Touch, Feel, Use escrita por laah-way


Capítulo 1
Capítulo I


Notas iniciais do capítulo

Bom gente, essa é minha terceira fic por aqui, e o estilo é um pouco diferente, então não sei se vão gostar. Só espero que, se gostarem, deixem reviews, assim eu continuo escrevendo ou não.
Beijos!



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Eu sentia seu corpo pesando sobre o meu, enquanto ele fazia carícias em meu pescoço, e eu fingia sentir prazer. Eu passava minha mão por suas costas ferozmente, fazendo pequenos arranhões com as unhas, enquanto explorava com a outra, cada centímetro de seu corpo. Podia ouvi-lo sussurrando:

- Je T’aime...

Je T’aime é a puta que pariu, pensei. Até que finalmente, ele saiu de cima de mim, deitando-se ao meu lado e me encarando. Eu não estava a fim de conversa pós – sexo como “Foi bom pra você?”, então, sorri forçadamente e beijei seus lábios. Acariciei seu rosto e me levantei, colocando um roupão de seda que se encontrava numa cadeira ao lado da cama e me dirigindo para a varanda do quarto do hotel. No caminho, passei por minha bolsa e peguei um cigarro e uma caixa de fósforos. Fiquei olhando o céu estrelado de Amsterdam enquanto o acendia e dava uma longa tragada.
Eu tinha 25 anos. Eu era uma prostituta. Não uma prostituta de esquina, que você acha por aí, e sim uma “puta de luxo”, como costumavam me chamar. Eu saía com os caras da alta sociedade, aqueles que tinham dinheiro. Aqueles que me pagavam não por uma noite apenas, mas por três ou quatro dias. Eu saía com eles, ia a festas, bailes, me passava por uma verdadeira dama. Alguns sabiam quem eu era, claro, outros nem desconfiavam. Mais da metade de meus clientes eram casados. Eu não saía com todos. Eu os analisava atentamente: os modos, o cartão de crédito, os traços, se ele era bonito ou não, e aí eu decidia se sairia com o cara.

- Carolina...

Olivier se aproximou de mim, meu roupão havia escorregado deixando meu ombro nu, ele o beijou e me entregou uma taça de champagne. O sotaque francês dele, que outrora eu havia achado lindo, estava me dando nos nervos. Já fazia três dias que eu saía com ele. Quatro dias era o máximo para mim. Nunca havia passado disso e nem passaria, afinal de contas, eu era uma profissional.

- Vou te ver amanhã?

Suspirei, como se fosse um fardo ter que dizer aquilo novamente. E realmente era.

- Já faz três dias, Olivier. Esse foi nosso acordo.
- Mas Carolina... – Ele acariciou meu rosto. – Vous êtes très belle. Vamos embora. Eu posso te dar um futuro brilhante. Você não vai precisar fazer mais isso, vai ter dinheiro, uma casa enorme, farei todas as suas vontades, te darei presentes, roupas... podemos morar na França, sim? Ou onde você quiser. Seja minha esposa...

Delicadamente encostei meu dedo indicador em seus lábios fazendo-o se calar. Ele silenciou e olhou em meus olhos. Sorri e carinhosamente toquei nossos lábios. Joguei o cigarro pela varanda e andei em direção ao banheiro.

- Deixe o dinheiro no criado-mudo. – Virei-me, e ele me olhava como se não acreditasse no que ouvia, como se dissesse “Eu ofereço tudo a ela, e ela recusa?” – Não quero te ver quando sair do banheiro, Olivier. Espero que estejamos entendidos.

Entrei no banheiro, irritada. Se eu recebesse 100 euros por toda vez que ouvisse aquilo. No primeiro dia que saí com Olivier, percebi que ele era do tipo que ia se apaixonar e ia fazer isso. Ah, como eu odiava clientes que se apegavam. Tomei um banho rápido e ainda enrolada na toalha, fui para frente do espelho. Prendi meu longo cabelo loiro em um rabo de cavalo e fiquei me olhando por algum tempo. Olhos verdes. Cabelo naturalmente loiro - embora muitas invejosas espalhassem por aí que eu pintava o cabelo - levemente ondulado, que chegavam à metade das costas. Pele alva e delicada. Quase uma boneca. Bom, eu era a prova viva de que as aparências enganam. Sorri para mim mesma no espelho, colocando a franja -que insistia em cair sobre meu olho- atrás da orelha e saí do banheiro.
Olivier já tinha ido embora. Que bom, não queria ter que forçá-lo a fazer isso. Fui até o criado mudo e conferi o dinheiro: 1500 EUR, como planejado. Não que eu precisasse conferir, meus amantes costumavam ser honestos, era puro hábito mesmo. Olhei no relógio: 2:45AM. Eu não estava com sono, poderia muito bem sair por aí e arranjar outro amante – eu preferia chamá-los assim a chamá-los de “cliente” – mas eu não estava com saco. Agüentar um francês apaixonado por três dias, cansa.
Então coloquei minha calça jeans Levi’s e um corset (ou espartilho) overbust preto – afinal, eu tinha o direito de ter roupas caras, acha que eu gasto tanto dinheiro com o quê? –, me cobrindo com um sobretudo da mesma cor, calcei os sapatos e saí do hotel, pegando o primeiro táxi que apareceu na rua. Eu iria para casa, um apartamento grande, mas não tão luxuoso que eu dividia com meu melhor –e único- amigo gay, Leonard.

Eu não fazia idéia que em menos de 24 horas, minha vida viraria de cabeça pra baixo.

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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! E por favor, reviews?