A Melhor Parte de Mim. escrita por conexaocobrina


Capítulo 3
Deixo você ir.


Notas iniciais do capítulo

Postando pra manter em dia.



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– Então você ta bravo assim por causa do que eu to pensando? – perguntou Karina enrolando uma faixa envolta da mão de Cobra.

Cobra levantou os olhos para Karina, até então tinha olhado o tempo todo para o chão do QG. A garota, tinha finalmente conseguido convencer o lutador que ele precisava de ajuda com sua mão machucada.

Cobra se remexeu desconfortável na cadeira que estava sentado. Karina o olhou por baixo, ela estava de pé, esperando uma resposta.

– E o que você ta pensando? – indagou Cobra, por fim.

Karina olhou para a mão de Cobra para não ter que olhar para os olhos do lutador, continuando enfaixar sua mão.

– Ah, sabe, eu vi a Jade sair daqui – respondeu Karina, com cuidado e olhou de novo para ele. – Parecia que tava chorando.

Karina viu Cobra prender as mandíbulas quando olhou para o lado. Passou-se um momento de silêncio.

– Eu terminei com ela – Cobra disse. – Acho que já tinha acabado algum tempo... Eu e a Jade não dava certo. Errado com errado, sabe...

Karina suspirou. Apesar de achar uma Jade uma víbora e que não merecia Cobra, por exatamente atiçar mais ainda seu lado “ruim”, não falou nada disso por imaginar como Cobra se sentia. Ela também tinha acabado de sair de um relacionamento. Mas não queria pensar em Pedro, e achou que Cobra também não queria pensar em Jade. Então mudou de assunto:

– Pronto, mão enfaixada! – declarou Karina com um sorrisinho nervoso. Cobra moveu a mão para dar mais mobilidade. – Acho que alguém vai ter que ficar sem treinar por um tempo.

Cobra sorriu um pouco.

– Só enquanto essa mão sara. Ainda dá pra socar com a outra – brincou Cobra. Eles riram juntos. Quando as risadas cessaram, Cobra olhou para Karina com gratidão. – Obrigada, Ka. De verdade. Achei que você nunca mais ia querer olhar na minha cara.

Karina deu os ombros.

– Você não mentiu pra mim. Não me escondeu a verdade porque quis – disse Ka, olhando para o lado. Odiava ser sentimental.

O silencio se estendeu. A situação melancólica já estava se tornando constrangedora. De repente algo roncou alto. Cobra olhou para a barriga de Karina depois para a lutadora.

– Caramba, Ka! Isso foi sua barriga? – exclamou Cobra, risonho.

– É que eu não tomei café da manhã – explicou Karina com um sorriso de lado constrangido.

– Eu também não. Acho que o Perfeitão já ta aberto, quer ir lá? – sugeriu Cobra.

Karina pensou que podia topar com Pedro por lá, mas como conhecia todos os horários do garoto, provavelmente ele deveria estar na escola. E fala sério, ela estava louca para comer.

Karina acenou um “sim” com a cabeça para o amigo Cobra.

...

– E aí, matou quem estava te matando? – perguntou Cobra enquanto observava Karina beber o último gole do seu suco de laranja.

Karina riu para Cobra e limpou a boca com o punho. Não conseguiu deixar de notar a curva dos lábios da garota. Era isso que Cobra mais gostava em Karina, ela não tinha vergonha de ser ela mesma e se sentia a vontade para agir como quisesse. Eles estavam sentados a luz morna do sol da manhã na calçada enfrente ao Perfeitão.

– Esse sanduíche natural ta uma delicia – comentou Karina dando sua ultima mordida. Cobra já havia terminado de comer, curvado sobre a mesa observava Karina comer, com um sorrisinho divertido. – E aí, você vai competir no Warriors? – perguntou Karina, quando acabou de engolir.

– Vou, o Lobão me inscreveu – respondeu Cobra. – E você?

– Meu pai não deixa – respondeu Karina revirando os olhos. – Mestre Gael disse que eu sou nova demais para competir.

– Mas eu não estou indo para competir – negou Cobra e enconstou-se na cadeira, cruzando os braços. – Estou indo para vencer.

Karina arqueou as sobrancelhas para Cobra e sorriu torto para sua ambição.

– Gente, é nossa grande chance. Entrar nessa turnê, abrindo os shows dos caras – Karina reconheceu a voz de Pedro de longe, apesar de estar de costas, sabia que ele vinha para o Perfeitão, óbvio, ele morava ali. – Eu já estou passado na escola, e logo as férias vêm aí.

– Aí não sei não, Pedro. Um duas semanas é muita coisa – disse a voz reconhecível de Sol.

Karina ficou imóvel na cadeira, com esperanças que eles não a visse, que não tinha escutado sobre a viajem da banda. Mas não deu outra, logo todos da banda estavam reunidos envolta da mesa, percebendo que ela tinha ouvido tudo. Karina desejou não estar ali, se soubesse que o guitarrista iria voltar mais cedo da escola, nem teria ido.

– Esquentadinha? – murmurou, Pedro, surpreso.

Karina fez cara feia para ele.

– Não me chama assim, garoto – pediu Karina, enfurecida.

– Ka, eu posso explicar esse lance de sair com a banda em uma turnê – antecipou Pedro, quase desesperado.

– A gente terminou – disse Karina, tentando esconder a tristeza –, não precisa me explicar mais nada. – Karina levantou da mesa e olhou para Cobra. – Eu vou embora, de repente o lugar ficou fedendo a falsidade. Já deixei minha parte paga.

Karina deu as costas para os outros. Cobra ficou de pé, prestes a ir atrás da garota.

– KARINA! – gritaram Pedro juntos, os dois se olharam com fúria.

Eu vou atrás dela – disse Pedro. Não pode deixar de notar que Cobra estava com Karina. Sozinhos.

De skate, Pedro correu para alcançar Karina na praça e puxá-la pelo braço.

Karina quis resistir e bater em Pedro como havia feito na última vez, mas não encontrou forças. Já sentia seus olhos cheios de lágrimas.

– Karina, ofereceram uma oportunidade para a banda. Abrir todos os shows em uma turnê em cidades São Paulo para o Dinho Ouro Preto – Pedro explicava rapidamente pois sabia que seu tempo era curto. – Eu queria ta te contando isso com a maior felicidade do mundo, queria levar você comigo. Eu já estou passado na escola, você me ajudou, Ka. Os meninos da banda também. Mas se você pedir pra eu ficar, eu fico.

Karina olhou com raiva para Pedro. Ela não queria responder, mas também queria ser irredutível a qualquer proposta que ele fizesse. Sentiu uma lágrima escorrer pelo seu rosto.

– Então você pode ir, Pedro. Com você eu não fico mais! – declarou Karina e puxou seu braço.

– Ka... – A lutadora escutou Pedro sussurrar.

Karina correu para casa, para seu quarto. O único lugar que ainda se sentia confortável e bem. Não conseguia controlar as lágrimas quando se jogou na sua cama. Plugou os fones no celular e colocou sua música triste favorita pra escutar. Pedro ficaria fora por tempo suficiente para Karina deixar de amá-lo... Não é? Ela esperava que sim, pois já não aguentava mais sofrer.

Karina sentiu seu celular vibrar. Era uma mensagem.

De: Cobra.

Para: Ka.

“Tudo ok?”

Cobra com certeza tinha visto a discussão na praça. Visto a garota chorando, pela segunda vez.

Outra mensagem chegou em seu célula.

De: Lírio.

Para: Todos.

“GALERA, FESTA NA MINHA CASA HOJE. COMEMORAR O SUCESSO DA PEÇA! UHUUL!”

Karina olhou para a mensagem e já ia fechá-la com desprezo quando teve uma idéia. Karina odiava salto alto, tão pouco gostava de vestidos. Mas naquela festa iriam estar todos que conhecia. Ela ia, e provaria que não estava no fundo do poço como todos pensavam. E ela iria de vestido, salto alto, com direito a batom vermelho.

Ela iria deixar Pedro ir, porque ela também iria. Só que bem pra longe dele.

De: Ka.

Para: Cobra.

“Você vai?”

De: Cobra.

Para: Ka.

“Para onde?”

De: Ka.

Para: Cobra.

“Para a festa né Cobreloa, tenho certeza que recebeu a mensagem”

De: Cobra.

Para: Ka.

“Iiiihhh, sei não, Ka.”

De: Ka.

Para: Cobra.

“Eu vou.”

De: Cobra.

Para: Ka.

“Você?”

De: Ka.

Para: Cobra.

“Sim, algum problema?”

De: Cobra.

Para: Ka.

“Bom, se você vai, eu também vou”,

De: Ka.

Para: Cobra.

“Mudou de idéia do nada?”

De: Cobra.

Para: Ka.

“Alguém tem que ficar de olho.”


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