A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia


Capítulo 21
Família Exemplar




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O sol já dava o ar de sua graça lá fora, anunciando a chegada de um novo dia.

Erick despertou e já se sentia um pouco melhor, então resolveu levantar da cama e tomar um banho.

Lola continuou dormindo durante alguns minutos a mais que Erick, até que abriu os olhos e se esticou enquanto bocejava. Ela olhou para os lados e percebeu que Erick já não estava mais ao seu lado.

Lola se surpreendeu quando a porta do banheiro do menino abriu. Era Erick e ele só estava coberto por uma toalha e exibia seus belos músculos.

– Acordou, bela adormecida? - disse enquanto passava a mão pelos cabelos ainda molhados.

Lola levantou da cama e ficou vermelha de vergonha por ter se surpreendido pela presença do amigo vestindo apenas uma toalha branca.

Neste exato momento, dona Helena bateu na porta.

Lola pulou para fora da cama e não sabia oque fazer,por mais que os dois não estivessem fazendo nada de mais a cena em si era embaraçosa.

Erick também não sabia como agir, mas seguiu o que Lola mandava-o fazer através de um gesto que fazia com as mãos.

– Volta pro banheiro! - sussurrou a menina enquanto balançava as mãos em desespero.

Erick seguiu o conselho e voltou rapidamente para dentro do banheiro.

Lola deu um grande suspiro de alívio e foi abrir a porta.

– Bom dia, queridos! O café já está na mesa para vocês se alimentarem.

– Obrigada! Já estamos indo. Estou esperando o Erick terminar de tomar banho.

Helena sorriu e fechou a porta do quarto e voltou para a cozinha.

Lola se dirigiu à porta do banheiro, bateu nela e disse:

– Ela já foi. Se arruma logo para irmos comer.

– Ufa! - disse aliviado - Lola, você faria uma favor para mim?

– Qual é o favor?

– Pegar uma cueca, blusa e calça na gaveta para mim? Para eu poder me vestir aqui no banheiro.

– Você deveria ter levado antes, né? - reclamou a menina.

– Eu sei mas como você estava dormindo, pensei que trocar de roupa não seria problema.

– O quê? E se eu acordasse bem na hora em que você estivesse...

– Estivesse pelado?

– Exatamente!

– Bom, seria um tanto quanto engraçado! - disse enquanto ria.

– Não seria nada engraçado!

– Imagina a cena! Você ficou toda sem graça quando minha mãe bateu na porta. Você tinha que ver a sua cara! - Erick dava gargalhadas enquanto falava.

Lola abriu o guarda-roupa do amigo,ppegou a blusa e calça mad na hora de pegar a cueca ela ficou apreensiva. Demorou uns segundos para pegar uma da cor verde.

– Para de gracinha e veste logo essa roupa. Nunca pensaria que pegaria uma cueca para alguém. Era só oque me faltava!

– Para de falar dona reclamona!

Erick se arrumou e saiu do banheiro.

Antes de saírem do quarto, Erick resolveu brincar novamente com a amiga.

– Se vc acordasse na hora em que eu estivesse trocando de roupa, seria uma grsnde sorte sua. Não é todo dia que uma garota tem a oportunidade de ver esse belo corpinho.

Lola revirou os olhos, tentou não rir mas não conseguiu e acabou dando uma gargalhada.

– Sorte? Seria um grande azar, isso sim! - ela disse enquanto dava uma batidinha de leve no ombro do amigo- Toma juízo, rapaz!

Os dois riram da situação e foram para a cozinha.

******

– Bom dia! - Lola e Erick falaram juntos.

Na mesa do café da manhã, havia uma porção de coisas como: pães franceses, xícaras de café, uma cafeteira, leite, mamão, queijo, presunto, morango e iogurte. Um senhor com uma camisa azul, segurando um jornal enquanto o mesmo o cobria o rosto, era a única pessoa que estava sentada na mesa. Ouvindo as vozes dos adolescentes, Seu Manoel, abaixou o jornal e deu um bom dia à todos.

– Lola, quanto tempo! - Manoel levantou da cadeira e foi abraçar Dolores.

– Como o senhor está?

– Tirando o fato de sentir umas dores nas costas estou muito bem, mas veja você! - ele pegou a mão de Lola, levou ao alto e a girou - Como cresceu! E está mais linda como nunca!

As bochechas de Lola coraram e a menina agradeceu ao elogio.

Manoel era o pai de Erick. Vivia trabalhando, então era difícil vê-lo em casa, devido à idade avançada, Manoel se aposentou mas não quis ficar parado, sem fazer nada em casa. Sempre arrumava um bico para trabalhar ou visita asilos e orfanatos para ajudar como voluntário. Assim como Helena, ele era um homem muito generoso e bondoso. Lola não o via desde que tinha 14 anos de idade. A última vez que o viu em casa foi quando foi fazer um trabalho escolar na casa do amigo Erick. A menina ficou muito feliz em revê-lo, pois o bom senhor sempre a tratava muito bem e tinha muito apreço pela menina.

Manoel tinha a aparência do bom velhinho natalino,o papai Noel pois tinha barba branca e era dono de uma barriga grande e como era muito branco, suas bochechas ficavam facilmente coradas.

Helena e Manoel tiveram Erick quando ambos tinham por volta dos 35 anos de idade,o que era algo fora do comum, mas a diferença de idade não atrapalhava na criação do filho, muito pelo contrário, devido à idade o casal era maduro e juntos cultivavam muito conhecimento de vida.

– Fico muito feliz em te ver de novo, Seu Manoel!

– Não suma mais desta casa, menina! Todos nós gostamos muito de você. Falando nisso, como vai o seu pai?

Quando Lola iria responder, dona Helena apareceu na mesa com um bolo de laranja carregando nas mãos.

– Bom dia, dorminhocos! O bolo acabou de sair do forno. Bolo fresquinho especialmente para vocês.

Todos se sentaram e conversaram enquanto bebiam café e degustavam o delicioso bolo feito por Helena.

Lola bebia café com leite, quando, olhando para os três na mesa, se perdeu nos próprios pensamentos.

NARRAÇÃO DE LOLA

Dona Helena, além de ser uma excelente mãe, era uma ótima cozinheira. Seu Manoel era a personificação da bondade e Erick, era um filho estudioso e que enchia os pais de orgulho.

Vendo agora os três nesta mesa, juntos, conversando, sorrindo e transbordando felicidade era algo lindo de se ver. Esta família é realmente linda. Unida e harmoniosa. Tudo o que eu queria era fazer parte de uma família como esta, mas com a ausência de minha mãe e o gênio forte do meu pai, seria algo impossível. Um sonho distante que eu nunca iria realizar.

Sei que há famílias felizes mesmo com a ausência de uma mãe ou de um pai, mas no meu caso isto seria impossível. Nem se meu pai arrumasse uma nova mulher e que ela fosse decente e bondosa. Nunca, ninguém conseguiria usurpar o lugar dela. Este lugar é impossível de ser ocupado. Sempre me pergunto e tento imaginar,como teria sido a minha vida se ela estivesse aqui comigo.

Pentearia meus cabelos antes de dormir, quando eu era mais nova? Me contaria histórias divertidas de sua juventude? Me colocaria em seu colo e afagaria meus cabelos quando eu estivesse triste? Faria um delicioso bolo de chocolate em meus aniversários? Tantas perguntas que não possou as respostas. Mas ela não está aqui. Não vai poder me ver dirigindo o meu primeiro carro. Não choraria quando me visse sair de casa e fosse embora do ninho em busca de minha independência. Não estaria presente em minha formatura, nem no meu casamento ou até mesmo no dia em que meus filhos nascessem. Não, em nenhum destes momentos ela estaria presente. E saber disto me corroi por dentro. Me machuca muito. Aperta meu coração.

A risada de Erick me despertou dos meus pensamentos. Consegui engolir em seco e conter uma lágrima que estava prestes a derramar. Todos na mesa gargalharam de algo que foi dito mas que eu não tinha prestado a atenção, então resolvi sorrir para fingir que eu estava prestando atenção, mas isto era fácil e espontâneo pois a alegria que aquela família irradiava me contagiava de alguma maneiro. Estar sentada naquela mesa com eles, me fez sentir como se fosse um membro daquela família. Me sinto acolhida e feliz como nunca antes.


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