Dona escrita por Naluiza


Capítulo 6
Juntos, nunca separado


Notas iniciais do capítulo

Hey, eu tardo mas não falho! Me perdoem pela demora.



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No lado de fora...

— Clara, que bom que você chegou! Me tira daqui!

— Mãe, o que aconteceu?

— Vai, Clara, rápido! Sai daqui!

— Mas para onde você quer ir, mãe?

— Só me tira desse lugar, por favor.

A filha, assustada, arrancou o carro. A mãe soluçava de chorar. A menina não lembrava de ter visto a mãe assim alguma vez. Silêncio tenebroso no carro, só se ouvia as lágrimas de Marta deslizando pelo seu rosto. Maria Clara decidiu parar em um quiosque na praia, e convidou a mãe para tomar uma água de coco.

— Já pode me explicar o que aconteceu?

— Ai, filha, eu não aguento mais. Vou me divorciar do seu pai.

— Como assim, mãe? Isso não pode acontecer! Vocês se amam!

— Eu amo ele, né, Maria Clara?!

— O que aconteceu no Vicente? – a filha se lembrou de que a amante do pai trabalhava lá – Ah...

— Nós estávamos bem, Maria Clara. Ele disse que tinha terminado com a Isis e até me mostrou as ultimas mensagens dos dois. Eu acreditei. Mais uma vez. Surreal como nunca aprendo! Dormimos a noite passada juntos e tínhamos marcado de almoçar no Vicente, ele foi um pouco na minha frente e eu vi ele conversando com a Isis, ela chamando ele de amor. Ainda bem que você chegou naquela hora.

— Dormiram juntos, mãe??? Uau!!! – visivelmente surpresa, Clara tentou descontrair

— Ta, Maria Clara, isso não tem a menor relevância agora! Eu e o seu pai juntos, Clara... Eu não sei explicar. É meio indecifrável, digamos. A gente tem uma química, filha... Eu nunca me senti da forma que me sinto quando estou com seu pai! Mas eu só me decepciono com esse cangaceiro. Juro que não sei qual é o problema dele!

— Ai, mãe... Conta mais de vocês aí, vai?!

— São tantas histórias, Maria Clara. Tantas!

— Eu admiro tanto o amor de vocês. Sei lá, é perceptível. Até quando estão brigando. Muito engraçado! – acompanhando a vista da sua mãe, ela olhava o mar.

— Sabe, Clara... O seu pai nunca foi um pai presente. Vivia pelo mundo para ganhá-lo. Ganhá-lo para nossa família! Mas ele foi o melhor homem que pude escolher para ser o pai dos meus filhos. Apesar desse sobrenome dele de gente pobre, com certeza foi o melhor pai. Nunca deixou faltar nada para vocês! Lembro de uma vez que estávamos em Petrópolis, ele chegou e vocês correram para os braços dele, eu observava, emocionada, de trás. Você perguntou se ele tinha trago uma roupinha para sua boneca, ele olhou "E isso existe, menina? Isso não é comigo não! Mas, olha, tem uma coisa aqui que eu tenho de sobra. Dá para você, sua mãe, suas bonecas..." e tirou umas pedras de diamante da maleta. Senti meus olhos marejando. Você sorria tanto! E os seus irmãos? Morrendo de inveja! – a menina sorria, uma pena não lembrar, mas sempre foi bom viajar nas lembranças da mãe – Ele subiu e falou "Vem! Tem uma coisa pra você também.". Corri para saber o que era, eu jurava que era mais uma jóia, como sempre... Entramos no quarto e ele me deu um beijo. Era exatamente isso que eu queria. Só um beijo. Um beijo, Clara. Sabe o que é um beijo? Era disso que eu necessitava! Uma coisa tão simples. Eu poderia encontrar qualquer cara na esquina que ele me daria um beijo.

— Sempre modesta essa minha mãe.

— Claro! Se eu chegasse "Oi, me dá um beijo?" o cara podia ser casado com a Gisele Bundchen, ele me daria um beijo. Até hoje é assim. – as duas riram. A mãe já até se esquecera do porquê que estavam lá – Voltando à história: estávamos nos beijando e vocês entraram, como um furacão, no nosso quarto. Ah, mas se vocês soubessem o quanto eu odiava isso, Clara... "Mãe, o que o pai trouxe pra senhora?" "Nada, amores. Ele só veio.". Vocês ficaram tentando entender isso o mês todo. Ingênuos. Talvez até hoje vocês não entendam o que esse homem significa pra mim... Continuam umas criancinhas. As mais lindas! – as duas riram, com os olhos marejados.

— Mãe, adorei a nossa tarde, mas precisamos voltar pra casa, não é? Nem fui à Império.

— Eu não vou voltar, Clara.

— Como não, mãe?

— Não, Maria Clara. Não adianta insistir. Vou ficar em algum hotel e, por enquanto, só você vai saber qual! Vamos procurar algum...

— Tudo bem... Mas a senhora não vai em casa pegar algumas roupas?

— Depois você vai lá e faz isso pra mim.

— Ta, vamos!

Depois que encontraram um hotel e Marta se hospedou, Maria Clara seguiu para casa.

Apartamento dos Medeiros de Mendonça e Albuquerque...

— Clara, cadê sua mãe?

— Ela não estava almoçando com você, pai? Não vi ela hoje não.

— Não me faça de bobo, fale logo onde está sua mãe!

— Ih, pai... O que aconteceu com minha mãe, hein?

— Nada, Maria Clara. E onde você estava a tarde toda que não foi trabalhar?

— Tive que ajudar uma amiga minha que teve um problema. Tchau.

A menina esperou ter certeza que seu pai estava dormindo para, enfim, levar as coisas de sua mãe.

Hotel...

— Mãe, mas por que você não vai para Petrópolis? Lá é sempre seu refúgio...

— Porque não quero que ninguém me encontre. Quero ficar sozinha.

Semanas depois...

— Lucas, preciso falar com você, vem cá. – disse Clara, urgente.

— Qual foi dessa vez, Clara? – respondeu o irmão, impaciente, a seguindo.

— Eu sei onde a mãe ficou esse tempo todo.

— Ah, não me diga... Nunca tinha passado isso na minha cabeça. – ironizou o menino – Ta, mas, e o que que rola?

— Ela quer que você e a Du leve os meninos lá... Hoje.

— Tu ta de brincadeira, né? Nossa, nem acredito que vou ver a coroa!

Hotel...

— Mãe!!! – ele pulou nos braços da mãe com um sorriso que emocionou Marta

— Meu bebê, quanta saudade! – se jogando no sofá da suite com o filho

— Bebê, coroa?

— Então não me chama de coroa, moleque! E vocês, meus amores? Vovó tava morrendo de saudade! – os gêmeos automaticamente correram para abraçar a avó

— Eles sempre perguntavam sobre você, Marta...

— Ai, Du, ainda bem que você existe! – a morena falou, se levantando e abraçando a ruiva.

— Bom, meninos, mas isso, na verdade, é uma despedida. Estou partindo.

— Partindo, mãe????

— É, meu filho. Vou passar um tempo na Suíça.

— O Pedro sabe disso?

— Não, ainda vou falar com ele. Mas ninguém, além de vocês, pode saber disso. Muito menos seu pai.

— Você vai passar quanto tempo lá, mãe?

— Não sei, meu filho. Mas vou aguardar a visita de vocês, hein, leks? E dos lekinhos também. – os olhos claros da mulher estavam marejados, e quando todos abraçaram a matriarca da família, as lágrimas, presas até o momento, caíram.

Genebra, Dezembro/2015

Marta olhava a cidade pela janela de seu apartamento. Nem acreditava que sua família estava indo visitá-la. Passar o natal com eles na cidade onde tudo começou era um sonho. E não ter o seu marido ao lado da família parecia um pesadelo. A campainha toca, despertando Marta.

— Mlle Marta, doit être de leurs enfants. Je rencontre? – a empregada se oferece para abrir a porta.

— Merci, permettez-moi d'ouvrir la même porte. – Marta, por sua vez, nega. E vai em direção a porta.

Sorrindo, a abre.

— Meus filhos!!! – José Pedro, Maria Clara e João Lucas abraçam a mãe. – Venham pro abraço também! – a matriarca chamou Amanda, Du, e os netos. Todos se abraçaram.

— Tia, seu apartamento é lindo!!! – Amanda estava deslumbrada.

— Vovó, está nevando lá fora! – a neta ainda estava maravilhada com a neve, enquanto o irmão pulava no sofá da sala.

— O apartamento nunca esteve tão lindo como agora, Amanda. Que bom tê-los aqui!!! – se direcionado à neta, ela responde – Está sim, Martinha. Sempre neva por aqui. Olha que legal!? A gente pode ir passear na neve depois, topa? – as duas fazem um toque de mãos, selando o acordo. – Gente, o apartamento não é grandão não, hein!? Vamos nos apertar! – todos riram – Clara pode dormir comigo na minha cama, para os dois quartos de hóspedes ficarem para cada casal. As crianças dormem com os pais.

— Por mim, ta ótimo! – o caçula se empolga

— Lara, demandez Silviano emballer correctement dans chaque chambre. – se referindo a empregada, Marta ordena que Silviano coloque as malas nos quartos.

Noite - Conversa no WhatsApp

JOSÉ ALFREDO: Olá, Marta.

MARIA MARTA: Zé? Quanto tempo!

JOSÉ ALFREDO: Pois é, você sumiu... Fugiu de mim.

MARIA MARTA: Desculpa, fiz o que achei melhor.

Um misto de sentimentos tomava conta da mulher - e do homem - naquele momento. Primeira vez que conversavam desde quando tudo aconteceu - aliás, o que tinha acontecido? Ela nem chegou a ouvir o lado do marido. No máximo trocaram alguns e-mails profissionais.

JOSÉ ALFREDO: Mas você entendeu tudo errado, Marta! Eu não estava mais com a Isis mesmo.

MARIA MARTA: Por que eu tenho que acreditar?

JOSÉ ALFREDO: Porque eu to sendo sincero. E os nossos filhos, chegaram bem?

MARIA MARTA: Sim. Já estão todos dormindo, ou deveriam. Aqui já são 2h da madrugada. Vai passar o natal com quem? Os meninos me falaram sobre a irmã repentina. Que história é essa?

JOSÉ ALFREDO: Ah, a Cristina! Marta, lembra de que antes de conhecer você, eu tinha me envolvido com a mulher do meu irmão? Então, ela engravidou! Cristina veio atrás de mim. No começo, tanto eu, quanto os meninos, relutamos. Mas agora já estamos muito apegados! Os gêmeos adoram ela, você precisa ver!

MARIA MARTA: Nossa, que reviravolta! Queria conhecê-la...

JOSÉ ALFREDO: Ela é de origem humilde, Marta. Os meninos já devem ter te contado isso. Mas muito inteligente, honesta, e ainda é linda! Puxou o sangue do pai.

MARIA MARTA: Nem pensar, né, Zé? Pelos adjetivos que carregou a ela, poderia dizer que é minha filha, não sua. Vão passar o natal juntos?

JOSÉ ALFREDO: Sim! Mas eu queria mesmo era estar com a família toda e poder apresentá-la a você.
MARIA MARTA: Tudo bem, Zé. Venha e traga a menina. Precisamos conversar mesmo, nos resolver. Boa noite, beijos!

A mulher não sabia o que tinha feito. Ter o marido em sua casa seria uma tentação. E ainda deixá-lo trazer a bastarda? Não sabia onde estava com a cabeça, só sabia que estava feliz.

MARIA MARTA: Ah, e o meu apartamento não é grande, hein!?

JOSÉ ALFREDO: Marta, eu não estava esperando esse convite! Nem pensei que ia aceitar minha filha tão rápido assim. Fiquei muito feliz, de verdade. Vamos sim. Durma bem. Vou tomar meu café e seguirei para a Império, alguém tem que trabalhar!

MARIA MARTA: Nem vem que estou me dando muito bem com a filial daqui. Bom dia!

Tudo estava voltando como foi há um tempo? A família, Natal, Suíça... Juntos, como se nunca tivessem se separado.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que vocês estavam esperando outro desenrolar na história, me perdoem. Tudo terminará bem. Ah, e esse capítulo teve foco maior na família do que em Malfred, mas tudo voltará ao normal.
Reviews para o próximo capítulo sair logo, ok? Obrigada pelo carinho de sempre!