A Cor Púrpura De Teus Cabelos escrita por Letícia


Capítulo 19
Velhos Amigos




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Da janela do quarto de Dolores, o sol já dava o ar de sua graça, irradiando por todo o quarto. Nem mesmo a luz do dia e o calor do sol conseguiram fazer com que Lola despertasse do sono profundo. Foi o toque do celular que a fez acordar.

Lola conferiu na tela do celular quem a ligava. Era Erick e a menina recusou a chamada, voltou para cama e quando iria tentar pegar no sono novamente, o celular voltou a tocar.

Lola ignorou a chamada telefônica e colocou o travesseiro sobre a cabeça para abafar o barulho mas isto não a impediu de ouvir pela terceira vez o toque. Então a menina resolveu atender, achando que era seu amigo Erick novamente e julgou que algo não estava bem. Quando pegou o celular, percebeu que não era seu amigo e sim seu pai. Era Lúcio.

– Lola, tudo bem por aí? -perguntou o pai.

– Oi,pai. Estou bem sim - respondeu Lola com a voz sonolenta

– Que bom. Filha, eu liguei para te avisar que deixei um dinheiro na gaveta do meu quarto para o caso de emergências ou caso queira almoçar e jantar fora de casa.

– Ok, pai. Valeu por avisar -disse a menina enquanto dava um grande e sonoro bocejo.

– Espera aí, você ainda está dormindo? Acordou agora com a minha ligação?

– Sim. Por quê? - Lola perguntou enquanto esfregava os olhos com o dorso da mão ainda com muito sono.

– Você ainda me pergunta o porquê? Por acaso você já viu que horas são?

– Hora de você desligar o celular e ne deixar voltar a dormir.

– Voltar a dormir? Hoje é dia de semana e você perdeu a aula! Já são duas horas da tarde!- brigou o pai.

– Perdi aula? - Lola passou as mãos pelo cabelo e então conferiu o relógio - Ai caramba, eu dormi demais!

– Dormiu demais? Preste atenção, você não me apronte enquanto estiver fora, ouviu bem? Trate de colocar esse celular para despertar, porque se você perder mais uma aula eu te mando para um colégio interno!

– Oquê? Internato? Ah, já entendi... É o que aquela mulherzinha de quinta quer que você faça. Se livrar da própria filha!

– Menina, se você continuar a me responder eu vou é te manda para um colégio militar! Talvez lá eles conseguem dar um jeito em você.

– Colégio militar? - Lola deu uma risada abafada- Porque você não me manda logo pra fila de adoção? Talvez lá eu seja adotada por uma família decente e tenha um pai melhor que você. Se bem que qualquer um consegue se sair melhor que você!

– Dolores, pare de dizer essas coisas...

Lúcio não conseguiu terminar sua frase pois sua filha desligou o celular abruptamente em sua cara.

Cheia de raiva, Lola tirou a bateria do celular e o colocou dentro de uma gaveta.

– Agora eu quero ver ele me encher o saco!

Dizendo isto, ela fez um gesto obsceno com o dedo do meio da mão direita enquanto fechava e batia a gaveta com força.

Lola tomou um banho rápido, vestiu uma calça jeans rasgada, colocou uma blusa preta com uma estampa de caveira mexicana e jogou por cima um casaco xadrez.

Se dirigiu ao quarto de Lúcio, abriu a gaveta onde estava o dinheiro e pegou cerca de duzentos reais e o guardou dentro do bolso interno do casaco.

Então saiu de casa, conferiu se a porta estava bem trancada e foi em direção à sua bicicleta. Subiu na bicicleta e resolveu dar uma volta para esparecer a mente. Enquanto pedalava por volta de sua própria casa, teve a ideia de ir visitar seu amigo Erick, que por estar doente também não teria ido à escola naquele dia.

Depois de ter se estressado com Lúcio, ela só queria esparecer a mente e relaxar e ter a companhia de alguém que a fizesse se sentir bem. Enquanto pedalava, deixou os cabelos soltos brincarem com o vento e fechou os olhos por alguns segundos enquanto sentia o vento fresco tocar a sua pele e bagunçar seu cabelo.

****

Ao chegar na casa de Erick, ela deixou sua bicicleta encostada perto da grade da casa. Se dirigiu à porta e bateu. Quem abriu a porta foi uma mulher que tinha cabelo ruivo, pele branca e com sardas, apresentava algumas rugas pela face e tinha uma baica estatura mas o sorriso encantador que tinha era oque prendia a atenção de todos que a olhavam.

– É você, minha filha. Que saudade! - dona Helena disse enquanto ia de encontro à menina para abraça-la.

– Oi, dona Helena. Quanto tempo! - Lola retribuiu o abraço.

Dona Helena, mãe de seu amigo Erick, era tão especial que Lola a tinha como uma tia postiça. Helena acompanhou a amizade dos dois florescer desde que eram pequenos. A senhora ruiva foi quem acalentou a pobre e pequena Dolores quando a mesma tinha perdido a mãe. A bondosa senhora tratava Dolores com muito carinho e sempre a mimava quando a tinha como visita em sua casa. Quando Erick e Lola atingiram a puberdade, Helena não disfarçava que adoraria que os dois namorassem, mas não forçava nada e nem comentava algo na presença deles mas os dois sabiam oque ele pensava e desejava.

Ultimamente Lola tinha se afastado de Erick, por isso não via dona Helena há alguns meses.

– Entre meu anjo. Erick está no quarto se recuperando a gripe.

– Estou sabendo, por isso resolvi vim visitá-lo.

– Entre! Ele ficará muito feliz com a sua visita.

Dona Helena deu uma piscadela para Lola e a conduziu para o quarto de Erick, mas claro, ela já sabia o caminho.

– Olha quem veio lhe visitar! - Helena disse animada.

Erick estava deitado debaixo das cobertas com uma xícara de chá quente nas mãos. Quando avistou Lola ficou surpreso e animado. Deixou a xícara do lado do criado-mudo e disse:

–Lola, que bom te ver! Pensei que tinha esquecido da minha existência - declarou enquanto fazia beicinho.

– Não seja dramático! - disse Lola enquanto ria.

Dona Helena pigarreou, chamando a atenção dos dois e disse antes de se retirar do quarto do filho:

– Estão com fome, crianças? Vou preparar um lanchinho para vocês. Fique à vontade, menina. Você sabe que já é de casa.

Dona Helena se retirou do quarto e os deixou sozinhos.

Lola se aproximou do amigo e sentou-se perto dele, na beirada da cama.

– Como você está? Melhorou um pouco? - Lola perguntou e passou a mão na testa do menino verificando sua temperatura corporal.

– Estou um pouco melhor...

Erick pegou a mão de Lola e a retirou de sua testa, agora a segurava e fazia carinhos enquanto estava apoiada em seu colo.

– Porque não atendeu as minhas ligações? Fiquei preocupado...

Lola estava distraída enquanto sentia os carinhos do menino em sua mão, demorou para responder a pergunta do garoto.

–Me desculpa! Aconteceu muitas coisas que me abalaram nesses últimos dias. Quando vi a sua ligação no meu celular, resolvi te visitar.

– Você não me engana. Você veio me visitar porquê precisa de um apoio, um ombro amigo e não porque talvez esteja preocupada com a minha saúde. Adivinhei, não é mesmo isso? -Erick disse dando uma risada.

– Não é bem assim... - disse Lola desconcertada com a situação pois seu amigo a conhecia muito bem.

Não adiantava Lola tentar disfarçar pois Erick conseguia a decifrar facilmente. Afinal eram amigos desde pequenos, cresceram juntos e construíram um elo, um tipo de conexão, mas o de Erick por Lola era maior, talvez fosse porquê o menino considerava a garota muito mais do que ela pensava. Mais que amigos. Mais que irmãos. Erick reconhecia que no fundo guardava um amor secreto pela menina.

– Eu estou certo né? Há algo te incomodando...

– É. Você me conhece muito bem... - Lola soltou um suspiro.

– Dessa vez porquê brigou com o seu pai?

– Se eu te contar você ficará de boca aberta.

– Me conta, vai! Volte a ser a amiga que confiava em mim - Erick pegou a mão de Lola e deul-lhe um beijo.

Lola sorriu com o gesto e não maldou a atitude do garoto, pelo contrário,isto acendeu o coração dela e a fez lembrar de que sempre poderia desabafar com Erick.

– Para você ter noção, agora a pouco ele cogitou em me mandar para um colégio interno ou pior, um colégio militar!

– Como assim? - Erick abriu a boca e arregalou os olhos.

– Não sei nem por onde começar...

Lola abriu seu coração e compartilhou com o amigo tudo oque lhe aflingia, como fazia antigamente, só guardou para si mesma o segredo de ter se relacionado com Miranda. Isto ela não contaria à ninguém, jamais, em hipótese alguma.


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