A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia
Dava para sentir a tensão na atmosfera do local enquanto as duas permaneciam muito próximas fisicamente. Henrique as observava com seus olhos azuis e misteriosos, somente após ele soltar um sorriso que Lola e Miranda conseguiram soltar a respiração que estava presa em seus pulmões.
– Vocês... Está tudo bem por aqui? - disse ele enquanto se aproximava das duas.
– Oi, amor. Está tudo bem sim.
– Está melhor, Lola? - questionou ele.
Lola demorou alguns segundos para finalmente respondê-lo.
– Estou melhor, obrigada. - esboçou um sorriso amarelo.
Henrique se aproximou da mulher e abraçou-a por trás, enquanto envolvia, com seus braços, a cintura de sua amada Levou os lábios próximo ao rosto dela e a beijou na bochecha. Miranda ficou sem jeito e desconfortável, enquanto isso, Lola sentia seu estômago revirar em ver aquela cena e por dentro ardia em seu peito o sentimento de ciúme.
– Estava pensando, porque não saímos os três para comer algo?
A menina engoliu em seco e balançou a cabeça recusanbe desesperadamente.
– Muito obrigada mas não posso ficar.
– Por quê? - Henrique soltou um Muxoxo.
– Porque o pai dela deve estar preocupado com sua ausência - interviu a professora - Aliás, posso te levar para a casa no meu carro.
– Eu aceito. - declarou a garota.
Quando a jovem começou a se alegrar com a ideia de ficar à sós com sua amada professora, a sugestão de Henrique foi o balde d'água fria.
– Nada disto! Faço questão de levá-lá no meu carro.
Apesar de ter sido gentil, nenhuma das duas ficaram felizes com a sugestão dele, mas Miranda, na maioria das vezes, procurava não contrariar o marido, então não deu sequer uma posição oposta e resolveu obedecê-lo.
– Então vamos agora? - declarou Henrique sorrindo.
Antes de seguirem em frente, andando para fora do apartamento do casal, as duas amantes secretas trocavam olhares e perceberam, sem trocar uma só palavra, que nenhuma delas estavam satisfeitas com o acordo.
****
Henrique comandou o carro como havia dito, em seu lado, sua esposa Miranda ocupava o assento e no banco de trás a jovem Lola se acomodava apreensiva.
Na trajetória, Henrique foi cuidadoso e preferiu não tentar se entro meter e fazer perguntas para a menina para saber o porque da aflição e o motivo que a trouxe ao seu apartamento, ao invés disto, para quebrar o silêncio no carro, perguntou sobre o colégio e sobre as aulas que ela tinha com sua mulher.
– Você gosta das aulas de Miranda?
Lola não editou e disse com toda a sua sinceridade que que emanava de seu coração.
– Eu amo as aulas dela. Nunca fui uma aluna exemplar mas gosto de assistir as aulas. Na verdade, ela é a única professora que gosto, arriscou dizer que talvez seja a única que eu gosto de verdade em toda a minha vida.
Miranda com seus olhos verdes enigmáticos, encontrou os olhos castanhos de Lola através do retrovisor do carro e lançou um sorrido para a menina em forma de agradecimento pelo elogio sincero.
– Fico feliz em ouvir isto! Sou suspeito para falar mas é incrível como ela é maravilhosa em tudo o que faz.
Lola arregalou os olhos e Miranda sentia suas bochechas queimarem de vergonha e ficarem vermelhas.
– Que isso! Mas obrigada pelo elogio - agradeceu ao marido sem graça.
Miranda sentiu uma das mãos de seu marido sobre sua coxa e automaticamente ela a retirou do local e pigarreou sem graça. Henrique retirou a mão e voltou sua atenção para o volante, enquanto isso Lola desviava o olhar do casal. Ver o marido de sua professora falando e fazendo tais coisas mexia muito com a menina.
NARRAÇÃO DE LOLA
Ver aquele homem dizendo aquelas palavras tão íntimas para a mulher que amo, não só me causava náuseas e asco como também ciúmes. Não podia mas me conter e mentir para mim mesma, eu estava a. Amando com todo o meu coração e deixava claro a cada dia que passava. Era ela quem me fazia me sentir bem, era ela que eu procurava quando estava em apuros, era ela que invadia minha mente à noite e me fazia ter sonhos proibidos. Apesar de te ensinado Anna, não sentia. a mesma coisa como quando beijava Miranda. Miranda era diferente, eu amava seus cabelos loiros dourados e ondulados, amava seu sorriso, seus olhos verdes que me hipnotizavam e amava mais ainda o que ela era, por dentro dela, o seu eu verdadeiro. Quando a alma de alguém encanta outra pessoa e não somente o físico, arriscou em dizer que isso é amar de verdade. Vai além de aparências e desejo carnal. É um amor sublime, um amor espiritual que é o mais forte de todos. Eu a amava e a queria em minha vida como nunca quis alguém. Se aquilo não era amor eu não sei mais o que poderia ser. Foi naquele instante que eu confirmou que eu realmente a amava e não havia nada e ninguém que me impediria de ser feliz com ela. Isto era o que eu mais almejava. Ser feliz ao seu lado.
****
Após Henrique estacionar o carro no jardim de casa de Lola, Miranda desceu do carro e abriu a porta para a menina. Antes de ir embora, Lola agradeceu e se despediu de Henrique. Ele por sua vez deu adeus à menina e disse que ela poderia contar com ele e com sua esposa sempre que precissase. Lola esboçou um sorriso e antes de entrar em casa se aproximou de Miranda e a surpreendeu com um abraço forte.
– Obrigada! Por tudo, por me ouvir, por abrir as portas de dua casa para mim.
- De nada, querida. Eu que fico feliz em te ajudar e sempre que precisar, saiba que pode contar com...
– Eu te amo! - Lola declarou olhando em seus olhos enquanto segurava suas mãos.
Henrique não ouviu pois estava dentro do carro fechado e elas estavam afastadas do carro.
Tal frase dita por Lola atingiu Miranda em cheio deixando da sem palavras.
Lola sentiu que aquilo saiu naturalmente. Ela havia dito o que e estava preso na garganta e de que seu coração estava cheio.
Miranda um o de céu os lábios e mirou seu marido ao longe e voltou sua atenção à menina. Os cabelos cor de púrpura dançavam ao vento enquanto seu coração batia forte. Então, para surpresa de Lola, Miranda disse:
– Eu também te amo.
Miranda abraçou a menina novamente e ambas ficaram assim por uns segundos. As mãos de Miranda acariciava os cabelos e cabeça da garota. Lola se aninhava ao seu ombro enquanto fazia carinho nas costas da professora. A porta da casa de Lola abriu e Lúcio se fez presente.
– Ora , vejamos quem apareceu! - disse cruzando os braços.
As duas se des grudaram ee aram a realidade.
– Pai...
– Olá, Lúcio - cumprimentou a professora - Sua querida filha estava sob meus cuidados, não se preocupe.
- Menos mal, porém precisamos conversar, mocinha! - advertiu Lúcio.
– Bom, vou indo... - disse Lola.
– Tchau! E fique bem e não brigue com seu pai. Lembre de nossa conversa. Todos nós temos o direito de sermos felizes. - piscou a professora.
– Parece que nem todo mundo tem esse direito.
Miranda ficou surpresa e sentiu a real intenção daquelas palavras. Percebeu que Lola estava realmente apaixonada por ela. Levou a mão na nuca e tentou encontrar algo para dizer mas o barulho do carro de seu marido a fez não pronunciar nada e a alarmou.
– Vamos, Lola. Entre! - chamou Lúcio- Obrigada, Miranda! - disse alto enquanto balançava o braço se despedindo da professora.
Miranda deu tchau para Lúcio e viu Lola dar meia volta e se aproximar dela novamente e abraçar pela última vez naquele dia. Algo fez com que Lola fosse atrevida ao dizer perto do ouvido de Miranda:
– Não importa o que aconteça mas um dia você será minha.
Lola disse isto e se afastou da professora lançando um sorri sonho cheio de malícia enquanto corria em direção ao pai como uma criança que havia acabado de aprontar uma.
Lúcio fechou a porta e deixou Miranda ainda perdida com o que havia acontecido. Após recuperar o fôlego retornou ao carro do marido e foi embora para casa.
*****
Era hora de dormir e o casal já estava pronto para desligar a luz e finalmente descansar quando antes de apagar o abajur, Henrique quis começar uma conversa com sua esposa.
– O que aconteceu com ela, amor?
– Com quem?
– Com Lola, é claro.
Miranda havia disfarçado e fingido de desentendida mas não seria fácil tentar fugir das perguntas de seu marido.
– Ela brigou com o pai, pobrezinha. Como lhe disse ela não tem mãe então...
ida como vocês se abraçavam.
Neste momento o coração de Miranda quase soltou pela boca mas antes que pudesse dizer algo, Henrique retomou sua fala.
– Ela deve sentir falta de uma imagem materna na vida dela. Acho que ela lhe vê como uma mãe.
Miranda engoliu em seco e se surpreendeu que seu marido não desconfiava de nada.
– Ela é uma bia menina, só está passando por momentos difíceis. Todos precisamos de apoio, então me vida na obrigação de apóia-lá.
– Você realmente gosta dela não é?
– Eu... Eu adoro ela. - Miranda disse sem jeito.
– Ela é a filha que você queria ter?
Algo se acendeu dentro dela quando ouvi aquilo. E antes que pudesse conter, a lágrima escorreu pelos seus lindos olhos verdes.
– Ela... Eu não a vejo como uma filha... O que eu perdi jamais seria substituído.
Antes que se desse conta do que havia dito e quase revelado, Miranda viu seu marido se levantar da cama afoito e alterado.
– O que você quer dizer com isso? Você por acaso... - Henrique não conseguia pronunciar o que queria dizer.
– Isso mesmo. Eu perdi um bebê que seria nosso.
Miranda levou a mão em sua barriga e começou a chorar enquanto Henrique ainda tentava achar um eixo pois tal revelação havia lhe atingido tão forte quanto um soco na barriga.
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