As cores do meu mundo escrita por Lice Tribuzy


Capítulo 3
Pequenas felicidades




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Quando acordei no outro dia, não acreditava no que havia ocorrido. Pela manhã, acordei feliz como nunca. Vi o mundo com cores novas. Via o mundo como nunca havia visto. Sorria para tudo e todos. Não me magoava com nada. Nada neste mundo ou em qualquer outro poderia me deixar triste, nem mesmo a aula de química III, ou minha última aula que acabava de uma e meia da tarde. Meu dia escolar passou tão rapidamente que eu nem havia percebido. No intervalo, tive que dizer a minhas amigas que iria estudar, para conversar com Will por mensagem na biblioteca. Pode parecer bobagem, mas não queria contar a ninguém ainda o que havia entre nós. Nem mesmo a minha mãe. Não parecia a hora certa de contar. Sentia que tudo arruinaria se caso eu abrisse a boca, portanto mantive segredo.

Neste mesmo dia, segunda-feira, ás 16:00 horas recebi uma mensagem dele:

–Estou indo à padaria. Não quer vir conversar comigo nem que seja por alguns minutos?

Para ser sincera, não sei bem se queria. Digo, eu quero, mas não sei se deveria. Mas mesmo assim, deixo mais uma vez meu coração guiar-me:

–Estarei lá em alguns minutos. Mas não poderei demorar – envio a ele.

Digo para minha mãe que vou para lá dar uma lanchada e uma distraída na vida. Desta vez, tudo que precisava levar era dinheiro porque não precisava de mais nada para me distrair já tendo Will por lá.

Sentamo-nos na mesma mesa e rimos bastante, como se já nos conhecêssemos há muito tempo e não nos víamos há anos.

–Nunca perguntei, mas acho que devo saber de uma coisa – digo a ele.

–Pode perguntar. Mas só se você aceitar meu convite.

–Convite? Que tipo de convite?

–Garanto que vai gostar. Você confia em mim?

–Will... –digo desconfiada

–Elena... – diz ele.

–Você sabe como eu me sinto quanto a esses convites. Quer dizer, somos de realidades diferentes, Will.

–Confia em mim? –repete ele.

–Confio – respondo rendendo-me.

Ele me olha aguardando a confirmação sair de minhas próprias palavras

–Tudo bem, tudo bem. Eu aceito seu convite. Posso perguntar?

–Fique à vontade.

–Bom, você tem dezenove anos e dirige.

–Isso mesmo.

–O que você pretende fazer em seu futuro?

–Viver – responde ele.

Uma resposta curta e rápida, como se já esperasse por esta pergunta. Senti-me um pouco incomodada com a resposta. No fundo sabia que ele estava certo, mas não queria ouvir apenas isto.

–Não, eu não quis dizer isso. Quero saber o que mais você quer da vida.

–Sabe Elena, muita gente faz esta mesma pergunta para mim todos os dias faz muitos anos e tudo que sei responder é que o que eu mais anseio é poder viver. Não que eu não faça planos, não deseje coisas ou me esforce para alcançar certos objetivos, mas tudo que mais quero em primeiro lugar é poder viver. E viver bem. Quero dizer, não quero, nem muito menos preciso, de drogas para me divertir, beber até cair para esquecer problemas ou transar com todas para ser feliz. Quero viver bem, viver feliz. Nada mais. A vida é preciosa e prezo por isto. Acabei aprendendo com amigos que fiz, ou melhor, amigos que tinha, que a vida é a melhor coisa que temos e devemos desfrutar dela com sabedoria. Infelizmente, o que mais anseio no futuro, é poder viver.

–Você não está errado, Will. Apesar de só ter dezessete, compreendo seu pensamento e concordo plenamente com suas palavras.

–Bom, já que obteve sua resposta, você é obrigada a aceitar meu convite – diz ele quebrando o clima pesado que havia ficado depois de suas sábias palavras.

–Tudo bem. Que tipo de convite obrigatório é este?

–Você está convidada a aceitar o convite obrigatório de passar o dia todo comigo. E, quero conhecer sua mãe assim que possível. E também suas amigas. Principalmente suas amigas. Você poderá conhecer meus amigos também. Quer dizer, meu amigo. Se quiser. – diz ele sorrindo.

Acabo rindo também.

–O dia todo? Isto parece um pouco exagerado.

–Mas o que seria do futuro se não houvesse momentos exagerados no meio?

–Tem razão – digo rindo das atitudes dele – Passarei o sábado inteiro ao seu lado.

­–Maravilha – diz ele.

–Posso saber aonde iremos?

–Que tal a minha casa?

–Will!

–Tudo bem, tudo bem. Iremos ao shopping então. Só que você tem que me prometer que vai chamar suas amigas que eu prometo que chamarei meu amigo se você quiser.

–Combinado! –exclamo – levarei minhas duas amigas e você levará seu amigo. Sábado então?

–Com certeza! Marcado para sábado no shopping.

–A que horas? –pergunto querendo informar-me exatamente como seria nosso “encontro”.

–Ás 15 horas.

­–Perfeito. Vemo-nos lá então – digo estendendo a mão para que ele confirmasse o compromisso.

–Ei, eu quem convidei obrigatoriamente você a ir, não preciso confirmar com um aperto de mão algo que foi inventado por mim.

Mas eu continuo com a mão estendida para que ele a apertasse

–Está bem, mandona! –ele aperta e estamos combinados para nosso primeiro suposto encontro.

Volto para casa mais feliz que nunca. Não passamos muito tempo juntos, mas conversamos muito e no fim desta semana, estaremos nos encontrando novamente. No outro dia, quando acordo, continuo feliz. A cada dia que acordo, estou mais encantada com as cores que vejo.

Assim que chego à escola, corro para convidar minhas amigas para sairmos no sábado. Conto superficialmente a elas que irei sair com Will e com o amigo dele – o qual eu não faço ideia de quem seja. Elas surtam e sem excitar, aceitam o convite.

Espero ansiosamente então pelo sábado. Nunca em minha vida havia desejado tanto o final de semana quanto agora.

Passa quarta, passa quinta. Enfim é sexta. Ainda não é sábado, mas já está quase lá. Nesses dois dias não nos falamos muito. Disse a ele que deveríamos nos evitar um pouco, aguardando pelo nosso “encontro” no sábado. Mas de todo modo, nós não conseguimos ficar sem nos falarmos por completo. De vez em quando quebrávamos a regra.

Na sexta, separei um pouco da tarde para escolher a roupa que iria. Não pude chegar a nenhuma conclusão então decidi o básico. Nada melhor que uma boa calça jeans, uma sapatilha e uma blusa arrumadinha.

Deito enfim na cama e tento dormir, mas não consigo. Ele foi meu primeiro pensamento e também o meu último. Mal consegui dormir, pois amanhã era sábado. Era mais um dia. Amanhã não seria apenas mais um dia qualquer, mas seria o dia. Não tenho palavras para descrever como me sentia.

Depois de vários pensamentos. Depois de várias expectativas, acabo dormindo.

Sábado pela manhã, disse a minha mãe que sairia com uns amigos. Tentei fazer com que ela me deixasse faltar um dia de aula, mas não consegui. Como já havia dito antes, não posso ir contra minha mãe não importa o quão forte sejam meus argumentos. Chegando ao colégio fui confirmar com minhas amigas se elas realmente iriam. Sem excitar, elas gritaram que sim. Estavam bem ansiosas para conhecê-lo.

–Vocês irão adorá-lo, eu espero.

–Claro que vamos. Qualquer amigo seu, é nosso amigo também. –diz Clarice, uma de minhas amigas.

Clarice tem cabelos dourados e olhos castanhos. Sua altura não era exageradamente grande ou muito menos pequena. Possuía uma estatura boa. Ela é a “brigona” do grupo. Sempre soube exatamente o que dizer na hora certa.

–Se qualquer amigo seu é nosso amigo, quem dirá o menino que você está afim – diz Simone.

Simone era morena de cabelos castanhos cacheados. Estava sempre na moda. Sabia exatamente o que usar. Ela sempre nos deu ótimos conselhos sobre roupa. Juntas, fazíamos um ótimo grupo. Eu costumo aconselhar sobre garotos e problemas, Clarice ajudava-nos a sair dos problemas, o que dizer e como agir, já Simone sempre nos dizia o que deveríamos usar. Juntas, éramos uma só.

–Só não façam besteiras nem digam nada para ele que possa me envergonhar ou algo assim – digo.

–Nem se preocupe Elena – diz Clarice.

Logo em seguida, Simone repete:

–Isso mesmo. Nem se preocupe.

O dia então passa mais lerdo que nunca e como nunca, meu coração estava mais acelerado ainda. Cheguei em casa saltitando. Tomei meu banho cantando como nunca havia cantado. Pedi conselhos a Simone sobre a roupa. Estava tudo ocorrendo como o planejado.

–Elena, estarei no shopping em minutos. Aguardo você lá – recebo a mensagem de Will.

Sinto meu coração parar nem que seja por alguns milésimos. Seguro o grito histérico de felicidade. Para demonstrar a felicidade, meu corpo teve de dar uns pulinhos.

–Estarei lá também. E quanto a seu amigo? –envio a ele.

–Está aqui comigo. Suas amigas?

–Darei carona a elas. Já estão vindo para minha casa.

–Estou ansioso pala ver você, Elena.

–Estou ansiosa para conhecer seu amigo.

–Ei! Achei que eu fosse o principal.

–Vereemo-nos lá então.

Rapidamente vesti minha roupa e minutos depois, Clarice e Simone chegam. Clarice estava usando uma calça jeans, all star –como de costume –e uma blusa amarela, nada que saísse de seu padrão. Já Simone, uma saia, sapatilha e blusa preta na moda, como sempre.

Convido-as então para meu quarto para que possamos gritar juntas. Mostro a elas as mensagens. Surtamos juntas. Clarice arruma meu cabelo enquanto Simone retoca minha maquiagem. Depois de me arrumarem e ensaiarmos algumas situações, estamos prontas para irmos. Chamo meu pai rapidamente para que possamos ir.

–Já chegou? –pergunto a Will por mensagem.

–Sim. Estamos aguardando vocês na praça de alimentação.

Estou muito nervosa para andar. Muito nervosa para explicar, falar ou agir. Eu simplesmente não estava crendo no que acontecia. Sentia meu coração explodir, meu cérebro pirar e meu corpo derreter. Entramos ao shopping. Paro.

–O que houve, amiga? –pergunta Simone.

–Não posso.

–O que? Não pode o que? Se encontrar com o garoto dos seus sonhos? Olhar para o menino que você tanto anseia?

–Força, Elena. É claro que você consegue. Qual é, você enfrenta aquele inferno de colégio todos os dias. Aguenta aqueles professores mau-caráter. Respira fundo e vai em frente. –diz Clarice dando-me forças para continuar.

Estava quase rezando um terço de nervoso. Respirei fundo, controlei o nervosismo e segurei a felicidade. Segui em frente. Chegamos à praça de alimentação e lá estava Will e seu amigo. Não conseguia olhar para nada nem ninguém. Só ele.

–Elena! –exclama Will – Estava morrendo de vontade de ver você. Mal pude dormir pensando em ver você hoje. Não conseguia mais conter-me em não conversar com você por todos esses dias – diz ele abraçando-me forte e beijando meu rosto.

–Uau – sussurra Simone para Clarice.

Ela estava quase boquiaberta. Não sei ao certo dizer se era pelas atitudes dele, pelas minhas ou pela a aparência de Will. Ao ouvir aquilo, fui apresenta-las a ele.

–Will, estas são as minhas tão esperadas amigas. Clarice – digo apontando para ela.

–Oi, como vai? –diz Clarice.

–Muito prazer, Clarice – diz Will cumprimentando-a.

–E esta é Simone .

–Prazer em conhecê-la também, Simone. Bem, este é meu amigo.

O menino levanta da cadeira e sorri. Não posso acreditar.


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Notas finais do capítulo

Um pouco de suspense para apimentar...
PS.: Leiam e comentem sobre a história, não sejam leitores fantasmas!



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