The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 76
Capítulo 24 - Vendendo a Alma ao Diabo


Notas iniciais do capítulo

 
OLÁ, FOFAS! CONSEGUI!!! TAMBÉM COM TANTOS COMENTS MARAVILHOSOS E TODO ESSE APOIO, NÉ?
COMECEI A ESCREVER A ACHEI QUE NÃO IA DAR EM NADA, MAS QUANDO VI JÁ TINHA TERMINADO UM CAPÍTULO....
MENINAS... JÁ VOU AVISANDO... ESTÁ FORTE... MUITO FORTE! MAS ESPERO QUE GOSTEM E LÓGICO...
ESPERO PELOS REVIEWS, VIU?



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_ Não vá! – supliquei, acreditando que fosse capaz de fazê-lo mudar de idéia.

_ Ivy... – ele me afastou

_ Oh, Dorian, por favor... fique comigo, por favor... - comecei a chorar desesperadamente pedindo para que ele não fizesse aquilo comigo.

_ Pare, por f... pare...

_ Eu te darei o tempo que você precisar, eu farei qualquer coisa que me pedir... – chorei, implorei e me agachei até seus pés. Eu já estava no fundo do poço, não havia mais dignidade em mim; então, pateticamente esmolei por seu amor - o que você quiser! Só me dê uma chance! Uma chance para te mostrar o quanto eu te amo...

_ Ivy, não... – Dorian tentou me impedir, segurando meus braços ele tentava inutilmente evitar o suicídio total e inevitável do que restava da minha dignidade e auto-estima.

_ Eu sei que você não sente o mesmo por mim... – mas ainda havia mais, eu podia me humilhar ainda mais e eu não estava satisfeita. Não me bastava chegar até o fundo do poço, eu precisava bater de cara no chão, eu precisava tentar - isso não importa porque eu te amo e... e... meu amor será suficiente para nós dois, eu sei. Deixe-me tentar, Dorian, por favor... me dê... só... uma... chan...

_ Não faça isso... – ele pediu com rosto junto ao meu, por um momento achei ter visto indecisão em seu rosto. Dorian me afastava com as mãos, e sua boca pedia que eu parasse, mas seus olhos diziam outra coisa – Por favor... – ele me beijou a testa e então eu senti algo úmido escorrendo até o queixo e aquilo desceu o pescoço.

“Dorian estava chorando? Mas por que ele estaria chorando?”

_ Dorian? – chamei e ergui o rosto para me certificar. Ele foi mais rápido, se virou bruscamente e enquanto tentava se livrar de meus braços, eu perdi o equilíbrio e cai para trás. Isso não significava nada, eu sei. Ele nem chegou a me empurrar de verdade e, convenhamos eu nunca fui a rainha do equilíbrio.

_ Me... me... dês... Oh, Ivy! – ele corou, seus olhos umedeceram de imediato e seus braços balançaram sem controle.

Eu continuei sentada ali, sem entender direito o que havia acontecido; na verdade, para mim não havia acontecido nada demais. Dorian virou as costas para mim e se afastou ainda mais.

_ Dorian, isso... isso não foi nada... – tentei dizer e me levantei num segundo. Caminhei até onde ele estava para tocar-lhe as costas. Dorian dizia coisas sem sentido, murmurava coisas que eu não podia entender, sua voz estava abafada e seu rosto escondido entre as mãos. Ele se assustou com meu toque e num relance se virou de volta para mim; não falou nada, mas seu rosto tinha uma expressão incomum. O vermelho de seu rosto aumentou e seus olhos estatelados como de um felino derrubaram uma única lágrima. E a expressão que há poucos minutos atrás era de pura dor deu lugar a uma feição totalmente ensandecida – Dorian?

_ Já disse para você parar, não disse? – ele gritou entre os dentes. E agora não era só seu rosto que estava vermelho. Seus olhos, sua voz, tudo estava vermelho. Havia raiva. – Já disse que não te amo, mas você não entende, não é? Qual a parte de “você não faz o meu tipo” não ficou clara para você? O que terei que fazer para que você entenda a... a... repulsa que sinto por você? - por um período que me pareceu durar anos, fiquei quieta, tão quieta que quase pude ouvir o fluxo do sangue em minhas veias, tão quieta que em seguida... um som. A princípio era um rugido rouco que depois se transformou num rufar, como o rufar de um tambor, cada vez mais alto, tornando cada vez mais forte até me dar a impressão de não estar apenas atingindo minha audição, mas todos os meus sentidos, de estar penetrando em meus lábios e em meus dedos, na carne de minhas têmporas, em minhas veias. Contive-me porque entendi que o rufar vinha de meu próprio coração. Era meu coração se desfazendo enquanto Dorian declarava toda sua aversão contra mim – EU NÃO TE QUERO, Ivy! – disse pausadamente como se empurrasse cada silaba dentro do meu cérebro, burro e teimoso – Você não é mulher para mim! Eu não te quero, não te desejo. Você não desperta nada além de pena em mim. Veja só a situação em que você nos levou, humilhando-se dessa maneira, só me faz acreditar que você é ainda mais patética do que eu imaginava.

_ Dorian... – tentei chamar e pedir que ele parasse. Não suportava mais, mas ele ainda não tinha terminado.

_ Você não passa de uma menininha! É ingênua demais, simples demais... normal demais! E isso me irrita. Você me irrita! Cresça garota! Cresça e torne-se uma mulher de verdade. E só então volte a me procurar... quem sabe eu te queira então... – ele finalmente terminou.

E sem olhar para trás, sem nem mesmo um “adeus” ou um “cuide-se”, Dorian Gray partiu me deixando sozinha com a minha dor.

Então tudo acabou... e de repente faltava um pedaço, a saudade chegara, a angustia, arrependimento e depois a raiva. Tive vontade de morrer, e lamentei por isso. Mas nada mais podia ser feito. Tarde demais para sentir alguma coisa, para pensar em voltar.

Dorian não me ama e ponto.

Nem sei mais se foi culpa minha… talvez fosse. Falei demais que o amava, chegou a se tornar comum e sem sentimento. Ele não deu valor. Agira de forma errada ao demonstrar meu amor. Agora aqui estou, sozinha. Desejando morrer para parar de sofrer e desejando viver para tentar tê-lo. Nem sei mais o que faço da minha vida porque não consigo mais pensar nela, ele roubou cada pedaço do meu pensamento. Lembro do dia em que nos conhecemos. Lembro de quando ele me abraçou como ninguém jamais me abraçara. Podem se passar meses, anos e eu nunca esquecerei a sensação que tive com aquele abraço. Nunca o esquecerei, talvez o sentimento não continue o mesmo porque sei que não vamos ficar juntos de novo, mas...

“Damon...” chamei em pensamento. Só em pensamento porque já não tinha forças para dizer em voz alta e, de alguma forma eu sabia que ele estava por perto. “Damon...”

E então braços de pedra me envolveram e eu me senti sendo levantada. Fechei os olhos procurando algum lugar escuro para esconder a vergonha. Damon não disse nada, mas eu sabia que era ele, era o cheiro dele.

Ele me carregou por um bom tempo sem dizer nenhuma palavra. De olhos fechados, eu não tinha idéia para onde ele me levava, mas não me importava, contanto que fosse longe, o mais longe possível. E rápido. “Mais rápido!” pensei e Damon pareceu ouvir meus pensamentos e correu. Às vezes parecia até voar. O vento batendo no meu rosto, os passos rítmicos e regulares dele, aos poucos iam me acalmando. Eu estava agarrada em seu pescoço, meu rosto cravado em seu peito, e tão perto assim era impossível não notar que a respiração de Damon começava a acelerar.

_ Chegamos. – ele disse e me colocou de pé, abri os olhos e me dei conta que estávamos de volta à caverna. Eu fiquei gelada de medo, mas não podia falar nada e nem fazer nada. Eu estava nas mãos de Damon, literalmente.

Senti suas mãos cobrindo a minhas e a calma finalmente chegara. Era incrível o poder que ele tinha sobre mim, por mais que eu não quisesse admitir, havia algo em Damon que me atraía, me dava certa segurança. E acho que ele sabia disso; ele riu, mas não sarcástico como de costume, só um pequeno sorriso de contentamento.

_ Está na hora, Nosferatus...

_ E... e... eu...

_ Você me chamou.

_ Eu sei... mas...

_ Shhh... – ele disse colocando um dedo sobre minha boca - você sabe que só tem a ganhar... – suas mãos desceram meu rosto, então eu voltei a mim e sem pensar o abracei.

Sei que Damon não esperava essa reação de mim, pois ele ficou tenso de repente. Então, o abracei ainda mais forte e o senti relaxando. Seu corpo era quase caloroso, me lembrava a sensação de quando era criança, quando recebia o conforto de tia Maggie, uma sensação de alívio e segurança.

Ele encostou seus lábios sobre meu rosto de um jeito quase gracioso e íntimo que me fez pensar nos gestos de um amante. Saímos então daquele lugar, ele me segurava pelas mãos e liderava o caminho e, eu era incapaz de dizer uma só palavra usando a pouca inteligência que tinha no momento, totalmente anestesiada pela ansiedade do que estava por vir, perdi totalmente os sentidos.

Eu não sabia aonde iríamos como chegaríamos, e muito menos o que faríamos quando chegássemos. Eu me sentia incrivelmente vulnerável e demorou certo tempo para que eu me acostumasse com a  situação.

Quando chegamos perto do pequeno lago escondido dentro da caverna, Damon se virou aproximando-se de uma forma que somente Dorian havia feito até então.

_ Damon, o que vai acontecer?

_ Vou te transformar em mulher... – ele sussurrou no meu pescoço – Uma mulher de verdade – senti seus lábios se abrindo e então sua língua aqueceu minha pele ainda mais.

_ E... e... e então Dorian vai me aceitar?

_ Ele vai implorar por você, garota estúpida! – disse ainda mais sarcástico do que de costume, e encarando-me nos olhos ele me deitou apoiando minha cabeça sobre seu paletó, depois disse que seria rápido, que não doeria nada e que se relaxasse eu poderia até gostar. Eu ouvia suas palavras, mas de alguma forma elas não faziam sentido para mim. Tudo parecia tão surreal. - Temos um trato, então? – ele perguntou enquanto passava o braço pelas minhas costas e, seu braço parecia ter o peso de uma barra de ferro.

_ Um trato... – sussurrei.

Então, em um simples ato, ele me abraçou e encostou seu rosto sobre o meu, deslizando levemente e então o beijo aconteceu. Lembro-me que o movimento de seus lábios arrepiou todos os pêlos de meu corpo, enviando uma corrente de sensações através de mim. Damon, por outro lado, parecia estar distante; com os dedos ligeiramente curvados sob o meu queixo, seu polegar me acariciava levemente. Não havia sentimento, não havia carinho, somente um desejo estranho e crescente dentro de mim. O resultado foi que, em questão de minutos, eu estava paralisada pela fraqueza. Descobri que nem ao menos podia falar.

Vi que ele me olhava na escuridão, seus olhos negros realçavam a brancura de sua pele. Notei que seus lábios estavam rubros. Ele se curvou e novamente procurou minha boca. Mordiscou meu queixo e foi para minha jugular, senti que ele a apertou com os dentes. Eu fiquei parada, sentindo sua língua brincando na minha pele. Damon parecia passar a língua por todo meu pescoço sem sequer abrir os dentes. Suas mãos deslizaram as alças do meu vestido e eu me vi totalmente nua diante dele. Ele tirou a camisa num instante e voltou ao que estava fazendo no meu pescoço. Meu coração batia tão forte que era simplesmente impossível me concentrar no que estava acontecendo. Quando tirou os dentes da minha pele senti o pescoço queimar como se estivesse em brasa. Ele me olhava diretamente agora. E eu não consegui desviar o olhar. Ele puxou meu corpo sobre o seu e encaixou-se entre minhas pernas

_ E... e... espere... - senti o medo me tomando e tentei protestar, cerrei os olhos com mais força na esperança de apagar aquele momento. Eu precisava pensar, eu precisava de mais tempo! Minhas mãos caíram em cima das dele e tentei afastá-lo. Ágil e rápido, Damon prendeu ambas e logo me imobilizou pondo-se por cima de mim. Abri os olhos, aterrorizada e sem conseguir dizer nenhuma palavra. Senti ele me dominando aos poucos. Senti medo, é claro. Mas também excitação.  Ele segurou meus braços acima da cabeça e inclinou-se sob mim, beijou-me a testa, depois os olhos, e dirigiu-se à boca que eu prontamente afastei.

Em resposta ele deitou-se por cima de mim completamente, pressionando seu corpo contra o meu. Senti-o dominar cada pedaço meu, controlar cada movimento, prendendo minha respiração. Ele beijou meu pescoço mais uma vez, passou a língua de leve e então suas mãos correram até as minhas coxas e obrigando-me a afastá-las.

_ Tarde demais... – ele disse.

E então veio a dor, era dolorosamente dilacerante e parecia me invadir. Não, a sensação não era de estar sendo violada, violentada ou algo assim. Afinal, eu havia pedido por isso. Não havia violência, Damon apenas se impunha, se fazia presente. E sua presença era forte, sua força era grande. E mesmo assim, eu me sentia sendo invadida, dividida ao meio. Me lembrei de todas as vezes que sonhei com esse momento. Imaginei Dorian aqui, fazendo o que Damon estava fazendo com o meu corpo. Eu pensei e quis Dorian, abri os olhos e vi Damon. Ergui o queixo esperando o grito sair, mas não havia voz.

Ele aproximou seu corpo ainda mais, enquanto sua boca procurava novamente a minha, e mesmo mal conseguindo me mover, novamente eu o afastei. Então suas mãos subiram e agarraram meu rosto. Não pude fugir... os lábios dele encostaram nos meus como uma faísca. Senti somente o calor e, depois sua língua procurou a minha e eu quase desfaleci, senti todo o corpo tremer, acordar, senti uma onda de desejo, um calor.

Tentei procurar ar. A língua dele prendia meus pensamentos, meus movimentos. Num gesto repentino, ele se afastou e começou a desapertar as calças. Nesse instante eu me aproveitei, consegui me mover para longe dele, mas ele me agarrou em seguida e me puxou de volta. Sem me dar sequer uma chance para reagir, ele se lançou por cima de mim mais uma vez, beijou meu peito com uma sede imensa. Eu quis falar, tentei dizer não, mas já era tarde demais.

Tentou entrar, e eu voltei a fechar as pernas. Com as dele, abriu-as, e encostou-se ainda mais. Eu gemi numa súplica, e ele ficou encostado esperando... eu ofegante, tremia ainda mais, mas ele sentia o meu desejo. Aproximou a boca e então eu o beijei inesperadamente. Senti o sal em seu rosto, então notei que meu rosto estava úmido. Eu estava chorando. Damon se comoveu, abraçou-me, e eu me senti desmoronar por dentro. Agarrei-o com força e contive o choro, sustive a respiração. Ficamos assim, agarrados por muito tempo.

Dois ou três minutos se passaram e ele tornou a me beijar, havia ternura dessa vez. Damon, então suspirou profundamente se preparou para levantar quando eu o puxei. Involuntariamente meu corpo não quis deixá-lo ir, meu corpo tinha vontade própria e meus braços o puxaram de volta. Ele pareceu confuso e hesitou. Eu acariciei seus braços e costas.

_ De volta aos negócios, então? – num segundo, ele retomou os movimentos em cima de mim.

Eu gemia baixo enquanto sentia cada músculo de meu corpo se contraindo. Damon ficou parado por alguns minutos, os movimentos cessaram. Eu não sei por que, mas ele parecia estar refletindo, parecia estar me analisando. Naquele momento havia tanto calor, desejo, e receio, prazer. Mas eu me sentia frágil.

Damon parecia ouvir meus pensamentos. Ora, eu sei que ele podia me ouvir, pois passou  a mão no meu rosto delicadamente. Suspirei e o senti crescendo ainda mais dentro de mim. Ele aumentou o ritmo, começou a acelerar, e sua boca procurou novamente a minha. Apertando, mordendo, beijando. Soltei um grito de excitação e cravei as unhas em seus ombros, ele respondeu mordendo meu pescoço. Então, arqueei o corpo e o deixei entrar mais. Senti uma onda de prazer me invadindo, e ele aumentou a intensidade. Eu gemi mais alto e ele me dominou, tapou minha boca com a sua e, minhas pernas enrolaram-se em volta dele. Senti que ia explodir, senti que Damon queria explodir, então o deixei terminar.

E ele foi cada vez mais rápido, movendo a cintura num ritmo alucinante. Puxou minhas pernas para cima e eu gritei. Mais uma vez, eu tentei me esquivar, mas ele ia explodir a qualquer momento; eu quis reclamar, mas Damon me apertou o tórax com força, e me entreguei sem hesitar. Senti minhas pernas tremerem, senti o arrepio, suspirei, e pedi-lhe mais. E Damon me atendeu, os movimentos retornaram ainda mais rápidos, alucinantes e desesperados.  

Comecei a sentir uma sensação estranha, um prazer doentio e mesmo doendo não queria que ele parasse. Sentia minhas costas queimando, friccionadas contra o chão à medida que ele entrava em mim com mais força. De repente, Damon parou e avançou tão fundo que eu quase gritei de dor, mas ao olhar para ele vi que não deveria. Ele gemeu de forma estrangulada e seu corpo tremeu de forma violenta enquanto que eu sentia um calor invadir meu ventre como um jato.

Desabou em cima de mim e assim ficou por algum tempo. E confesso que gostei da sensação, mesmo um pouco sem ar. Cansado, ele se deitou do meu lado e me puxou para perto, pôs as mãos no meu peito e beijou-me o ombro, o cabelo, a orelha, apertou forte. Senti sua respiração ainda acelerada, e ouvi seu coração num ritmo louco. Me virei para encará-lo e me surpreendi quando percebi que seu rosto não correspondia o que sua pulsação me passava. Damon estava sério, parecia calmo e não havia expressão alguma em seu rosto. Depois, sem nada dizer ele se levantou e saiu de perto de mim; então, já completamente vestido, ele se virou e disse que eu precisava ir.

Olhei para baixo, havia sangue nas minhas pernas, fiquei apavorada. Por algum motivo, senti as lágrimas chegando, mas me contive e empurrei o soluço.

_ Agora vá para casa e quando chegar a hora, cobrarei sua parte no trato... – ele disse frio, como se finalizasse um negócio.

E esse foi o estopim. Desabei de vez e comecei a chorar descontroladamente, soluçava tanto que nem conseguia respirar. Me sentia imunda, burra. Garota estúpida mesmo, como Damon sempre dissera. Só uma estúpida para aceitar esse jogo idiota e doentio que só Damon, o próprio Diabo, poderia propor. Eu queria fugir, sair dali, mas minhas pernas doíam, minhas costas, meu corpo inteiro doía, minha alma doía.

_ Qual é o problema agora? – Damon perguntou irritado – Não era isso que você queria? Ser a mulher que seu Dorianzinho tanto quer? É demais para você?

_ C... c... cale... a... boca! – gritei, surpresa por finalmente ter encontrado minha voz – Me deixe em paz!

_ O que você está querendo dizer com isso? – ele gritou de volta, se aproximou e inclinou o corpo até que seu rosto estivesse a apenas alguns milímetros do meu – Vai voltar atrás, agora? Está dizendo que não vai cumprir sua parte no trato? – perguntou todo “empresário”, e havia ameaça em seus olhos.

_ Me deixe em paz!

_ Não até que você se comprometa a cumprir sua parte.

_ Já disse que vou... eu vou cumprir minha parte! – eu disse e me enrolei agarrando minhas pernas. O peito apertou, a garganta fechou. Meu corpo tremeu e se curvou, e as lágrimas continuaram me lavando ruidosamente, minha garganta parecia rasgar.

Subitamente, um estrondo, um barulho ainda mais alto do que o da tempestade que caia lá fora me assustou. Estava tão escuro dentro daquela caverna e, eu não pude ver nada, somente ouvi o som do que pareciam pedras caindo.

_ Garota estúpida! – chegou até meus ouvidos e eu me levantei. Me vesti e procurei pela saída. Tateando, tropeçando pelo caminho.

Quando a luz chegou iluminando meus pés, eu já estava de volta à areia. Olhei para o lado e vi que uma parte da entrada da caverna havia desmoronado, não pela chuva torrencial que caía ou pelos ventos violentos que vinham do mar, mas parecia que alguém havia dado um soco na parede de pedra e deixado um buraco de ódio marcado na rocha.

Caminhei durante horas sem qualquer rumo pela praia deserta e não consegui encontrar ninguém e nenhum sinal de vida. Avistei de longe o início da floresta que circundava a aldeia dos Quileuttes. “Mais um pouco” pensei e ouvi o barulho do vento e das ondas batendo num rochedo, pequenas pedras caindo na água. Pensei ter ouvido passos, então parei. Uma voz rouca, abafada e baixinha, dizia coisas incompreensíveis. Silêncio. O barulho das ondas batendo no rochedo tornava-se cada vez mais alto. E de novo a voz, muito baixa, quase inaudível. Parei. A voz continuou agora num tom mais alto, mas ainda incompreensível. Um longo silêncio. Passos se aproximaram, rítmicos, rápidos, pesados. Eu corri. Parei. Ouvi minha própria respiração, meu coração. Os passos se aproximaram e se afastaram.

Dor. E então escuridão.


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