NARRAÇÃO DE LOLA

Eu ainda não conseguia pronunciar uma só palavra, somente quando Miranda, com sua doçura, encostou a mão em meus ombros que consegui me sentir à vontade para desabafar.
- Eu... - comecei a gaguejar.
- Pode falar, querida. O que houve?
Henrique nos olhava e me encorajava a beber água que ele havia trazido para mim. Segurei o copo tremendo e dei um gole longo. Enquanto segurava o copo entre minhas mãos, o celular de Henrique tocou fazendo com que ele se retirasse da sala e nos deixando à sós, dizendo:
- Irei deixá-las sozinhas para conversarem. Fique bem, Lola.
Eu agradecimento balançando a cabeça enquanto ele nos lançava um sorriso se despedindo. Após ele ter bos deixado, Miranda virava sua atenção somente para mim.
- Então, vai me contar o que houve, meu anjo?
Depois de ouvir tal adjetivo carinhoso, tomei coragem, respire fundo e juntei as palavras necessárias para dizer:
- É o meu pai como de costume.
- Vocês brigaram?
- Sim. Mas dessa vez foi diferente. Descobri mentiras sobre ele e para piorar ele resolveu me contar que...
Eu travei naquela hora, só de imaginar meu pai segurando uma criança meu estômago se revidava e minha mente fervia em ódio. Se ele não havia sido o pai perfeito para mim como ele seria para outro ser? Aquilo não era justo de maneira alguma. Mas parecia que nada em minha vida era justo. Desde à morte de minha mãe até ao fato de minha paixão pela Miranda.
Miranda interrompeu meus pensamentos quando disse:
- O que ele te contou?
- Ele e a namorada estão esperando um bebê que supostamente será meu irmão.
Miranda levou a mão à boca e arte falou os olhos surpresa.
- Se a minha mãe estivesse aqui, nada disto estaria acontecendo. - disse mais para mim mesma do que para ela que estava me ouvindo pacientemente.
- No meio da briga eu gritei com o meu pai e disse que ele que deveria ter morrido no acidente de carro ao invés da minha mãe, mas quer saber de algo? Quem deveria estar morta mesmo era eu! Eu não aguento mais! - comecei a chorar desesperadamente.
A professora em um misto de desespero e pena se aproximou de mim e com seus dedos e polegares secou minhas lágrimas. O toque dela em minha pele aquecia meu coração. A mera presença dela conseguia fazer com que eu me sentisse melhor.
- Lola, não fale uma besteira dessas!
- Eu odeio a minha vida! - gritei enquanto me afogava em minhas próprias lágrimas.
- Não chore! Assim você parte meu coração ao meio!
– Não consigo parar de chorar, as vezes chorar é a única solução. - desabafei.
– Mas eu não gosto de te ver triste deste jeito.
Nesse momento eu parei de secar minhas lágrimas com os dedos e olhei no fundo de seus olhos verdes e profundos. Miranda era o tipo de pessoa que consegue transmitir compaixão, solidariedade, compreensão e o principal, conseguia transmitir amor, através de seu olhar.
– Obrigada pelo apoio. - sorri e levai uma de minhas mãos ao encontro de uma das mãos dela. Quando a mesma percebeu meu toque, percebi que ficou sem jeito e pigarreou dizendo:
- Vai me contar o que houve? Quero saber dessa história desde o início.
Ela me deu a deixa e o apoio necessário para que eu abrisse meu coração para ela como eu nunca havia feito com alguém antes. E então, foi o que eu fiz.