Sentimentos Ocultos escrita por Coffee


Capítulo 2
II. Quando meu corpo cruzou com o seu


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas voltei! (Aleluia, aleluia!)
Sim, peço desculpas pela minha demora (uma vergonha), mas perdi meu roteiro para essa história e tive que repensar tudo novamente, mesmo sendo uma história bem curtinha eu tinha que separar o que aconteceria nos próximos capítulos. Obrigada pelos comentários maravilhosos! Boa leitura!



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SENTIMENTOS OCULTOS

Escrita por Coffee

 II. Quando meu corpo cruzou com o seu

Depois do tempo em que passaram se conhecendo, saindo e treinando juntos, as pessoas (finalmente) se conformaram que alguém como ele casaria mesmo com alguém como ela. Seus pais estavam a cada dia mais encantados com o genro, eles que costumavam não falar muito, agora passavam horas numerando as qualidades dele (principalmente para os vizinhos e amigos).

A cada dia seu amor por ele parecia maior. Sua admiração por aquele homem forte, física e psicologicamente aumentava a ponto de transbordar. Era um homem com princípios claros, honrado e leal.

Aos poucos ela foi conseguindo desconstruir aquela armadura em volta dele, e descobriu um alguém gentil, fácil de lidar, que lhe falava palavras bonitas (não com muita frequência) e lhe dava beijos quentes quando estavam sozinhos.

Casaram-se em um final de tarde de outono. A cerimônia foi na capela do clã, ela usava vestes matrimoniais brancas com flores douradas e Fugaku um kimono sem grandes detalhes, era uma veste sóbria, séria, como ele próprio.

Ela irradiava felicidade, e sabia que ele, mesmo que não demonstrasse claramente, também. Foi uma escolha deles, afinal. Pois mesmo depois de ter pedido sua mão aos seus pais, quando eles adquiriram intimidade o suficiente ele a perguntou se realmente queria aquilo, que estaria livre para ir se não o quisesse.

Então a kunoichi o contou sobre seu amor. O carinho, a fascinação de sempre. A felicidade quando ele a pediu em casamento

O cerimonialista até se assustou quando perguntou se ela aceitava “Uchiha Fugaku como seu esposo” e ela respondeu um “sim” alto e apressado demais.

Pensou que talvez o Uchiha fosse achar o escândalo ruim, mas ele respondeu tão rapidamente quanto ela, quase atropelando as palavras do homem, embora o “sim” dele tenha sido mais seco e sutil que o dela.

Nunca havia se sentido tão feliz na vida, ali, cercada de pessoas que amava e que a amavam, e, na presença dele.

Casando com ele.

A adaptação deles foi fácil. Eles pareciam se completar, não precisavam falar as coisas, parecia bastar apenas um olhar, para que o outro entendesse.

O amor que faziam era maravilhoso, o Uchiha parecia alguém frio e distante quando se via, mas na verdade quando estavam sozinhos ele era muito carinhoso, atencioso e o prazer se alastrava por eles, esmagando-os.

A felicidade da nova vida parecia não caber dentro dela.

Menos ainda quando veio o seu primeiro filho. Seu primogênito.

Ela largou a carreira de kunoichi sem nenhum arrependimento, estava mais do que pronta para essa nova etapa da vida onde cuidaria da casa e dos seus filhos, os educaria e os amaria.

Itachi nasceu em uma manhã ensolarada, em casa. O parto foi fácil, um pouco dolorido talvez, mas ela passaria por tudo novamente sem pensar duas vezes. O amor (já presente na gravidez) pareceu crescer ainda mais ao ver o rosto pequeno, os cabelos ralos e negros.

Fukagu estava maravilhado com o filho, mal aguentava chegar dos compromissos do clã para correr ver o filho. A vinda de Itachi foi agraciada com uma festa, o clã comemorando e abençoando a criança e também a posse de Fugaku.

O novo Uchiha era uma criança independente, aprendeu a andar e a falar muito precocemente, desde cedo ia com Fugaku para assisti-lo treinar, e quando atingiu o mínimo de idade já mostrava um talento nato.

Era inteligente, tão autossuficiente que às vezes a deixava preocupada. Quando se machucava não corria até ela, ele próprio fazia seus curativos, sempre achava soluções para os problemas que tinha... Nada parecia abalá-lo.

Ela ficou grávida novamente alguns poucos anos depois. Era uma gravidez complicada desde o começo, os enjoos, o mal-estar que ela não tivera com Itachi, sentia agora.

Abandonando um pouco os serviços da casa, ela se dedicou a ficar de repouso para que tudo ficasse bem com o seu bebê. Ela acariciava a barriga, conversava com ele, e isso a ajudava a se distrair pela ausência do marido (cada vez mais envolvido com o clã) e o filho que vivia pela vida ninja.

A vida foi ficando solitária, ela quase não saia devido à gravidez e eram poucos os amigos que tinham tempo de vir visitá-la. Somado a morte recente de seus pais, ela encontrava somente no seu bebê motivos para não se deixar abater.

Sentia que essa nova criança precisaria dela, de um modo como Itachi nunca precisara.

Sasuke nasceu em uma tarde nublada, no hospital. Foi um parto difícil e doloroso, mas mesmo assim ela não podia se sentir mais grata quando ouviu o choro do bebê. Era uma criança pequena, franzina, de olhos negros como a noite e cabelos ralos.

Fugaku chegou atrasado ao hospital, quando o filho já estava nos braços dela. Ele abriu a porta ressabiado, como se pedisse desculpas com o andar. Ela lhe lançou um sorriso, acalentando o coração dele, dando permissão para que ele entrasse no quarto para conhecer o filho.

O Uchiha se aproximou da cama, observando o montinho em seu colo. Primeiro veio um sorriso contido, depois os braços estendidos.

Depositou o bebê no colo do pai que já acostumado ao segurar Itachi, agora segurava o novo filho com firmeza. Ele deu alguns passos pelo quarto, admirando a criança e depois se encostou à janela olhando pelo vidro embasado.

Demorou alguns minutos para ela perceber os ombros tremendo.

— Querido?

Chamou e ele se virou com o pequeno Sasuke nos braços. Nunca havia o visto chorar. Havia descido algumas lágrimas solitárias quando Itachi nasceu, mas a felicidade o possuiu. Dessa vez ele chorava copiosamente, deixando-a preocupada.

Ele atendeu seu pedido, aproximando-se da cama e sentando ao lado dela. Colocou uma mão sobre o ombro forte e com a outra acariciou a bochecha de seu bebê adormecido no colo do pai.

Entendia porque ele chorava. Sabia de todos os problemas do clã, das proporções que eles estavam tomando e o quanto aquela criança e Itachi sofreriam no futuro, fosse por pressão do clã ou da vila.

— Vai ficar tudo bem... Nós vamos criá-lo com muito amor, mesmo com os problemas do clã ele vai ser um homem maravilhoso.

Fugaku entregou-o para ela, secando as lágrimas que insistiam em cair. Virou-se de costas, como se estivesse envergonhado por ter chorado na sua frente.

Praguejou por não poder se levantar e ir até ele.

— Querido... — Chamou novamente.

Após cinco minutos ele se virou, recomposto. O rosto sem nenhum sinal de choro.

— Vai ser um verdadeiro Uchiha, forte e honrado.

Foi tudo que ele disse, a voz saindo baixa pelo choro recente.

Ela sorriu os dentes aparecendo, o sono e o cansaço a abatendo instantaneamente. Ela então colocou o bebê no pequeno berço ao lado da cama do hospital, acariciando aquele rosto tão perfeito, repleto de ingenuidade e inocência.

Outra prova de amor dela e Fugaku.

— Sim, ele será.

Respondeu. O shinobi então se sentou ao seu lado, lhe reservou um beijo suave e casto na testa e sussurrou:

— Obrigada por mais esse presente.

Acenou positivamente.

— Sinto que esse nosso bebê será uma luz que guiará nosso clã na escuridão.

— Tomara que você esteja certa. Há muita escuridão por vir.

Eles não disseram mais nada. Ele passou os braços ao seu redor, e eles permaneceram ali, observando seu filho caçula dormindo, respirando suavemente.

Itachi chegou um pouco mais tarde. Estava com as roupas sujas pelo treinamento ninja, mas mesmo com ela ralhando sobre isso, ele correu pelo quarto do hospital até o pequeno berço, encarando aquele pequeno ser ali dentro.

— Meu irmão...

Ele sussurrou maravilhado, nem parecia àquela criança tão séria e autossuficiente.

— Sim querido, é seu irmão.

O primogênito pediu permissão com os olhos, e ela permitiu que ele segurasse o bebê nos braços.

Sasuke reclama por ter sido tirado do berço, abre o olho incerto e sonolento, ela pensa ver um sorriso suave nos lábios finos ao ser alojado no colo do irmão mais velho.

— Você terá que me ajudar a cuidar dele querido...

Ela diz suave, ajeitando o bebê nos braços dele.

— Eu vou mãe. Vou cuidar do meu irmão com a minha vida.

Acena positivamente. Ela acha que essa é uma frase muito radical para uma criança dizer, mas não retruca. Itachi sempre fora sábio e esperto afinal, muito além de sua idade.

— Eu sei que vai.

Sasuke permanece quieto no colo do irmão, com uma serenidade e paz quase assustadora, até que os pequenos olhos se fecham novamente, e ele cai no sono.

• •

A chegada ao filho mais novo não é agraciada com festas ou festejos. O clã passa por situações internas delicadas, e são poucas as pessoas que vem visitá-los. Para recompensar ela o cria regado de amor e carinho.

Ela quer o dar tudo que tem, porque sente que ele será privado de muitas coisas, embora não saiba o que, nem quando.

Fugaku está a cada dia mais ocupado com os negócios do clã, e só tem tempo para o filho no fim do dia, onde ele o embala nos braços até que durma. Itachi também fica a cada dia mais envolvido com a vida shinobi, mas passa todo o seu tempo livre ao lado do irmão, observando-o brincar e velando por sua segurança.

Em algum momento ela e o Uchiha decidem não ter mais filhos. Essa decisão vem à noite, quando ele a conta o que os anciões do clã estão planejando. Ela é imediatamente contra, mas ele diz que não tem escolha. Está decidido.

Um golpe será dado, e ele, como líder do clã, deve fazer parte.

Ela chora nessa noite, sabendo o quanto suas crianças vão sofrer. O quanto aquilo pode destruir a vida deles caso dê errado, e pode envergonhá-los para sempre se der certo.

Ele a acalma, com palavras sutis e caricias nas costas.

A raiva a possui. Ela o xinga, briga pela decisão que ele tomou, mas ele permanece em silêncio, inconformado com a própria impotência. Ela diz palavras feias, e no fim acaba saindo do quarto batendo a porta.

Com sorte Itachi não acorda, e ela parte para o quarto do filho mais novo. Ela o tira do berço e o deita na pequena cama de solteiro que há ali. Deita-se ao lado dele, prendendo-o entre a parede e ela, envolvendo-o em segurança.

Eu vou te proteger querido.

A você e seu irmão.

Eu prometo que vou te proteger custe o que custar.

Nunca deixarei nada de ruim acontecer com vocês.

Quando acorda no dia seguinte, e na próxima semana ela não conversa com o marido. Ele também não a força, entende que ela precisa de tempo e espaço para digerir tudo aquilo.

Uma semana depois, ela finalmente fala. Após muito pensar ela sabe que eles não têm escolha, e tudo que ela pode fazer é apoiar o marido e proteger suas crianças da melhor forma que conseguir.

Eles fazem amor, esquecem as brigas e retomam suas vidas.

Algum tempo depois ela nota que Itachi está estranho. Fugaku também nota. Eles sabem o que ele planeja, mesmo que ele pense que não.

Eles sabem o que ele será obrigado a fazer. E sendo contra aquilo desde o começo ela aceita.

Sabe que se essa for à única forma de proteger seus filhos, ela o fará de bom grado.

Por suas crianças, pelos frutos de seu amor com ele, ela é capaz de matar e de morrer.

E sabe que Fugaku também. Eles se completam, afinal. Seus pensamentos são conectados, seus corpos são conectados.

Juntos eles estão prontos para enfrentar o que tiverem de enfrentar.

Ela sabe que pode contar com ele, assim como ele pode contar com ela. Seja para esquentar um ao outro em uma noite fria, para fazer uma sopa quando o outro estiver doente, ou mesmo para deixar esse mundo para que suas crianças possam viver.

 — Eu o amo tanto, tanto...

Sussurra quando estão deitados na cama depois de fazerem amor.

— Eu o amarei para sempre.

Seja aqui e agora.

Seja em algum outro lugar.

Seja em algum outro tempo.


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Notas finais do capítulo

Inicialmente eu pensei em fazer a história somente no ponto de vista das Mikoto, mas algumas pessoas pediram para ver o lado do Fugaku, vocês gostariam que esse último capítulo (a história terá somente três) seja com ponto de vista dele? Contem suas opiniões! Tentarei não demorar dessa vez, beijos!



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