Touch, Feel, Use escrita por laah-way


Capítulo 4
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

obrigada por terem lido.



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- Ok, definitivamente a noite foi maravilhosa. - Leonard disse, vendo que eu chegava em casa àquela hora e eu ri.
- Foi sim.
- Definitivamente. Faz tempo que não vejo esse sorriso lindo em você, nem você chegando de uma noitada dizendo que foi boa. Quem é o cara?
Eu nem tinha percebido que estava sorrindo. Bom, não adiantava mentir para Leonard, ele me conhecia como a palma da mão.
- Richard Clark.
Leonard ficou alguns segundos pensando, olhando para o nada, mas chegou a uma conclusão.
- Não o conheço. Como ele é?
- Nossa, ele é lindo. Ele parece um latino, sabe? Um mexicano, ou coisa assim. – Pude ver o sorriso se formando no rosto de meu melhor amigo. – Ele é bem moreno, com olhos verdes, e o cabelo liso, preto, acho que na altura do queixo, mais ou menos.
- Um verdadeiro deus grego.
- Isso. Até agora não sei como ele foi parar do meu lado.
- Mas e aí... Ele é bom de cama?
Eu gargalhei e olhei para Leonard, deslumbrada, como se isso fosse a melhor parte de tudo.
- Eu não sei. – Observei-o me olhar confuso, sem entender minha declaração. – Eu não sei!
Coloquei a mão na testa e desatei a rir, como se ainda não estivesse acreditando, e porque aquilo soava tão ridículo...
- O que você quer dizer, Carol?
- O que eu quero dizer? É que aquele louco maravilhoso me pagou por uma noite, ou melhor, acho que não passou nem uma hora, mas enfim, Richard me pagou 500 euros por uma hora de uma conversa deliciosa num hotel, tomando vinho.
Leonard riu, mas seu riso parecia nervoso.
- Louco.
- Definitivamente, mas me diverti muito essa noite.
- Imagino. – Ele não sorria, parecia preocupado.
- O que há, meu bem? – Levei uma mão até seu rosto e acariciei-o suavemente.
- Nada. – Ele voltou a sorrir – Alguns problemas por aí.
- Quer conversar?
- Não precisa. Quero que você vá dormir, descanse da sua noite agitada e amanhã conversamos, sim?
- Tudo bem, meu anjo. Vou dormir mesmo, amanhã Richard vai me ligar para sairmos novamente.
- Boa noite.
Levantei-me e mandei um beijo pelo ar para Leonard, que sorria. Por algum motivo desconhecido, eu estava ansiosa.
-x-
Era quase dez horas da noite. E Leonard não desgrudava do telefone, com um copo com água na mão. Cruzei os braços e fiquei com a cara emburrada enquanto balançava a perna, sentada no sofá, impaciente.
- Mas olha, vou ter que desligar, Carol quer usar o telefone. Ok, beijos, tchau. – Leonard desligou, e olhou pra mim, irritado. – Sabe o que você parece? Uma adolescente. Desesperada, que quer saber se o cara que ela transou ontem vai ligar pra chamá-la pra sair de novo.
Mostrei a língua para Leonard, sem mudar a expressão.
- Desculpa! Com essa atitude super madura agora, percebi meu lapso: pré-adolescente! Foi isso que eu quis dizer.
- Não enche, Leonard.
- Boa sorte com seu namoradinho. – Leonard apontou para o telefone, com a mão que segurava o copo, mas nesse exato momento, o telefone tocou.
Levantei as sobrancelhas, vitoriosa, e atendi.
- Alô?
- Carol? É o Richard.
- Oi Richard. – Não me preocupei em disfarçar a alegria em minha voz.
- Tentei ligar mais cedo, mas a linha estava ocupada.
- Ah, foi? – Lancei um olhar fulminante para Leonard, que ainda continuava ali parado. Ele entendeu meu recado, e levantou as duas mãos, como em sinal de rendimento, e se virou, indo para o quarto. – É que meu amigo estava no telefone.
- Entendo. Mas e aí, vamos sair?
- Claro. Aonde?
- Pode ser no mesmo hotel de ontem?
Não vou mentir, isso me desapontou um pouco. Até porque, se ele não queria me tocar, porque precisávamos nos encontrar em quartos de hotéis? Porque não podíamos sair para comer ou qualquer outro lugar, só para jogar conversa fora? Mas eu sou uma boa atriz, devo destacar.
- Tudo bem.
- Já vou ligar pra fazer a reserva. Acho que em meia hora estou lá.
- Combinado então.
- Certo. Até mais tarde.
- Até.
-x-
Richard estava absurdamente lindo. Com uma camisa social de mangas curtas, branca de listras pretas, com os três primeiros botões abertos, dando-me uma bela visão de seu peitoral definido. Ele estava de jeans, e o cabelo como o habitual, mas um pouco desarrumado. Chegamos ao quarto e eu me deitei na cama, na lateral, com as pernas para fora, de costas e fiquei alguns segundos mirando o teto. Ouvi Richard ligar a TV do quarto e mudar o canal para um de música romântica. Eu ri.
- O que vamos fazer hoje?
Richard jogou-se na cama também, ao meu lado, mas ao contrário de mim, com a barriga voltada para o colchão, apoiando-se nos dois cotovelos.
- Conversar. E dançar, se você quiser.
Ajeitei-me na cama, virando-me de lado, olhando para ele. Meneei a cabeça negativamente.
- Conversar.
- Ok. – Ele sorriu. – De onde você é?
- America, baby. – Richard riu. – Carolina do Norte. E você?
Richard olhou pra mim, levantando as sobrancelhas, como se tivesse descoberto algo. Bom, na verdade ele não tinha descoberto, ele tinha entendido o porquê de meu pseudônimo ser Carolina.
- Minha mãe era brasileira, meu pai era canadense, nasci nos Estados Unidos e moro em Amsterdã.
Acabei soltando uma gargalhada.
- Não sei ao certo dizer de onde vim.
- Entendo, entendo.
- Ah. Hoje você disse que seu amigo estava no telefone, mais cedo, lembra? Você mora com quem?
- Ah sim, moro com Leonard Jones. Meu melhor amigo.
- Sei, sei. Ele é hetero?
- Porque a pergunta? – Não pude evitar um sorriso.
- Não sei, mas não é comum dois amigos do sexo oposto, heterossexuais, morarem juntos sem que haja uma conotação sexual nisso tudo.
- Quer saber se eu transo com Leonard? – Eu disse, fingindo indignação.
- Perguntei se ele era heterossexual.
Olhei fixamente em seus olhos por alguns segundos, séria, mas acabei rindo.
- Não.
- E eu estava certo novamente. – Ele deu um sorriso maravilhoso, ainda me olhando.
- Agora eu quero fazer uma pergunta. – Sentei-me na cama, cruzando as pernas.
- Fala.
- Você... Me acha atraente? – Perguntei, com um pouco de vergonha.
Richard me olhou como se a resposta daquilo fosse óbvia.
- É claro que sim, Carolina. Lógico, quem seria o idiota de não achar?
Comprimi um sorriso.
- Não sei, eu só não entendi por que... Sabe, porque você não quer me tocar. – Apressei-me em consertar, para evitar mal entendidos. – Não que eu queira, ou esteja cobrando, sabe? É que é uma atitude estranha, inesperada.
Richard sentou-se de frente para mim, e começou a acariciar meu rosto, do mesmo modo que eu tinha feito mais cedo, com Leonard. Então ele chegou bem perto e sorriu.
- Justamente por isso, Carol. Por você ser tão linda. – Seus olhos passeavam por toda a extensão de meu rosto e terminavam em minha boca. – Não vou mentir, eu quero você. Mas não desse jeito. Não assim.
Richard aproximou seu rosto do meu o suficiente para que nossas respirações se cruzassem. Senti seu hálito quente em meu rosto, enquanto meus olhos focalizavam apenas sua boca. Entreabri levemente os lábios, sentindo meu corpo ansiar pelo dele. Lutando contra o desejo de passar meus braços em volta de seu pescoço e beijá-lo, fiquei ali, parada.
Quando nossas bocas estavam a pouco mais de dois ou três centímetros de distância, Richard suspirou, encostando apenas sua testa na minha, mantendo uma distância segura de nossos lábios. Estávamos ambos com os olhos fechados, enquanto a mão dele ainda acariciava meu rosto. Aquele beijo não iria acontecer.
Mas devido à proximidade de Richard ali, a poucos centímetros de mim, senti uma coisa que eu nunca havia sentido. Não por esse motivo, pelo menos. Foi inesperado, diferente, e me assustou um pouco. Mas aconteceu: meu coração bateu mais forte. Ele definitivamente, saltou. Sem contar com aquela sensação estranha, aquele frio na barriga, aquelas borboletas no estômago...
E eu não fazia idéia de que a partir daquele dia, e apenas para aquele homem, essas sensações seriam constantes em minha vida.

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Notas finais do capítulo

É teve um errinho básico ali em cima, acabei chamando Leonard de Richard sem querer ): Mas já corrigi, obrigadinha à brancapreta e guriosam pelo toque, haha :* beijinhos.
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