O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 7
O mundo dos espíritos




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A construção gigante deixou Chihiro receosa, Harumi seguiu em direção a ela ultrapassando a pedra do guardião e deixando Chihiro para trás, ao lado da estátua, alguns poucos instantes, quando percebeu que a garota havia parado olhou para ela e a chamou, percebendo que ela não andaria Harumi deu meia volta e se aproximou.

O vento soprada nas árvores formando um agradável uivo, quase uma canção, o farfalhar das folhas entre o bosque e o sopro entre as pernas das jovens deixava aquele momento com um ar de tristeza que Chihiro não sabia dizer de onde vinha. O cabelo delas estava bagunçado devido ao sopro e como se o vento a deixasse tonta, Chihiro se segurou a estátua para não cair. Harumi a observou e depois de alguns instantes em silêncio, perguntou:

— O que foi? – Sua voz era doce e tranquila, parecia saber o que Chihiro sentia, medo.

— Eu quero fazer algumas perguntas antes de entrarmos lá – Chihiro falou, sinceramente – Não acho que poderão ser respondidas depois.

A feiticeira parou por algum tempo e respirou fundo.

— O mundo só nos aparecera ao pôr do sol – Ela falou – Até lá, ficaremos deste lado do rio e teremos tempo de conversar enquanto trabalhamos nos feitiços, ok?

— Promessa? – Chihiro disse.

— Promessa.

— Ok...Vamos - Quando Chihiro disse isso Harumi colocou uma mão no ombro da garota, lhe dando o suporte que precisava para seguir o caminho dentro da construção.

Elas andaram devagar até a grande construção vermelha e Chihiro respirou fundo antes de dar o primeiro passo para o túnel que as levaria até o outro lado. Lado a lado elas andaram o longo caminho do túnel, acompnhadas uma pela outra, pelo som do vento que cantava para elas, dessa vez em tom mais fúnebre, e pelo eco dos passos de cada uma.

Chegaram em fim ao pátio que ficava no final do prédio, parecia uma antiga estação de trem e estava como da primeira vez. Chihiro pensou que ficariam ali, mas Harumi continuou andando até o gramado que brilhava verde esmeralda, então a chamou.

— Por que aqui? – perguntou para a guardiã.

— A natureza e o ar – ela respondeu enquanto tirava as coisas da bolsa e se sentava no chão – Tem elementos mágicos que não tem ali – disse apontando com a cabeça a construção.

— Oh...-exclamou Chihiro, acompanhou a garota se sentando na grama.

— A construção é um portal Chihiro - Ela disse prendendo a atenção da garota - Devemos evitar mágicas ali dentro para que nenhum feitiço se confunda.

Depois de responder Chihiro, Harumi prendeu sua atenção ao que fazia e Chihiro aproveitou para observar ao redor, coisa que não pode fazer quando estava salvando Harumi. Aparentemente tudo estava igual, ela imaginava os pais como porcos, imaginava o medo que sentira ao enfrentar Yubaba e ao ter que correr pelos arredores com Haku, imaginava tudo, menos o conforto e a calma que sentia agora. A presença de Harumi lhe dava aquela sensação de paz, mesmo em casa tudo parecia mais calmo com ela lá.

— Então? – Harumi falou.

— Oi? – Chihiro disse retomando a consciência.

— Suas perguntas, Chihiro. - Ela disse com mais calma do que realmente deveria estar.

— Ah! – A garota exclamou – Verdade...

Chihiro pensou em tudo o que quis entender da primeira vez que esteve ali e um turbilhão atingiu sua mente, pensou bem antes de dizer qualquer coisa, afinal Harumi não sabia quem ela era, não sabia que ela foi Sen enquanto estava ali, não sabia que Yubaba roubara o seu nome e não sabia que Haku a conhecia, se soubesse talvez não acreditasse mais nela e não podia deixá-la, afinal além de preferir observá-la de para não ter ainda mais chances de perder Haku, era ela sua segurança naquele momento.

Teria que ser muito especifica com as perguntas, para saber o que era necessário e não dar informações demais.

— Chihiro? – Harumi a chamou.

— Certo – A garota falou sacudindo um pouco a cabeça – Primeiro, como esse portal muda?

— O que? – Ela falou.

— Quando eu vim aqui pela primeira vez, eu entrei por esse prédio vermelho, exatamente como está, mas quando eu parti...era um túnel abandonado...

— Oh – Ela exclamou enquanto enrolava algumas pétalas de rosa em pedaços de bambu – O prédio vermelho é como um portal para entrada e quando você saiu esse portal se fechou, não para sempre, depois de um tempo alguém o ativou novamente com magia e o prédio voltou.

— Então se eu tivesse entrado de volta pelo túnel?

— Poderiam ter acontecido várias coisas, você poderia teria saído em outro lugar, talvez até outro mundo que não este – Ela apontou para as casas, que na verdade eram restaurantes - mas poderia não encontrar nada também, podia ser um túnel com fim ou até para uma saída em seu próprio mundo...

— Por que o trem não volta? - Perguntou Chihiro já entendo que se acumularia nas perguntas.

Harumi olhou para além do rio desta vez, para a direção onde, Chihiro sabia, estava o trem. Seu olhar se perdeu, como se também quisesse entender onde o trem iria e de onde ele vinha, como se já tivesse entrado nele inúmeras vezes, mas sem nunca chegar ao fim. Mesmo assim ela disse algo que estava longe de uma resposta.

— Por que um espírito retornaria para onde já esteve? - Seu olhar ainda estava distante e ficou assim por um longo tempo. Ambas mantiveram silêncio até Harumi retomar a atenção no feitiço e dizer a Chihiro que deveria continuar.

— Se você é a guardiã desse lugar, o que é Yubaba?

— Eu não sou a guardiã daqui, Yubaba é.

— Mas, eu a vi limpando o guardião no outro dia.

— Oh – Ela disse rindo um pouco – ele não guarda apenas um mundo Chihiro...existem vários, incluindo o qual eu cuido. A estátua é na verdade para assustar, eu nunca a vi se mexer, mas dizem que ela se torna um protetor. Bom, você tem mais uma pergunta.

— Certo – a garota falou – Vou guardá-la para mais tarde.

— Ok, até melhor, está começando a escurecer...

— Nossa que rápi...

Harumi interrompeu Chihiro colocando a mão sobre sua boca e a puxando para trás, o sol estava quase se pondo quando um pássaro negro sobrevoou o céu, quando o viu Chihiro se assustou e segurou firme em Harumi.

— Segure isso – Harumi sussurou e entregou a ela a tal pétala de rosa que estava fazendo – Vai fazer você ficar invisível...

Chihiro se lembrava que Haku fizera algo semelhante.

— Posso respirar normalmente?

Ela pareceu estranhar um pouco a pergunta, mas assentiu.

— 5...4...3...2...1 – Ela contou – Noite.

De repente o rio cresceu e se inundou, os restaurantes que pareciam tão perto estavam muito distantes, o parque abandonado em que estavam começou a tomar luzes e algumas criaturas incomuns apareceram, não eram apenas espíritos, havia alguns tipos de bruxas, sapos, até pessoas como Chihiro que pareciam aparentemente humanas.

— Mas que merda! – Chihiro ouviu Harumi exclamar.

— O que foi?! – Ela perguntou.

— Teremos que esperar o rio baixar para passar...

— E o que fazemos agora?!

Harumi ficou pensativa por alguns instantes e depois deu de ombros.

— Não queria conhecer esse mundo? – Ela disse e Chihiro assentiu, Harumi deu um sorriso meio torto – Então vamos lá...


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