O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001
Notas iniciais do capítulo
Finally! Espero que tenham gostado desses três capítulos, no próximo volta ao normal... Não deixem de comentar ok? :3
Era uma vez, há muito tempo, um mundo mágico onde tudo era tão belo e radiante, que este mundo era considerado perfeito, seguro e inatingível. Foi um grande engano pensar assim, eu existo para que o mundo seja imperfeito, assim como eu, para que a escuridão prevaleça em suas entranhas e o mau em sua veias, assim como prevaleceu nas minhas. Como fazer com que o mundo seja obscuro? Entregando-lhe o terror, os quatro cavaleiros do apocalipse, trazem o que eu vejo tão belamente neste mundo. Guerra. Peste. Fome. Morte. E cada qual com sua função traz a alma de todos cada vez mais desespero, necessidade, voracidade e o mais importante o Medo. Tão controlador e tão energizante à mim e cada um com seu medo e sua incapacidade de combatê-lo me faz cada vez mais poderoso. Vocês nunca terão o que querem! Eu sou o mundo! O poder! Um Deus! O DEUS! Eu sou Ankoku!
Harumi
Tudo estava coberto da mais branca neve que o céu podia deixar cair, o céu estava cinza claro, e os flocos caiam com força causando uma enorme nevasca. O lugar estava tão gelado que seria incapaz de qualquer ser humano sobreviver aquilo sem nenhuma proteção. Harumi estaca caída, imóvel naquela neve. Com seus olhos da mesma cor que o céu, a feiticeira sentia os pingos brancos tocarem seu rosto, sem qualquer suavidade, como se pedras de gelo à atingissem com força e ela não pudesse evitá-los. Então com toda a força que pode dar a si mesma, se sentou na neve em que havia sido jogada, olhou em volta, de um lado havia uma floresta com árvores de troncos cinzas como chumbo e que não tinham nem vestígios de folhas em seus galhos, do outro lado um imenso vazio onde a nevasca nunca terminaria.
“Escolha”, Disse uma voz em sua cabeça, esta lhe causou arrepios por todo o corpo, mais ainda do que o frio que a neve trazia-lhe. Olhou atentamente para ambos os lados, várias e várias vezes, sentia-se pressionada a tomar uma decisão, não podendo ficar parada como estava ali. Harumi deu um passo, suave e cuidadoso, virando na direção oposta a das florestas, e mais um para escolher seu caminho, e deste modo, o chão atrás dela começou a desmoronar. A feiticeira arregalou os olhos e disparou em corrida, a cada passo o gelo embaixo dela se quebrava revelando a água escura que possuía embaixo, não havia fim. Correu o máximo que pode, mesmo quando seu pulmão estava ardente, mesmo assim o gelo cedeu embaixo dela e a água a tomou por completo.
Ela sentiu como se diversas facas fossem introduzidas em seu corpo todo, senti-o paralisado por alguns instantes, enquanto observava o seu branco deixando sua vista, e se aproximando cada vez mais do fundo daquela água. Como se um gigantesco peso fosse amarrado a seu corpo, Harumi foi indo cada vez mais ao fundo e parecia não ter fim. Sentia como se tivesse descido por horas até que finalmente seu corpo tocou o chão, deitando-a no fundo daquele rio.Ela sentia o frio da água e sua umidade, mas não sua pressão, era capaz também de respirar normalmente, mas mesmo chegando ao fundo não era capaz de se mover. Então com apenas os olhos, observou o que pode, e não havia vida ali, nenhum animal ou planta, nenhuma cor, a água não tinha sabor e ainda nessa profundidade ela podia ver o céu pela quebra do gelo pela qual havia entrado.
A feiticeira repetiu esse processo, várias vezes, olhando para todos os lugares, apenas com o canto dos olhos, quando finalmente foi capaz de observar algo,vinham se aproximando, rapidamente, dois pontos amarelos minúsculos de longe, que tornaram-se mais reconhecíveis de perto. Olhos como os de um gato preto, tão familiares a Harumi que os olhos desta se arregalaram quando estava próxima o suficiente deles para reconhecer Hiroyuki, estático e sem vida em sua frente. Sua boca se abriu, na tentativa de gritar, mas nada saiu de sua garganta. Na tentativa de se mexer, Harumi conseguiu virar o rosto em outra direção, e assim como Hiro seu irmão lhe apareceu, e ela paralisou novamente, olhando-o atentamente e apavorada. Assim como seu noivo, seu irmão estava morto, e pouco a pouco, todos os que amavam estavam ali. Novamente ela tentou gritar, e desta vez, a água invadiu os seus pulmões e sua visão foi tomada pela completa escuridão.
Quando sentiu que podia respirar novamente, Harumi soube que tinha perdido o sentido da visão e isso se confirmou novamente quando sentiu seus olhos abrirem e não enxergou nada, mas sentiu um leve assopro em seu rosto, sabendo que havia alguém com o rosto grudado ao seu.
— Você me matou – Disse Nigihayami, meu irmão – Por que fez isso, irmã?
Assim como quando estava na água, não foi capaz de dizer nada, assim como não era capaz de enxergá-lo.
— Por que ela não está aqui por nós – Desta vez a voz era de sua mãe, a voz que há tanto tempo não ouvia, agora virava-se conta ela – Ela nos deixou morrer, por ela...
Sentiu seus olhos e seu rosto serem tomados pela quentura de suas lágrimas, enquanto sua mãe e seu irmão, repetiam as frases em coro. Inúmeras vezes.
— É uma filha terrível! E nunca será uma feiticeira de verdade! – Agora seu pai se juntava as vozes cada uma mais perturbadora em sua mente.
Harumi colocava as mãos nos ouvidos e apertava com força, até que um liquido quente as tocou, e sangue saia dali. Ela tinha que ouvi-los. E ela ouviu durante o que pareceu muito tempo, até que por um instante tudo silenciou. E ela conseguiu enxergar o que havia na sua frente, deparando-se com o rosto do único que não lhe havia dito nada até então. Hiroyuki.
— Nunca..a amei de verdade....- Ele disse, e nada lhe pareceu tão doloroso.
A feiticeira, começou a sentir o corpo caindo na profunda escuridão além daquela em que se encontrava, quando algo gelado tocou seu peito, que ela não havia percebido, mas estava nu. Olhou para baixo e viu, por um mínimo relance, a única dose de realidade que lhe sobrava. O colar do cristal que Hiro havia lhe dado, quando dissera pela primeira vez, que a amava.
— Não é real...- Ela falou enquanto seu corpo caía – Nada é real...Eu vou acordar!
E então tudo parou.
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