O rio de flores brancas (A viagem de chihiro) escrita por Spring001


Capítulo 22
Capítulo 22 - Labirinto - Harumi


Notas iniciais do capítulo

Finally! Espero que tenham gostado desses três capítulos, no próximo volta ao normal... Não deixem de comentar ok? :3



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Era uma vez, há muito tempo, um mundo mágico onde tudo era tão belo e radiante, que este mundo era considerado perfeito, seguro e inatingível. Foi um grande engano pensar assim, eu existo para que o mundo seja imperfeito, assim como eu, para que a escuridão prevaleça em suas entranhas e o mau em sua veias, assim como prevaleceu nas minhas. Como fazer com que o mundo seja obscuro? Entregando-lhe o terror, os quatro cavaleiros do apocalipse, trazem o que eu vejo tão belamente neste mundo. Guerra. Peste. Fome. Morte. E cada qual com sua função traz a alma de todos cada vez mais desespero, necessidade, voracidade e o mais importante o Medo. Tão controlador e tão energizante à mim e cada um com seu medo e sua incapacidade de combatê-lo me faz cada vez mais poderoso. Vocês nunca terão o que querem! Eu sou o mundo! O poder! Um Deus! O DEUS! Eu sou Ankoku!

Harumi

Tudo estava coberto da mais branca neve que o céu podia deixar cair, o céu estava cinza claro, e os flocos caiam com força causando uma enorme nevasca. O lugar estava tão gelado que seria incapaz de qualquer ser humano sobreviver aquilo sem nenhuma proteção. Harumi estaca caída, imóvel naquela neve. Com seus olhos da mesma cor que o céu, a feiticeira sentia os pingos brancos tocarem seu rosto, sem qualquer suavidade, como se pedras de gelo à atingissem com força e ela não pudesse evitá-los. Então com toda a força que pode dar a si mesma, se sentou na neve em que havia sido jogada, olhou em volta, de um lado havia uma floresta com árvores de troncos cinzas como chumbo e que não tinham nem vestígios de folhas em seus galhos, do outro lado um imenso vazio onde a nevasca nunca terminaria.

“Escolha”, Disse uma voz em sua cabeça, esta lhe causou arrepios por todo o corpo, mais ainda do que o frio que a neve trazia-lhe. Olhou atentamente para ambos os lados, várias e várias vezes, sentia-se pressionada a tomar uma decisão, não podendo ficar parada como estava ali. Harumi deu um passo, suave e cuidadoso, virando na direção oposta a das florestas, e mais um para escolher seu caminho, e deste modo, o chão atrás dela começou a desmoronar. A feiticeira arregalou os olhos e disparou em corrida, a cada passo o gelo embaixo dela se quebrava revelando a água escura que possuía embaixo, não havia fim. Correu o máximo que pode, mesmo quando seu pulmão estava ardente, mesmo assim o gelo cedeu embaixo dela e a água a tomou por completo.

Ela sentiu como se diversas facas fossem introduzidas em seu corpo todo, senti-o paralisado por alguns instantes, enquanto observava o seu branco deixando sua vista, e se aproximando cada vez mais do fundo daquela água. Como se um gigantesco peso fosse amarrado a seu corpo, Harumi foi indo cada vez mais ao fundo e parecia não ter fim. Sentia como se tivesse descido por horas até que finalmente seu corpo tocou o chão, deitando-a no fundo daquele rio.Ela sentia o frio da água e sua umidade, mas não sua pressão, era capaz também de respirar normalmente, mas mesmo chegando ao fundo não era capaz de se mover. Então com apenas os olhos, observou o que pode, e não havia vida ali, nenhum animal ou planta, nenhuma cor, a água não tinha sabor e ainda nessa profundidade ela podia ver o céu pela quebra do gelo pela qual havia entrado.

A feiticeira repetiu esse processo, várias vezes, olhando para todos os lugares, apenas com o canto dos olhos, quando finalmente foi capaz de observar algo,vinham se aproximando, rapidamente, dois pontos amarelos minúsculos de longe, que tornaram-se mais reconhecíveis de perto. Olhos como os de um gato preto, tão familiares a Harumi que os olhos desta se arregalaram quando estava próxima o suficiente deles para reconhecer Hiroyuki, estático e sem vida em sua frente. Sua boca se abriu, na tentativa de gritar, mas nada saiu de sua garganta. Na tentativa de se mexer, Harumi conseguiu virar o rosto em outra direção, e assim como Hiro seu irmão lhe apareceu, e ela paralisou novamente, olhando-o atentamente e apavorada. Assim como seu noivo, seu irmão estava morto, e pouco a pouco, todos os que amavam estavam ali. Novamente ela tentou gritar, e desta vez, a água invadiu os seus pulmões e sua visão foi tomada pela completa escuridão.

Quando sentiu que podia respirar novamente, Harumi soube que tinha perdido o sentido da visão e isso se confirmou novamente quando sentiu seus olhos abrirem e não enxergou nada, mas sentiu um leve assopro em seu rosto, sabendo que havia alguém com o rosto grudado ao seu.

— Você me matou – Disse Nigihayami, meu irmão – Por que fez isso, irmã?

Assim como quando estava na água, não foi capaz de dizer nada, assim como não era capaz de enxergá-lo.

— Por que ela não está aqui por nós – Desta vez a voz era de sua mãe, a voz que há tanto tempo não ouvia, agora virava-se conta ela – Ela nos deixou morrer, por ela...

Sentiu seus olhos e seu rosto serem tomados pela quentura de suas lágrimas, enquanto sua mãe e seu irmão, repetiam as frases em coro. Inúmeras vezes.

— É uma filha terrível! E nunca será uma feiticeira de verdade! – Agora seu pai se juntava as vozes cada uma mais perturbadora em sua mente.

Harumi colocava as mãos nos ouvidos e apertava com força, até que um liquido quente as tocou, e sangue saia dali. Ela tinha que ouvi-los. E ela ouviu durante o que pareceu muito tempo, até que por um instante tudo silenciou. E ela conseguiu enxergar o que havia na sua frente, deparando-se com o rosto do único que não lhe havia dito nada até então. Hiroyuki.

— Nunca..a amei de verdade....- Ele disse, e nada lhe pareceu tão doloroso.

A feiticeira, começou a sentir o corpo caindo na profunda escuridão além daquela em que se encontrava, quando algo gelado tocou seu peito, que ela não havia percebido, mas estava nu. Olhou para baixo e viu, por um mínimo relance, a única dose de realidade que lhe sobrava. O colar do cristal que Hiro havia lhe dado, quando dissera pela primeira vez, que a amava.

— Não é real...- Ela falou enquanto seu corpo caía – Nada é real...Eu vou acordar!

E então tudo parou.


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