“I drove by all the places

We used to hang out getting wasted”

Apolo jogou a cabeça para trás com força, fazia meses que ele não tinha nem uma única noticia dela. Meses haviam se passado desde a última vez que ela entrou em contato... Apolo ainda tinha a mensagem salva no celular.

“Sinto muito que as coisas tenham que ser assim. Aconteça o que acontecer, nunca duvide das palavras que lhe disse. Estou com medo (e saudades, embora não ache justo lhe informar isto). Mas acho que posso prometer que lhe verei em breve.

Com sinceras saudades, Ártemis Bluemoon.”

“Sinceras saudades” Apolo pensou, sarcástico. “...lhe ver em breve.” Ártemis havia melhorado nas mentiras desde a última vez que ele lhe vira. E aquilo fazia quando tempo? Nove meses? Um ano?

Ele estava encostado no capo do carro vermelho que tinha desde os dezesseis. Los Angeles se entendia a sua frente, aquela paisagem de filmes românticos só o colocava mais e mais para baixo. Até porque ele já fora ali uma vez com ela...

— Apolo Solarium, eu acabei de conhecer-lhe e já queres me levar para o mato? – perguntou a ruiva, jogando a cabeça para trás enquanto ria da própria piada.

Apolo desenhou um sorriso nos lábios, olhando para a garota ruiva do seu lado com uma certa curiosidade enquanto dirigia.

— Ártemis Bluemoon, por que insiste em me chamar pelo nome inteiro? — ele achava engraçado o jeito que a garota falava, como se estivessem em outra época, sendo mais formal do que o necessário.

— Acho seu nome bonito — defendeu-se a garota. — Já lhe falei que “Solarium” lembra “Sol” em latim?

— Só umas 15 mil vezes desde o momento em que nos conhecemos... E isso foi há cinco horas atrás, na aula de história. — O que era a verdade. Os dois haviam acabado de se conhecer, mas Apolo sentia sua energia gravitar em torno de Ártemis, como se ela fosse seu sol.

— E me diga o que faço no carro com você, indo para o meio do mato? — ela perguntou, retoricamente. — Tenho certeza que estou ficando maluca... Devem ser os ares da cidade grande.

Ártemis havia se mudado fazia uma semana, vinda de uma pequena cidade no interior do Texas. Ela tinha longos cabelos ruivos e encaracolados, os olhos eram de um tom entre o azul claro e o cinza, quase como prateados, e ela tinha sardas espalhadas pela face inteira. Apolo a achava maravilhosa.

Ele por sua vez tinha cabelos dourados como raios de sol de manhã, eram lisos e para cima, no estilo militar bagunçado. Seus olhos brilhavam em um tom mais claro que âmbar e seus dentes eram brancos como pérolas do oceano. Tudo isso e ele ainda era o mais “quebrador de corações” da escola inteira.

Mas Ártemis, por algum motivo além da compreensão dela, estava no carro.

Eles pararam na encosta do morro, com toda Los Angeles abaixo deles. Apolo pegou um cobertor velho que mantinha no carro e estendeu ele pelo capô.

Não sabemos dizer o tempo que eles ficaram lá, rindo e jogando conversa fora um com o outro. Mas sabe-se dizer que estava escuro quando Apolo largou Ártemis em casa, com um milkshake de ovomaltine e um hambúrguer na barriga.

— Te vejo amanhã? – perguntou ele, estendendo-se pelo banco de passageiro para enxergá-la já que a mesma estava do lado de fora.

— Promete que veremos o pôr do sol juntos de novo? — Ela questionou, colocando uma mecha ruiva para trás do orelha.

— Pelo resto da minha vida.

As lágrimas estavam ali antes que ele conseguisse contê-las. Sua Ártemis... Sua doce e linda Ártemis...

Só os deuses que ela tanto acreditava sabem onde ela está agora.