A escolha certa escrita por Achyle Vieira


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus amores! Como está sendo o inicio de semana de vocês?
Como prometido, aqui está o capítulo!
Espero que gostem e não fiquem decepcionadas com Nícolas.
Vamos ao Capítulo!



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“E quando vieres de encontro a mim irei a ti como um pássaro que voa em direção ao ninho.”

(Desconhecido)

A semana passou rápido. Acho que trabalhar junto da Rennata me faz muito bem – ela me faz rir muito. Eu acabo não percebendo o passar das horas. Ela e a mãe dela são duas figuras. É tão engraçado quando elas começam a discutir em espanhol que as vezes eu fico rindo sozinha quando lembro.

Nós duas temos conversado bastante sobre minha vida e ela tem me esclarecido muitas coisas sobre o meu passado. E antes que eu me esqueça tenho que falar: a Rennata me ajudou a descobrir a senha do meu celular, que é “únicaesperança”.

Os únicos mistérios que ninguém sabe, é o motivo pelo qual eu traia Max com Alex e por que ninguém sabe por que eu terminei com Max. Só não entendo porque Nícolas me disse que eu namorava com Max naquele dia no quarto quando na verdade eu estava praticamente separada dele.

Teoricamente – para meus pais, pra ser mais exata – eu nunca tinha acabado o namoro oficialmente com Max. E eu gostaria muito de ter todas as respostas dessa grande confusão, mas ninguém sabe me responder – a menos que eu pergunte aos dois que estão no meio disso tudo, mas acho que constrangeria muito eles.

Tenho a esperança de que minhas memórias me darão respostas sobre esses dois assuntos, assim como estão me dando respostas sobre a música e outras coisas.

Estou no restaurante da mãe da Rennata – sentada em frente ao caixa – quando meu celular toca. Vejo que é Max e peço pra Rennata ficar no meu lugar enquanto eu atendo o telefonema.

– Bom dia! – Digo quando atendo.

– Bom dia, minha princesa! – Responde. – Você está muito ocupada? Preciso falar com você.

– Um pouco, mas consegui alguns minutos.

– Você estará livre hoje à noite? – Pergunta.

– Sim.

– Ótimo. Vou passar na sua casa hoje, tá certo?

– Hum. Mas eu estava pensando em ficar em casa, se você não se importar...

– Não se preocupe com isso, meu amor. – Me interrompe. – Só quero conversar com você.

– Tá... bom. Até a noite, então.

– Até. – Responde e desliga.

Achei um pouco estranho ele me tratar tão carinhosamente. Às vezes ele deixa escapar um apelido carinhoso, mas ele percebe que eu fico constrangida e pede desculpas.

– O que foi chiquita? – Rennata pergunta quando chego perto dela. – Você tá com uma cara de que provou a pimenta e não gostou...

– Nada. Só achei um pouco estranho o jeito que Max me tratou.

– No me digas que ele te tratou mal? Eu mato aquele...

– Ele não me tratou mal. – A interrompo. – Pelo contrário, ele me tratou superbem. Achei até estranho.

– Ufa! Tu quase me matas do corazón mujer. – Responde colocando uma das mãos sobre o peito aliviada. – Não se preocupes. Talvez ele só esteja querendo alguma coisa de tu. Quando Nick me trata assim ele sempre quer alguma coisa. Às vezes eu até faço o que ele quer, mas seu irm...

– Tá bom, tá bom. – A interrompo novamente. – Hora de voltar a trabalhar, né?

Ela me lança um olhar ameaçador e volta a para o balcão.

Talvez ela esteja certa, ele só deve estar querendo algo. Mas isso acabou me deixando ansiosa para saber o que ele quer conversar comigo.

A tarde não passou tão rápido quanto eu pensei que passaria. Acho que o Max me falou acabou me deixando ansiosa demais. O dia foi cansativo, mas a curiosidade não queria sair de mim. Nunca fui assim, mas acho que o que Rennata falou sobre talvez ele querer alguma coisa por ter me tratado tão bem mexeu com alguma coisa dentro de mim. É uma mistura de medo e ansiedade ao mesmo tempo.

Depois do nosso primeiro beijo ele tem dado investidas. Não sei se nós dois já dormimos juntos, mas eu tenho muito medo que sim e mais medo ainda se – por um acaso – o assunto for esse. Porquê se for, infelizmente vou decepcioná-lo.

Tomei banho e fiquei esperando ele chegar, não aguentei esperar por muito tempo e acabei ligando pra ele. Quando ele atendeu disse que estava estacionando o carro.

Três minutos depois ouvi a campainha tocar e desci para a sala de estar. Ele estava muito bonito e charmoso. Parecia até que ia sair. Com os cabelos úmidos e casaco de couro preto, camisa preta e calça preta. Eu estava apenas de calça de moletom e uma camisa folgada que roubei do closet de Nícolas.

– Boa noite, bad boy. – Falo e beijo sua bochecha.

– Boa noite. Hum... Que apelido posso dar para você? – Pergunta me olhando dos pés a cabeça. – pijameira, talvez...

Dou uma gargalhada.

– Essa palavra existe? – Pergunto ainda rindo. – Você pareceu a Rennata agora. Ela que tem o costume de me dar apelidos estranhos.

– Foi a única palavra que eu achei que combina, já que você está de pijama.

– Não estou de pijama. Essa camisa nem é minha, é de Nícolas.

– Combinou bastante com você. – Diz sorrindo.

– Vamos para o jardim? – Sugiro. – Podemos conversar lá.

Ele assente e me segue para o jardim. Paro em frente a uma das espreguiçadeiras perto da piscina e sento-me. Max senta-se na outra espreguiçadeira, do meu lado.

– Então... O que quer conversar comigo? – Vou direto ao ponto curiosa.

– Sempre curiosa, não é mesmo?

Sorrio para ele. Ele se inclina um pouco para frente e se aproxima do meu rosto. Cheira meu cabelo e em seguida me beija.

– Sempre amei o cheiro do seu cabelo. – Diz ele.

Minha cabeça começa a doer e de repente as palavras que ele disse se tornam familiares. Fecho o olhos por conta da dor na cabeça e quando o faço lembranças invadem minha cabeça.

(lembranças on)

– Amo o cheiro do seu cabelo, Mel. Já disse que eles e seus olhos cor de chocolate formam uma dupla perfeita? – Ele diz.

Aproveito que ele está sentado atrás de mim e apoio meu corpo no dele.

– Incontáveis vezes. – Respondo.

Não estou de frente para ele, mas sei que está sorrindo.

– Sabe, eu estava pensando em pintar meu cabelo de loiro. – Provoco. – O que você acha?

Ele inclina o corpo para o lado fazendo com que eu o olhe para ele?

– Está brincando, não é?- Pergunta.

– Talvez...

– Você não seria louca. – Desafia. – Eu raspo sua cabeça, mas não deixo você pintar seu cabelo de loiro.

– Acontece que você não manda em mim, Alex. – Respondo um pouco irritada.

Odeio quando ele age como se mandasse em mim e ele sabe disso.

– Desculpe. Mas as vezes você tem umas ideias que me deixam louco.

Desvio o olhar e cruzo os braços fingindo estar com raiva. Ele começa a passar de leve o queixo pelo meu pescoço e sua barba por fazer me provoca arrepios e cócegas. E então sussurra no meu ouvido.

– Eu te amo...

(Lembranças off)

As lembranças vieram como imagens na minha cabeça e as vozes surgiram dentro da minha mente como uma melodia rápida e viva. Elas só serviram pra me deixar mais confusa do que eu já estava. Não consegui me lembrar do lugar onde estávamos. Era como se o mundo não existisse; como se estivesse apenas eu e Alex protegidos dentro de uma bolha vagando pelo universo. Nosso universo.

Volto à realidade quando Max me balança e fala comigo.

– Melodie, você está bem? – Pergunta preocupado.

– Sim... – Respondo depois de piscar algumas vezes.

– Tem certeza? Você ficou um pouco pálida e fechou os olhos como se sentisse dor...

– Eu estou bem. Só estou com um pouco de dor de cabeça. – Respondo. – O que você queria me falar? – Mudo de assunto.

– Bom, é que meus pais ligaram pra mim hoje. – Fala animado. – Me convidaram para ir a uma festa esse final de semana, na casa deles. – Ele pausou e ficou me olhando esperando que dissesse algo. – Acho que você não se lembra, mas eles não moram aqui. – Continua. – Moram em Pernambuco.

– Pernambuco? – Perguntei surpresa. – É um pouco longe demais, você não acham?

Não sei se estou preparada para ir a uma festa, principalmente onde tem muita gente. Tenho um medo enorme de que as pessoas comecem a beijar minha face e dizer “quanto tempo! Se lembra de mim...”. Não conheço a família de Max, e se os conheço, não lembro.

– Eu sei. – Fala me tirando dos meus devaneios. – Mas é a festa de um primo muito próximo de mim e meus pais insistem que eu vá. Não quero decepcioná-los.

Depois de uma luta interna comigo mesma, respondo:

– Tudo bem. Quando nós vamos?

Ele olha pra mim surpreso e depois confuso.

– Eu pensei que você não ia querer ir... e disse aos meus pais que iria sozinho.

Meu queixo cai. Parabéns Melodie, um ponto por auto se convidar.

– E-eu... hum...

– Mas tudo bem, se você quiser ir eu ligo pra eles e aviso...

– Não. Não precisa. – O interrompo. Por favor, alguém me diga onde tem um buraco para eu enfiar minha cara. – O aniversário é do seu primo... Hã... De qualquer forma, eu não ia me sentir a vontade rodeada por gente que eu nem sei se conhecia.

– É. Foi por isso que eu disse a eles que iria sozinho, não queria que você ficasse constrangida no meio de tanta gente.

Passamos alguns segundos em silêncio. Não sabia o que fazer, só queria sair dali e ir correndo para meu quarto.

Confesso que fiquei um pouco chateada por ele não querer me levar, mas ele está certo, eu ficaria me sentindo um peixe fora d'água mesmo.

Ele olha para o relógio e se levanta.

– Tenho que ir. – Diz.

– Já? Pensei que você ia ficar mais um pouco comigo. – Digo ao me levantar também.

– Marquei de encontrar com alguns amigos no shopping hoje. Gostaria de ficar mais um pouco, mas já estou atrasado.

– Tudo bem. – Repondo.

Depois que nos despedimos subo as escadas e passo no meu quarto para pegar meu celular, depois vou para o quarto de Nícolas. Quando entro no quarto dele escuto o chuveiro ligado e bato na porta do banheiro.

– Nícolas? – Chamo-o para me certificar que ele está mesmo no banheiro.

Ouço ele resmungar algo como um “droga!” e algo mais, mas não consigo entender.

– Está tudo bem aí? – Pergunto preocupada.

– Hã... Sim, está. Precisa de alguma coisa? – Ele pergunta.

– Quero conversar com você. Não saia do banheiro pelado, está bem?

– Acabei de entrar no banho. Se você quiser passo no seu quarto quando terminar aqui.

Achei estranho o jeito que ele falou como se quisesse me expulsar do quarto. Mas não vou sair daqui, preciso desabafar e já que só vou ver Rennata pela manhã tem que ser ele.

– Eu posso esperar. Só não saia pelado ou eu te mato.

Ele não responde, mas ouço ele rir.

Vou para a cama dele – que está uma bagunça – e me deito entre as cobertas. Acho que Nícolas deve ter algum problema com a limpeza. Por que os homens são tão bagunceiros?

Nícolas acaba demorando uma eternidade. Talvez tivesse sido melhor se eu tivesse esperado ele no meu quarto mesmo.

Estou quase cochilando quando meu celular toca avisando que chegou mensagem. Pego-o e vejo que é uma mensagem do Alex.

Alex: Mel, tá aí?

Meu coração meio que cai em queda livre. Não acredito que a primeira mensagem que recebo depois de perder a memória seja de Alex.

Eu: Oi.

Por um momento fico em dúvida se coloco mais alguma coisa ou não. Mas acabo enviando a mensagem com um simples “oi”.

Alex: Você estará em casa amanhã à tarde?

Eu: Não. Trabalho durante a manhã e a tarde.

Passam-se 3 minutos e ele não responde. Estou a ponto de ter um treco de tanta curiosidade pra saber o que ele queria vir fazer aqui amanhã à tarde, mas ouço a chave da porta do banheiro ser girada e escondo o telefone no meu colo, pego um dos travesseiros e coloco por cima.

Nícolas sai do banheiro enrolado em um roupão e um vapor que vem do banheiro invade o quarto.

– Até que enfim, pequena sereia. Pensei que não ia sair mais desse banheiro. – Provoco fingindo estar irritada.

– O que você queria conversar comigo? – Vai direto ao ponto.

– É sobre Max. Ele vai viajar para Pernambuco, acredita?

– Ah. Era sobre ele que você queria falar? – Diz e fecha a porta do banheiro.

– É.

Ele vai até o criado-mudo, pega um pequeno controle que está em cima dele e liga o aparelho de som em um rock pesado.

Por que ele está agindo assim?

– Estou te atrapalhando seu mergulho? – Brinco pra tentar descontrair. – Se quiser eu posso até colocar um pouco de sal na água pra você. – Me levanto e vou em direção a porta do banheiro.

Antes que eu abra a porta ele atravessa na minha frente.

– Melodie, eu preciso terminar meu banho. Depois nós conversamos, está bem?

Uma ideia passa pela minha cabeça e não consigo dispensá-la. Será que Rennata está no banheiro?

– O que tem dentro do banheiro maninho?

Começo a brincar com ele tentando abrir a porta, mas ele não deixa. Por um momento pensei que ele tivesse entrado na minha brincadeira, mas percebo que não quando ele usa da força bruta e agarra meu pulso quando consigo tocar na maçaneta.

– Será que dá pra você sair daqui? – Grita.

– Você está me machucando! – Grito de volta.

– Desculpe. – Diz quando solta meu pulso.

– O que tem de tão importante aí dentro que eu não posso ver? – Pergunto colocando as mãos na cintura. – E não venha me dizer que não é nada, porque eu não vou acreditar.

Ele abre a boca pra falar várias vezes, mas logo em seguida fecha novamente.

Por um momento pensei que poderia ser Rennata, mas se fosse ela ele não me trataria dessa forma. Não sei o que ele está escondendo nesse banheiro, mas só saio daqui quando descobrir.


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Notas finais do capítulo

O que vocês acham que tem naquele banheiro?
Espero que tenham gostado do capítulo.
Até semana que vem,
kiss.



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