“If what we had was real
How could you be fine?”

11 meses, 13 dias e 4 horas desde a última vez que ele a vira.

E, após um dia infernal na escola, lá estava ela.

Aquele dia não havia começado bem, com o seu despertador não tocando e ele se atrasando para o único compromisso que tinha na vida. O inferno de alguns e o paraíso de outros. A escola.

Poseidon Fishmaker estava lhe esperando quando ele saiu puxando as calças e fechando a mochila. Poseidon era seu amigo desde os três anos de idade, ele lhe fizera falar com Ártemis pela primeira vez, e, graças a ele e a sua namorada, Atena Chase, ele e Ártemis haviam dado o primeiro beijo.

— Não escutou o despertador de novo, Apolo? – Poseidon vez piada enquanto Apolo entrava no carro. Ele poderia muito bem ir com o dele, mas Ártemis era ambientalista. Ela sempre dizia que era ridículo dirigir até a escola se você pode pegar carona.

— Eu juro que ele não tocou, cabeça de algas — Apolo retrucou, enquanto o moreno deva a partida. — Atena teve notícias dela? – era sempre a mesma pergunta desde que Ártemis foi embora. Sempre a mesma.

— Não, sinto muito cara. — E essa era sempre a mesma resposta.

Apolo assentiu com a cabeça, tentando não ficar decepcionado. Ele precisava entender. Ártemis se fora. A mensagem há 4 meses atrás havia sido um truque ou algo do tipo. Nada mais.

Ele se perdeu em pensamentos e só quando Poseidon parou na frente da escola que percebeu que haviam chegado.

— Apolinhooo! — Dafine, a líder de torcida da escola veio gritando em sua direção. Apolo só teve tempo de revirar os olhos para Poseidon antes da mesma lhe agarrar. — Como você está hoje?

E a sua manhã se repetiu como em todos os dias. Dafine não lhe soltando nem por um minuto. Aulas eram um alivio para seu cérebro, estudar lhe fazia muito bem. Poseidon e Atena se sentando com ele (e Dafine) no almoço. Atena e Dafine se alfinetando. Mais aulas... E por fim, casa.

Ele gostava de caminhar para sua casa, e naquele dia não havia sido diferente. Exceto que talvez Dafine o tivesse irritado um pouco mais do que o normal.

Apolo se lembrou do dia que Ártemis conheceu Dafine e riu, lembrando da expressão da ruiva ao saber que aquela havia sido namorada de Apolo.

Flashback: on

— Apolo Solarium — Ártemis cumprimentou, puxando as pontas da saia e curvando-se em uma referencia.

— Ártemis Bluemoon — ele sorriu para ela, curvando-se também, meio desajeitado por nunca ter feito aquilo.

Ártemis jogou a cabeça para trás, rindo.

— Apolo, você só coloca um braço nas costas e se curva — ela ensinou. — Assim. — Ártemis se curvou com tanta graça que Apolo pensou que se os homens antigos lhe vissem daquela forma jamais diriam que era coisa de homem.

Ele repetiu o gesto, rindo junto da ruiva.

— Artie, eu estava pensa... — Atena Chase apareceu, trazendo com ela alguns livros. — Oh, ah... — ela corou ao ver Apolo. — Não sabia que se conheciam...

Apolo entendeu a reação de Atena. Ela, afinal, era a “arqui-inimiga” de seu melhor amigo, Poseidon. Mas Ártemis apenas sorriu.

— Tena, este é o rapaz que eu lhe falei ontem — ela segurou no braço de Apolo, como se estivesse apresentando os dois. — O que passou uma tarde maravilhosa comigo.

Atena encarava Ártemis como se ela tivesse acabado de falar que come coco. Mas por fim a loura se recuperou, estendendo a mão para Apolo em um cumprimento.

— É um prazer, Atena Chase — ela usou um tom como se eles nunca tivessem se visto na vida.

— Apolo Solaruim, e o prazer é meu senhorita — Apolo se curvou, só para ver o sorriso orgulhoso de Ártemis.

— Perfeito! — ela bateu palmas. — Agora por que nós não nos sent...

— Apolooo! — gritou Dafine, a ex-namorada do louro. Apolo suspirou, revirando os olhos. — Onde você estava meu lindo? Eu fiquei te esperan... — Dafine parou a sua cena ao notar Ártemis e Atena. — Oh... Ah... Grupo de estudos?

— Dafine, está é Ártemis, a garota nova — ele apresentou, ignorando o comentário da ex. — Ártemis, está é Dafine, minha ex-namorada.

Ártemis adquiriu uma expressão pensativa, analisando Dafine e por fim dando de ombros, feliz.

— É um pra... — mas ela não pode terminar a frase, sendo interrompida por Dafine.

— Desde quando me apresenta como “ex-namorada” e não como “amiga intima”, Apolinho? — ela perguntou, ignorando a mão estendida de Ártemis. — Mas eu vou ignorar isto se vier comigo agora, não temos tempo para subdesenvolvidas na cadeia popular.

Ela tentou puxar Apolo, mas este se segurou em Ártemis, antes de conseguir desfazer-se das mãos de Dafine.

— Dafine, isso foi muito mal-educado da sua parte — ele falou, com tom de quem se desculpa para Ártemis e Atena. — E eu não vou com você para lugar algum.

— Como assim? — Dafine perguntou, entortando o pescoço em uma expressão de boneca assassina. — Como assim “não vai”, Apolo?

— Dafine, eu não vou — Apolo repetiu, como quem fala com uma criança. — Nós terminamos, eu não tenho que ir para lugar algum com você. Agora se me dá licença — e virou-se de costas para ela. Voltando a olhar para Atena. — O que estava dizendo, Atena?

— Ahn... Ohn... — Atena ficou encarando Dafine, enquanto Ártemis se virava lentamente. — Eu...

— Apolo! — chamou Poseidon. Chegando perto dele. — O que você... — Poseidon encarou Atena, notando ela antes mesmo que Ártemis, o que era meio engraçado, já que Ártemis tinha uma cabeleira ruiva para chamar atenção. — O que você está fazendo com essa mimada? — perguntou em tom de traição.

— Ártemis, Atena este é o meu melhor-amigo-nem-um-pouco-educado Poseidon.— Apresentou, olhando para Ártemis com expectativa.

— Ah... — A garota olhou para Atena rapidamente, e depois sorriu para o moreno. — É um prazer, Poseidon — ela estendeu a mão. E depois de cumprimentá-lo rapidamente virou-se para Atena. — Acho que prefiro o acéfalo ambulante do que a vadia estérica.

Atena gargalhou enquanto Apolo e Poseidon trocavam olhares sem compreender.

— Explique, sabe-tudo — Poseidon falou, se dirigindo a Atena, em um tom calmo, fora do normal, mas ao mesmo tempo duro.

— Simples, acéfalo ambulante. Ártemis apenas está dizendo que gosta mais de você do que de Dafine.

E com isso, os dois rapazes caíram na gargalhada.

Flashback: off

Apolo sorriu com a lembrança, desejando poder andar novamente pelos corredores acompanhado de sua tão linda dama.

Poseidon e Atena começaram a namorar um mês depois, percebendo que todo aquele tempo só haviam se odiado por amarem-se demais.

E Apolo beijou Ártemis no dia do baile de inverno, dois dias antes dela sumir.

Flashback: on

— Permita-me dizer que está linda está noite — Apolo falou, engasgando nas palavras. Eles dançavam pelo salão muito bem arrumado para o baile, Afrodite, a líder do comitê de bailes e outras coisas, havia feito um belo trabalho. — Não que você não seja linda, mas hoje está mais e...

Ártemis riu, fazendo seu vestido prateado cintilar. Ele era longo e se ajustava nas partes certas. Ela estava com o cabelo ruiva trançado com perfeição, o final da trança puxado para frente. Não havia quase nenhuma maquiagem nela, apenas o básico para esconder certas espinhas e imperfeições. Ah, e o rímel.

— Você é a beleza da noite, Apolo — ela falou, com sua doce voz. — Ou achas que eu não percebi aquelas garotas lhe olhando como se fossem lhe comer vivo? Olha a ousadia delas de olharem pro meu par!

Foi a vez de Apolo rir, quando Ártemis era possessiva daquele jeito ele relaxava, sabendo que tudo iria ficar bem. Embora aquele acontecimento quatro dias atrás ainda o incomodava.

— Ártemis... Quem é... — Mas ele não pode responder, neste momento Ártemis tapou sua boca com a mão, seus olhos suplicantes.

— Não vamos falar dele, Apolo — ela sorriu. — Ele faz parte do meu passado e eu quero viver o nosso presente, e graças aos deuses, é você que está nele.

Apolo queria continuar, mas os olhas prata da garota lhe impediram. Mais tarde, eles gritavam, deixe-me curtir nossa noite.

Eles dançavam pela pista de dança, passando por diversos casais de estudantes.Uma música romântica começou a tocar e Apolo puxou Ártemis para perto.

— Quem eram Ártemis e Apolo na mitologia mesmo? — ele perguntou, curioso.

— Diana e Febo — respondeu prontamente Ártemis, ela acreditava na mitologia como pessoas acreditam em deus, pura e fielmente. — Os gêmeos arqueiros.

— Eles... Hm, ficaram juntos? — ele perguntou, corando.

— Não naquela época — e com isso, ela selou os lábios de ambos, sem qualquer aviso previu.

Apolo se surpreendeu, mas não iria perder a chance de beijá-la de volta. Eles aprodundaram o beijo enquanto giravam pelo salão, a música calma ainda tocando.

Depois de alguns segundos, quando o ar se fez necessário, eles se separaram.

— Uou — Apolo falou, sorrindo feito um besta. Seu interior cantava em alegria. — Dá onde veio isso?

— Atena e Poseidon me falaram que estávamos sendo bobos, que nós dois sentimos algo um pelo outro mas você era covarde demais para tomar a iniciativa — ela riu, apoiando sua cabeça contra o ombro dele. — Acho que eles estavam certos...

— Eu não sou covarde — Apolo fingiu ultraje. Ele estava fazendo um esforço para se pensar ao sentir o cheiro silvestre de Ártemis. — Só não queria desrespeitar você.

— Eu sei — ela pegou o rosto dele entre as mãos, sorrindo ternamente. — E eles também.

Ela beijou ele novamente, o coração de Apolo estava pronto para explodir de alegria, ele passou os braços na cintura dela, puxando-a para ele enquanto a mesma passava as mãos pelos cabelos louros do garoto.

— Vou ter que agradecê-los por isso — Apolo murmurou antes de voltar a beijá-la.

Flashback: off

Apolo chutou uma latinha de refrigerante que estava na calçada com força. Ele odiava, depois de tanto tempo, ainda amá-la. Com cada parte do seu corpo.

Ele pensou que o amor iria embora depois de um tempo, “que o tempo cura todas as feridas”, mas, se cura a de outros ele não sabe, mas o coração dele ainda está aberto e sangrando.

Quando dobrou na rua para chegar na sua casa percebeu um movimento ruivo indo em direção a um carro preto.

Apolo mal acreditou, seu coração parou de bater por um instante.

— Ártemis — chamou e a garota olhou para ele, congelando no meio da rua. Seus olhos prata estavam vermelhos e ela parecia ter chorado muito.

Ela vestia um jeans e uma blusa xadrez amarada na cintura. Seus cabelos estavam mais curtos do que antes, mas as sardas continuavam em sua face.

Ainda era a sua Ártemis.

Em um rápido momento, ela secou as lágrimas que lhe caim na face e segurou a barra de uma saia imaginária, curvando-se em uma referencia.

Mas antes que Apolo pudesse responder ela entrou no carro preto e acelerou.