A escolha certa escrita por Achyle Vieira


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Olá amores! Aqui estoy com mais um capítulo!



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“Vi sorrir o amor que tu me deste.”

(Cesário Verde)

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ACABO FICANDO COM dor de cabeça de tanto tentar lembrar onde eu vi um pingente parecido com aquele e decido ir tomar um banho. Entro no meu closet e abro algumas portas até ver uma causa jeans que ia até abaixo dos joelhos, uma blusa branca de alcinhas e coloco em cima da cama, vou para o banheiro, coloco a banheira para encher e coloco alguns sais que encontro em cima da pia.

Depois de tomar banho e vestir a roupa procuro alguma coisa para calçar, começo a abrir as portas do closet novamente, acabo encontrando várias caixas empilhadas uma em cima da outra na última porta do corredor. Pego a primeira de cima e sento no chão em frente a porta, abro-a e vejo dentro dela alguns cadernos cheios de letras de músicas e cifras, começo a ler as primeiras músicas, mas ouço batidas na porta do quarto. Coloco a caixa de volta no seu lugar e saio do closet. Abro a porta e vejo uma mulher com um uniforme preto e branco.

— Srta. seu amigo Alex está lhe esperando na sala.

— Como é seu nome?

— Elise, Srta.

— Obrigada Elise, eu já vou descer.

Ela concorda com a cabeça e sai. Pego as mesmas sapatilhas brancas que eu estava calçando antes e as coloco e desço as escadas rumo a sala. Alex está sentado em um dos sofás, vestido com um traje social completo. Ele sorri pra mim assim que me vê.

— Onde é o casamento? — Brinco.

— Foi em uma igreja no centro da cidade. — Ele se levanta e pega uma das minhas mãos.

— Tá falando sério? — Faço careta.

Ele dá uma rápida gargalhada e depois volta a ficar sério.

— Estou. Eu faço parte de uma pequena banda que toca em eventos. Acabei de sair de lá, por isso não pude vir para sua festa de boas-vindas.

— Não se preocupe com isso, nem foi uma festa, foi apenas um almoço.

— Você quer caminhar no jardim um pouco?

— Eu não conheci a casa ainda, não sei onde é o jardim.

— Eu te levo.

Fomos pelos fundos da casa, não fazia ideia do quanto essa casa era grande, saímos pela cozinha e paramos em frente a uma enorme piscina que com certeza eu não fazia ideia que tinha ali. Ele me guiou para uma sombra embaixo de uma árvore e sentamos em um bloco de mármore esculpido no chão.

— Essa casa é enorme! — Falo de boca aberta.

— Você não faz ideia.

Ele solta minha mão e só então percebo que nós estávamos de mãos dadas esse tempo todo. Ele fica me observando e sinto meu rosto ficar vermelho, ele desvia o olhar quando vê meu desconforto e ficamos calados por alguns segundos.

— Você está diferente... — Fala distraidamente.

— Diferente como?

— Você falava bastante, era um pouco tagarela — ele sorri —. Na verdade, a partir do momento que percebi que você não nos conhecia tive certeza de que você não era mais a mesma de antes.

— E isso é bom ou ruim?

— Acho que é um desafio pra todos nós e principalmente pra você.

— Mas é confuso. Não sei em quem devo confiar. — apoio meus dois braços no banco e começo a brincar com a grama com os pés.

— Imagino. Mas você adoraria aprender a tocar violão novamente. — Ele sorri.

— Mamãe me disse que eu estudava música.

— Você era muito boa no que fazia, principalmente quando se trata de cantar.

— Eu cantava? — Pergunto animada e olho para ele.

— Você era a vocalista da nossa banda — pega minha mão novamente —. Quero te mostrar uma coisa. — Ele se levanta e me puxa junto com ele.

— Onde você vai me levar? — Pergunto estreitando os olhos.

— Só confia em mim.

Caminhamos mais um pouco pelo jardim e ele para em frente a uma porta de vidro escuro.

— Não me diga que você vai me matar aqui? — Coloco as mãos no peito, fingindo estar com medo e assustada.

Ele dá uma gargalhada e abre a porta, entramos e vejo apenas alguns bancos de madeira encostados na parede em volta de um tipo de banheira com degraus.

— Foi aqui que ouvi você cantar pela primeira vez.

— Sério? E o que estávamos fazendo aqui? — Faço careta.

— Você chamou eu e mais alguns amigos para vir na sua casa, quando chegamos aqui Max convocou todo mundo a entrar na sauna. Você animou o grupo todo, na verdade, acho que vir pra cá te deixou bêbada naquele dia, você começou a cantar feito louca, mas não desafinou nem saiu do tom. — Ele falava com um brilho nos olhos e um sorriso que dava a certeza que essas lembranças eram boas.

Queria poder lembrar de tudo e ter o mesmo sorriso que ele nos lábios, mas era como se ele falasse de uma estranha que eu não conhecia. Sai da sauna e fiquei do lado de fora com os braços cruzados. Ele saiu com o olhar preocupado e se aproximou colocando as duas mãos em meu rosto.

— Você está e sentindo mal? — seus olhos procuravam os meus.

— Não é isso. Eu só não me sinto confortável com essa situação, queria poder lembrar.

— Desculpe se eu te incomodei mostrando essas coisas. Não quero que se lembre de nada se isso não te fizer bem.

Assenti e tentei não pensar tão negativamente sobre o assunto.

— Podemos voltar para dentro? — pergunto.

— Claro.

 Um silêncio se seguiu por alguns segundos. Precisava mudar de assunto, não queria que ele ficasse preocupado de mais com isso. Ele já devia ter preocupações de mais.

— Obrigada pela pulseira.

— De nada. Gostou do presente? — pergunta entusiasmado.

— Sim. É muito bonita.

Caminhamos para dentro de casa novamente e ele disse que precisava ir. O sol já estava se pondo, então resolvi chamá-lo pra jantar, mas ele disse que tinha prometido a mãe dele que jantaria com ela, então não insisti.

***

Voltei para o meu quarto e encontrei Elise varrendo-o. Entrei dentro do closet para deixá-la mais a vontade e fui em direção a porta onde estavam as caixas. Peguei a segunda caixa e achei vários envelopes e cartões. Comecei a abri-los e vi várias cartas, com poemas, versos e o que me deixou com a boca aberta: declarações. Declarações dos dois: Max e Alex. Desdobrei duas cartas, uma de cada um.

17/09/2011

Adorei a noite que tivemos ontem, espero que tenhamos muitas como essa. Espero que cada música que você cante se lembre que você sempre terá alguém para te apoiar e dois ouvidos para ouvir sua linda voz.

A música está em você, até no seu nome.

E lembre-se: O homem mais importante na vida de uma mulher não é o primeiro, mas aquele que não deixa o próximo existir.

Beijos,

Alex.”



Dobrei-a e coloquei de volta no envelope, abri a outra.

09/04/2012

Desejo a você toda a felicidade do mundo meu amor, espero poder fazer parte de várias datas como essa em sua vida. Nenhuma palavra descreveria a felicidade que eu tenho em estar mais um ano do seu lado em um dia como hoje. Eu te amo! Nuca se esqueça disso, não importa o que falem.

Feliz aniversário minha princesa!

Max.”

Eram pequenas cartas, mas as palavras nelas falavam de algo que explicava o motivo por eles me tratarem com tanto carinhos, ambas eram de datas diferentes, mas elas expressavam sinceridade e só faziam as perguntas na minha cabeça aumentarem mais e mais.

Coloco a caixa no lugar e saio do closet, é melhor eu não mexer nessas coisas por enquanto, enquanto eu não tiver certeza do que fazer em relação a eles.

Olho a caixa da pulseira que ainda está em cima da minha cama, abro-a e coloco a pulseira no meu braço, pego a caixa e coloco sobre o criado-mudo. Meus pensamentos são interrompidos por batidas na porta do quarto.

— Pode entrar!

Nícolas abre a porta e vem até mim.

— Mamãe pediu para te avisar que o jantar já vai ser servido.

— Já vou descer.

— Mel, hoje a tarde eu falei com a Rennata, ela me falou que quer falar com você.

— Acho melhor não. Ainda estou tentando me acostumar com tudo o que está acontecendo, conheci a casa hoje a tarde e com ajuda do Alex. Não quero falar pelo telefone com alguém que nem lembro do rosto.

— Tudo bem. Eu vou avisar a ela que você não está preparada.

Concordo com a cabeça e fico de pé.

— Vamos? Estou morrendo de fome!

— É assim que se fala maninha. — ele sorri para mim.

Coloco minha mão envolta do braço dele e o acompanho até a sala de jantar.

Não me lembro quem é essa Rennata, mas algo me diz que meu irmão gosta dela e desconfio que o motivo de ele ter saído tantas vezes do quarto do hospital ontem tenha sido ela. Se ela for o motivo de todos aqueles sorrisos que ele deu ontem eu já gosto dela.

Depois que terminamos de jantar perguntei a mamãe se eu tinha algum celular, afim de saber mais sobre mim mesma, pois no celular poderia ter algumas fotos, mensagem ou informações sobre mim ou para mim, ela me entregou uma bolsa e disse que quando ela me encontrou no hospital eu estava com aquela bolsa e que provavelmente meu celular deveria estar dentro. Subi para meu quarto e procurei um celular dentro da bagunça que estava dentro da bolsa. Achei um iphone — eu tenho um iphone! — e tentei desbloqueá-lo, mas ele tinha senha.

Superlegal! Bendita memória que não me deixa lembrar das coisas simples da vida.

Tentei várias vezes colocar a senha me perguntando que senha eu colocaria, mas todas as vezes eu errei. Na tela de bloqueio mostrava que eu tinha recebido várias mensagens.

Acabei ficando estressada e deixei o telefone de lado indo dormir.





Eu estava em um palco vestida com um vestido de festa azul-marinho, em cima de um palco com várias pessoas sentadas em mesas. Mamãe e papai olhavam para mim orgulhosos de uma das primeiras mesas juntos de Nícolas, ao lado da mesa deles estavam Max, Elly e outra garota de cabelos castanhos que estava com um sorriso enorme nos lábios.

Olhei para trás e vi Alex e mais três garotos posicionados com instrumentos nas mãos e em uma bateria. Fiz um sinal para eles e olhei para frente. A música começou a tocar atrás de mim e alguns segundos depois as palavras começaram a sair dos meus lábios.

— “Thares's a song that's inside of my soul / Its the one that I've tried to write over and over again...”¹ As palavras que saim da minha boca, saiam em um tom perfeito de uma música, pude sentir uma alegria inundando meu peito ao longo da música e tive a sensação de não querer sair mais de cima daquele palco.





* ¹ Há uma música que está dentro da minha alma / É a única que eu tentei escrever uma e outra vez...

~***~




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
O que acharam?
Até o próximo capítulo!