Touch, Feel, Use escrita por laah-way


Capítulo 16
Capítulo XVI


Notas iniciais do capítulo

penúltimo capítulo! desculpem a demora ): mas here it is!



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Depois de alguns dias esperando ansiosamente pela resposta de Richard e só obtendo o silêncio, eu comecei a perder as esperanças. Eu não tinha coragem de cobrar nem de insistir, então eu só esperava.  Semanas se passaram e, quando essas semanas transformaram-se em meses, eu realmente tinha desistido. Já não pensava mais nisso, mas não que de alguma forma isso me deixasse triste, não. O que eu mais queria eu já tinha única e exclusivamente para mim, então nada mais realmente importava.

Eu estava no meu quarto, às dez da manhã, sentada na cama, lendo alguma coisa quando alguém bateu na porta. Leonard, pensei.

– Pode entrar.

A porta abriu-se e eu levantei os olhos do livro.

– Richard? – Sentei-me na cama e sorri, olhando aquele homem moreno entrar em meu quarto. Ele trazia algo atrás de si.

– Como você está, meu amor? – Ele perguntou, aproximando-se.

– Melhor agora.

Ele se inclinou, apoiando as duas mãos na cama e me beijando. Então se sentou na minha frente, de lado, com as pernas para fora da cama e me entregou uma caixa pequena envolta por um papel laminado branco com um laço vermelho em cima.

– Feliz aniversário, Carolina Johnson.

Sorri e, inclinando-me, beijei-o mais uma vez.

– Pensei que não fosse lembrar.

– Assim você me insulta. – Ele disse, sorrindo, fingindo ultraje.

– Obrigada, amor.

– Mas você nem abriu.

Fiz uma careta e desfiz o laço da pequena caixa, que cabia na palma da minha mão. Abri e confesso que dei motivos de sobra para que fizessem piadas comparando a cor de meu cabelo à minha inteligência. Eu deveria ter entendido assim que vi, mas ele precisou me explicar.

– Uma chave? Chave de quê? Do seu coração? – Brinquei, rindo.

Ele me olhou com um meio sorriso nos lábios, incrédulo por eu não ter entendido. Ficou assim me olhando por alguns segundos, até que estalei os dedos na frente de seus olhos, o sorriso sumindo do meu rosto.

– Richard, querido? Quer me explicar agora o que é isso?

Ele suspirou, como se fosse perder toda a magia se ele tivesse que explicar.

– É a chave da nossa casa, amor.

Minha boca abriu-se e meus olhos se arregalaram. Eu não podia acreditar.

– Como é?

– Não lembra o que você me propôs? Estive trabalhando nisso durante todo esse tempo. Já está tudo certo. Comprei uma casa linda para nós. Não muito grande, mas não há necessidade, certo? E adivinha? Comprei bem perto daquele campo de flores que fomos visitar há um tempo.  É isolado, no campo, mas fica bem perto da cidade, quando precisarmos. – Vendo que eu continuava com a mesma expressão, seu rosto e sua voz assumiram um tom preocupado. – Mas se você não gostar...

– Eu amei. – Apressei-me em dizer, ouvindo minha voz falhar, e senti que meus olhos já se enchiam de lágrimas.

Richard sorriu e eu praticamente joguei-me contra ele. Fiquei de joelhos na cama e beijei-o com paixão enquanto segurava seu cabelo com força. Ele segurou minha cintura e me puxou para mais perto. Em dois segundos, Richard já estava deitado em minha cama, enquanto eu o beijava, por cima dele.

– Por favor, fechem a porta para fazerem suas intimidades. – Ouvi Leonard reclamar. Levantei o rosto e comecei a rir, assim como Richard.

Leonard fechou a porta, e eu voltei a olhar para baixo, para Richard. Segurei seu rosto e, com nossos rostos separados apenas por alguns centímetros, olhei-o nos olhos e sussurrei:

– Sou a mulher mais feliz do mundo.

Ele sorriu.

– Esse é o meu objetivo.

Beijei-o mais uma vez e deixei meu corpo cair ao seu lado, mas sem parar de olhá-lo.

– Eu te amo demais, Richard. Queria poder te fazer sentir como eu me sinto.

Ele pegou minha mão e a beijou.

– Estar ao seu lado também me faz o homem mais feliz do mundo.

– Verdade?

– Sim. – Ele virou-se de lado, segurou minha cintura e mais uma vez puxou-me para perto, colando nossos lábios. – Feliz aniversário, amor.

(...)

Em quinze dias estávamos nos mudando. Tudo já estava pronto na nossa casa, Richard tinha providenciado todas as coisas. Eu demorei um bocado para contar para Leonard. Confesso que todo o problema era a falta de coragem. Até porque foram cinco anos, não cinco dias. Quando contei, sua decepção foi evidente. Ele ficou bem triste, mas deu o seu melhor para fingir que estava feliz por mim e dar o seu apoio. Eu também estava um pouco triste, é claro... Mas, como eu mesma disse, ele podia visitar-nos sempre que quisesse! Nossa ida à cidade é que ia ser mais rara... Para todos os efeitos Richard tinha ido morar em um lugar afastado, sozinho, onde pudesse recuperar-se da morte da família, e manteríamos essa mentira por certo tempo para não levantar suspeitas para a família dele, nem para a de Diana.

Fiquei ansiosa enquanto estávamos no carro e quando finalmente cheguei à casa... Estava deslumbrada.  Era uma casa pequena com primeiro andar, rodeada apenas por terrenos. O campo de flores ficava uma rua depois, assim como a pousada em que eu e Richard tínhamos ficado no dia que tínhamos vindo aqui. Por fora, era completamente simples. Um pequeno jardim na parte da frente, dois pequenos degraus para chegar às duas portas, que revelava um ambiente completamente diferente do que o exterior rústico passava a impressão. Era bem moderna por dentro. Uma pequena sala de estar com poucos móveis, apenas um móvel com a televisão, o home theater e vários DVD’s e CD’s, um tapete e um sofá. Mais adiante a sala de jantar, com uma mesa de vidro com quatro cadeiras. À esquerda, um banheiro social e à direita, a cozinha, completamente moderna e espaçosa, um balcão de mármore e duas cadeiras imitando um bar. Ao fundo uma escada estreita que levava ao primeiro andar, que abrigava apenas uma suíte grande e outro quarto bem pequeno. A suíte tinha uma cama de casal enorme, com dois abajures de cada lado, presos à parede. À direita, um pequeno camarim e o guarda-roupa, e à esquerda, o banheiro. O banheiro também era grande, tinha até banheira.  O outro quarto permanecia sem móveis.

Depois de me levar para fazer um tour pela nossa nova casa, voltamos para a sala de jantar, onde Richard soltou minha mão e disse:

– Então é isso. Eu espero que goste.

Eu continuava sorrindo como uma criança, abobalhada.

– Não precisava de tudo isso.

– Esforcei-me para te dar o melhor, Carol.

Levei um dedo até seus lábios, fazendo com que ele se calasse. Aproximei-me dele e sussurrei em seu ouvido:

– Jennifer.

Ele me olhou, franzindo as sobrancelhas, sem entender o que eu queria dizer. Revirei os olhos.

– Não lembra? Em nossos primeiros encontros? Quando eu disse que Carolina não era meu nome verdadeiro?

A expressão de Richard mudou, ele parecia assustado. Então sorriu. Repetiu meu nome duas vezes, como que saboreando, ou testando como soava, como era chamar-me por meu verdadeiro nome.

Não era questão de confiança. Não era como se eu só confiasse em Richard agora.  Eu poderia ter contado em nossa primeira noite juntos. Mas agora era uma coisa tão mais sólida, tão mais segura... Eu faria qualquer coisa por ele. Não era justo que ele não soubesse meu verdadeiro nome.

– Quem mais sabe disso?

– Daqui, só Leonard.

– E porque ele não te chamava assim?

– Não sei, nunca chamou. Desde que eu adotei “Carolina”, ele foi se adaptando e preferiu me chamar assim.

– E você prefere que eu te chame como?

– De Jennifer. A Carolina, prostituta, ficou para trás.

Ele sorriu e me beijou.

– Entendo, amor.

(...)

 Passaram-se dois meses. Eu estava vivendo um conto de fadas, absoluta e verdadeiramente feliz. Nossas vidas simplesmente se desenrolavam, e a cada dia parecia que nosso amor só se solidificava. Pensava que nada, absolutamente nada nem ninguém poderia roubar minha felicidade agora. Não fazia idéia do quanto estava errada.

Eu estava voltando das compras, e quando estacionei o carro em frente à minha casa outro carro que outrora estava parado ali arrancava e ia embora.  Olhei a placa, que me era absurdamente familiar, mas não consegui ligar a ninguém. Perguntei-me quem seria, mas dei de ombros. Saí do carro, peguei as sacolas e entrei em casa. Coloquei as compras e a chave do carro em cima da mesa na sala de jantar, tirei os óculos escuros e fui até a cozinha, sentando em uma das cadeiras do mini bar, sorrindo. Richard estava de costas para mim, preparando algum suco.

– Oi, amor. Tinha alguém aqui?

Richard não respondeu e eu comecei a achar estranho.

– Amor? Está tudo bem?

Ele virou-se e colocou o copo de vidro com tanta força em cima do balcão que pensei que fosse quebrar, mas não aconteceu. Richard estava transtornado.

Então ele me olhou. Suas mãos tremiam, e só aí percebi que todo o seu corpo também. Sua expressão era amedrontadora.

E eu não fazia idéia do que tamanho ódio naqueles olhos queria dizer.


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Notas finais do capítulo

Espeeero que gostem, só falta mais um e the end D: reviews? ♥