As cores do meu mundo escrita por Lice Tribuzy


Capítulo 11
Eu te amo


Notas iniciais do capítulo

demorei, mas postei kkkk desculpa a demora, gente!!!



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Era segunda-feira, e para ser sincera, essa foi uma das melhores segundas-feiras que já tive. Tinha amigos importantes na minha vida, tinha uma família que me amava e o garoto que amo. Nada poderia estragar meu dia. A não ser a senhorita Cristina – a professora repugnante de matemática. Aquela mulher simplesmente vivia para estragar a vida dos estudantes, e hoje ela fez mais uma vez seu show de horror: trocou nossa aula de educação física – nossa única aula – para matemática. Nada contra matemática – eu até gosto – o problema é trocar a aula de educação física por matemática, é trocar bons momentos e conversas engraçadas com o senhor Edson – professor de educação física – por ela. Isso sim é tortura. Mas, com muito esforço, sobrevivi mais um dia escolar. Confesso que nada aconteceu durante todo meu dia. Principalmente porque fiz apenas o de costume: minha terrível e velha inimiga rotina que durou até quarta-feira ás três da tarde, quando meu celular toca. Largo meu livro de biologia sobre plantas e atendo. Era Will.

–Elena, se vista. Vamos sair.

–O que? –pergunto.

–Vamos sair.

–Mas eu estou estudando, Will. Estou na escola, lembra?

–Lembro. E eu estou na faculdade. Bom, agora que ambos sabemos o que o outro faz da vida, que tal você se vestir? Passo aí daqui a uns vinte minutos.

Dou uma pequena risada:

–Bom, tenho que ver se minha mãe deixa eu sair.

–Então pergunte logo.

–Por que a pressa? Onde vamos?

–A uma... praça, eu acho.

–Vai me levar em um lugar que nem sabe o que é?

–Bom, é que é meio difícil defini-lo, mas sei onde é, sei que é seguro e tudo mais.

–Não sei porque confio em você, William.

–Adoro quando fala isso.

–Eu sei disso.

Assim que desligamos o telefone, fui pedir a minha mãe para sair e sem excitar, sabendo que sairia com Will, ela deixa. Fui então me vestir. A verdade é que não sei bem que roupa eu devo vestir. Talvez uma saia... não sei. Na verdade não faço ideia do lugar aonde iremos. Decido enfim colocar uma calça, uma blusa de alça, um casaquinho e uma sandália que comprei há alguns meses.

–Madame –diz Will abrindo a porta para que eu possa entrar no carro.

–Muito grata, meu nobre senhor William.

–Prefiro “meu nobre amor, William”.

Rimos.

Andamos por alguns metros e talvez quilômetros de carro até chegarmos a uma espécie de campo. Havia várias árvores enormes e a maioria delas sendo pinheiros, com um amplo espaço de grama verde e logo a frente um lago. Aquela, confesso, foi a imagem mais linda que já vi na minha vida. O sol estava quase se pondo, então tudo estava iluminado de laranja natural.

Will tira do porta-malas um pano e uma cesta.

–O que é isso, Will?

–Vai ver, venha comigo. –diz ele puxando-me pela mão para entre as árvores.

Depois de alguns passos, chego a outro local. Estávamos rodeados de árvores e rochas. Podia ver o lago mais nitidamente, bem como o sol. Will estica o pano azul claro listrado sob a grama, tira duas almofadas brancas da cesta, coloca uma de cada lado e se senta. Logo depois, tira duas maçãs, uns sanduíches e uma garrafa de água.

–Venha. –diz ele estendendo a mão.

Sorrio.

Então lá estávamos nós, eu e ele, com carinho no peito e amor nos olhos sobre o pano azul em cima da grama mais verde que já vi. Logo afrente, o lago estava limpo, cheio e reluzente. O sol estava se pondo e a luz alaranjada abrangia tudo por ali. Naquele momento palavras já não eram necessárias. A natureza, as cores, já diziam tudo. Olhávamos um para o outro quando, com um ato de coragem, Will encosta sua mão à minha com suavidade. Sinto imediatamente minhas bochechas corarem e nossos olhos se cruzam novamente.

Por um momento, sinto o sol sobre meu rosto e logo ponho a mão em frente ao me rosto para que pudesse esconder-me.

–Não faça isso. Deixa o sol brilhar sobre seu rosto. Fica linda sob o por do sol, Elena – diz Will encostando sua mão a minha para que pudesse abaixá-la.

Sorrio abaixando lentamente minha mão. Nossos rostos vão se aproximando cada vez mais. Will já havia aberto sua boca e fechado seus olhos, preparando-se para o beijo. Estávamos quase nos beijando mesmo quando eu, por pura diversão e não poder me conter em fazer aquilo, pego rapidamente uma maçã e empurro em sua boca. Rio sem conseguir me conter. Will da uma mordida na maçã e sorri para mim. Aquele sorriso malicioso e adorável dele. Não aguardando muitas atitudes dele, fico ali, sentada apenas rindo, mas ele logo se levanta.

–Você vai ver só, senhorita! –diz ele.

Levanto-me também, ainda sem conter o riso.

–Vai ter que me pegar primeiro, majestade.

Estávamos correndo na grama verde, naquela tarde quase que totalmente escura, como duas crianças brincando de pega-pega. Até que paro em frente ao lago, aguardando-o. Ele me agarra pela cintura. Estávamos apenas vendo uma listra do sol que ia embora dando espaço para que a lua aparecesse.

Will beija meu rosto e eu fecho os olhos para aproveitar aquele momento, para sentir como se o resto do mundo não existisse. Tudo naquele momento resumia-se a nós, a natureza e agora a lua. Respiro fundo pelo nariz e solto o ar pela boca.

–Eu te amo. –digo olhando para Will. Pude ver os olhos deles completos de alegria.

–Eu também te amo muito – responde ele.

Então a noite, mais uma vez, era nossa. A lua refletia sobre o lago de uma maneira simples e inacreditavelmente maravilhosa.

Mais uma vez, sentindo ainda os braços de Will sobre meu corpo, olhando para ele, aproximamos nossos rostos. Nossas bocas já estavam levemente abertas, nossos olhos fechados para que pudéssemos deixar os sentimentos demonstrarem e nossas cabeças com uma leve inclinação. Segundo depois, assim quase sem perceber, nossos lábios se tocam. Pude sentir a língua dele por entre meus lábios e o amor que havia em mim sendo retribuído por ele. Desejava que aquele momento jamais acabasse.

Assim que nossos lábios se separaram, Will me olha com seus olhos azuis reluzentes sorrindo para mim.

–O que foi? –pergunto.

–O que? –pergunta ele sem entender.

Sorrio e levo minha mão ao rosto dele, para que ele parasse de me olhar daquela maneira.

–Por que você está me olhando? Sabe que não gosto. Por favor. Tenho vergonha. –digo ainda com a mão em seu rosto e desta vez virando o rosto para o lado – Odeio quando você faz isso.

Mesmo depois de dito isso, Will continua me olhando da mesma forma e sorrindo da mesma maneira, então eu tiro a mão de seu rosto.

–Odeio quando você faz isso! –digo encarando-o – odeio o modo como seus olhos me encaram, odeio o modo como sorri sem mostrar seus dentes, odeio a maneira como você me deixa brava, odeio o modo como me faz rir! –exclamo – Eu... eu... eu simplesmente odeio você.

Alguns segundos depois que Will me olhava, diz:

–Eu também te amo – foi o que ele conseguiu dizer andando para perto de mim e me abraçando. Fecho novamente os olhos. Tudo que eu queria era ficar ali, sentindo seus beijos, abraços e carinho para todo o sempre.

–Espere mais um pouco – digo forçando seus braços a permanecerem sobre meu corpo – quero sentir sua presença mais um pouco. Não quero perder você nunca, Will. Quero sempre poder estar ao seu lado, meu amor.

–Não se preocupe –diz ele sussurrando em meu ouvido –você sempre me terá ao seu lado. Eu jamais me esquecerei de você, minha querida. Jamais cansarei de dizer o quanto te amo – diz ele beijando minha cabeça.

Depois de passarmos mais alguns minutos ali, de mãos dadas, apreciando a natureza, deitamo-nos no lençol que ele havia posto sobre a grama. Apreciávamos as estrelas.

–São lindas, não são? –pergunto.

–Dizem que quando você se vai, observa a vida terrena lá no céu, brilhando como uma estrela... – ele para – bom, mas provavelmente isso seja apenas uma baboseira que me disseram quando perdi meu irmão. Para que não sofresse tanto...

Olho para Will, que continuava a apreciar as estrelas.

–Sei que ele está lá, Will. Sei que ele tem orgulho da pessoa que é agora, da pessoa que se tornou.

–Por minha causa ele morreu Elena.

–Não diga isso. Sei que ele está lá em cima, ouvido tudo que está dizendo, que ele está sempre lá, cuidando se você e fazendo o que pode para estar sempre presente em sua vida, por mais que não perceba.

–Obrigado – diz ele.

Segundos depois, meu celular toca.

–Alô? –digo.

–Elena, querida, já está na hora de voltar para casa, meu amor. Amanhã você tem aula...

–Tudo bem, eu já estou indo. Beijos.

Desligo o celular.

–Quem era? –pergunta Will.

–Minha mãe, claro. Ela quer que eu vá para casa. Mas também não é para tanto, já é quase meia noite. Vamos?

–Não quero que você vá, amor. –diz Will com cara de choro.

–Ah, qual é, não fale para mim essas baboseiras, Will. Nosso momento romântico já passou. Vamos, amanhã tenho aula cedo – digo levantando-me do lençol.

–Você é tão grossa, Elena... por isso mesmo que te amo. É toda correta.

–Obrigada – digo.

–Elena, cuidado! –grita Will apontando para trás de mim.

–O que? –pergunto assustada abaixando minha cabeça.

–Venha cá, rápido! –ele parecia assustado.

Com medo do que estava possivelmente acontecendo, deito novamente sobre o pano azul. Will me puxa para perto de seu corpo e me abraça.

–O que houve? O que houve, Will? –pergunto ainda sem entender.

–Shh... –diz ele –Eu te amo muito –termina dando-me um beijo caloroso.

–Eu sei que sim. Já me disse isso... –sussurro.

–É, mas eu te amo mais do que isso. Mais do que seus pensamentos podem alcançar. Se você soubesse o quão feliz eu fico em poder estar em seus braços.

Nesse momento, deixo meu coração e a vida me guiar. Encaixo-me nos braços dele e aproveito o momento. Ótima noite.

Depois de alguns minutos, levantamo-nos da grama, pegamos as coisas e fomos ao carro. Adoro ver Will dirigindo. Adoro ver seus braços esticados segurando o volante, o modo como ele olha concentrado para as ruas e o jeito que suas pernas se movem apertando o freio. Cada vez que entro em seu carro, que ouço sua voz e sinto seus abraços, me sinto cada vez mais dele. Sinto-me cada vez mais feliz por estar tão perto dele, a pessoa pela qual eu tanto amo.

–Boa noite – diz ele dando-me um beijo de despedida.

–Boa noite, William. –digo acenando para ele.

Entro em casa, deito na cama e fico ali, tentando dormir diante a tantos pensamentos em minha mente, refletindo sobre tudo que aconteceu conosco, de como nos conhecemos até o que aconteceu hoje. Lembro-me também que, em apenas três dias, faremos um mês de namoro, em pleno sábado. Ótimo dia para sairmos porque assim, pelo menos, poderíamos ficar juntos até tarde, porque domingo não tenho nada de compromisso a fazer.

Minha quinta-feira pela manhã não acontece nada demais. Nada além da rotina da escola. Passo o dia todo apenas conversando com Will por mensagem e estudando as matérias chatas da escola, a vida que infelizmente, tenho que terminar. Quando já estou me preparando para dormir, Will me manda uma mensagem avisando que sairemos na sexta, isto é, amanhã. Espero que ele saiba que nosso aniversário é sábado, não sexta.

–Você sabe que eu não posso sair dois dias seguidos – digo.

–Sei... por isso estou chamando você para sair amanhã e não hoje.

–Will, querido, que dia é amanhã?

–Sexta-feira, por que?

–E quanto a sábado?

–O que tem o sábado?

–Você não está entendendo...

–Não estou mesmo não – diz ele.

–Esqueça. Sairemos amanhã então. Para onde vamos?

–Estava pensando em nos divertirmos um pouco em alguma boate ou algo assim, o que você acha?

–Acho uma loucura, mas aceito o convite.

Apesar de achar Will desocupado, sem preocupações com a vida e cheios de defeitos, gosto dele assim mesmo. Nunca brigamos nem desrespeitamos um ao outro. Parece exagero, mas estamos namorando há quase um mês e nada “ruim” aconteceu. Não que eu esteja achando algo errado, acho isso maravilhoso; é a prova do quantos nos gostamos e de que nada nos separará - nem mesmo a morte irá separarmos do para sempre, porque o nosso final feliz continuará sempre ali enquanto houver amor, mesmo se não estamos fisicamente um ao lado do outro – mas as vezes me pergunto como isso pode acontecer, quer dizer, acabei de conhecer ele e já nos amamos muito, já temos muito carinho um com o outro, mas já estamos a um bom tempo juntos e nada ainda tentou separar-nos, estamos sempre um ao lado do outro e tudo que sentimos é amor. Esse sentimento é meio estranho. Como pode uma pessoa gostar tanto de outra desse modo? De onde vem esse sentimento aconchegante e agoniante que sentimos? Como escolhemos quem amar? E como saber se é o certo? Ah o amor... algo que nunca entenderei mas que sempre estarei disposta a sentir.


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Notas finais do capítulo

~Espero que gostem, pessoal~
XOXO



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