Dona escrita por Naluiza


Capítulo 10
Porto seguro


Notas iniciais do capítulo

Oi! :D Eu sei, eu sei, ocorreu um big break aqui, não é? Desculpa! Depois da semana de provas, eu fiquei enrolando, enrolando... Desculpa mesmo! É um capítulo simples, mas importante para o desenrolar da fic.
Um grande beijo pra minha leitora paraense Rafaela hahahahhaha gente foi muito louco encontrar uma outra malfred paraense, fiquei aos prantos. :P
Mas enfim, ta aí o capítulo!



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Na madrugada, a mulher o xinga por causa do cobertor. Ele sorri, levemente acordado, cola seus lábios nos lábios dela, e a embrulha de volta.

A relação deles sempre será assim: a briga, a base, e o amor, a reconciliação.

O dia amanhece na Suíça. No apartamento de Marta, seus netos acordam apreensivos a procura do presente que o Papai Noel iria deixar durante a noite.

No quarto ao lado, o casal imperial dormia tranquilamente: José Alfredo de um lado da cama e Maria Marta do outro. Desta vez, o homem era quem estava com pouca parte do cobertor. A Imperatriz acorda, olha para o lado, lembra do que aconteceu durante a noite e sorri. Olha para o outro lado e vê seu vestido no chão. Sorri novamente. Se levanta e vai em direção ao banheiro, se olha no espelho e se surpreende.

— Zé Alfredo, olha o que você fez comigo, seu jagunço!!! – ela grita, acordando o marido.

— What the hell, Marta!?!? Você está louca? O que aconteceu pra ta me xingando uma hora dessa? – A mulher entra no quarto, completamente nua, mostrando estar com raiva.

— Olha o que você fez, seu bode velho! – ela aponta para seus seios que estavam com marcas vermelhas e roxas.

— Maria Marta Medeiros de Mendonça e Albuquerque, olhe bem na minha cara e diga que não gostou. E outra: minhas costas estão todas arranhadas e eu não to reclamando nada. Agora me deixe dormir, vai.

— Eu gostei, seu cangaceiro, mas você me deixou toda marcada. O que as pessoas vão pensar?

— E você anda pelas ruas de Genebra mostrando seus peitos???

— Claro que não, seu burro! – eles riem

— Vá tomar banho, vá, mulher. E faça o favor de cobrir esses peitos porque eles são só meus. – ele beija os seios da mulher e quando ela se vira para ir em direção ao banheiro, dá um leve tapa em sua bunda.

— Para, Zé!

— Então cuide logo!

Ele reflete sobre a vida, como ele era antes dela, sobre tudo.

— Eu pude ser o mais feliz possível, ela me deu essa felicidade e eu não aproveitei. Se eu nasci de novo quando pisei no Monte, nasci de novo quando conheci Maria Marta também. A mulher que me fez ser o que sou, a mulher que fez eu ter o que tenho hoje. E agora que vim descobri isso, sou um jagunço mesmo. Devo tudo à ela e nunca reconheci. Que tipo de homem sou eu? Que tipo de marido? Nada vai reparar meu erro, nem vai fazer ela me perdoar.

É tirado de seus pensamentos com os gritos da mulher.

— Zé!!!!!! To falando com você há um tempão, seu comendador da buchada de bode.

— Oi, sua chata. Desculpa. O que você quer?

— Vamos tomar café?
O telefone da mulher toca, o marido vai na frente, a deixando sozinha.

— Alô!

— Oi, Marta. Bom dia! É a Helena.

— Claro! Oi, querida. Bom dia. Feliz natal! Mas e aí, aconteceu alguma coisa?

— Você e o Comendador voltaram?

— Como você sabe disso, Helena???

— Então vocês voltaram? Os portais de notícias só falam sobre isso aqui no Brasi...

— Mas como eles sabem?

— Por causa das fotos da ceia, dele aí na sua casa, e da intimidade visível de vocês pelas fotos... Mas e aí, eles não param de me ligar, o que eu falo?

— Diz que você não vai comentar sobre minha vida pessoal, vou falar com o Zé e depois lhe retorno com uma solução.

— Mas vocês voltaram mesmo, Marta? Ai, eu to tão feliz! E que saudade de você, mulher... Não voltou mais!

— Estamos nos reconciliando, Helena. Você sabe tudo o que eu passei melhor do que ninguém, ao mesmo tempo que estou feliz, estou com medo de dá errado de novo. E por que você não vem me visitar, hein?

— Ih, Marta... Passagem pra Suíça não é barata não. Tenho que juntar um dinheirinho pra isso. Infelizmente, não sou uma imperatriz. E outra: se joga, Marta! Pelo menos tenta. Você já sofreu tanto, agora ta tendo a oportunidade de ser feliz com quem ama. Não a desperdice.

— Pode deixar, querida. Depois a gente resolve sua vinda pra cá. Agora tchau que minha família me espera pro café da manhã. Feliz natal pra você, pro Josué e toda a família de vocês. Beijos!

— Feliz natal pra vocês também, Marta. Estou com saudade de todos, mas principalmente de você. Josué ta mandando beijos também. Tchau.

A imperatriz desliga o telefonema, põe o aparelho sobre a mesa, pensa nas palavras da amiga e sorri. Decide se juntar à família.

— Bom dia!

— Olha, vó, o que ganhamos do papai noel! – os netos correram em direção a avó, que devolveu um sorriso e se abaixou para ver os presentes das crianças.

— Aí, coroa, você viu o que saiu... – o caçula foi cortado pela mãe

— Vi, lek. E agora?

— E agora o quê, Marta? – o marido entrou na conversa

— O que a gente faz? – perguntou para a família – A Helena me ligou agora dizendo que tão ligando pra ela...

— E o que você falou?

— Pra ela não falar nada, ué.

— Por que não? Qual o problema? Não é pra você assumir um namorinho, nós somos casados.

— Porque não, Zé. Pronto. E não pressiona. Eu vou tomar meu café, bom dia.

O marido foi atrás da mulher para uma explicação.

— O que aconteceu, Maria Marta?

— Eu tenho medo, José Alfredo. Será se você ainda não percebeu? Medo!

— De quê? Alguém pode fazer algo com você por causa disso?

— Sim, só uma pessoa: você. Parece que você não tem noção do quanto eu sofri todo esse tempo, não é, abominável homem de preto?

— Por favor, Marta. Eu já tenho a consciência pesada o suficiente, não precisa ficar falando.

— Zé, deixa eu tomar meu café, por favor, vai... – ela dá um selinho no marido – Ta tudo bem. Vai ficar, eu espero. – ela lhe sorri e recebe um de volta do parceiro.

— Eu te amo. – ela o abraça forte, como se quisesse tê-lo ao seu lado para sempre.

Uma forma de porto seguro. Um para o outro.

O dia se passa e eles não tocam no assunto. A noite, no quarto, José Alfredo toma coragem e quebra o silêncio.

— Não entendo, Marta. Por que você tem tanto receio de tudo que envolve nós dois?

— Agora não, Zé. To cansada, tivemos um dia cheio, andamos muito.

— Não fique fugindo, Marta. Eu não quero brigar. Olhe pra mim. – a mulher, que estava sentada, apoiada na cabeceira da cama, vira o rosto e o encara. – Eu não quero te fazer sofrer, e nem vou. Por favor, acredite em mim.

— Eu acredito, Zé.

No momento, o celular de Marta toca.

— É Helena. — Atenda, mulher, vai. – ela o olha, suspira, e atende.

— Helena...

— Oi, Marta. Eu to na sua casa, aproveitei que a Claraíde veio pegar umas coisas dela e vim pegar uns papéis aqui... O telefone não para de tocar, ela ta pra ficar doida.

— [ risos ] Esse povo não tem recesso de fim de ano, não? Que gente chata!

— Falou com o comendador?

— É... Falei... – ela olha para o marido e sorri – Pode falar que está tudo bem, Helena. Que estamos nos acertando. – o marido aperta a mão da mulher, transmitindo segurança.

— E você vai voltar para o Brasil?

— Ainda não falei com o Zé sobre isso, então diga que você não sabe.

— Tudo bem. Então boa noite pra você, que aqui, acabamos de almoçar.

— Beijos, querida. – Marta desliga o celular e se vira para o marido, o casal dá um selinho apaixonado e colam as testas.

— Sobre o que você ainda não falou comigo? – José Alfredo pergunta, olhando nos lindos olhos de Maria Marta. Ela se afasta.

— Sobre voltar para o Brasil...

— Mas você vai voltar, não vai?

— Eu não posso.

— Como não, Marta? Ta ficando louca? – ele se altera.

— Estávamos conversando. Fale direito comigo, comendador Medeiros.

— Ta, ta, desculpa. Mas você vai ter que ter um bom motivo para não voltar com a gente.

— Zé, eu to feliz aqui... – o marido a olha, tentando entender – Não que eu não fosse feliz com a minha família no Brasil, mas aqui eu to em paz, to pensando em mim. Já tenho amigos, tem a empresa, que depois que eu vim pra cá, melhorou muito. Eu já construí uma vida aqui em Genebra. E outra: no Brasil nós temos um monte de problemas. Nós estamos aqui, felizes, porque não tem ninguém pra atrapalhar, Zé.

— Você está falando de Isis? Marta, eu já te disse que...

— Também, Zé. Mas não é só isso, você sabe. Deixa eu aqui, por favor. Eu vou no Brasil lhe visitar, você vem pra cá me visitar... Vamos aproveitar muito mais.

— Marta, eu não quero te deixar sozinha, Marta... Por favor. Eu não vou aguentar, vou sentir muito a sua falta.

— Vai não, meu amor. Eu vou sentir muito mais. Lá você tem os nossos filhos, tem Cristina... Você tem que aproveitar sua filha, Zé, a conhecê-la melhor, tem a empresa pra ocupar seu tempo, seus amigos. E ainda vai ter que me aguentar toda hora pelo telefone.

Eles se abraçam. Um abraço fraterno.

— Eu não tava esperando isso, Marta... Eu não quero ter que me despedir de você mais uma vez, ter que deixá-la sozinha.

— Mas eu vou ficar bem, meu amor. Eu já to bem.

— E se aparecer algum mala francês metido a besta mais bonito que eu, educado, elegante, charmoso, rico... Você não vai me trocar por ele, vai?

— [risos] Não. Hesitarei, claro, mas não. [risos] Você é o meu amor, eu não vou trocar você por ninguém nesse mundo, seu jumento.

— Eu sei. Era só pra ouvir de você mesmo. – ele ri também. O casal está com lágrimas nos olhos.

— Ah, então se eu soubesse, eu nem teria falado isso. – eles se beijam – Agora você me troca por qualquer água de salsicha, não é?

— Ja troquei. Mas descobri que nenhuma água de salsicha chega perto de suas esmeraldas.

— Ah, isso eu sempre soube...

— Ta bom, agora vou ligar pra Valquíria comprar uma passagem pra mim.

— Pra onde você vai?

— Pra Genebra, ué. Não vou aguentar ficar longe de você.

— Ah, meu Deus... – ela ri e o abraça – Que dó do meu marido! Tadinho, vai ficar sozinho no Rio de Janeiro, com um monte de mulher louca de desejo por ele... Coitado.

— Eu não quero elas, eu quero você. – ele beija seu pescoço, a fazendo se arrepiar.

— Eu to aqui. – um beijo apaixonado esquenta a noite fria, quando ouvem um toque na porta.

— Entre.

— Aí, coroas... Eu posso sair com a Du?

— Pode, meu querido. Os meninos já comeram? – a Imperatriz pergunta.

— Já. Eles estão pronto pra dormir, mas tão dizendo que tão sem sono. To esperando a Du fazer eles dormirem. Mas aí, cês tavam chorando?

— [ risos ] Você acredita que sua mãe não quer voltar para o Brasil?

— Qual é, coroa? – ele olha pra mãe – Nós estávamos crendo que você ia voltar pra casa, agora que se acertou com o pai.

— Depois a gente conversa sobre isso, filho. Agora deixa eu ir lá com a Du.

No quarto de hóspedes...

— Ainda estão acordados?

— A gente não quer dormir, vó.

— Então vamos assistir um filme no quarto da vovó?

Eles se levantam da cama, e zoam da mãe. Depois, correm pro quarto da avó.

— Podem ir se divertir, lek. Como vocês dizem: caiam na night. – a nora ri e agradece a sogra. Vão, abraçadas, ao encontro dos maridos.

— Pronto, vamos assistir um filme com eles.

— Nós já escolhemos, vovó.

— Ótimo! Então deitem logo aí, vamos.

As crianças se deitam no meio dos avós. No fim do filme, Maria Marta e os netos já estavam dormindo. José Alfredo sorriu ao se deparar com a cena, lembrou de quando eram jovens e não tinham problemas, passavam noites a fio assim, com os filhos. Beijou a cabeça dos netos, deu um selinho na mulher, pensou em levar as crianças para o outro quarto, mas desistiu e dormiu.

No meio da noite, Marta acorda Zé. Ele se assusta, mas logo se acalma perguntando o que ela queria.

— A Martinha ta quente, Zé. E ta nevando lá fora. Acho que ela ta com febre.

— Eu te ajudo. Você tem algum remédio aqui?

— Sim, tem uma caixinha de primeiros socorros aqui no meu closet, pegue o termômetro. O remédio para criança está na da dispensa, por favor.

Depois de constatarem que a menina estava com febre e a medicarem, saíram do quarto. Estavam na sala, olhando a madrugada de Genebra pela janela, abraçados, quando Marta sorri.

— O que foi?

— A sua preocupação... Você nunca estava em casa quando os meninos adoeciam, eu sempre me virava sozinha.

— Fiquei preocupado mesmo, não sou acostumado com criança doente. Verdade, não lembro de ter visto algum dos meninos assim. Desculpa. Ainda bem que eu arranjei uma mulher muito competente pra ser mãe dos meus filhos.

— Ah, ainda bem que você sabe... Afinal, o que seria de você sem mim, hein?

— Nada. Eu sei que nada. – a mulher sorri e acaricia seu rosto. – Vamos pro Brasil, Marta. Por favor. – ela se distancia do marido.

— Para, Zé, que coisa!

— Tudo bem, desculpa. Vamos dormir que ta tarde.


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Notas finais do capítulo

E aí? Me digam o que acharam, hein?! Prometo que não demorarei com o próximo. :)



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