Poemas de Sangue escrita por Nanda


Capítulo 3
Convivência


Notas iniciais do capítulo

Aí vai mais um :D



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/601205/chapter/3

Bring me to life - Evanescence [ watch?v=3YxaaGgTQYM&ob=av3e]

(Acorde-me)

Acorde-me por dentro

(Eu não consigo acordar)

Acorde-me por dentro

(Salve-me)

Chame o meu nome e salve-me da escuridão

(Acorde-me)

Faça o meu sangue correr

(Eu não consigo acordar)

Antes que eu me desfaça

(Salve-me)

Salve-me do nada que eu me tornei

Capítulo 3– Convivência

No dia seguinte a mãe havia deixado-a novamente, mas dessa vez com o aviso de que ela voltaria para casa sozinha. Ela tinha uma entrevista de emprego marcada.

– Tome cuidado. Não pare. Não hesite. Se sentir que algo está errado...

– Eu saio fora - completei. "E essa não é a nossa especialidade?"

Como havia chegado cedo pôde aproveitar a sala em completo silêncio.

Sentou e pegou o livro que estivera lendo naqueles dias, e se deixou absorver.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Ele sabia que seria o primeiro a chegar. Sempre era. Mas ao abrir a porta deparou-se com a garota de cabelos rosados.

Não se sentiu realmente surpreso. De alguma forma quase esperava encontrá-la ali. Na completa solidão.

E ali estava ela.

Aproximou-se sorrateiramente. Ela ainda não havia percebido sua presença. Ela havia retirado os óculos e colocado na mesa, que agora ele já via como sua, assim como a mochila.

Era a primeira vez que a via parecendo realmente relaxada. E não parecia algo que ela fizesse muito e certamente não em público. Tinha quase certeza de que a assustaria se chegasse muito perto, então pigarreou.

Como de esperado ela teve um pequeno sobressalto, antes de vê-lo parado alguns passos adiante. Sem falar nada colocou os óculos - não antes dele reparar nos olhos extremamente verdes e uma cor levemente arroxeada sobre eles, que ele decidiu não comentar - e retirou a mochila da carteira ao lado.

– Bom dia - disse e em seguida voltou os olhos para o livro novamente.

Ele deu um meio sorriso. Qualquer outra garota teria ficado paralisada, gaguejante ou falante demais. Ela simplesmente o ignorava.

Aquilo conseguia despertar sua curiosidade.

E seu interesse.

Ele sentou em sua carteira. Espiou a cada do livro que ela lia.

– Prazeres Malditos? - inclinando um pouco mais, quando ela se afastou - Anita Blake?

Ela o ignorou.

– Sobre o que fala? - ele insistiu.

– Ela caça vampiros e ressuscita os mortos. Feliz?

Ele sorriu novamente, percebendo que aquilo estava perigosamente perto de se tornar um hábito e simplesmente por estar perto dela.

– Você gosta dos vampiros?

Ele era bonito. Ela já havia reparado brevemente, como quando você vê um aviso na parede. Você sabe que está lá, mas nunca pára para ler. Ela não havia realmente prestado atenção. Até aquele momento. Ficava mais difícil não reparar, como por exemplo, quando ele sorria. É como se você começasse a ler um livro que prendesse sua atenção, te envolvesse e você não pudesse parar de ler. Viu o cabelo levemente despenteado, ainda molhado pelo banho, uma mecha caindo sobre o olho esquerdo, o sorriso impecavelmente branco, o nariz afilado, a leve palidez da pele, o queixo firme, os cílios longos e levemente espaçados e finalmente os olhos... Eram tão escuros como a noite. Como uma cidade em um blecaute. Havia realmente pensado que ele era comum? Era lindo. Era perigoso.

Sim, ele era lindo. E aquilo era somente um motivo adicional para manter distância. Homens muito bonitos eram perigosos.

– Gosto do suspense e do terror - ela não gostava, mas aprendera a conviver com eles.

– Eu também. - disse ele entusiasmado - E lobisomens.

Ela fez uma cara.

– Eu prefiro coisas um pouco mais perto da realidade, geralmente.

Ele arqueou a sobrancelha.

– Por quê? Você está lendo o livro de alguém que "caça vampiros e ressuscita os mortos".

Sentiu-se tentada a responder com um: "Agora você vê como o livro é bom" ou "duvido que Laurell consiga fazer isso e olha que até onde eu sei, originalmente o livro é dela", mas pensou melhor. Seu sarcasmo parecia atrair a atenção dele, talvez se mostrasse uma personalidade comum ele fosse embora.

Cautelosa, ela deu de ombros.

– Para mim o importante da leitura é tirar algo útil, algo que eu possa usar em meu proveito. E como você disse, ela é uma caçadora e não um dos... "monstros".

Ele deu um sorriso torto.

– E o que você pretende caçar? Um monstro "um pouco mais perto da realidade"?

Ela sorriu, mas os olhos eram sombrios, mesmo por trás dos óculos.

– Quem sabe - disse segundos antes do sinal tocar interrompendo o silêncio agourento.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

Kakashi parecia ter ganhado o ano, tamanha sua satisfação com a dupla dos dois.

Para a surpresa de Sakura, novamente Sasuke permaneceu sentado ao seu lado, embora silencioso após a conversa que haviam tido.

Outra surpresa foi a antipatia que sentia pela professora de poesia. Seu tempo naquele dia eram os dois últimos e ela queria o mesmo que havia pedido no dia anterior...

– Mas hoje, quero algo relacionado - ela fitou Sakura diretamente - ao amor.

Sentiu-se desafiada por aquelas palavras. Quem era ela afinal? Só porque não gostava de frases melosas e bobinhas não significa que tinha menos valor ou cultura dentro de si. Apenas não tinha tempo para ficar sonhando ou imaginando esse tipo de tolice. Por isso quando a professora pediu que ela lesse, para 'abrir com chave de ouro' ela leu sua frase em alto e bom som, muito orgulhosa de si mesma.

"... Amor é destruição e ser amado é ser aquilo que será destruído."

A professora fez uma careta e perguntou de quem era aquela frase.

– Cidade dos Ossos, da coleção "Os instrumentos mortais" - Cassandra Clare.

Após se sentar, a professora pediu a outros que lessem os seus.

Ouviu uma risada baixa ao seu lado.

– Você faz de propósito, não é?

Deu de ombros. - Quem começou foi ela.

Ele riu novamente. - Essa não é uma atitude muito madura.

– Eu não lembro de ter te perguntado.

Ele levantou as palmas estendidas em sinal de paz.

– E qual foi a sua?

Ele apenas balançou a cabeça.

– Ah, qual é! Fala - intimou, curiosa.

Ele hesitou. Não estava acostumado a compartilhar as frases sem uma ordem da professora. Se sentia meio exposto. Mas era a primeira demonstração de interesse dela com algo relacionado a ele...

"Amamos a vida, porque estamos acostumados não à vida, mas a amar. Há sempre alguma loucura no amor, mas há sempre alguma razão na loucura"

Ela arregalou os olhos, fazendo-o enrubescer levemente e puxar o papel da mão dela.

– É muito bonito - por um momento se sentiu perdida e imaginou se era apenas do poema que estava falando. Balançou a cabeça - Nietzsche, não é?

– Sim.

– Por hoje é só queridos. Podem ir.

Sakura levantou, pegando a mochila e saiu da sala rapidamente, assustada com o rumo que, por pelo menos alguns segundos, seus pensamentos tomaram.

Não fora totalmente sincera. Às vezes lia alguns romances que a mãe ainda guardava. Só Deus saberia como ela ainda podia acreditar no amor depois de tudo que acontecera. Havia lido muita coisa durante o passar dos anos - e secretamente, gostava de ficção.

Era sua verdadeira fuga. Uma vez havia lido um romance de uma autora chamada Nora Roberts, onde achara uma frase que guardara como uma espécie de ensinamento para si mesma. Definia, em sua humilde opinião, os romances perfeitamente. Lembrava cada palavra - embora isso não fosse algo raro ou incomum para ela.

"O romantismo cria fantasias e nos faz imaginar coisas que não existem. Gosto de ilusões, mas não na vida real."


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada pelos comentários, meninas. Espero que estejam gostando!

Bjo, bjo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Poemas de Sangue" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.