O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 4
Curando uma feiticeira




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/600754/chapter/4

O caminho não era longo, contudo, a chuva e a garota em suas costas, o tornaram infinito. Hora sua bicicleta atolava na lama, hora ela perdia o equilíbrio quase caindo ou derrubando a feiticeira. Quando finalmente avistou sua casa notou as luzes do quarto de seus pais acesas, o que indicava que ela teria que entrar pelos fundos para não ser vista.

Chegando lá, segurou a menina em suas costas novamente e continuou seu caminho. Andando em direção a casa lenta e silenciosamente, então entrou pela porta de serviço sem fazer barulho. Atravessou todo o cômodo, impressionada pelo silêncio que conseguiu manter, parecia até magia, e talvez fosse. Deixou os sapatos para fora e olhou para a guardiã, avaliando seu estado, o vestido encharcado de seu sangue e lama, o melhor a fazer era leva-la ao banheiro, para limpá-la e fazer curativos.

Cada vez mais devagar ela foi na ponta dos pés em direção ao banheiro, mas acabou deixando um molhado para trás. Por sorte, o banho ficava no andar de baixo e ela conseguiu caminhar até lá, com a mulher em suas costas, sem que seus pais a notassem, até que quando chegou e acendeu a luz sua mãe gritou perguntando se ela havia chegado. Rapidamente, antes que ela pudesse descer para procura-la, Chihiro gritou em resposta:

— Mãe! Já estou em casa. Vou tomar banho, peguei muita chuva!

— Chihiro! – Seu pai gritou – Por onde andou o dia inteiro?

— Pela cidade! Depois conversamos – Chihiro fechou a porta rapidamente, antes que pudesse ouvir a resposta de seu pai.

Ouviu seus pais gritarem algo com ela, mas se trancou no banheiro para não ser incomodada e então virou para a mulher que estava ali. O chão do banheiro estava vermelho por conta do sangue, então ela sabia que precisava ser rápida. Ela tirou o vestido da moça e pouco a pouco, foi limpando a lama de si mesma e da feiticeira, quando se sentiu mais limpa e viu que a garota também não tinha mais terra começou a limpar suas feridas, primeiro a barriga primeiro, onde estava o maior e mais profundo dos machucados, ela limpou enfaixou a região, e se impressionou pela outra não acordar, em seguida, cuidou da perna e do braço dela apertando e tentando encaixar o que não estava no lugar, terminou de curar os machucados mais leves do rosto e finalmente a respiração da feiticeira pareceu mais regular.

Quando terminou o banho ficou pensando em como levaria a mulher para cima, sem ser pega pelos pais. Para isso, ela se enrolou em uma toalha e cobriu a feiticeira com um roupão que estava no banheiro, então a colocou nas costas, ela estava muitíssimo leve, mais até que a mochila que Chihiro levava para a escola. Não soube dizer que mágica era aquela, mas agradeceu muito, pois seria muito mais fácil carregá-la.

Devagar olhou para fora do banheiro. Os pais estavam na cozinha e era quase impossível que eles a vissem subindo a escada daquele ângulo, ela correu o mais rápido que conseguiu, com a mulher em suas costas e subiu a escada para seu quarto. Ouviu sua mãe chamar, mas fechou a porta rapidamente, e colocou a jovem em sua cama. Em seguida, para não irritar ainda mais seus pais, desceu para jantar, trancando a porta atrás de si.

Chihiro não estava com fome, só conseguia pensar em todos os acontecimentos daquele dia. Não demorou muito a mesa e apesar da gigantesca bronca que ouviu por ter ficado fora o dia todo, subiu para o quarto. Após os gritos, a mãe já estava no celular e o pai não parava de no notebook, por isso não fazia diferença. Ao subir tinha uma mínima esperança de entrar e ver a menina acordada, ou pelo menos em outra posição. Mas ela nem se mexera, respirava profundamente, como se estivesse com dificuldade. Chihiro se jogou na cadeira ao lado da cama e perguntou:

— Por quanto tempo ficará assim?

***

Ao longo de quase duas semanas Chihiro teve que esconder uma mulher bem embaixo do nariz de seus pais, nunca agradecera tanto pela ausência deles, mas parecia que logo no momento que precisava deles distantes, eles haviam se interessado por sua vida.

A feiticeira, não dera qualquer sinal de vida além do batimento cardíaco e da respiração. Ela não havia mexido um músculo desde que Chihiro a colocara em seu quarto dias antes, até que, em um único momento, Chihiro a ouviu murmurar algo em uma língua completamente desconhecida.

Chihiro tentara a alimentar com sopa e caldos, mas ela não os engolia, parecia até repelir o que a garota oferecia. Depois de várias tentativas ela decidiu acreditar que a feticieira, como um ser mágico, podia viver sem alimento por alguns dias e por isso apenas molhava os lábios da garota, para garantir que não sentiria sede. Ela não conseguia deixar de pensar quanto mais tempo conseguiria mantê-la ali.

Na segunda-feira fria, duas semanas depois de levar a feiticeira para sua casa, Chihiro estava voltando da escola em absoluto silêncio, pensando que os pais não estavam em casa e não voltariam tão cedo, ela queria ler mais do livro sobre os guardiões, esperando achar algo sobre a feiticeira ou sobre Kohaku. Talvez no livro que as meninas usaram para alcançar a entrada vermelha tivesse algo sobre como acordar um ser mágico.

Chihiro sentiu que demorou quase uma hora para chegar em casa, mesmo que o caminho levasse fosse curto, estava com uma dor de cabeça insuportável e agradeceu aos deuses quando avistou sua casa. A cada passo sentia como se uma pedra lhe acertasse na cabeça e teve que respirar muito para alcançar a casa. Exausta ela retirou seus sapatos e largou a mochila na sala.

Ela subiu a escada devagar, ainda com dor, esquecendo, por alguns instante, que tinha alguém em seu quarto. Depois de muito sufoco, chegou na porta e a abriu, foi quando se tocou de que ela havia deixado a porta e percebeu que a porta trancada. Sua cabeça começou a girar, apavorada pela ideia de que a mulher poderia ter sido vista ou ter ido embora Chihiro respirou fundo e abriu a porta com tudo.

Nno meio do quarto a feiticeira estava de pé, totalmente curada, coberta pelos cobertores da cama de Chihiro. A aura branca que vira no dia que fora com as meninas à entrada vermelha estava no entorno da mulher novamente.

Chihiro sentiu o ar deixar seus pulmões.

O ambiente estava frio e pesado e o olhar da feiticeira estava fixo nela, gélido, cortante e sem qualquer emoção.

— Quem é você e onde eu estou? – Ela perguntou.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "O rio de flores brancas (A viagem de chihiro)" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.