As cores do meu mundo escrita por Lice Tribuzy


Capítulo 1
A festa


Notas iniciais do capítulo

Bom, essa é a minha primeira postagem! Espero que vocês gostem :D



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Meu nome é Elena e sou completamente normal. Na verdade, não tenho nada de especial. Cabelos castanhos claro levemente assanhados, olhos castanhos escuros estranhamente sem brilho e corpo sem graça. A verdade é que eu tenho tudo para não ter nada. Minha vida de adolescente se resume basicamente em estudar, ir para a escola, comer e dormir. Fim. Nada mais.

Vivo a mesma vida tentando sair da rotina, mas sem sucesso. Fazia a única coisa que podia alegrar meu dia e torna-lo diferente: ler e escutar música. Nada é mais prazeroso do que fazer o que se ama sem se importar com as consequências. Acredito que vale a pena perder algumas coisas por certas felicidades por mais pequenas que sejam.

Meu melhor passa tempo é entrar na minha bolha especial e esquecer o mundo exterior. Entrar em um mundo só meu, completamente diferente da realidade, bem como observo nos livros e nos filmes românticos. A realidade não pode ser comparada aos livros e é por isso que leio: para ter esperança.

Algumas meninas dizem que aguardam apenas aquele menino normal que as deixem felizes. O fato é que eu aguardo sim um príncipe. Um sem defeitos e simplesmente maravilhoso. Não importa o que os outros dizem, não importa os limites entre a realidade e a ficção, o desejo mesmo assim.

Particularmente, gosto de estar sozinha. Não que eu seja antissocial ou algo assim – na verdade eu sou um pouco – mas acredito que eu tenha essa vontade insaciável de pensar e libertar a mente – o que normalmente as pessoas não fazem. Simplesmente sinto uma paz interior em poder pensar e ultrapassar os limites que não existem. É como conseguir encontrar uma cor nova dentre o infinito de cores.

Felizmente, já me acostumei a fazer sempre as mesmas coisas, mas hoje foi diferente. Por algum milagre, fui para uma festa. Podia ser uma festa de quinze anos, uma festa na balada, mas não. A festa que fui foi uma festa infantil. O pior de tudo é que não conhecia ninguém. Bom, alguns adultos me conheciam – tanto que falavam “como você cresceu, Elena” ou “eu carregava você no colo, quando bebê” isso seria maravilhoso se eu soubesse quem eles são – mas eu definitivamente não conhecia ninguém.

Eu estava fazendo meu papel na festa: já havia entregado o presente, comia e bebia. Na mesma mesa em que eu estava havia um casal, mas minutos depois, eles saíram e eu fiquei sozinha. Logo a minha frente havia outra mesa com um menino também sozinho. Ele estava um tanto quanto elegante: um terno preto com uma flor delicada e roxa no bolso frontal direito do paletó, com cabelos pretos como a noite e aparentemente alto. Sua cabeça estava abaixada, portanto não pude ver a cor de seus olhos. Como não havia nada mais interessante para olhar, continuei ali, analisando-o. Percebendo suas cores. Alguns segundos depois, uma moça aparentemente mais velha que ele aparece na mesa e cochicha algo em seu ouvido. O vejo levantar sorrindo e saindo do meu campo de visão. Volto então a ficar olhando, imaginando situações, analisando as cores do mundo, suas misturas e suas perfeitas combinações.

Depois de um bom tempo, pego um pastel de forno de frango que havia na mesa para comer, mas assim que vou colocar na boca, uma criança esbarra em mim e acabo deixando cair ao chão. Abaixo-me rapidamente para pegar. Quando levanto meu corpo e cabeça para a posição inicial, aparecem-me dois corpos, um masculino e um feminino. Levanto um pouco mais minha cabeça e o vejo – o menino da mesa afrente – e a moça aparentemente mais velha.

–Percebi você aqui, tão sozinha, e ele também estava, então decidi fazer vocês se comunicarem – diz a moça sorrindo.

–Posso? –diz o garoto segurando a cadeira ao meu lado.

Pude ver seus olhos penetrantes. Olhos azuis, profundos e misteriosos. Poderia descrevê-los em apenas uma palavra: encantadores. Ele tinha uma altura razoavelmente boa para um menino. Alto se comparado comigo.

–Hm... Claro – digo meio encabulada sem querer muito aquilo.

Sinceramente, aceitei por educação.

–Oi – digo meio encabulada tentando quebrar o clima.

–Oi – diz o menino sorrindo –Qual o seu nome?

–Elena. E o seu?

–Elena, nome lindo. Meu nome é Will. William, mas pode me chamar de Will.

Ótimo, ele é galanteador. Tudo que eu precisava. Mas, apesar de não ter uma opinião muito agradável em relação a Will, no fim das contas, acabou bem.

Começou como uma simples conversa que de nada valia, mas os segundos foram passando, os minutos aumentando e as horas aparecendo. Nossa pequena conversa se expandiu. Falamos e rimos bastante. Certa hora, quando a conversa parou por um breve momento, eu comecei a analisa-lo mais afundo. Não posso negar que aqueles belos olhos fascinaram-me. Por um rápido primeiro momento, via-me encantada não apenas por seus olhos, mas também seu sorriso, sua boca, seus dentes e seu tão talentoso linguajar.

Quando me dei conta, estava conversando com ele há tempos, estávamos rindo há horas. Passou por minha cabeça em um segundo momento, querer conversar com ele a noite toda, por várias horas, vários dias, até onde o destino nos permitir. Mas, infelizmente, ele era apenas um garoto que acabei conhecendo em uma festa inicialmente sem graça, completamente inusitada e nada além. Conformei-me com a verdade: nunca mais o verei. Não que isto seja algo que vá causar muito impacto na minha vida, mas achei um tanto quanto válido salientar.

A noite enfim termina. Despedi-me dele com um mero “adeus” seguido de um pequeno aceno de mão, mas ele fez questão de abraçar-me, dizer “muito prazer em conhecer você, Elena” e então, o tão esperado “adeus” seguido de um sorriso deslumbrante. Encantei-me com aquelas atitudes e palavras, não nego. Mas nada além.

Fui para casa de carona com uma amiga da minha mãe junto com seu marido completamente bêbado e sua filha de cinco anos berrando bem ao meu lado no banco de trás do carro por toda viagem. Para que o destino pudesse definitivamente gargalhar de minha atual situação, estávamos bem afastados de casa. Para minha sorte, a filha estava apenas resmungando e o marido estava dormindo – roncando alto, mas dormindo – Porém, no meio do caminho, o problema havia chegado a seu ponto máximo: o pai da criança havia acordado e simplesmente começou a falar coisas sem sentido e reclamar sobre a mulher, a família e sua vida. A mulher então faz uma burrice e começa a discutir com seu marido bêbado que não faz a mínima ideia sobre o que estava falando. Neste meio tempo, a criança começa a chorar, gritar e se rebater no carro. Confesso que não tenho palavras para descrever este momento. Já presenciei muitos momentos familiares de confronto, mas nada como aquilo.

Era exatamente uma da manhã quando começou. Aturei aquele espetáculo até em torno das uma e vinte. Cinco minutos depois, chego em casa. Desci então do carro e agradeci pela carona mesmo sem ser tão grata, até porque achei que não chegaria viva em casa. A amiga da minha mãe pediu-me desculpas pelo “incômodo”. Naquele momento, tudo que fui capaz de fazer foi sorrir –ou tentar –pois, se falasse algo mais, não seria “tudo bem, não foi nada”.

Quando entro em casa, todos já estavam dormindo, por isso entrei tentando ser mais silenciosa. Retirei os sapatos, tomei um copo d’água e fui rapidamente para o quarto retirar a maquiagem do rosto, vestir o pijama e finalmente deitar-me na cama. Quando já estava muito bem acomodada, fechei meus olhos e tentei dormir. Foi quando meus pensamentos apareceram. Cheguei à conclusão que este havia sido um dia anormal: fui para uma festa e enquanto voltava para casa, não sabia se chegaria viva. O garoto da festa –Will –foi meu último pensamento. Não sei o porquê, mas foi. Pensei naquele sorriso sedutor, aqueles belos olhos, sua suave voz e atraentes atitudes. Não sei o que está acontecendo, mas ele ficou em minha mente até eu entrar em sono profundo pelo resto do dia.

Na manhã seguinte, ou melhor, horas depois, meu despertador toca. Infelizmente, minha vida de estudante deveria continuar então me levantei da cama com muito esforço, tomei meu café da manhã, escovei meus dentes, vesti o uniforme, peguei minha mochila e fui para luta diária: a escola. Este é meu último ano escolar, então estou acabada. Mas esta é a vida e não posso fugir da realidade e de meus problemas.

A manhã então vai passando, as aulas acabando e meu cansaço aumentando. Ao término da aula, aguardo meus pais virem me buscar e assim que chego em casa, volto para minha triste rotina: como, durmo e estudo. Exatamente nesta ordem. Este então foi mais um dia de minha vida.

Já estava à noite e o céu estava lindo. A lua estava cheia e as estrelas brilhantes. Aproveitei aquele momento para ler um bom livro de romance. Parecia uma ótima oportunidade de deixar minha imaginação, criatividade e esperança se exaltarem. Li por um bom tempo. Decido então parar um pouco para refletir sobre minha vida e criar situações extraordinárias em minha cabeça. Quando me dei conta, estava tarde. Fui então terminar minha rotina pelo turno da noite: escovar meus dentes, vestir meu pijama e jogar-me na cama. Assim que deito, não sei mais quem sou, pois aquele rosto masculino de Will que conheci na festa não sai de minha cabeça. Não que eu queira forçar-me a esquecê-lo, mas isto não é comum. Como uma pessoa pode pensar tanto em outra se mal a conhece? Temo o desejar mais. Temo que qualquer sentimento possa se desenvolver. O tempo então passa e consigo finalmente dormir.


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Notas finais do capítulo

Bom, esse é o início... Espero que gostem!



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