The Swan Sisters Saga escrita por miaNKZW


Capítulo 70
Capítulo 18 - Novos Desejos




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Quando despertei, lembrei-me daquele homem macabro e olhei para os lados, me certificando que ele não estava mais ali. Suspirei aliviada quando me dei conta de que tudo não passara de um sonho. Levantei e abri a velha janela ruidosa, olhei para o céu e contemplei o brilho do sol. Um dia de sol, finalmente um lindo dia de sol em La Push. Era domingo e tudo que eu queria era brincar...

 

Eu me distraí por um segundo e de repente ele já não estava mais ao meu lado.

— Josh? – chamei ainda procurando por ele – Josh?

— Aqui em cima, sua tonta! – entre os galhos da copa densa Josh espreitava sorridente enquanto suas pernas e braços escalavam cada vez mais alto.

— Ok, Josh! Eu já entendi... você é rápido. – mesmo não querendo, eu admiti.

— Acho que não ouvi o que você disse Amy...

— Eu disse que você é rápido! – bufei.

— O mais rápido de toda La Push?

— Arran.

— Até mesmo mais rápido que você?

— Sim, Josh! Até mesmo mais que eu... – eu faria qualquer coisa para tirar aquele menino teimoso lá de cima – mais rápido do que Sean, Linus, Eli e até Travis... satisfeito, agora? Josh? Vamos lá, Josh? Está escurecendo e ficamos o dia todo fora, você sabe que Paul vai nos matar se nos atrasarmos pro jantar de novo. Josh?

Uma maçã imensa e vermelha caiu sobre minha cabeça.

— Ouch!! Joooooooooooooooosh!! – eu gritei enquanto ouvia a gargalhada dele lá em cima – Desça já daí, moleque! Ou você vai ver só...

— Você tinha que ver a sua cara!

— Josh!

— Ahn... peraí... acho que vi alguma coisa – houve alguns minutos de silêncio e então – Uau, Amy! Você não vai acreditar no tamanho dessa maçã, acho que é a maior que já em toda a minha vida!

 _ Ai, tá. Então pega logo e vamos embora, acho que tem uma tempestade se aproximando – e no minuto que eu disse isso, um trovão estourou alto fazendo clarear todo o céu até a cidade.

E foi nesse momento que eu notei pela primeira vez a enorme coruja branca nos observando. Ela era realmente imensa e mesmo voando há dois ou três quilômetros distantes, na parte proibida da floresta, ela ainda parecia anormalmente grande. Seus olhos de mármore ainda estavam fixos em mim quando suas asas se abriram alçando vôo em nossa direção.

— Josh? Acho melhor irmos agora... – alertei tensa, não precisava ser nenhum gênio para saber que havia alguma coisa estranha naquele animal – Josh? – olhei pra cima e vi Josh se esticando para alcançar a maçã na ponta mais distante do galho.

E então, tudo aconteceu muito rápido. Eu não sei como ela nos alcançou em tão pouco tempo, mas de repente a coruja branca estava atacando Josh, tentando cutucar sua cabeça e batendo as asas como se estivesse louca ou coisa assim. Josh se assustou, mas seu pequeno corpo ágil e habilidoso ainda estava firme sobre o galho, com uma das mãos Josh segurava avidamente sua tão desejada maçã enquanto a outra tentava espantar o animal raivoso.

— Xô! Xô!

— Josh! Largue essa droga de maçã e desça ago... – antes que eu pudesse terminar, vi Josh escorregando pelo tronco, seu corpo batendo nos galhos até cair no chão sob os pés da árvore – Jooooooooooooosh!

 

Ele estava vivo. Eu sabia que ele ainda estava vivo, seu peito inflava desesperadamente a procura do ar enquanto meus pés se esforçavam para alcançá-lo.

­_ Oh, Josh! Pelo amor de Deus, Josh! – eu gritei, esperando inocentemente que ele respondesse ao meu chamado como se ele o fizesse fosse um sinal de que ele estava bem – Josh?

Quando cheguei ao seu lado percebi uma pequena poça de sangue se formando sob seu corpo, Josh estava de bruços com o rosto virado para o chão e gemia muito como se estivesse se esforçando para não gritar.

— Josh, você está bem? – eu o segurei e tentei virar seu rosto.

— Ai...

— Oh, me desculpe. Você está bem?

— Eu... eu acho que sim, mas... – ele levantou o rosto, os olhos lacrimejados pelo susto – mas acho que quebrei alguma coisa.

— Deixe-me ver – eu disse ajudando-o a virar o corpo com cuidado.

Foi então que eu vi o branco do osso emergindo por entre a pele e músculos do antebraço de Josh, sangue manchando sua camiseta.

— Oh, meu Deus, Josh!

“Oh, tenha a santa paciência! Eu não posso me ausentar nem por um instante!” a voz rude voltou a me atormentar, “No que foi que você se meteu dessa vez?”.

— Nada! Eu não fiz nada!

— Eu sei que você não fez Amy! – Josh disse entre os dentes – Do que você está falando?

— Eu... eu... – olhei para todos os lados e procurei em vão pela origem daquela voz, mas eu sabia que ela estava dentro da minha cabeça, somente eu podia ouvi-la.

“Garota estúpida!”

— Pare com isso! – eu ordenei.

— Está doendo, Amy...

— Oh, me desculpe... eu vou... eu vou chamar alguém. Fique aqui, eu vou chamar Paul.

— Não! – Josh implorou aos prantos – Não vá... eu... eu...

— Josh, eu já volto – eu me abaixei novamente para assegurar que Josh visse a sinceridade em meus olhos – Vai ficar...

Foi então que um vento forte oriundo da tempestade que se aproximava soprou contra nós, trazendo o cheiro até mim antes que eu pudesse alcançar Josh novamente. Eu me detive; imóvel como uma pedra, eu tentava identificar as sensações que me dominavam. Ferroso, salutre e delicioso cheiro de sangue invadiu minhas narinas e fez minha garganta secar com a necessidade. Minha boca se encheu de água e meus olhos só enxergavam uma coisa: vermelho, o vermelho brilhante do sangue que escorria da ferida exposta no braço de Josh.

“Calma, calma... ainda não. Nós ainda precisamos dele.”

— Está doendo, Amy!

Meu coração disparou, minhas mãos tremeram e minha garganta ardeu. Eu conhecia aquele rosto cheio de dor, eu conhecia aquela voz vacilante pelo medo. E mais do que tudo, eu conhecia aquela sensação. Por algum motivo eu me lembrei que eu conhecia aquele desejo e quando ele me cegou, quando o rosto juvenil e gracioso de Josh sumiu e deu lugar ao rosto apavorado de uma presa eu soube, era sede. Minhas pernas se flexionaram e instintivamente meu corpo se curvou, minha boca se abriu e senti a vibração começando em meu peito.

“Ora, vamos... apenas acabe logo com isso então! Pensamos em alguma coisa depois.” A voz me incentivou e era a ordem que eu estava esperando. Senti meu coração quase pular do peito com a excitação. Foi então que uma mão firme segurou meu ombro, me distraindo por alguns instantes.

“Ah!!” ofegou a voz “garota estúpida!”.

— Mas o que... – eu gritei e me preparei para esmurrar o intrometido, mas então, eu vi seu rosto.

Eu não poderia acreditar em tamanha beleza se ele não estivesse bem diante dos meus olhos. Era o rosto mais lindo e perfeito que eu já havia visto. Olhos grandes, negros e profundos como as águas do alto mar. Cabelos lisos e igualmente escuros; jogados para trás, eles pendiam perfeitamente desalinhados sobre as maçãs de seu rosto, enfatizando ainda mais a beleza e a masculinidade de seu queixo pontudo e largo. Sua boca era a mais perfeita boca que já existiu, tenho certeza que até mesmo Narciso o invejaria. “A boca perfeita para se beijar...” eu pensei e senti a sede sendo substituída por outro desejo totalmente desconhecido até então.

“Oh, por Deus!” bufou a voz da minha cabeça uma última vez “Tenha a santa paciência...”.

Então a boca perfeita se abriu e dela saiu o mais belo som que eu já ouvira.

— O que vocês estão fazendo aqui no escuro? – ele perguntou gentilmente, franziu o cenho e seu rosto era pura preocupação - A tempestade está chegando! – o Deus Grego continuou se aproximando ainda mais – Venham, vou levá-los de volta a aldeia. – e então ele seguiu até Josh, examinou-o rapidamente e com a confiança de um paramédico ele o levantou – Vamos, garoto.

— Se... será que está quebrado? – Josh choramingou apontando para o braço, a boca perfeita soltou um “sim” baixinho e Josh murmurou – vô Paul vai me matar!

— Não se preocupe com isso agora, precisamos te levar para casa. – ele afirmou antes de se virar para mim – E você está bem? – perguntou, virando-se para mim e tocando minha bochecha.

Quando sua mão tocou a minha pele novamente um arrepio percorreu meu corpo e eu deixei escapar um gemido baixo enquanto imaginava coisas que não deveria imaginar, principalmente com estranhos que aparecem assim do nada. Ele riu, mas depois deixou um fio de preocupação percorrer seu semblante novamente. O olhar em seu rosto era comovente, havia cuidado sincero neles e isso me chocou. Eu corei e senti o pêlo do meu pescoço se eriçar a espera de alguma reação dele.

E me dei conta que estávamos parados olhando um para o outro como se não houvesse nada entre nós, sem tempestade, sem Josh, sede, sangue e nem mesmo pássaros loucos. Até que Josh soltou um leve gemido quebrando nosso transe. A tensão foi embora, mas tinha sido substituída por uma carga elétrica de antecipação. Minha pele praticamente zumbiu com isso. Minha mente não conseguia se concentrar em nada. Havia muita coisa nova acontecendo dentro de mim.

— Eu... eu... – ele disse piscando os olhos algumas vezes – Nós temos que ir – ele terminou ofegante, balançando a cabeça como se procurasse a razão.

Levantei e imediatamente senti minhas pernas bambas, talvez pelo susto de ver Josh caindo, talvez por causa da estranha coruja que nos atacara sem qualquer motivo aparente ou talvez por causa dele...

Abaixei meu rosto e tentei me concentrar em meus pés, a areia estava muito fria, o vento não dava trégua, mas eu precisava me manter de pé. Senti um leve toque em minhas costas e me virei bruscamente. Ele sorriu, mas deixou o sorriso esmaecer devagar.
— Você está bem?

— Ahan... – respondi com um sorriso fraco.

— Consegue caminhar? - seus lábios se curvaram num sorriso torto, tentador...

Assenti com a cabeça e quando vi seus olhos novamente focados nos meus, corei, virando meu rosto em direção as ondas.
— Ahn... ahan... – monossilábica, mordi meu lábio inferior, ele sorriu e seguimos de volta para casa de Paul.

 


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