ele não disse, mas eu senti. Depois foi a vez da Abigail.
— Boa sorte, Isabelle.
— Obrigada. - e depois o Jack.
— Eu disse para o Justin que você era diferente, e olha eu sou bom mesmo nisso. - sorri abraçando ele.
— Obrigada, mesmo.
     O pai de Justin me abraçou desejando boa sorte e uma boa viagem, já a mãe dele me abraçou chorando e me desejando uma vida feliz. Me agradeceu por cuidar do filho dela e eu apenas sorri sem saber o que dizer. Quando ela me soltou, senti Allison me olhando com o rosto vermelho de tanto chorar.
— Ei, vamos lá. Por favor, não faz isso. - falei chorando mais ainda.
— Eu amo você, Isabelle. Você é a irmã que eu nunca tive, a pessoa que mais me escuta, aquela que sabe o que eu estou pensando antes mesmo de eu dizer. Eu vou sentir muito a sua falta.
— Eu te amo também, Allison. Você foi a única pessoa que não me deixou pirar quando vim pra cá, me ajudou a entender os meus sentimentos e problemas. Você é a minha irmã, minha cunhada e sempre vai ser, Alli. - nos abraçamos com carinho e vários sentimentos subentendidos. Custou pra ela me soltar, mas eu precisei de um tempinho com meu irmão.
— Ei, achei que fosse embora sem se despedir de mim. - falou Phelipe.
— Claro que não, maninho. - eu o abracei e senti que o seu abraço estava mais forte do que o normal.
— Eu vou sentir muito a sua falta. Parece uma ironia estranha do destino nos separarmos no ano em que finalmente nos entendemos. Mas eu quero que você saiba que eu amo você, muito mesmo. - falei e ele começou a fazer carinho no meu cabelo.
— Bel, você foi a primeira garota que eu amei e se isso conta pra alguma coisa é a única que eu coloco no meu colo depois de um pesadelo. Não tem palavras para expressar o quanto eu amo você e quanta saudade eu vou sentir, mas se precisar de mim pode gritar, fazer sinal de fumaça, qualquer coisa que eu vou correndo bater no bicho papão.
— Ah, Lipe... - eu me agarrei mais a ele, mesmo sabendo que eu tinha que ir eu queria levá-lo comigo.
— Última chamado do vôo 731 para Londres no Portão A...
— Hora de ir, maninha. Boa viagem e boa sorte. - eu o soltei em meio a lágrimas e peguei a mão de Justin.
     Antes de entrar no portão dei mais um adeus singelo, respirei fundo e entrei junto com Justin. A mão dele estava gelado, nitidamente nervoso e mesmo assim parecia sorrir.
— Ansiosa? - perguntou e eu sorri.
— Claro, você não.
— Acho que só curioso.
— Para Justin, nem uma pitade de medo? - ele deu de ombros.
— Talvez um pouquinho.
     Quando o avião começou a decolar e as pessoas, os carros e as casas começaram a virar borrões eu pensei se eu estava cometendo uma loucura. Ir para Inglaterra com nada mais do que confiança e algum dinheiro, não era coisa mais sensata do mundo, mas mesmo assim eu sabia que era lá que eu tinha que estar e claro, ao lado de Justin.
— Pronta? - dei de ombros.
— Now or Never.