Only a Friends escrita por Queen


Capítulo 1
Capítulo único - Entre sentimentos confusos.


Notas iniciais do capítulo

Yay! Essa era uma fanfic que eu queria postar há um tempinho, mas só consegui postar agora!

UwU Dedico essa fãnfic em especial para alguns colegas, e... Para também, quem quer que esteja lendo ♥

Boa leitura!



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"Eu ouvi e vi o que não devia, me iludi com palavras e gestos e não fui sincera comigo mesma e com ele. E o resultado de tudo foi isso."

[...]

Ali estava eu. Parada. Imóvel no meio de toda aquela multidão. Com milhões de pensamentos e incertezas sobre aquela nova escola.

Todos se agitavam pelos corredores correndo, se juntando a um grupo para iniciarem bate-papos. Eu continuava perdida, temendo não me adaptar ali. Eu não conhecia as pessoas, as regras, nem a rotina daquele lugar. Por algum motivo eu queria fazer algo diferente por ali; não ser a novata caladona que só fica na dela, mas pelo jeito, isso me parecia ser difícil.

Não era a minha primeira vez em outra escola, e com certeza não seria a última.

O baralho do sinal soou interrompendo meus pensamentos e o papo agitado dos outros alunos. Os mesmos rapidamente se apressaram para suas devidas aulas, sentia que devia fazer o mesmo, porém não conseguia me mover.

Aos poucos o corredor foi ficando vazio.

Eu já tinha meus horários, estava com meus livros à mão, mas por algum motivo eu tinha... anh... Um sentimento de nervosismo. Me faltava coragem para entrar na sala de aula.

O tempo passava; todos os alunos já haviam de estar em suas devidas aulas. O corredor estava silencioso com apenas eu ali encarando o nada.

Peguei o meu papel em que os horários estavam anotados e o encarei. Música. Minha primeira aula seria de música.

Minhas pernas estavam trêmulas, o chão parecia não existir, minha garganta estava seca; eu soava de nervosismo. Respirei fundo e caminhei com passos lentos até a sala indicada para minha primeira aula. Abri a porta com calma esperando não chamar muita atenção, - Talvez, o meu cabelo tingido chamou mais atenção do que eu desejaria. – e pedi desculpas à professora pelo meu atraso.

Apesar de a sala estar praticamente vazia eu não me sentia a vontade. Sentei em um canto prestando bastante atenção na professora esperando aprender sobre algo que eu era péssima. Eu não levava muito jeito para música, não conseguia decorar todos os acordes, partituras e notas. Simplesmente algo que eu achava mais complicado que álgebra, tudo aquilo me deixava confusa, fazendo um verdadeiro bug no meu cérebro.

– Você! – A voz autoritária da professora de música despertou-me de minha sina. A mesma apontava para mim com um olhar impaciente. – Anda garota, me mostre o que sabe! – Falou novamente em um tom rude.

– E-eu? – Apontei para mim mesma trêmula, com em um tom nervosismo e surpresa.

– Sim! – A mesma se aproximou. Ficando frente a frente a mim. Seu olhar autoritário e rude me fazia questionar se ela era realmente uma professora. – Anda garota, me mostre o que sabe! – Repetiu ela, agora em um tom mais alto que antes, com presa e ira.

– E-eu... – Antes que eu pudesse terminar a frase o sinal tocou, me salvando. Em um primeiro dia de aula uma professora que mais parece uma mafiosa, pedir para uma novata mostrar o que sabe, é realmente muito incomum. Realmente fui salva naquele momento.

A professora revirou os olhos e rangeu os dentes decepcionada.

– Na próxima aula eu quero ver uma apresentação sua! – Ela sussurrou antes que se afastar de mim e deixar a sala.

Senti que não ia gostar daquela aula. Não ia melhorar, e muito menos conseguir aprender algo sobre música devido àquela professora.

O resto das aulas se passaram normalmente; nada extraordinário. Não tão estranhas quando a minha primeira aula, uma aula que com certeza não conseguir esquecer.

O sinal do intervalo tocou. Peguei um bom livro para passar o intervalo. Nos corredores a mesma cena de antes; pessoas conversando e interagindo umas com as outras em seus grupos, e eu novamente me sentia desolada.

Todas as mesas no refeitório estavam ocupadas, porém ainda havia lugares vagos. Eu presumia que só os grupos e alunos mais populares podiam se sentar ali. O resto dos alunos ocupavam os corredores e o pátio; sentia que devia fazer o mesmo.

Sentei em um canto afastado dos demais alunos, – acho que minha vontade de não ficar isolada esse ano iria em vão. – e me concentrei e meu livro.

O sol batia radiante em meu rosto, quando algo do nada o bloqueou. Ajeitei meus óculos e desviei o olhar para cima tentando enxergar o que havia feito à sombra.

– Olá! – Um garoto loiro elegante me salvada sorrindo. – Você é nova por aqui, certo? – Completou-o me perguntando.

– Sim! Eu sou! – Falei enquanto escondia meu rosto atrás do livro que lia.

– Bem vinda à escola! – Disse novamente sorrindo. Em seguida o mesmo se afastou entrando no prédio da escola. Fiquei um pouco confusa, aquilo significava que eu existia por ali, não sei se isso era uma coisa boa ou ruim.

Eu encarava o pátio, quando de repente, fui puxada pelo braço e arrastada pelos corredores, literalmente. A pessoa que me segurava era minha irmã Wanda, também secretária da escola.

– Wannie? – Falei confusa. Aquela criatura aparece assim do ando e fica me arrastando por esse lugar, por motivos que eu desconheço.

A mesma não respondeu, continuou me arrastou até sua sala e fechou a porta. Wanda andou em círculos pela sala bufando irritada.

– O que houve? – Perguntei, presumindo que algo ruim havia acontecido.

– O que houve? – Ela repetiu, fazendo uma imitação desnecessária da minha voz. – Me responda você... – Ela parrou de andar em círculos, suspirou e olhou para mim. – Que ideia é essa?

– O que eu fiz? – Perguntei irritada, não entendendo nada.

– Maninha, se for bancar a antissocial de novo, me avise antes para que eu possa mudar de nome e identidade. – Wannie bufou novamente. – Você me mata de vergonha! – Sussurrou, apesar de a sala estar vazia.

– O que? Como assim? – Retruquei. – Foi você quem me arrastou por ai!

– Por favor, não vamos começar com isso! – Voltou atrás. Realmente as discursões com ela não rendem em nada. – Irmãnzinha... – Ela se aproximou. – Se quiser dar uma de barranga antissocial no recreio, me fazendo passar vergonha... – Ela dizia com uma voz tosca enquanto apertava minhas bochechas. – ...Saiba que a minha sala é toda sua! – Wanda se afastou deixando a sala. Fiquei sozinha por ali.

Tenho que dizer que aquilo era muito gentil da parte dela, sem falar que era uma ótima oferta. Eu aceitei!

Sentei-me em uma das cadeiras que ficavam de frente para a mesa de Wanda. Não demorou muito e minha irmã estava de volta.

– Me espere no corredor assim que as aulas acabarem. – Disse Wanda, enquanto foleava alguns papéis que estavam sobre sua mesa. – Vou te dar uma carona. – Completou se sentando a minha frente.

Assenti.

[...]

Depois que o sinal intervalo tocou; voltei as minhas aulas normalmente.

Quando o sinal do término tocou, a escola foi se esvaziando. No corredor eu podia ver vários alunos deixando a escola em uma proporção acelerada. Wanda estava de fato demorando, achei melhor ir atrás dela. Ao dar um passo à frente, alguém segura meu braço.

– Wanda, eu... – Me virei achando que teria uma conversa com minha irmã, mas me surpreendi ao notar que não era Wanda quem segurava meu braço, e sim aquele loiro. Encarei seu rosto por algum tempo. – M-me desculpe! – Gaguejei sem graça. – Eu pensei que era outra pessoa! – Completei. Minhas bochechas estavam quentes, aquela sensação era muito estranha.

– Tudo bem. – Ele sorriu. Ambos olhamos para a sua mão no meu braço. Aquela cena era realmente estranha. – Eu me chamo Pen! – Falou, me olhando diretamente nos olhos. Pude ver com mais detalhes seu rosto e... Seus lindos olhos azuis. – Estamos na mesma sala de música! – Me lembrou. – E você? Quem é? – Me perguntou, ainda me encarando.

– Alexy! – Falei enquanto desviava o olhar para meus pés. Assim evitando olhar para o rosto de Pen. – Alexy Takeo!

– Prazer em conhecê-la, Alexy! – Falou ele. Em seguida soltou meu braço e foi caminhando pelo corredor, já vazio.

– Prazer em conhecê-lo!... – Falei quase em sussurro, já esperando que ele não tivesse me escutado. Me surpreendi vendo o mesmo voltando seu olhar para mim com um sorriso.

Pen então caminhou até a saída do corredor, passando pela larga porta principal e deixando o prédio da escola. Eu encarava o final do corredor por onde ele se fora, por algum motivo.

– Simpático, não? – Wanda falou calmamente em meu ouvido, me assustando. A mesma estava com um sorriso de canto estampando os lábios.

– O-o que? – Gaguejei.

– Pen Petrikov! – Ela torceu os lábios enquanto encarava a porta principal. Em seguida me fuzilou com o seu olhar. – Não se iluda, maninha. Ele faz isso com todas as garotas! – Não pense que com você vai ser diferente, você não será especial! – Ela dizia em tom sério, me advertindo sobre um garoto que acabei de conhecer?

– Que loucura, Wanda! – Falei bufando e abaixando a sobrancelha. – Ele só veio me dar às boas vindas! – Falei decidida.

– Bah, que seja! - Wanda bufou, revirou os olhos e me levou apresada até a saída. – Vamos logo, Alexy! – Disse ela me arrastando pelas ruas.

[...]

Passou-se um dia dês de minha chegada a uma nova escola. Embora minha transferência já estivesse finalizada, eu ainda não me sentia uma aluna dali. Eu me sentia uma Alien! Talvez pelo fato de ainda não ter me encaixado.

Eu havia me atrasado por causa da chuva serena que caia naquela manhã. Minha casa não era muito distante da escola, mas devido ao aconchego de minha cama acabei dormindo mais do que devia.

Ajeitei meu cachecol e meus óculos, coloquei minha mochila sobre meu ombro, corri apresada para o prédio da escola. Nos corredores silêncio absoluto, sinal de que eu estava atrasada. Entrei na sala devida e me desculpei com o professor que estava por lá.

O dia chuvoso se passou devagar entre uma aula e outra. Enquanto eu vagava de uma sala para outra nos intervalos, observei que o loiro que me dera às boas vindas, estava presente na maioria delas. Minha irmã me aconselhou a cortar as expectativas com ele, e de fato acho que hoje ele nem me notou.

No final das minhas aulas deixei a escola e fiquei a esperar por Wanda.

Minha irmã não havia ido ao trabalho, pois estava gripada, porém, ela disse que ainda assim viria me buscar.

A chuva se intensificou, o que me fez esperar por minha carona em um ponto de ônibus coberto.

A intensidade da chuva parecia aumentar, as horas se passavam e nada da minha irmã. Tentei ligar para ela várias vezes, mas ela não atendia o celular.

As pessoas que esperavam por um ônibus ainda estavam por ali ao meu lado esperando-o. Provavelmente devido à chuva o transporte deveria ter se atrasado, assim como Wanda. Meus pensamentos são interrompidos pelo toque de meu celular. Pequei o aparelho e coloquei junto ao meu rosto.

– Alô? – Falei.

– Alexy? – Ouvi a voz gripada de Wanda do outro lado da linha. Fiquei aliviada por ouvir um sinal de vida dela.

– O quê foi? Por que está demorando tanto? – Perguntei preocupada.

– Maninha... – Ela fez uma pausa assoando o nariz. Parecia ter piorado. – Não vou poder ir te buscar. – Falou com uma voz rouca devido à gripe.

– O QUÊ? WANNIE, MAS... – Antes que eu pudesse terminar a frase, Wanda desligou na minha cara. – E AGORA?! – Gritei alto para o nada.

O ônibus já havia chegado, e as pessoas que por ele esperavam já entravam no mesmo.

– Tudo bem? – Um sujeito me perguntou ao ouvir meu desabafo.

– Ah, sim! – Ajeitei meus óculos. – Eu só... Não tenho como ir para casa agora! – Falei enquanto olhava triste para os meus pés.

– Hey, tem um ônibus bem aqui! – Ele falou com ironia, rindo um pouco. A solução Parecia obvia para ele.

- Mas... – Olhei para ele sem graça. – Eu não tenho dinheiro!...

O clima ficou silencioso. O mesmo fez sinal para que o motorista o esperasse se aproximou de mim.

- Nesse caso, eu posso te ajudar, Alexy Takeo. – Disse retirando o capuz da capa de chuva que cobria o seu rosto. Me surpreendi quando aquele estranho falara meu nome, mas fiquei ainda mais surpresa quando vi quem ele realmente era.

– Pen? – Cuspi.

– Você ainda se lembra! – Ele sorriu. Como se minha memória fosse realmente ruim para esquecer que uma pessoa em apenas um dia. – E ai, vamos? – Ele me estendeu a mão.

– Mas... Eu já te falei... Eu não tenho dinheiro! – Sussurrei.

– Acho que você não entendeu. – Ele riu de canto. – Eu pago a sua passagem. – Disse gentilmente, como se um garoto que você conheceu a nem bem um dia e te oferece uma passagem do ônibus em um dia chuvoso, fosse super normal.

– Muito obrigada... Mas não. – Falei. Era gentil da parte dele, mas eu ainda o mal conheço para aceitar uma coisa dessas.

– Não seja boba! – Ele me levou até a porta do ônibus. Pen entrou no transporte, comprou duas passagens e estendia uma a mim. – Vamos, pegue, Alexy! – Disse me estendendo o ticket.

Pensei em simplesmente agradecer a Pen por sua gentileza – gentileza até demais. – e ir correndo para casa na chuva, mas uma vontade e um sentimento estranho me fizeram agarrar aquela passagem e subir naquele ônibus.

– Obrigado! – Conseguir dizer, passando pelo estreito corredor entre os assentos. Todos pareciam estar ocupados.

– Alexy, aqui! – Pen gritou acenando para mim. Corri até onde o mesmo estava. – Tem dois assentos livres aqui! – Disse sinalizando para que eu me sentasse ao lado da janela. Fiz isso. Pen se sentou ao meu lado, ajeitando seus pertences.

Eu fixei meu olhar, atenta a passagem que se passava pela janela embaçada do ônibus.

– Você mora muito longe do centro da cidade? – Perguntou Pen, puxando assunto.

– Não. – Continuava encarando a janela. – Minha casa não fica muito longe do centro. – Falei ainda sem olhar para ele.

– Legal! – Disse mudando de posição. – Esse ônibus só passará pelo centro da cidade e em outros pontos mais movimentados.

– Minha casa não fica muito longe, já falei! – Fui um pouco mais grossa do que desejaria.

Pen ficou em silêncio, até que novamente puxou assunto:

– Então, Alexy... Você está gostando da escola? – Pergunte ele, dessa vez também encarando a janela.

– Ela é bem legal! Principalmente a biblioteca! – Abri um sorriso.

– Você já fez muitos amigos? – Aquela pergunta realmente me pegou, temendo por eu não ter a resposta que ele esperava ouvir.

Olhei então para Pen.

– Bem... Eu... – Fui interrompida pelo mesmo, que se levantou do assento e pediu ao motorista que parasse o ônibus.

Assim que o veiculo parou Pen pegou seus pertences e os ajeitou.

– Bem... É aqui que eu desço. – Disse. Mas antes que o mesmo pudesse se afastar, segurei seu pulso e falei:

– Eu trago o seu dinheiro amanhã! – Falei, e em seguida o soltei.

– Não seja boba, Takeo! – Disse enquanto se afastava e descia do ônibus.

Eu encostei minha cabeça sobre o vidro da janela do veículo, esperando o mesmo chegar a um ponto que fosse próximo a minha casa, sozinha.

[...]

Cheguei em casa bem tarde da noite. Wanda estava na sala me esperando impaciente.

– Onde você se meteu, criatura? – Disse enquanto me via entrando pela porta.

– A culpa é sua! – Disparei, a encarando com raiva.

– A culpa é minha se estou gripada?! – Disse com a voz rouca. – Você veio na chuva? Como não esta molhada?

– Eu peguei um ônibus! – Falei enquanto caminhava até meu quarto. – Um colega pagou para mim! – Dei mais explicações do que devia.

– Q-que colega! – Wanda cuspiu surpresa.

– Pen Petrikov! – Confessei.

Wanda riu, não entendi muito bem o por que.

– Eu tomaria cuidado se eu fosse você! – Ela caminhou até a sala.

– Por quê? – A segui. – Ele só estava sendo gentil.

– Tão boba essa minha irmãzinha! – Disse bagunçando o meu cabelo. – Acha mesmo que alguém como ele só quer pagar uma passagem para você sem esperar algo em troca?

– Qual é o problema? – Bati o pé, irritada.

– Alexy, um raio não cai duas vezes em um só lugar. – Ela fez uma pausa. – Acha que é coincidência ele falar e estar no mesmo lugar que você para te pagar uma passagem? – Ela riu.

– Bem... Acho!

– Alexy, por favor, Pen é um garoto popular e bonito, acha que ele vai ficar andando com você só por que ele se diz ser gentil?

Wanda parecia ter, e não razão nessa parte, por que ele faria essas coisas para alguém como eu? O que ele queria de mim? Isso era mais uma baboseira da Wannie, ou seria verdade?

[...]

Não deixei de pensar quase a noite toda sobre a estranha gentileza daquele loiro. Aquilo me incomodava, tanto que pensava nisso dês de o caminho para a escola e durante as minhas primeiras aulas. Mas, com certeza ele estaria na próxima.

Olhei o horário: Música. Pen está na minha sala de música. Será que ele vai falar comigo? Ou simplesmente vai me ignorar? Por algum motivo essas dúvidas me incomodavam.

Entrei na sala e deparei com um dos principais problemas na qual me esquecerá, rindo para mim com um sorriso de canto. Ela ainda se lembra de mim, na aula anterior.

Senhorita Blueblood estava ali, com seu típico vestido negro e cabelos gigantescos na mesma cor partidos para os lados. Sorri de ansiedade a me ver, ansiedade para ver o meu fracasso.

Me sentei em um canto esperando escapar do olhar da professora, mas ela mantinha sua visão cruel sob mim.

– Muito bem... – Anunciou para a classe com um sorriso falso. – Onde parei? Ah, me deixe ver... – Ela pegou um papel, fingindo ter anotado algo, meu nome por sinal. – Alexy Takeo... – Ela olhou com um sorriso perverso para mim. – Você me deve uma apresentação! – Riu. – Por favor, bem, comece! – Disse fingindo doçura na voz.

– Eu... – Gaguejei. -... Eu... Não sou boa em música! – Adverti.

– Querida, mas que bobeira é essa! Todos estão aqui para aprender! Vamos, queremos ver você cantar! – Ela pegou um microfone, foi até minha mesa e me entregou. – Boa sorte! – Ela sussurrou no meu ouvido com um tom de deboche. – De pé! – A professora rugiu.

Peguei o microfone, minhas mãos estavam trêmulas, assim como minhas pernas, me afastei da minha mesa e respirei fundo, imaginando a música que cantava melhor. Tentei cantar as primeiras notas da música “Blank Space”, da Taylor Swfit. Como eu já disse, EU NÃO LEVO JEITO para música. Eu já sabia que meu canto nunca foi o melhor, mas pela cara da professora, eu era a PIOR.

– Chega! – Ela gritou me cortando. – Eu tenho que dizer que como professora de música... – Ela foi interrompida por aplausos. Todos da sala direcionaram seus olhares para... Pen? Que aplaudia?

– Eu achei que ela foi muito bem! – Se manifestou.

O comentário de Pen tirou o sorriso do rosto da professora, deixando a mesma sem reação, surpresa.

– Sente-se, Petrikov! – Ordenou a professora a Pen. O mesmo obedeceu. E em seguida a mesma deixou a sala, mais cedo.

Tentei ir até Pen questionar seu ato de gentileza extremamente doentio. Mas o mesmo papeava com alguns amigos formando uma rodinha nem na frente da sala, já saído pela porta.

À distância em que estávamos não ajudou, a falação dos alunos bem menos, e as carteiras espalhados pela sala bloqueando minha passagem.

– Pen, espere! – Gritei, enquanto fazia com a mão para que ele parasse. O loiro não me ouviu, saiu apressado pela porta com os amigos e sumiu no meio da multidão de pessoas pelo corredor.

Fiquei sem minhas devidas respostas...

[...]

A gentileza de Pen me incomodava. Por que, aquele garoto vive falando comigo hora sim, e hora não? Deixando-me confusa sobre... Nós dois?

Pensamentos desses me incomodavam durante as minhas aulas, que antecederam o intervalo, nesse período queria fazer alguns questionários àquele loiro. Eu realmente não sabia o que esperar dele, aquilo mexia comigo de certa forma.

No intervalo procurei por Pen. Achei-o no refeitório dividindo a mesa com alguns outros alunos.

Me aproximei dele e toquei seu ombro.

– Pentterson, preciso falar com você! – Disse a ele com o um olhar sério. O mesmo me encarou surpreso e assentiu.

– Certo! – Ele falou quase em sussurro. – Eu já volto! – Se dirigiu aos amigos.

Caminhamos até um lugar mais afastado do corredor.

– O que você quer me falar? – Perguntou ele, com um tom preocupado.

– Qual é o seu problema? – Gritei com lágrimas nos olhos, irritada com ele.

– Como? – Se assustou com a minha pergunta e meu tom de voz.

– Você vive sendo gentil comigo... I-isso é estranho! – Falei me aproximando dele. – Você é estranho, Pentterson! O que você quer de mim?

A expressão de Pen mudou, seu sorriso se apagou, veio em seu rosto uma expressão de fúria, decepção comigo.

– Eu sou estranho? Você é estranha! – Ele elevou a voz. – Achei que gostaria de ter um amigo, mas pelo visto você já deve ter vários que um não te fará falta. – Sua voz voltou ao normal. – Achei que um pouco de gentileza te faria se sentir mais a vontade, você me parecia ser uma boa pessoa, Alexy! – Ele então se foi.

Meus olhos marejaram. Eu sou realmente uma idiota! Pen só queria ser meu amigo... E ninguém até hoje tentou me fazer o mesmo, e por causa da tolice de Wanda, agora eu perdi o único que poderia chamar de amigo.

– F-foi muito gentil o que você fez hoje! – Gritei para ele, que agora estava à distância.

Continue de cabeça baixa, segurando minhas lágrimas.

– Você até que não canta mal! – Comentou se aproximando.

– E-eu sou péssima. Não precisa mentir! – Enxuguei as lágrimas, e limpei as minhas lentes molhadas. – E eu ainda não entendi a necessidade daquilo!

– A senhorita Blueblood gosta de fazer esse tipo de coisa com os novatos, ela se sente melhor quando os humilha. – Pen não me olhava normalmente, parecia estar chateado comigo.

– E-eu tenho que um pouco de medo dela! – Confessei, e ajeitei meus óculos. – Ela não parece ser uma professora.

– Você se acostuma! – Ele fez uma pausa. – Isso é por que você não conhece a minha professora de matemática, ela é realmente uma bruxa! – Comentou. – E... Quem te dá aula de matemática, Takeo? – Me perguntou.

– Hummm... – Tentei me lembrar. – Senhorita Gummy Ionne.

– Acho que nos vemos depois na sala te matemática então. – Ele fez uma pausa. – Bem, sobre a professora... Ela é realmente a pior! Uma mulher que está cumprindo condicional dando aulas de matemática. Antes de contar cálculos, ela contava dinheiro roubado! – Ele comentava com desprezo. – Ela não vai com a minha cara. Nunca fui bom em matemática, e acho que devido a ela nunca vou ser! – Falou rancor.

– E-eu em música, e você em matemática... – Tentei faze-lo rir, para acabar com aquele clima tenso, mas nada.

O sinal tocou. Pen olhou para os lados e falou:

– Nos vemos depois! – Disse enquanto se afastava. Senti que ele ainda estava bravo comigo, e eu não queria aquilo.

– Espere! – Segurei em seu braço antes que ele se afastasse por completo. Olhei em seus olhos azuis.

– E-eu não devia ter dito aquilo! – Desviei o olhar. – Eu sou uma boba! E-eu não achei que você queria ser realmente meu... Amigo!

Pen sorriu, parecia ter entendido o que eu havia dito. Em seguida o soltei.

– Até a aula de matemática! – Disse saindo e entrando em uma sala qualquer.

Naquele momento eu me sentia feliz, eu havia feito um amigo.

[...]

Era a minha primeira matemática da semana. A primeira que eu teria dês de que cheguei nessa escola.

Quando entrei na sala a primeira impressão que tive da professora não foi a mesma como Pen a descrevera. Ela não parecia tão cruel – ou até mais – com a senhorita Blueblood.

A professora de matemática tinha uma típica postura de professora rígida. Usava uma saia azul e uma blusa social, seus cabelos tingidos de rosa estavam presos em um coque bem feito.

– Muito bem, classe! – Disse com um tom sério encarando a todos. – Todos sentados! – Ordenou enquanto se dirigia a lousa para passar um exercício.

Peguei meu caderno e comecei a copiar o que eu devia. Pen então se aproximou.

– Esta conseguindo fazer isso?! – Sussurrou espantado, apontando para as soluções das expressões algébricas em meu caderno.

– É fácil! – Sorri.

Pen me encarrou, em seguida voltou trazendo uma cadeira e se sentando ao meu lado.

– Me explique isso então! – Disse olhando sério para mim.

– Okay, Pentterson. Vamos fazer um trato! – Falei.

– Que tipo de trato? – Perguntou interessado.

– Que tal... Eu te ajudo em matemática e em troca você me ajuda com música. – Propus.

– Feito! – Demos um aperto de mão para tornar isso... oficial.

– Agora... Pode começar! – Pen falou.

Tentei colocar uma pouco da matéria na cabeça oca e loira dele.

– Petrikov! – Gritou a professora, se dirigindo a ele. – Volte para o seu lugar, insolente!

– Mas Alexy está me ajudando! – Explicou.

– Não me venha com essa! – Ela elevou o tom. – Se você quisesse mesmo explicação, viria até mim, garoto. Agora se sente no seu lugar! – Pen a fuzilou com o olhar, e ela retribuiu.

Realmente achei que aquela professora tinha algum problema com Pen, pois todos estavam em grupo, e ela havia o mandado se sentar sozinho. Ele só queria ajuda.

– Com licença, professora! – Levantei minha mão. – Pen só estava me pedindo ajuda com o exercício. – Falei a ela.

– E daí? – Disse nem se quer olhando para mim. Acho que ela tinha mesmo uma birra com aquele loiro.

– Não é justo você como professora trata-lo assim! – Falei encarando ela. – Pen fez um gesto para que eu parasse de defendê-lo.

– Garota... – Ela se levantou rapidamente e veio até mim. – A professora aqui sou eu! Quer me dizer o que é justo na minha sala? – Ela elevou a voz. A mesma estava furiosa. Percebi então a loucura que eu havia feito.

– Mas ele não fez nada, por que o ódio com ele? – Ergui a sobrancelha. Os demais alunos me encaravam boquiabertos.

– Alexy... – Pen falou entre os dentes.

– Fique calado! – Gritou a professora. – E você... Acha que pode me enfrentar assim? Eu sou a professora, e faço o que bem quiser com vocês, inúteis! – Falou segurando fortemente em meu braço. – Vá para a diretoria, sua engraçadinha! – Apontou para a porta.

– Mas... – Fui interrompida por ela:

– AGORA! – Gritou furiosa.

Caminhei até a diretoria. Era a primeira vez que aquilo me acontecia. Eu discutira com uma professora e estaria por ali.

[...]

Fiquei até depois das aulas ouvindo os sermões da diretora Hikari. Tentei argumentar, mas já era... Eu discutira com uma professora, não tinha desculpa.

– Estou decepcionada com você, Alexy! – Disse a gentil diretora, sua voz era calma, porém estava zangada. – Vou ter que comunicar a sua irmã! – Disse ajeitando seus óculos.

Assenti.

Só pude deixar a escola uma hora depois do horário da saída. Abri a porta da diretoria e suspirei. Quando chegasse em casa ouviria um sermão, e teria um castigo daqueles.

– Você é louca? – Riu Pen, se aproximando.

– Um pouquinho só! – Ri.

– Você discutiu com uma professora por mim?... – Ele colocou a mão em meu ombro.

– Talvez essa não tenha sido minha única intenção. – Menti. Tentando deixa-lo confuso.

– Entendo... – Ele fez uma pausa. – Ei, depois disso, acho que você não vai mais ficar sozinha no intervalo!

– Como assim? – Perguntei confusa.

– Não existem muitas aulas novas que já chegam discutindo com professoras. Todos estão falando sobre o que você fez. Acho que você será, de agora em diante muito popular.

– Isso até que é legal! – Ri. Embora não esperava ser conhecida por fazer algo desse gênero. – Achei que as aulas tinham acabado à uma hora, por que ainda está aqui? – Perguntei a Pen enquanto caminhávamos até a saída.

– O resto da semana eu tenho treino de natação. – Explicou. – Por isso tenho que ficar até depois das aulas praticando!

– Ah, certo! – Falei.

Eu e Pen continuamos seguindo em silêncio pelo mesmo caminho.

– Você está me seguindo, Pentterson? – Estranhei.

– Pentterson? – Ele ergueu uma sobrancelha. – Não, é que hoje eu vou passar a tarde na casa do meu irmãozinho. Ele morra por esse caminho. – Explicou.

– Ah, bom! – Falei. – Pensei que estava me seguindo...

– Por favor, por que eu te seguiria? Você é estranha, sabe? – Riu.

– Você tem um irmão? – Perguntei surpresa.

– É um irmãozinho por parte de pai, mas somos bem próximos!

– Você tem sorte! – Olhei para os meus pés. – Eu e minhas irmãs não nos damos muito bem. – Comentei.

– Você tem irmãs? – Perguntou surpreso.

– Sim! – Falei sem dar muitos detalhes.

– Então Alexy, além de ler, - Ele fez uma cara de nojo enquanto mencionava a leitura. – Oq eu mais você gosta de fazer? – Perguntou.

– Ah... Eu gosto de ir ao fliperama! – Contei.

– Fliperama? – Levantou a sobrancelha.

– Sim! Mas assim que Wanda descobrir o que aconteceu hoje... Ela provavelmente vai me proibir de ir lá! – Revirei os olhos.

Pen ficou calado, o silêncio ficou entre nós. Até o mesmo o quebrar.

– Ah é?! Alexy... – Ele segurou em meus braços e olhou em meus olhos com seriedade. – Então, vamos fazer valer a sua ida até lá! – Disse determinado.

– Como assim, Pen?

– Antes que sua irmã te proíba de ir até lá... Você vai uma última vez. E eu vou junto, estou curioso! – Disse.

– Mas e o seu irmão?

– Alexy... – Ele colocou a mão e meu ombro. – É por minha culpa que você será castigada. Não quero que seja por isso que você deixe de fazer uma coisa que goste, então vamos lá por uma última vez! E você vai se divertir bastante.

Fiquei corada.

Pen é tão... Exagerado! Até parece que esse castigo é o fim do mundo.

– T-tem certeza? – Falei insegura.

– Claro! – Sorriu. – Meu irmão pode entender. Estou fazendo isso por uma amiga!

Amiga.

Aquela palavra fez meu coração acelerar. Pen era meu amigo!

Éramos amigos naquele momento.

[...]

Com a insistência de Pen, acebei o levando até o fliperama onde eu costumava ir.

– É aqui! – Disse entrando no grande fliperama. Simplesmente adorava aquele lugar, aqueles jogos antigos, o balcão de prêmios, a lanchonete, tudo! Me lembrei de quando meu pai costumava a me levar ali.

– Uau! – Disse Pen impressionado, admirando o local.

Começamos comprando as fichas, e em seguida as gastando em vários jogos. Foi realmente muito legal.

– Vamos nesse! – Gritou ele apontando para uma máquina. – Aposto que vou acabar com você! – Sorriu convencido.

– Vai sonhando! – Ri.

Pen não tinha muita pratica, então eu sempre o vencia. O mesmo olhava impressionado enquanto eu fazia um novo record em outra máquina.

– Você é muito boa nisso, Takeo! – Admitiu. – Vai bater a pontuação máxima!

– Obrigado! – Falei concentrada no jogo. – E-eu treino bastante!

Comemorei quando conseguir fazer um novo record. Pen bufou.

– Estou com fome, é você? – Perguntou-me.

– Também! – Admiti.

Nos sentamos na bancada da lanchonete, e tentamos entrar em um acordo do que pedir.

– Você gosta de pastel? – Pen me perguntou.

– Claro!

Pen chamou o atendente e lhe falou de nossos pedidos.

– Então... Tem certeza que seu irmãozinho não vai ficar chateado? – Perguntei quebrando o silêncio.

– Não se preocupe! – Ele segurou minha mão e em seguida a soltou. – Ele vai entender. – O mesmo olhou para um relógio na parede. – Então... E você?

– E-e eu o quê? – Gaguejei.

– Você nunca fala muito sobre você, e a sua família? Você têm mais irmãos?

– Bem... E-eu não sou uma pessoa muito interessante.

– Eu duvido! – Disse sorrindo.

– Er... – Respirei fundo. – Eu moro na cidade dês de os meus cinco anos. Com o meu pai e minhas três outras irmãs. Wanda, a minha irmã mais velha é secretária da escola. Ela sempre quer me proteger de uma forma... Ridícula.

– Viu? – Pen sorri. – Isso é bem interessante.

Respondi com um sorriso. Inacreditável como aquele meu amigo me fazia sentir tão bem.

– Alexy! – Pen me cutucou, interrompendo meus pensamentos. – Nossos pastéis chegaram!

Encarei o meu pastel por alguns segundos.

– O que houve? – Perguntou Pen devorando o seu pastel.

– Er... São pastéis de QUÊ? – Perguntei, dando ênfase.

– Queijo. – Falou.

Abocanhei meu pastel satisfeita. Pen então comentou:

– Bah! – Disse ele fazendo cara feia para alguns vidros de molho de pimenta que estavam sobre o balcão. – Não tem ketchup. Só molho de pimenta! – Falou decepcionado.

– Coloque pimenta mesmo, ué? – Ri de boca cheia.

– Não... Meu paladar é muito sensível. – Falou fazendo pose.

Nesse momento pensei em algo louco.

– Ei Pentterson, pode olhar as horas para mim? – Perguntei disfarçando.

– Okay! – Disse se virando para ver as horas no enorme relógio de parede.

Nesse momento, enquanto Pen estava distraído, coloquei um pouco de molho de pimenta em seu pastel.

– 16:45! – Falou se voltando para mim.

– Obrigado! – Falei normalmente. Porém morrendo que ansiedade para o que estava prestes a vir quando Pen mordesse aquele lanche.

Ele então deu uma mordida em seu pastel. Segundos depois seu rosto começou a ficar vermelho e o mesmo arfava intensamente. Não conseguir segurar o riso.

– A-Alexy... – Ele falava com a língua para fora. – O-o quevocêfez? – Falou embolado.

– Desculpe, mas eu não resisti! – Gargalhei.

Ri mais um pouco de Pen. Ele estava desesperado por causa da ardência da pimenta.

– Á-água... – Ele balbuciou. – Preisodeágua! – O mesmo bebeu nossos refrescos em um gole só. Pen sorriu tontamente aliviado. Eu ri, ceguei a pensar que ele estaria bravo comigo. – Acho... – Ele suspirou. – Que comecei a gostar um pouco de pimenta.

– Certo! – Falei encarando o relógio. – Acho melhor irmos! – Comentei. Já se passavam das cindo horas, com certeza Wanda ficaria zangada.

– Ah... Só quero tentar uma coisa antes! – Disse ele se dirigindo até uma daquelas máquinas de gancho.

Fiquei alguns minutos vendo Pen gastar várias fichas na tentativa de ganhar uma pelúcia daquela máquina. Suspirei e caminhei até ele.

– Deixe isso com uma profissional, Pentterson! – Peguei sua última ficha e tomei o controle da máquina. Me concentrei. Acabei conseguindo um coelho de pelúcia rosa da máquina; abri o compartimento onde ficaria o prêmio e entreguei a Pen.

O mesmo agarrou a pelúcia e me olhou sem graça. Em seguida o estendeu para mim.

– Na verdade... Eu queria ganhar um desses para você! – Disse me entregando o coelho rosado.

– Sério? – Fiquei sem reação. – Obrigado! – Falei pegando a pelúcia.

– Vamos indo! – Disse segurando minha mão. Meu rosto se incendiou. – Seu pai deve estar preocupado.

Pen e eu saímos do fliperama. Fomos recebidos por uma brisa de fim-de-tarde. O vento fez nossos cabelos se agitarem. Encarei meu coelho e sem seguida a Pen.

– Se divertiu? – Ele perguntou.

– Ah... Sim! – Fiz uma pausa. Encarei meus pés. – Foi divertido.

Realmente aquele dia que começou ruim, terminou melhor do que eu poderia imaginar.

Pen é uma ótima pessoa, um ótimo amigo. Sua gentileza me fez questionar sobre suas verdadeiras intenções comigo, mas eu estava sendo tola. Ele só queria me alegrar um pouco. De uma forma sinto algo especial por ele... Uma amizade?

– Alexy? – Ele estalou os dedos, interrompendo meus pensamentos. – Eu vou pegar um táxi, você vem junto?

– Não, obrigado! – Ajeitei meus óculos. – Minha casa não fica muito longe!

– Certo! – Ele sorriu. – Te vejo amanhã. – Disse sinalizando para um táxi.

Apertei meu coelho, e toquei o ombro de Pen. Precisava agradecê-lo por tudo. Sentia que tinha uma dívida eterna com ele.

– Pen... – Falei meio sem jeito. – Eu queria te agradecer!... Não só por hoje, - Pen me encarava sério. – você foi uma das pessoas mais gentis que eu conheci. – O loiro sorriu de canto. – Obrigado! Bem... Você sabe o que eu quero dizer, certo?

– Sim, eu sei! – Sorriu. Colocando uma mecha do meu cabelo atrás de minha orelha.

– Obrigado, por não ter me ignorado como a maioria fez. Eu... – Pen suspirou e me calou com um beijo inesperado.

Fiquei paralisada tentando processar o que havia acontecido. Quando percebi que estava beijando Pen. Meu coração batia em uma velocidade absurda. Nossos lábios colados de uma forma perfeita, como se fossem feitos para isso. Aquilo era estranho... Era mágico!

Pen então interrompe o beijo e sussurra ao meu ouvido.

– Você já agradeceu de mais! – Aquilo fez meu coração acelerar um pouco mais. – De nada! – Disse se desaproximando. – Nos vemos amanhã, Takeo! – Disse entrando em um táxi e me deixando ali sozinha. Desnorteada.

[...]

Abri a porta de casa e dei de cara com Wanda, batendo os pés, furiosa.

– Onde a senhorita esteve? – Perguntou de braços cruzados.

Eu ainda estava um pouco chocada com... Aquele beijo. Certamente eu não conseguiria disfarçar o agir normalmente logo depois daquilo.

– N-no fliperama! – Contei parcialmente a verdade.

– Nesse caso, espero que a senhorita tenha se divertido. Pois vai ficar um bom tempo sem voltar lá! – Eu já esperava por aquilo.

– Okay... – Disse subindo para o meu quarto. Wanda estranhou, mas não falou nada.

Fiquei o resto da noite pensando naquilo. Meus pensamentos sobre Pen e eu se tornaram mais confusos do que nunca. Éramos realmente amigos! Então o que foi aquele beijo? Ele significava algo além?

Não deixava de imaginar isso. Lágrimas escorriam pelo meu rosto. Um sentimento estranho fazia meu coração bater intensamente. O que era aquilo?

[...]

Dormi praticamente durante as primeiras aulas. Aquela incerteza tirava o meu sono.

O sinal do intervalo tocou...

Eu não sabia o que estava havendo comigo. Eu precisava de ajuda.

Mas não a de Pen dessa vez.

– Wa- Wannie? – Abri lentamente a porta da sala dela, procurando pela mesma.

Ela olhou para mim decepcionada.

– Ah, é você! – Ela bufou.

– Tem tempo para conversar? – Perguntei me sentando em uma cadeira que estava em sua frente. Ela suspirou e finalmente concordou.

– Olha se for pelo castigo...

– Não, não é isso! – Interrompi.

– Fale então.

– Bom... – Tentei achar uma maneira de começar... – Lembra que ontem eu cheguei atrasada por que tinha ido ao fliperama?... Bom, eu não estava sozinha.

– E com que a senhorita estava? – Perguntou séria.

– C-com o Pen. – Falei de olhos fechados, com certo medo.

– De novo, Alexy? – Disse ela em um tom mais auto, se levantando. – Eu falei para ficar longe desse garoto! – Falou zangada.

Wanda fez uma pausa e sorri de lado para mim.

– É por isso você ganhou uma advertência? – Disse já sabendo de tudo. – Você o defendeu?

– É... – Confessei.

– Alexy... – Disse colocando a mão na testa. – Você é uma trouxa! Arrisca a sua reputação para defender esse garoto que...

– Nos beijamos! – Confessei, interrompendo o falatório de Wannie.

Minha irmã ficou paralisada, arregalou seus olhos e cuspiu.

– O quê? – Gritou incrédula.

– Isso! – Me levantei, também enfurecida. – Nós nos beijamos! – Repeti, a encarando.

Wanda se sentou, e segurou uma cadeira. Ela estava até mais desnorteada do que eu havia ficado quando aquilo aconteceu.

Fiquei encarando a mesma, ela parecia em um estado de choque, ou algo do gênero.

– Fale alguma coisa! – Gritei quebrando o silêncio.

– Bom... – Ela disse se recompondo. – Por que, exatamente, você está me contando isso? – Disse brincando com uma caneta.

– E-eu achei que você podia me ajudar... – Falei. – Acho que estou mal por causa disso! – Confessei.

– Saquei! – Ela sorriu. – Quem sabe... – Ela revirou os olhos. – Alexy! – Ela disse séria segurando meu ombro. – Já parou para pensar que esse... Pen, pode estar afim de você? – Suas sobrancelhas subiram e desceram, enquanto ela sorria de canto.

– Que coisa ridícula, Wannie! – Fiz uma careta brava. – Pen e eu somos só amigos! – Falei decidida.

– Por favor, Alexy. Não se faça se sonsa! Todos esses favores que ele têm feito para você, são só por amizade? – Ela riu. – E depois... Ele te beijou, criatura. Com certeza ele fez isso para se aproximar de você! – Explicou.

Fiquei um tempo encarando a minha irmã, aquilo parecia fazer sentido, mas... Não era verdade!

– Bah! Não devia ter te pedido ajuda, - Falei zangada. – Você é péssima em conselhos!

Caminhei nervosa até a saída da sala.

– Não negue a verdade, Alexy! – Gritou Wanda, do outro lado da porta.

Foi realmente uma péssima ideia pedir conselhos para Wanda. Pen não pode estar afim de mim... Ou pode?

Temos apenas uma ligação estranha entre amigos, nada mais!

E se as gentilezas feitas a mim, não forram mais do que uma maneira para que nos aproximássemos. Ele realmente gosta do mim mais do que imagino? E... O quanto eu gosto dele?

[...]

Essas perguntas deixavam minha cabeça à mil. Wanda não sabe o que diz, mas mesmo assim parece ter um pouco de sentido.

Tive vontade de me encontrar com Pen, para esclarecer essa história de uma vez por todas.

Enquanto eu passava pelos corredores a voz de Pentterson me chamou a atenção, porém, uma conversa dele me fez esperar ao invés de entrar na sala.

– Desculpe incomoda-lo com isso, mas... Eu realmente não sei o que fazer! – Pen falou.

– Tudo bem, cara! – Um colega do loiro respondeu. – Estou disposto a ajudar. Nesse momento fiquei no lado de fora da sala esperando Pen ficar sozinho.

– Bem... Pode parecer estranho, mas... Eu estou apaixonado por uma garota que acabei de conhecer. As revelações de Pen me atingiram de uma forma inesperada. Meu coração gelou, minha garganta ficou seca e aposto que meus olhos ficaram de um tamanho absurdo. Nunca senti aquilo antes... O que era?

Pen gosta de outra garota? Como assim?

Tive a vontade de... Chorar? Mais por quê?

– É simples! – O amigo de Pentterson interrompeu meus pensamentos. – Fale com ela! – Aconselhou.

– Sim! Por que não? – Pen disse ainda inseguro, porém um pouco animado. – Vou falar com ela depois das aulas.

O mesmo deixou a sala. Me escondi atrás dos armários, para que o mesmo não desse conta de que eu estava ouvindo sua conversa.

O sinal tocou. Fim do intervalo.

Voltamos às aulas.

Durante a aula não conseguia parar de pensar sobre o que meu amigo havia dito. Quem é essa garota? E... Se eu ficar depois das aulas para descobrir quem é ela? Bah! Isso é ridículo! Não é da minha conta.

– Alexy! – O sussurro de Pen interrompeu meus pensamentos. -... Está me ouvindo?

– O que foi? – Sussurrei de volta.

– Preciso falar com você... Depois das aulas. – Gelei. – Depois que as aulas acabarem me espere, preciso te falar algo! – Imediatamente pensei que... Não, não pode ser!

Pen é meu amigo, e ele deixou bem claro isso. Eu gosto bastante dele, de uma forma na qual eu nunca havia gostado de outro garoto... Droga!

Eu me senti feliz por ele ter feito boas ações, ninguém jamais fez isso por mim antes, e... Eu jamais me abri para alguém como eu me abri para ele.

E-eu gosto mesmo daquele loiro estranho? T-talvez.

Fiquei longos minutos no meu mundo. Até que finalmente o sinal toca. Fim das aulas por hoje.

Eu já ia juntar o meu material e ir até Wanda, mas me lembrei do pedido de Pen. “Me espere depois das aulas, preciso falar com você”. Fiquei imaginando o que seria aquilo... E se Wannie estivesse certa? E se a garota na qual Pen se referia for mesmo eu?

–... Piralha! – Wanda estala os dedos me chamando a atenção. – Vamos, hora de ir embora, sua Nerd. Chega de mofar na escola por hoje! – Disse puxando meu braço.

– Não posso! – Falei.

– Que história é essa? – Arqueou a sobrancelha.

– Pen quer falar comigo... – Ela bufou. – Ele quer se declarar para mim! – Completei.

– O que? – Abriu a boca de um tamanho absurdo.

– É! - falei entediada. Esperando que ela fosse embora.

– E... Como você sabe? – Perguntou curiosa.

– Ouvi ele dizendo que ia falar com a garota que gostava depois da aula... Mas não sei se sou realmente eu. – Falei cabisbaixa.

– Sabe o que eu acho, Alexy? – Ela segurou meus ombros. – Você esta sendo covarde não admitindo os seus sentimentos para você mesma e para esse garoto.

– Você... Não sabe como eu me sinto! – Bufei.

– Confusa! – Falou decidida.

– É... – Admiti.

– Você não vai saber quais são seus próprios sentimentos se continuar ignorando eles e os deixando de lado por causa de dúvidas e incertezas. – Aconselhou-me. – Só deixe de ser frouxa, e vá descobrir o que Pen sente por você e você por ele!

Wanda parecia estar certa dessa vez. Me senti mais confiante.

– Obrigada! – Assenti para ela e fui pelos corredores atrás de Pen.

Chamei por seu nome enquanto ia de sala em sala. Nada dele.

Ouvi a risada fraca de Pen seguido de alguns ruídos.

– Pen? – Empurrei com calma aquela porta. Algo que talvez eu não deveria ter feito, pois aquela simples ação fez tudo desabar dentro de mim.

A cena que se escondia por trás daquela porta veio em câmera lenta na minha cabeça... Pen beijando outra garota.

Lágrimas silenciosas escorreram de meu rosto, uma incrível sensação de decepção. Aquilo me afetou de uma forma imaginável, e eu podia acreditar o por quê. Eu tinha certeza de quem era aquela garota, nem por que Pen me chamou aqui, mas eu tinha a certeza de uma coisa: Meus sentimentos por ele. Agora já era tarde de mais... Ele estava com outra garota.

Pen então desvia o olhar e acaba me vendo ali, perplexa e com lágrimas nos olhos.

– A- Alexy? – O loiro balbuciou meu nome, surpreso ao me ver ali, interrompendo seu beijo com a garota.

Nesse momento, corri, corri e corri para o mais longe dele possível. Meus olhos não se continham, meu choro era inevitável.

Senti um toque. Pentterson me segurara. Droga!

– Alexy. – Falou ofegante, notando que eu não parava de chorar. – O que foi?

–... V-você... – Engoli um pouco o choro. - ...Me chamou para ver i-isso?

– N-não! – Se defendeu. -... Eu queria pedir desculpas, por ter te beijado aquele dia!

O que? Pen vai me pedir desculpas por ter me beijado? A-aquilo não significou nada para ele? Eu não signifiquei nada para ele?

– Pera, Você estava chorando por que... – Ele pareceu intender.

– O meu pai... Ele discutiu feio comigo! – Menti. Não queria que Pen soubesse o real motivo, ainda mais depois disso!

– Sinto muito! – Ele me abraçou. Naquele momento o abraço dele não era mais o mesmo, ele não era mais o mesmo. Eu não me sentia abraçando o mesmo Pen. Ou... Talvez, eu não era a mesma! Meus sentimentos por ele mudaram drasticamente, eu não o via da mesma forma de antes. Me senti trocada, rejeitada. – E-eu gosto da Mel há algum tempo... E hoje eu finalmente tomei coragem para contar a ela! E quanto ao seu pai... Espero que vocês se entendam. – As palavras de Pen já não tinham o mesmo efeito confortador de antes. -... Mas mesmo assim, Takeo, - Ele segurou minhas mãos. – Ainda seremos grandes amigos! – Ele me abraçando mais uma vez e em seguida se levantando.

Segurei na barra de sua calça, o mesmo se voltou a mim.

– Algum problema, Alexy? – Sorriu gentilmente.

Meus lábios se contorceram, minhas mãos gelaram, minha garganta secou, as palavras desejadas não saíram.

– N-nenhum! – O soltei; o mesmo saiu. Eu me levantei.

Há um problema: Eu sou uma covarde!

– Eu te amo, seu idiota! – Sussurrei baixinho. Aquelas palavras ficariam perdidas para sempre entre nos dois.

As palavras de Pen já não eram as mesmas para mim, nem seu olhar, seu abraço, ele não era o mesmo. Ele estava diferente para mim.

Eu ouvi e vi o que não devia, me iludi com palavras e gestos e não fui sincera comigo mesma e com ele. E o resultado de tudo foi isso.

Eu só percebi que o amava, quando já era tarde demais.

Quer dizer que tudo o que passamos juntos, os olhares que trocamos... E principalmente, aquele beijo não significaram nada para ele? Bom... Talvez realmente não tenham. Estava iludida por uma simples amizade? Somos amigos, ele mesmo disse isso. Apenas amigos...

Eis o fato, de agora em diante, não seremos mais os mesmos. Nem ele para mim, e eu para ele. Depois da rejeição, não acho que conseguirei ser mais amiga dele. Peri o meu único amigo, e quem eu realmente amava.

E o pior, eu nem se quer consegui me declarar meus sentimentos e ele.


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Notas finais do capítulo

Ento... É isso ♥ uwu

Espero que tenha gostado.

Sinta-se a vontade se quiser comentar, me faça dar pulos da cadeira e talz! Bjus!



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